segunda-feira, 29 de abril de 2013

Deu no NoisDivulga.net


Agora Sim! Lombadas eletrônicas estão sendo instaladas no Distrito Felizardo em Ipaumirim/CE; VEJA FOTOS!

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Cenas como essa, já viraram infelizmente, rotina para quem reside no Distrito de Felizardo Veira município de Ipaumirim as margens da BR-116. A rodovia da Morte como é conhecida pelos moradores, em especial o trecho que compreende o posto fiscal a sede do distrito, já foi palco de grandes tragédias automobilísticas. Vários protestos dos moradores já foram realizados, manifestos escritos e até então nada sinalizava para resolução deste problema, Mas o que parecia impossível começou a mudar quando no mês passado o prefeito Puíca, ao lado da vice-prefeita Cineide, e de todos os vereadores estiveram com o deputado Neto Nunes e o empresário Bosco Macedo, na superintendência do DNIT em Fortaleza para encontrar uma saída e resolver esta situação. Ainda na audiência o chefe do executivo municipal mostrou a quantidade de acidentes inclusive com vitimas fatais, que já ocorreram só naquela extensão asfáltica, e ficou feliz com determinação do superintendente, em atender o pedido das autoridades, que hora representavam o povo daquela região, bem como todas as famílias que perderam seus entes em sinistro de transito.
A ida da comitiva ao órgão, aconteceu a cerca de um mês aproximadamente, e nela ficou acertada a vinda de um engenheiro de tráfego ao local o que não demorou muito e após os levantamentos segundo fontes, o mesmo teria almoçado na casa da vice-prefeita Dona Cineide.
Na ultima segunda 22, enquanto os operários começavam a instalação da lombada eletrônica a altura da guarita que da acesso a BR-116 uma carreta Placas- GWI-7819 de Araguari MG, carregada de leite em Pó, perdeu o controle quando passava no contorno e veio a tombar, o motorista foi socorrido para Cajazeiras e passa bem. No mesmo trecho só esse ano, mais de 4 acidentes já aconteceram segundo os moradores.
Na manhã desta terça dia 23 nossa equipe acompanhou a conclusão do serviço. Não está descartada uma alteração do contorno. De acordo com um funcionário da empresa que não quis gravar entrevista, estaria em estudo uma melhoria naquele ponto que faz a distribuição do fluxo de veículos para a BR-230 e 116 respectivamente.
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Da Redação do NoisDivulga
Colaborou: Ferreira Júnior, ASCOM PMI

Cine Ipaumirim: A vida de Buda

Paulo Vanzolini: Volta por cima

domingo, 28 de abril de 2013

A ALEMANHA, DE NOVO.


(Mauro Santayana)



(JB)-Todos os povos do mundo têm seu orgulho nacional, o que os faz supor serem melhores que  os demais. Em alguns casos, ostentam seus conhecimentos técnicos; em outros, seu talento artístico, e, nos casos extremos, a excelência racial. Em nome dessa superioridade, reivindicam o direito de governar os outros povos. Mas, no interior dessas sociedades presunçosas há – felizmente – os que percebem as coisas com lucidez.
        A Alemanha é um país estranho. Deu ao mundo alguns dos melhores pensadores humanistas, ao longo dos séculos. As idéias igualitárias encontraram ali o terreno fértil para que se desenvolvessem e encontrassem instrumentos coletivos de transformação da sociedade. As idéias socialistas nasceram da associação entre o pensamento filosófico, a solidariedade e a luta dos trabalhadores contra a opressão. Ao mesmo tempo, ali medraram o militarismo, o culto ao corpo, a fascinação pela beleza, e o desprezo aos débeis, aos pacifistas, aos enfermos, aos diferentes de um modo geral.
       O racismo sempre existiu em todos os povos, mas na Alemanha ele conduziu à brutalidade que se conhece.
        Ontem, Portugal lembrou a bela jornada da Revolução dos Cravos. Suas razões, seus atos e seus resultados são conhecidos. Os portugueses se livraram da carga de um colonialismo anacrônico, redigiram uma constituição avançada, deram passos enormes rumo a um regime plenamente democrático. A direita, no entanto, ao tomar o governo fez reverter essas conquistas, e Portugal se entregou às razões neoliberais, além de aliar-se a Washington, seguindo a Espanha, na ação contra o Iraque. Um ano depois de Lisboa, era a vez de Madri – com mais dificuldades, é certo – iniciar o processo de sepultamento do período ditatorial de Franco.
        Espanha e Portugal passam hoje por imensas dificuldades sociais. Quase um terço dos espanhóis em idade de trabalhar estão desempregados (27,16%). Em Portugal, a taxa é menor (17,5%), mas as dificuldades não o são.
        Os dois países executam uma política orçamentária enlouquecida, a fim de pagar as dívidas assumidas com o sistema financeiro internacional. Mas se a situação é grave na Península Ibérica, não é muito melhor no continente. A Itália, que havia sido entregue a um fiel servidor dos bancos, Mario Monti, não conseguiu superar a crise política, e teve que se apoiar em um dos poucos homens sensatos do país, Giorgio Napolitano. A França começa a assustar-se com o desemprego. Os britânicos não saem das ruas, em protesto contra a mal chamada “austeridade”.
        Como lembrou o grande estadista português Mário Soares, em entrevista reproduzida ontem neste jornal, os países podem deixar de pagar seus débitos, se não conseguirem fazê-lo, e ninguém morre por isso. É velho o entendimento de que, embora todos devam cumprir os pactos, situações de força maior conduzem às renegociações necessárias.
        A crise econômica européia é conseqüência das fraudes e incompetência de alguns dos grandes bancos do mundo que se associaram para a prática do crime organizado. Em lugar de punir os banqueiros irresponsáveis, que devem responder com seus bens e o castigo da justiça aos delitos cometidos, os governantes europeus, sob a arrogante determinação de Frau Merkel, exigem os sacrifícios de seus povos, a fim de reunir os recursos a serem pagos ao “mercado”.
      A situação é dramática, com hospitais sendo fechados; a mortalidade infantil retornando, o desespero assolando as camadas mais débeis da sociedade, e o racismo em ascensão.
      O presidente de Portugal, Cavaco Silva, embora tenha feito um discurso dúbio, resumiu a situação de que o país está sofrendo “fadiga de austeridade”, da mesma austeridade que todos os governantes europeus estão impondo a seus cidadãos. Mas não deixou de exigir que Portugal “honre seus compromissos”, ou seja, que continue a sua política de corte de gastos sociais.
      A pequena e sacrificada Grécia, submetida a um regime de fome pelas exigências da “troica” (A Comissão Européia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) parece decidida a reclamar da Alemanha 126 bilhões de euros, como reparação de guerra. Durante três anos de ocupação do país, de 1941 a 43, os alemães mataram de fome mais de 300.000 pessoas, destruíram toda a infraestrutura do território e obrigaram os gregos a pagar todos os gastos da ocupação. Sabemos que sua postulação é inútil. Os alemães não tomarão conhecimento da reclamação.
       E, tal como ocorreu com a Europa dos anos 30 e 40, todos procuram apaziguar-se com Berlim. A Alemanha que, com Willy Brandt, deu provas ao mundo de sua disposição para a paz, recorre hoje à sua superioridade econômica a fim de avançar no velho propósito de dominar o continente. A única esperança é a de que a outra Alemanha reaja nas urnas e volte ao bom senso de homens como Brandt. É provável que ainda haja alguns.
Fonte: http://www.maurosantayana.com/

Álbum da semana

Aída Rolim

Ana Maria Pessoa

Gatinhas de Arabelle

Equipe do Colégio Dom Francisco de Assis Pires

Federalina, Joselba, ?, Lúcia Dore
 

Jarismar Gonçalves e Titica


 Grande Júlia, saudades.
 
