sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sobre o prefeito de uma cidade





"Acredito na relação de amor entre o Prefeito e sua cidade. Não me atento à etiqueta partidária, a não ser se a sigla aposta ao nome do candidato traduzir o desvio da extrema direita ou extrema esquerda, ai já sei que a coisa só pode ser destrutiva. De resto, analiso a relação de amor entre o candidato e a cidade que ele quer administrar e esqueço momentaneamente que meu coração está mais à esquerda. Sei que o bom prefeito é aquele que como eu, quer viver bem em sua cidade e possuir identidade com esta.
Neste sentido, a fisionomia das cidades é reveladora. As cidades antigas foram construídas (e por vez destruídas) por enxertos aleatórios ao fio dos anos, carecendo do plano metodicamente traçado por um só lance das cidades novas. Os acasos da política municipal lembram a arquitetura heteróclita das cidades antigas onde se vê edifícios de todos os tamanhos, ruas tortuosas, cruzamentos variados, uma desordem que pode encantar ou perturbar, em função do grau de discordância dos sucessivos administradores municipais.
Quando o candidato ao maior cargo da administração municipal tece uma verdadeira relação de amor com a cidade, ele resolve compor com aquilo que já existe, busca com racionalidade restaurar a história, a alma do lugar. Deve dar seguimento às decisões de seus antecessores para que a primeira célula política de todo cidadão seja habitável, harmoniosa, social e possua identidade própria. Isto não é tarefa para qualquer um, e já que o período oficial para a campanha municipal está aberto, lembremos o quão difícil é administrar uma cidade que acaba se parecendo com a obra do (triste) destino, pois como já afirmava Descartes, é tarefa árdua trabalhar em conjunto sobre a mesma obra, ao invés de ser o único arquiteto. "
NOTA:
O texto acima é mais amplo e refere-se a campanha política na cidade de São Paulo. Recortei essa parte porque acredito que ela vale para candidatos de todas as cidades.
Se o candidato não tem apreço pela sua cidade, seu município, tampouco terá pelos seus habitantes.
João Paulo, prefeito do Recife, tem como slogan da sua gestão: “a grande obra é cuidar das pessoas”. Sem discutir os méritos e os problemas da sua gestão – eu votei nele duas vezes e não me arrependo – o seu slogan chama para o ponto principal e o sentido de qualquer administração de sucesso: cuidar de sua população oferecendo bons serviços, criando oportunidades, buscando estratégias que tragam melhores índices.
Acho que Ipaumirim, assim como muitos e muitos outros municípios brasileiros, já esqueceu o que é isso. Parte porque preferiu embarcar no trem da esperteza política, ainda que seja no último vagão. Outros porque cruzaram os braços esperando a vez de fazer a mesma coisa e ainda outros que não despertaram para os seus direitos. Faltou-lhes justamente um prefeito que mostrasse nas suas obras uma relação de amor com a cidade e identidade com o seu povo.
Temos três candidatos. Não vi nenhuma propaganda de Torres Neto e ouvi dizer que sua candidatura esfriou, o que de uma certa maneira ratifica minha hipótese anterior sobre o que esta representaria no contexto político local.
Recebi alguns convites para participar de comunidades do orkut de apoio político aos candidatos. Agradeço os convites mas não farei parte de nenhuma. Não tenho preferencias partidárias locais, o que me preocupa é o eleitor. Se o eleitor muda a mentalidade já é meio caminho andado para o prefeito aprender a respeitá-lo.
MLuiza
Recife

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