Luiz Antônio Gonçalves Neto


Manuel Nery e filho

Regnorberto, Sonairton e amigos

Rosineide Barbosa

Salete e Socorro Olímpio


Genilda e Zé Lúcio


Pedro Jorge e Fernando Luiz


Zé Nery

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Seu filho tem Down? Exija que seja atendido conforme as diretrizes do Ministério da Saúde, recomenda Patrícia Tempski


Patrícia Tempski: “A inclusão social é muito maior com a estimulação e a melhoria do atendimento, que tem de ser multiprofissional”

por Conceição Lemes
Faça um esforço de memória, tente voltar no tempo – 10, 15, 20 anos atrás. Compare com os dias atuais. Hoje certamente você vê nos espaços públicos — rua, escola, transporte coletivo — mais crianças, jovens e adultos com síndrome de Down.
Down não está aumentando, não, na população brasileira. A cada 700 nascimentos, um caso ocorre. Por ano, 10 mil crianças nascem com a síndrome no País.
– Por que então vemos mais pessoas com Down hoje em dia no Brasil? — muitos devem estar se perguntando.
Elas vivem mais e melhor devido a uma combinação de fatores: inclusão social, estimulação e atendimento multidisciplinar.
Explico. Antigamente, as pessoas com Down ficavam mais isoladas. Era comum mãe e pai esconderem a sua criança do mundo: vizinhos, amigos e familiares. Outras vezes eram os vizinhos, amigos e até familiares que evitavam chegar perto.
“Aos poucos, felizmente, isso está mudando”, observa a pediatra Patrícia Tempski.  “Eu, você e os leitores do Blog da Saúde podemos ajudar a fazer a diferença nessas histórias de vida, desmistificando ideias erradas e estimulando a inclusão.”
Down não é uma doença, como muitos pensam, mas condição humana geneticamente determinada, que acontece principalmente na fecundação. Em vez de 46 cromossomos (unidade que contém nossas informações genéticas) em cada célula (23 do pai e 23 da mãe), a criança com Down possui 47; há um cromossomo21 amais, e isso a distingue das demais.
Down não tem preferência por sexo, raça, classe social, religião. A incidência é igual para qualquer raça, nível socioeconômico, religião, entre homens e mulheres.
Muitas pessoas com Down estudam, namoram, trabalham. Outras têm mais dificuldades, logo menos autonomia.
“Essa desigualdade de desenvolvimento depende de problemas associados, estimulação, educação e cuidados dispensados à criança”, explica a médica. “A inclusão social é muito maior com a estimulação e a melhoria do atendimento, que tem de ser multiprofissional.”
A doutora Patrícia trabalha com síndrome de Down desde o início da década de 1990, quando quase não se falava em equipe multidisciplinar. Mais precisamente há 21 anos. Ela foi responsável por organizar o primeiro ambulatório multidisciplinar no Paraná e um dos primeiros no Brasil. O do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em convênio com a Associação Reviver Down, em Curitiba.
Atualmente, trabalha no Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP – o IMREA–, que faz parte da rede Lucy Montoro.
Em 2012, integrou o grupo de especialistas que elaborou as Diretrizes para a Atenção à  Pessoa com Síndrome de Down (na íntegra, no final). Pela primeira vez, o Ministério da Saúde se mobilizou para estabelecer condutas para atendimento desse grupo populacional. Uma vitória da sociedade que há muito demandava isso.
[Conceição Lemes quer investigar a invasão dos planos de saúde vagabundos no Brasil. Colabore!]
Blog da Saúde – Na prática, qual o significado das Diretrizes?
Patrícia Tempski – Pela primeira vez a gente tem um padrão de condutas para atender a pessoa com síndrome de Down em todas as faixas etárias – desde o recém-nascido até o idoso. Antes não se tinha. Cada serviço fazia o melhor que achava possível. Agora, qualquer serviço pode se guiar pelas Diretrizes, principalmente aqueles ligados ao SUS.
Blog da Saúde – O que elas trazem?
Patrícia Tempski – As melhores práticas de cuidado para atendimento das diferentes idades. Por exemplo, exames necessários em cada idade, especialistas que têm de consultar, vacinas indicadas além das previstas no calendário nacional, cuidados extras…
Importante: não só os profissionais e os serviços têm de segui-las, o cidadão tem o direito de exigi-las.
Em português claro. A partir de agora, você, mãe, e você, pai, podem exigir que o serviço de saúde atenda  melhor o seu filho com Down conforme as recomendações previstas nas Diretrizes. É um marco. Um avanço nos cuidados da pessoa com Down. Uma vitória da sociedade.
Blog da Saúde – De onde partiu essa ideia?
Patrícia Tempski – É uma reivindicação antiga de pais e profissionais que trabalham com a síndrome de Down. Antes, o fato de não haver diretrizes fazia com que cada  serviço ou profissional fosse por um caminho. Às vezes a família tinha sorte em encontrar um profissional com mais experiência de atendimento nessa população, mas às vezes não.
Agora, as Diretrizes permitem que os profissionais de todas as especialidades  que trabalham com Down  possam atender  melhor os seus pacientes.   As Diretrizes foram escritas para profissionais, mas a sua linguagem, bastante acessível à população geral, permite que sejam utilizadas também pela família.
Blog da Saúde – De quem foi a iniciativa?  
Patrícia Tempski – Do Ministério da Saúde, compondo o programa Viver sem limites, lançado pela presidenta Dilma em 2011. O programa traça algumas metas para o atendimento de pessoas com todo tipo de deficiência. A população com Down se encaixa aí. Uma das metas do Viver Sem Limites é justamente melhorar o atendimento da síndrome de Down. Para isso, era indispensável construir diretrizes para o cuidado dessa população.
Portanto, havia, sim, uma demanda antiga da sociedade e surgiu o Viver Sem Limites. Foi nesse contexto histórico que surgiu a possibilidade de se construir as Diretrizes.
Blog da Saúde – Como isso se deu?
Patrícia Tempski – O Ministério da Saúde reuniu, em Brasília, profissionais experientes dos diferentes programas. Participaram também representantes de APAEs, da Federação Nacional de Síndrome de Down e de outras organizações não governamentais do movimento Down.
Esse grupo fez uma revisão de suas práticas, consultando a literatura mundial. Discutimos como cada serviço fazia aqui e o que era feito nas melhores instituições do mundo.
Aí, chegamos a um consenso sobre qual a melhor forma de cuidar da população Down nas diferentes idades. Este consenso passou por uma consulta pública, onde a sociedade teve acesso e possibilidade de sugerir aprimoramentos. As Diretrizes não são nada mais do que como cuidar de forma adequada a população Down nas diferentes idades.  Elas já estão valendo e à disposição da sociedade.
Blog da Saúde – A quem se destinam?
Patrícia Tempski – Prioritariamente aos profissionais que atendem no SUS, mas também aos atuam nos serviços privados e à população em geral.
Blog da Saúde – A senhora trabalha há 21 anos com a síndrome de Down. Olhando para trás, o que mudou? 
Patrícia Tempski – Quando eu comecei a trabalhar com Down no Ambulatório de Atendimento à Pessoa com Síndrome de Down do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), quase não se falava em equipe multidisciplinar.  O nosso serviço foi um dos primeiros a trabalhar nesta modalidade. Foi feito um convênio entre o Hospital de Clínicas e a Associação Reviver Down. Foi algo inovador, porque uma mesma criança era atendida por vários profissionais de saúde, portanto vista sob diferentes olhares que eram complementares.  Também a inclusão social e a autonomia são maiores hoje.
Blog da Saúde – Quais os ganhos do atendimento multidisciplinar?
Patrícia Tempski – Os pacientes ganham em autonomia, qualidade de vida, a inclusão é muito melhor.
Antigamente, eles ficavam muito isolados do convívio social. Hoje frequentam o ensino regular, os que têm condições estão inseridos no mercado de trabalho. Têm uma vida muito mais próxima do normal do que aquelas pessoas com Down que tinham a mesma idade há 20 anos.
A gente percebe também que a postura da própria sociedade hoje é bem diferente; há um melhor entendimento em relação às pessoas com Down.
A inclusão – é importante que todos saibam — não é benéfica apenas para as crianças, adolescentes e adultos com Down, mas também para a sociedade que os acolhe.
Blog da Saúde – Em que se beneficiam?
Patrícia Tempski – Na área da afetividade, as crianças com Down são superiores a nós. Ensinam-nos a ser mais carinhosos, perseverantes e tolerantes. Respeitando a deficiência do outro, aceitamos mais as nossas próprias. Além disso, são muito otimistas e bem humoradas.  Alguns pais me perguntam se isso é mesmo verdade, pois algumas vezes seus filhos não são assim tão afetuosos. Respondo que essa afirmação não é uma regra, mas é uma característica bastante comum no Down.
Assim, aprendemos desde cedo a tolerância, a aceitar e respeitar o diferente, os diferentes ritmos de levar a vida, de aprendizagem…
Blog da Saúde – Ou seja, é bom, mesmo, para os dois lados.
Patrícia Tempski — Com certeza. A minha filha menor — na época, ela tinha 11 anos,  agora, 14 — está numa escola que pratica a inclusão. Ela tem um coleguinha com Down. Outro dia perguntei: Como é quando vocês têm de fazer uma atividade em grupo? Vocês têm algum problema de tê-lo no grupo?
Ela me respondeu: “Não, todo mundo quer ficar com ele. A gente briga pra ver quem vai ficar com ele, de tanto que a gente gosta dele”. Nessa escola não existe segregação, porque há todo um trabalho no sentido de desmistificar ideias equivocadas.
Blog da Saúde – Por exemplo.
Patrícia Tempski — A síndrome de Down é uma condição humana geneticamente determinada. Não é uma doença em si. Doenças são as patologias associadas à síndrome de Down. Dentro desse entendimento, fica muito mais fácil entender e aceitar as pessoas com Down, pois essa síndrome é uma condição humana.
Nesse sentido, as Diretrizes são muito importantes. Além de ser um documento de cuidado,  elas são um documento político, que firma essa posição de aceitação, direitos, equidade no tratamento e respeito. Pais e mães têm agora um paradigma para brigar pelos direitos de seu filho com Down, qualquer que seja a idade dele.
Blog da Saúde – Eu li as Diretrizes e elas salientam muito o momento em que o diagnóstico é dado à família. Gostaria que falasse um pouco sobre isso.
Patrícia Tempski – Com base no acompanhamento de quase mais de 2.500 pacientes de zero a 67 anos, eu garanto: a forma como o médico dá a notícia aos pais sobre o diagnóstico faz tremenda diferença, pode determinar o desenvolvimento da criança,  pois tem impacto muito grande na aceitação, disposição e adesão ao tratamento adequado.
Tem ainda profissional que chega e diz: “Mãe, teu filho tem Down, não vai andar, não vai se vestir sozinho, não vai…”.
Além de desrespeitosa, a postura é equivocada. Ninguém tem condições de afirmar até que ponto uma criança progredirá. Além disso, tira a esperança da família, desencorajando-a a buscar tratamento adequado. Resultado: rouba desse filho o direito de desenvolver toda a sua potencialidade. Um crime.
Blog da Saúde – Como a notícia deveria ser dada aos pais?
Patrícia Tempski – Receber a notícia de que o seu bebê tem síndrome de Down é duro, sim. É algo que não se espera. Mas o médico pode ajudar a família a dar um novo significado à vinda desse filho e a ir à luta.
O diagnóstico nunca deve ser transmitido à mãe na sala de parto, mas sempre em ambiente tranquilo, idealmente apenas com o pai ou outro parente junto. É preciso deixá-la extravasar o sofrimento. Não há script, mas, com jeito e carinho, é vital abordar os seguintes pontos na primeira conversa:
– Mãe, examinamos seu bebê e ele tem características especiais. Já percebeu que o narizinho é chato, as orelhas pequenas, o pescoço gordinho atrás, as sobrancelhas juntinhas, o corpo mais mole e os olhinhos puxados? O nome disso é síndrome de Down. Síndrome é conjunto de sintomas. E Down, o nome do médico que descreveu a síndrome.
– A síndrome de Down não tem cura, mas tem tratamento e a família terá um papel muito importante.
– Down é a principal causa de déficit intelectual. Em cada 700 nascimentos,  ocorre um caso. Por ano, são 10 mil no Brasil. A desigualdade de desenvolvimento das crianças que nascem com essa síndrome depende de doenças associadas, estimulação, educação e manutenção da saúde. Portanto, desde já, precisamos trabalhar juntas: quanto mais investirmos hoje em seu filho, mais qualidade  e autonomia terá no futuro.
– Ninguém tem culpa por isso; nem você, mãe, nem você, pai. Down é um acidente genético.
Blog da Saúde – Até agora a senhora não usou a expressão portador de Down, que muita gente utiliza…
Patrícia Tempski —  No meu entendimento, síndrome de Down não é algo que se carrega nas costas como mochila. Portanto, ela não é portadora  de algo mas é um pessoa com características próprias.
Blog da Saúde – Voltando às Diretrizes. O atendimento multiprofissional deve envolver o quê?
Patrícia Tempski — Cada fase da vida precisa de cuidados específicos. Para que sejam adequados, não podem ser feitos por um só profissional. Cada serviço tem uma formação. Alguns têm na equipe fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo. Outros, equipe mais ampliada, incluindo ondontólogo, educador físico, psicólogo, nutricionista, assistente social. Em qualquer formato, médicos e enfermeiros compartilham o cuidado com a equipe.
Blog da Saúde – A senhora menciona o educador físico e o assistente social. Por que os incluiu?
Patrícia Tempski — O assistente social é muito importante para assegurar e manter o atendimento, que demanda recursos financeiros. É quem apoiará a família no sentido de verificar o que eventualmente ela tenha e aqueles que virão da comunidade.
Quanto ao educador físico nós o incluímos porque a gente tem a ideia de que ele faça a promoção da saúde, mostrando a importância da atividade física na qualidade de vida das pessoas com Down e suas famílias. Tanto no desenvolvimento delas como um todo como na manutenção do peso.
Eu gosto de pensar em uma equipe multiprofissional cada vez mais expandida que inclua veterinário, pois  os relatos de terapia com animais — a “pet-terapia” —  são animadores. Defendo também a presença dos pedagogos na equipe multiprofissional por acreditar na visão de integralidade do ser humano.
Blog da Saúde – Quando começa o atendimento da criança com Down?
Patrícia Tempski – Já ao nascimento, quando a gente dá a notícia à família.
Blog da Saúde – Toda criança com Down apresenta algum atraso no desenvolvimento. Atualmente é possível medir a sua extensão?
Patrícia Tempski – Não. Nós nunca sabemos aonde cada paciente chegará, porque a potencialidade humana não pode ser medida num único olhar.
O que eu tenho como certeza é que todo o trabalho e investimento feitos na saúde e na educação da criança com Down geram no futuro mais autonomia, mais potencialidade.
Os jovens que tiveram estimulação global, cuidado mais integral, participaram da inclusão desde cedo, possivelmente estão melhores do que aqueles que não tiveram.
Por isso é fundamental aproveitar cada momento do dia para ensinar e a criança aprender. A boa mãe e o bom pai, além de não se envergonharem de mostrar o filho ao mundo, mostram o mundo ao filho, como afirmava o psicanalista Winicott.
Blog da Saúde – O que gostaria de dizer mais à mãe e ao pai com um filho Down?
Patrícia Tempski — Quanto mais você fizer hoje, melhor será a qualidade de vida dele no futuro. Estimule-o. Pratique inclusão social, tolerância e solidariedade. Todos nós sairemos ganhando.
Blog da Saúde – E aos profissionais de saúde e à própria sociedade?
Patrícia Tempski – Nós, profissionais de saúde,  podemos fazer a diferença, desmitificando ideias erradas e estimulando a inclusão. Já as escolas regulares que aceitam crianças com Down merecem meus aplausos: vocês estão praticando inclusão, cidadania, tolerância e solidariedade de verdade.Apenas  o discurso, se vem não acompanhado da prática, fica vazio.
Quanto a vocês, pai e mãe, não é porque seu filho é diferente e tem dificuldades que não será querido e feliz. Arregacem as mangas. Lutem pelos direitos dele. Todos nós — profissionais, pais e sociedade — devemos ser  facilitadores de vivências e oportunidades que permitam  que as pessoas Down atinjam o seu melhor potencial. Vale a pena!
Fonte:http://www.viomundo.com.br/blog-da-saude/saude/seu-filho-tem-down-patricia-tempski-recomenda-exija-que-seja-atendido-de-acordo-com-as-diretrizes-do-ministerio-da-saude.html 
Você encontrará detalhes na publicação do Ministério da Saúde: Diretrizes de atenção à pessoa com Sindrome de Down. Disponível também na internet (download no Scribd)

Os problemas não começam nem terminam na seca


Opção pelo agronegócio é a principal causa da inflação dos alimentos



Política agrícola prioriza as exportações do agronegócio em vez do abastecimento interno, afirmam os especialistas

por José Coutinho Júnior, da Página do MST


“Olha o meu cordão! Tomates! Estou usando ouro”, disse a apresentadora Ana Maria Braga, do programa Mais Você, da Rede Globo, no dia 10 de abril.
Ela proferiu essa frase e fez o programa inteiro usando um colar feito de tomates, em “protesto” ao aumento do preço.
Diversas piadas em relação ao preço alto do tomate se espalharam pela internet nas últimas semanas. Muito se discutiu na imprensa sobre a alta do preço, alardeando o crescimento da inflação provocado pela alta dos alimentos e que o aumento na taxa de juros seria a medida principal no controle da inflação.
Para o economista Guilherme Delgado, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o aumento dos juros para controlar a inflação tem custos econômicos e sociais.
“A elevação da taxa de juros Selic pelo governo (de 7,25% a 7,5%) não tem nenhum efeito do ponto de vista da contenção inflacionária, mas atende a apetites midiáticos e simbólicos. A linha de contenção da demanda via elevação de juros e redução do gasto social aparece como uma forma de conter a inflação, mas tem custo de muitos empregos e desaceleração econômica. Não me parece que seja essa a via que o governo está seguindo”, acredita.
O uso político da alta do tomate para forçar o aumento de juros se torna mais evidente ao analisar a queda brusca do preço do tomate.
A inflação do tomate em março foi de 122,13%, sendo que no meio de abril o preço já havia caído mais de 75%.
Além disso, a farinha de trigo teve um aumento de preço maior que o tomate (151,39%) por conta da seca no nordeste e não recebeu tanta atenção dos colunistas e da mídia quanto o tomate.
“O tomate é um produto de cultivo cíclico de 90 dias. Se está faltando no mercado é porque os agricultores estão plantando. O preço que estava muito alto começa a diminuir quando o plantio novo chega. A produção do tomate não é relevante para explicar a pressão inflacionária, porque senão temos um discurso puramente sazonal. Todas as economias do mundo, em todas as épocas, tem problemas sazonais. E isso não é causa de inflação”, afirma Delgado.
Gerson Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), concorda. “Existe sim um problema de pressão dos preços dos alimentos, mas o tomate foi usado como um vilão para pressionar o governo a aumentar a Selic”.
“O impacto do preço do tomate na taxa de inflação é mínimo, em torno de 0.2%”, afirma Teixeira.
Política Agrária
Os especialistas avaliam que a alta inflacionária dos alimentos se deve, em grande parte, à política agrícola adotada pelo governo brasileiro, que prioriza as exportações do agronegócio em vez do abastecimento interno.
Dados apontam que, de 1990 para 2011, as áreas plantadas com alimentos básicos como arroz, feijão, mandioca e trigo declinaram, respectivamente, 31%, 26%, 11% e 35%. Já as de produtos do agronegócio exportador, como a cana e soja, aumentaram 122% e 107%.
“Precisamos pensar melhor em como atender a demanda interna e externa para resguardar a estabilidade de preços nos produtos alimentares. Hoje, pensamos em resolver o equilíbrio externo, exportar a qualquer custo para obter superávit na balança comercial e o menor déficit possível na balança corrente. E o resíduo das exportações fica com o mercado interno para resolver as questões de estabilidade. Essa equação está equivocada e precisa ser reformulada”, afirma Delgado.
Esse cenário faz com que o Brasil dependa de importações de alimentos básicos para suprir seu mercado interno. No ano passado, o país importou US$ 334 milhões em arroz, equivalente a 50% do valor aplicado no custeio da lavoura em nível nacional. No caso do trigo, o valor das importações foi de US$ 1,7 bi, duas vezes superior ao destinado para o custeio da lavoura, e a produção de mandioca atualmente é a mesma de 1990.
Para controlar os preços e garantir o abastecimento interno, o governo começa a adotar a criação de estoques reguladores por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Essas “reservas” permitem ao governo intervir caso o preço dos alimentos esteja fora do padrão determinado, e comprar ou vender esses alimentos, com ênfase especial nos que compõem a cesta básica para equilibrar os valores.
Segundo Gerson Teixeira, os estoques são estratégicos. “Deixamos de estocar na década de 90, pois prevalece até hoje a tese neoliberal da autorregulação do mercado. Qual o resultado? Não temos estoques de alimentos capazes de impedir a alta dos preços”, denuncia.
“A política de estoques regulares e estratégicos é fundamental. A presidenta Dilma assinou uma medida importante em fevereiro, criando um conselho interministerial para formar estoques públicos de alimentos. É uma medida extremamente necessária nesses tempos de volatilidade do mercado agrícola”, defende.

Fortalecimento da agricultura familiar


A agricultura familiar e os assentamentos da Reforma Agrária, de acordo com dados do Censo Agropecuário de 2006, ocupam 30% das terras agricultáveis do país, mas produzem 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros.
Dessa forma, as políticas para fortalecer a agricultura familiar são uma alternativa para controlar a alta dos preços dos alimentos, garantir o abastecimento interno e diminuir a dependência externa do Brasil em relação aos alimentos básicos.
“Os assentamentos de Reforma Agrária e o campesinato em geral têm uma especialização na produção de alimentos. Esse setor, se for devidamente fomentado, pode produzir em grande quantidade os produtos da cesta básica. É uma via importante e necessária a ser trabalhada. Mas não me parece que o governo esteja muito atento a isso, pois para ele o agronegócio resolve tudo, o que não é verdade”, acredita Guilherme Delgado.
Gerson Teixeira acredita que, para alterar este cenário, é preciso ir além de incluir os camponeses no meio de produção rural, mas qualificar uma produção diferente do agronegócio, que leva os produtores a abandonar a produção de alimentos da cesta básica para plantar as commodities valorizadas no mercado internacional.
“O que precisa ser feito mesmo é rever a política agrícola e fazer a Reforma Agrária. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) está completamente esgotado. Ele realizou uma política de inclusão social nas políticas agrícolas, que aproximou a agricultura familiar do agronegócio. Precisamos rever essa política e colocar o Pronaf não como uma estratégia de inclusão, mas de diferenciação para habilitar realmente o agricultor a produzir alimentos de qualidade”, propõe Teixeira.
Dados do Pronaf revelam que, ao comparar 2003 com 2012, o número de operações de custeio de arroz com agricultores familiares declinou de 34.405 para 7.790 (-77.4%).
No caso do feijão, o número de contratos de custeio pelo Pronaf reduziu de 57.042 para 10.869 (-81%). Os contratos para o custeio da mandioca caíram de 65.396 para 20.371 (-69%), e para o custeio de milho declinaram de 301.741 para 170.404 (-44%).
Teixeira demonstra preocupação com o futuro da agricultura brasileira, diante do quadro de ameaças de mudanças climáticas, em um cenário de enormes desafios para a alimentação de uma população mundial crescente e de expansão da urbanização.
“No Brasil, assistimos à passividade e um recuo ‘inexplicável’ na execução da Reforma Agrária, que é crucial para o incremento massivo da produção alimentar. É inacreditável que não vejam que o agronegócio corre sérios riscos de colapso nesse ambiente”, lamenta Teixeira.
Fonte: http://www.viomundo.com.br/politica/hegemonia-do-agronegocio-e-a-causa-da-inflacao-dos-alimentos.html

quarta-feira, 24 de abril de 2013

As pontas soltas do atentado de Boston




Da Folha
Clóvis Rossi

Há algumas graves lacunas na narrativa sobre tudo o que aconteceu após os atentados na maratona
Barack Obama tem toda a razão ao dizer que há muitas perguntas não respondidas no caso de Boston.
Algumas:
1 - Um assessor de um experimentado congressista disse ao "Boston Globe" que vários membros do Congresso estão querendo informações sobre a investigação que o próprio FBI confirmou ter feito, em 2011, sobre Tamerlan Tsarnaev, o suspeito morto pela polícia.
"O FBI tinha esse sujeito no radar, mas de alguma forma ele saiu. Ouvimos durante vários dias que não havia informação de inteligência [sobre os autores dos atentados]. Agora, descobrimos que poderia ter havido informações."
Se o FBI mantivesse nos arquivos os dados básicos de um cidadão tido como suspeito, não precisaria exibir os vídeos em que aparecem os irmãos Tsarnaev para pedir ajuda à população, o que obviamente alarmou os suspeitos, levando-os às ações em que se envolveram.
Poderia ter havido uma caçada silenciosa e discreta, o que, em tese, pouparia pelo menos uma vida, a do segurança do MIT supostamente morto pelos irmãos em fuga.
Talvez ambos pudessem ser presos com vida, o que seria do interesse da investigação, cujo objetivo "nesta conjuntura crítica deveria ser o de recolher informações para proteger a nação de futuros ataques", como disseram os senadores Johan McCain e Lindsay Graham.
2 - Que fuzilaria foi aquela nas imediações da casa em que Dzhokhar se refugiou em um barco?
Se o rapaz estava gravemente ferido, se não reagiu a tiros quando o proprietário do barco levantou a lona para verificar o que estava acontecendo, como é que poderia se envolver em uma troca de tiros cinematográfica com a polícia, como os vizinhos a descreveram?
Parece mais uma tentativa de fuzilamento sumário, o que dá margem a duas críticas: primeiro, é de novo contraproducente para a investigação, do que dá prova o fato de que Dzhokhar não está podendo ser devidamente interrogado, por causa dos ferimentos recebidos.
Segundo, fere um princípio civilizatório básico segundo o qual todos são inocentes até prova em contrário, prova que a polícia ainda não produzira, tanto que ele continuava a ser tratado como suspeito.
Afinal, é como escreveu Glenn Greenwald, colunista de direitos civis do "Guardian": "Dezenas, se não centenas de detidos em Guantánamo, acusados de serem os piores dos piores, não eram culpados de nada. Evidências apresentadas pela mídia não substituem o devido processo legal e um julgamento com direito a contraditório".
3 - Não é lógico que os irmãos em fuga soltassem o motorista que haviam tomado como refém, após dizerem que eram os responsáveis pelos atentados.
Sabiam que, se liberassem o refém, ele os denunciaria às autoridades, como de fato ocorreu. Se já haviam matado quatro, incluindo o guarda de segurança, não faz sentido que se apiedassem de uma quinta pessoa e a soltassem sem nem mesmo uma coronhada.
Se García Márquez tem razão ao dizer que um bom conto é aquele que parece verdade, o conto de Boston está devendo muito.
Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/as-pontas-soltas-do-atentado-de-boston

A motivação do suspeito era a que todos já sabíamos

Tsarnaev afirmou que os atentados de Boston vieram das guerras do Iraque e do Afeganistão.
 
Vítima dos americanos
Vítima dos americanos

 
Nenhuma surpresa na motivação de Dzhokhar Tsarnaev, 19 anos, para o atentado de Boston.
Em condições precárias no hospital, ele disse à polícia o que todos sabiam que iriam ouvir: a razão das bombas foram as guerras que os Estados Unidos movem no Iraque e no Afeganistão.
Os irmãos são apenas mais dois nomes que se somam à lista gigantesca de islâmicos que lamentavelmente aderem ao extremismo por causa da brutal política externa americana.
Ninguém estabeleceu um vínculo ainda, mas é presumível que os dez anos da Guerra do Iraque, tão noticiados há poucos dias, tenham tido um impacto forte nos dois.
Hoje são amplamente conhecidas as mentiras que estiveram por trás da guerra que Bush moveu ao Iraque até transformar o país em escombros.
Para começo de conversa, não havia as armas de destruição em massa que Bush – e seu cúmplice Tony Blair, então premiê britânico – dizia existirem no Iraque.
As imagens que o mundo recentemente viu das consequências da guerra para os iraquianos foram simplesmente chocantes.
Não há palavras fortes o bastante para descrever o que aconteceu particularmente com as crianças do Iraque sob as bombas americanas.
A Guerra do Iraque tem tudo para passar para a história como um daqueles episódios, a exemplo do holocausto judeu, em que a humanidade se pergunta, passado o tempo necessário para a reflexão: como nós deixamos isso acontecer?
Dez anos depois, nem um miserável pedido de desculpas foi oferecido pelos Estados Unidos a um povo destroçado.
Podemos imaginar como tudo isso chegou aos irmãos.
Numa célebre resposta ao rei Jaime I, Guy Fawkes, capturado na clássica Conspiração da Pólvora, no começo dos anos 1600, disse: “Tempos desesperadores reclamam medidas desesperadas”.
O rei queria saber de Fawkes – evocado em “V de Vingança” e adotado pelos hackers do Anonymous – por que ele e outros tinham juntado sob o Parlamento britânico pólvora suficiente para transformá-lo em pó.
A humanidade quer paz, como Lennon, Ghandi e Luther King tão bem disseram.
Os Estados Unidos são o oposto disso.
Lamentavelmente, inocentes pagam o preço – os três espectadores mortos em Boston e mais os 180 feridos.
E também dezenas, centenas de milhares de crianças, velhos, mulheres e civis em países como Iraque, Afeganistão, Iêmen, Paquistão etc.
A paz que a humanidade merece está hoje – não adianta fingir que não – na dependência de uma completa mudança na atitude predadora dos Estados Unidos, um império que conseguiu ser ainda pior, e isso é uma façanha, que a defunta União Soviética.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

domingo, 21 de abril de 2013

Os banheiros de Barbosa, "o estilo e o homem"


Folha publica reportagem que vinha sendo apurada por Felipe Recondo, do Estadão, que foi chamado de "palhaço" pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, e ainda assim engavetou sua apuração; STF irá gastar uma pequena fortuna para colocar materiais de primeira qualidade, em mármore e granito, nos banheiros do apartamento funcional de 523 metros quadrados, em Brasília; Barbosa também terá uma adega de luxo; como diria o conde de Buffon, "o estilo é o homem"


Incumbido de cobrir o Poder Judiciário para o jornal Estado de S. Paulo, o repórter Felipe Recondo foi chamado de "palhaço" e acusado de chafurdar no lixo, pelo presidente do Supremo Tribunal, Joaquim Barbosa, quando se dedicava a apurar gastos determinados pela presidência da suprema corte. Num capítulo que envergonha a história do jornal, o Estadão decidiu não comprar a briga com o presidente da suprema corte, que, para os Mesquita, deveria ser mantido no pedestal de herói por ter conduzido o julgamento da Ação Penal 470 e, especialmente, por ter liderado a condenação de lideranças do PT, como José Dirceu e José Genoino.

Um dos pontos da reportagem de Recondo, engavetada pelo Estadão, era a reforma determinada pelo STF no apartamento funcional de Joaquim Barbosa – um imóvel de 523 metros quadrados, em Brasília, antes ocupado por Carlos Ayres Britto.

O tema, no entanto, foi retomado pela Folha, em sua edição deste sábado. E Barbosa, que critica gastos supostamente desnecessários do Poder Judiciário, decidiu gastar R$ 90 mil com a reforma de seus banheiros, pedindo peças de primeira qualidade, em mármore e granito.*****Leia, abaixo, o texto de Andreza Matais e Rubens Valente:

STF gasta R$ 90 mil em reforma para Joaquim Barbosa


RUBENS VALENTE
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

O STF (Supremo Tribunal Federal) gastará R$ 90 mil para reformar, com material de "primeira qualidade", os quatro banheiros do apartamento funcional que o presidente da corte, Joaquim Barbosa, ocupará a partir de julho.

O presidente do STF decidiu mudar do apartamento funcional que já ocupa na Asa Sul, em Brasília, para um mais amplo, de 523 metros quadrados, na mesma região.

A futura residência do ministro, com cinco quartos, quatro salas, biblioteca e adega, era ocupada até o final do ano passado pelo ministro Ayres Britto, que se aposentou do STF em novembro

Do total da obra, R$ 78 mil serão pagos à empresa que venceu um pregão eletrônico na semana passada e outros R$ 12 mil sairão de contratos com outras empresas já em andamento, na instalação de vidros, espelhos e uma banheira, que será adquirida, segundo o STF, com recursos próprios de Barbosa.******O primeiro valor equivale ao custo total da construção de uma residência de 32 metros quadrados do programa Minha Casa Minha Vida.

O edital do pregão prevê a aquisição de 23 peças em mármore e granito por R$ 15,5 mil. Um terço desse valor irá para uma prateleira e uma bancada. Assento e tampo dos quatro vasos sanitários custarão R$ 396 cada.

Na presidência do STF e do CNJ, Barbosa adota um rigoroso discurso de contenção de despesas do Judiciário.

Na semana passada, envolveu-se em polêmica com entidades de juízes, ao criticar gastos desnecessários com a criação de Tribunais Regionais Federais.

Segundo o STF, a reforma será feita por conta do "desgaste pelo tempo de uso". A corte nega que tenha partido de Barbosa a ordem para a reforma, mas não apontou o responsável pelo lançamento do edital, ocorrido durante a atual gestão.

De acordo com a assessoria, a exigência de materiais de "primeira qualidade, sem manchas, defeitos ou imperfeições" foi feita "para evitar o fornecimento de materiais inadequados ou de qualidade duvidosa". 

Fonte: http://bogdopaulinho.blogspot.com.br/2013/04/os-banheiros-de-barbosa-o-estilo-e-o.html

Que direitos – se é que algum – tem Dzhokhar Tsarnaev?

Glenn Greenwald

De acordo com as leis da Guerra do Terror do governo Obama, nenhum.
Tsarnaev é detido
Tsarnaev é detido

Publicado originalmente no Guardian. Esta versão é ligeiramente resumida. 

Pouco antes de Dzhokhar Tsarnaev, um cidadão americano, ser preso ontem à noite, o senador republicano Lindsey Graham defendeu no Twitter que lhe fossem revogados os direitos básicos. “Se capturado”, Graham escreveu, “espero que o governo, pelo menos, considere o suspeito de Boston como um inimigo combatente, para fins de coleta de inteligência”. Argumentou que “se o suspeito tem ligações com organizações terroristas no exterior, ele pode ser um tesouro de informações”. Graham concluiu: “A última coisa que a gente pode querer é dizer para os suspeitos que eles têm o direito de ‘ficar em silêncio’”.
Assim que Tsarnaev foi preso, o presidente Barack Obama sugeriu fortemente que ele fosse julgado num tribunal, o que presumivelmente significa que, em algum momento, terá um advogado, algo que Graham objetou. Mas o Departamento de Justiça de Obama também anunciou que pretendia interrogá-lo “extensivamente” antes de ler para ele os direitos de Miranda (a advertência que avisa o detido de que ele tem o direito de permanecer calado etc). E o Departamento de Justiça disse que pretende questioná-lo não apenas sobre assuntos relacionados a ameaças imediatas à segurança pública – existem outras bombas prontas para explodir? Há um cúmplice à solta, preparando para matar? –, mas “para ganhar inteligência crítica”.
Os tuítes de Graham criaram rapidamente uma tempestade de indignação entre vários democratas, progressistas, liberais e afins. Eles insistiram que tais ações seriam radicais e uma séria ameaça às proteções constitucionais fundamentais. Mas, apesar de compartilhar desse sentimento, fiquei perplexo, por várias razões.
Em primeiro lugar, a administração Obama já revogou os direitos de Miranda para suspeitos de terrorismo capturados em solo americano. Foi há dois anos, com quase nenhuma controvérsia ou protesto, inclusive de muitos daqueles que condenaram Graham. Em maio de 2010, Charlie Savage, do New York Times, relatou que “a administração Obama iria procurar uma lei permitindo que os investigadores interroguem suspeitos de terrorismo sem informá-los de seus direitos”. Em vez de ir ao Congresso, o Departamento de Justiça de Obama adotou as suas próprias regras em março de 2011.
O Departamento de Justiça de Obama explorou e expandiu radicalmente o a exceção de “segurança pública” dos direitos de Miranda, criada em 1984 pelos juízes mais conservadores da Suprema Corte em Nova York, com a discordância veemente de seus membros liberais.
A polícia sempre teve o poder de questionar o suspeito sobre ameaças iminentes sem ler os direitos para ele. Na verdade, eles são livres para questionar sobre qualquer coisa. Mas o Departamento de Justiça de Obama ampliou descontroladamente essa exceção para suspeitos de terrorismo. Um memorando (emitido em segredo, é claro, mas que vazou) citou o que chamou de “a magnitude e a complexidade da ameaça, muitas vezes representada por organizações terroristas”, a fim de reivindicar “significativamente um interrogatório mais extenso, sem a advertência de Miranda de um criminoso comum”.
“Pode haver casos excepcionais em que, apesar de todas as questões sobre segurança terem sido perguntadas, os agentes concluem que o interrogatório é necessário para colher informações valiosas e oportunas não relacionadas a qualquer ameaça imediata”.
Isso é o que Graham defendeu: que Tsarnaev seja interrogado sem os direitos de Miranda, e isso é exatamente o que Obama aprovou há dois anos. Embora eu ainda não saiba por quanto tempo o suspeito será interrogado ou o que lhe será perguntado, Bazelon escreveu:
“E assim, o FBI vai certamente perguntar a Tsarnaev o que lhe aprouver. Não apenas o que os órgãos da lei precisam saber para prevenir uma ameaça terrorista e manter a segurança pública, mas tudo o que considerar relacionado a dados de ‘inteligência valiosa e oportuna’. O que quer que o FBI descubra ficará em segredo: nós não saberemos até onde foi o interrogatório. E, além do mais, ninguém vai chorar pelos direitos de um jovem acusado de matar pessoas inocentes…”

O cerco policial
O cerco policial

Mas há outra razão por que achei confusa a indignação dos democratas com as declarações de Graham. A teoria sobre a qual os argumentos de Graham são baseados é a mesma que a administração Obama tem abraçado vigorosamente: a saber, que os EUA estão “em guerra”, e que qualquer um que pega em armas contra o país ou tenta matar americanos não tem os direitos básicos – mesmo sendo cidadãos americanos. Como Graham disse ao Washington Post, sua visão de que Tsarnaev não tem direitos é baseada em sua crença de que os EUA estão travando uma guerra global e aqueles que lutam contra o país são “combatentes inimigos”.
É certamente possível se opor aos argumentos de Graham por razões pragmáticas, defendendo que Tsarnaev deve ser julgado em um tribunal federal porque isso será mais benéfico para o governo, se for feito. Mas para qualquer um que apoia a “guerra ao terror” de Obama e seu poder de atingir mesmo os cidadãos dos Estados Unidos, é impossível se opor aos argumentos de Graham, seja por princípio ou em teoria. Se (como os apoiadores das políticas de Obama sobre o terrorismo argumentam) o “campo de batalha” é qualquer lugar onde um terrorista é encontrado e onde ele possa ser detido ou morto sem acusações, então isso necessariamente inclui o solo americano (ou, como Graham afirmou, usando um dos mais arrepiantes slogans imagináveis: “a pátria é o campo de batalha”).
É verdade que Obama disse que não iria exercer esses poderes contra os cidadãos dos EUA em solo dos EUA, mas isso é simplesmente uma escolha pragmática que pode ser alterada a qualquer momento. A teoria é a da guerra do terror: os EUA estão “em guerra” com os terroristas, e qualquer um que pegue em armas contra os EUA e tentam matar americanos são “combatentes”, aos quais podem ser negados direitos básicos.
Desnecessário dizer que Tsarnaev é provavelmente a figura mais odiada da América agora. O resultado, como Bazelon observou, é que muitas pessoas não se importarão com o que será feito com ele, assim como poucas se importam o que acontece com os acusados ​​de terrorismo em Guantánamo ou Bagram, ou no Iêmen e no Paquistão. Mas isso é sempre como os direitos são abreviados: alvejando o grupo mais marginalizado ou o indivíduo mais odiado em primeira instância, com base na expectativa de que ninguém vai se opor por causa de como eles são marginalizados ou odiados. Uma vez que essas violações de direitos acontecem, elas se tornam institucionalizadas para sempre, e não adiantará nenhuma oposição quando forem aplicadas aos outros.

Fonte: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/que-direitos-se-e-que-algum-tem-dzhokhar-tsarnaev/

sábado, 20 de abril de 2013

Gostei.






“Antes tarde do que nunca”

                                                                             Por Cairo Arruda (membro da ACI)

 Não tem coisa melhor do que se saber esperar, mas, não deixando de batalhar , é claro, em prol de determinada causa justa, de maneira organizada, pacífica e esperançosa. Foi o que fizeram os empregados domésticos, cuja luta chegou a sensibilizar os membros do Senado Federal, para proporem e aprovar a PEC (Proposta de Emenda Constitucional), de nº 66/2012, de 02-04-2013, que estende a essa categoria profi ssional, os mesmos direitos dos demais trabalhadores, como: carga horária semanal de 44 horas, adicional noturno, horas extras, salário família, seguro desemprego, aviso prévio, FGTS, etc. Parte desses direitos,ainda precisa  ser regulamentada, mas, os senadores estão cuidando disso.
Para dar cumprimento ao disposto  acima, alguns empregadores devem sentir certa dificuldade, pois suas despesas serão aumentadas. Daí, temer-se, que boa parte deles vai ter que optar em dispensar empregados, e partir para uma outra alternativa.
Não resta dúvida, que a medida aprovada pelo Senado é justa e merecida. Todavia, a qualidade dos serviços desses trabalhadores deve também melhorar. Por exemplo. De há muito, reclama-se do seguinte: a empregada doméstica, especialmente, necessita ter mais noções de higiene e civilidade.
No meu entender, deveria passar a ser obrigatório, que elas freqüentassem  curso nesse sentido, ministrado pelo SEBRAE ou SENAC, de preferência no turno da noite,  para por em prática os ensinamentos recebidos, no emprego.
As localidades que não dispusessem  de órgãos competentes para oferecer esse tipo de curso, as prefeituras poderiam  arcar com a condução para os interessados se deslocarem  aos locais mais próximos, a fim de freqüentarem  curso dessa natureza.
Se seus direitos estão sendo ampliados,  os seus deveres, por sua vez,  também deverão ser aperfeiçoados!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Lideranças políticas da região



CÍCERO HENRIQUE BRASILEIRO: FILHO DE AURORA, PAI DE BAIXIO.

Por: João Tavares Calixto Júnior.
Cícero Henrique Brasileiro
 
     Nasceu Cícero Henrique Brasileiro no sítio Malhada Funda em Aurora aos 28 de novembro de 1896. Conforme o que consta em seu assento de batismo, registrado pelo Pe. Vicente Pinto Teixeira aos 28 de fevereiro de 1897 no Livro da Paróquia do Menino Deus de Aurora (Livro 1888-1897, pág. 128), era filho legítimo de Joaquim Henrique d'Oliveira e Maria Esperança da Trindade. Foram seus padrinhos, seu tio paterno José Joaquim Brasileiro e sua esposa, Maria Horinda da Conceição.
     Recebeu as primeiras letras com professores particulares em sua terra natal, tendo ido fixar residência em 1921 no povoado de Alagoinha (hoje Ipaumirim), de onde migrou ao povoado de Baixio, em 1923, onde instalou Indústria de algodão.
     Casou-se com Raimunda Lima Brasileiro, com quem teve quatro filhos: Dr. Líbio Lima Brasileiro (Dentista, assassinado em Baixio em virtude de divergências políticas), Hugo Lima Brasileiro, Líbia Lima Brasileiro e Ivone Lima Brasileiro.
     Aos 17 de junho de 1935 toma posse como Prefeito Municipal da Vila do Baixio, por ato de nomeação do Interventor Menezes Pimentel, tendo sido eleito à mesma, nas eleições de março de 1934. Atentemos ao que registra-se no documento de posse:
     "Aos dezessete dias do mês de junho de mil novecentos e trinta e cinco, nesta Vila de Baixio, Estado do Ceará, no Paço da Prefeitura Municipal, onde pelas treze horas se encontravam o cidadão Joaquim Leite Ribeiro, Prefeito anterior, Dr. Genésio Lustosa Cabral, Juiz Municipal, o Cel. João Augusto, Prefeito Municipal de Lavras, diversas pessoas gradas do lugar e o abaixo assinado, secretário da prefeitura, aí compareceu o Coronel Cícero Brasileiro, nomeado Prefeito deste Município por Ato de 29 do mês próximo findo, do Exmo. Sr. Dr. Governador Constitucional do Estado o qual exibiu o seu título de nomeação e tomou posse do cargo. Para constar, eu, Vicente Brasileiro, secretário da prefeitura, lavrei a presente em que assinam o prefeito anterior, o empossado e demais presentes".
     Em 26 de novembro de 1937 foi novamente nomeado Prefeito de Baixio, permanecendo até 7 de abril de 1938. Aos 22 de maio seguinte, foi lavrado o título de sua nomeação para provimento do cargo de tabelião do termo de Baixio. Posteriormente, em 9 de janeiro de 1946, foi nomeado Tabelião Único do termo de Baixio, comarca de Icó. Elegeu-se Prefeito de Baixo para o período de 1959-1963, e vice-prefeito nas eleições de 1982 (CALIXTO JÚNIOR, João Tavares. Venda Grande d'Aurora. Fortaleza, 2012, p. 268).
     Cícero Brasileiro construiu no município de Baixio, o antigo prédio da prefeitura municipal, em 1936, e o prédio da "Mesa de Renda" ou coletoria estadual. O primeiro, lamentavelmente, destruído em dias posteriores. Cícero liderou no município, a fundação do Partido Republicano Progressista, visando às eleições municipais de 29 de março de 1936. (GONÇALVES, Rejane Monteiro Augusto. Umari, Baixio, Ipaumirim – Subsídios para a História Política. Fortaleza, 1997. p. 62-66).
     Aposentando-se como Tabelião, cargo que desempenhou por muito tempo, foi batizado em sua homenagem o prédio da Prefeitura do Município de Baixio como Centro Administrativo Cícero Henrique Brasileiro, localizado no Centro da cidade.


Referências Bibliográficas:
 
CALIXTO JÚNIOR, João Tavares. Venda Grande d'Aurora. Fortaleza, Expressão Gráfica e Editora, 2012.
GONÇALVES, Rejane Monteiro Augusto. Umari, Baixio, Ipaumirim – Subsídios para a História Política. Fortaleza, 1997.

Fonte:http://lavrasce.blogspot.com.br/2013/03/cicero-henrique-brasileiro-filho-de.html