quarta-feira, 31 de outubro de 2007

QUINTO PECADO


BATATA ASSADA COM REQUEIJÃO

Ingredientes:
4 batatas grandes
01 pacote de catupiry
Queijo ralado
1 xícara de farinha de trigo
Óleo para fritar

Modo de preparo:
Cozinhe as batatas e corte-as ao meio no comprido. Em bandas, passe-as na farinha de trigo retirando o excesso. Coloque para fritar sob imersão de óleo. Arrume as batatas num refratário e coloque sobre cada metade um pouco de catupiry. Polvilhe com queijo ralado e leve ao forno para gratinar.

Delícia de Banana com Biscoito

Ingredientes:
600 gramas de biscoitos amanteigados ao leite
500ml de leite
03 colheres sopa de amido de milho
01 xícara de açúcar
10 bananas em rodelas
02 caixa de creme de leite
01 caixa de leite condensado
03 colheres sopa de manteiga
Modo de preparo:
Aqueça a manteiga e refogue a banana juntamente com o açúcar. Quando o açúcar estiver atingindo a coloração de caramelo, misture o leite com o amido e leve ao fogo mexendo sem parar até ficar cremoso. Acrescente o creme de leite e o leite condensado. Misture tudo muito bem.
Coloque num refratário parte do Creme de Banana, quebre o biscoito treloso ao leite e cubra esse creme. Faça várias camadas. Finalizando com o biscoito. Cubra com o creme de leite restante. Leve à geladeira quatro horas antes de servir.

Torta Cremosa de Cebola

Ingredientes:
Para a massa:
200 gramas de farinha de trigo
1/4 de colher (chá) de sal
100 gramas de manteiga gelada
30 a 40 ml de água bem fria

Para o recheio:
1 colher (sopa) de óleo
1 colher (sopa) de manteiga
16 colheres (sopa) fartas de cebolas bem picada
250 ml de creme de leite espesso
250 ml de leite fervido e frio
1 colher (sopa) de farinha de trigo
3 ovos
1/2 a 3/4 de colher (chá) de sal
1 pitada de pimenta-do-reino branca
Modo de preparo:
Massa:
Num tampo ou tigela, misture a farinha de trigo e o sal, junte a manteiga em pedacinhos e, com a ponta dos dedos, trabalhe a massa para obter um farelo. Junte a água, misturando e amassando apenas até absorver todo o líquido. Não trabalhe a massa em demasia. Envolva a massa em filme plástico e leve para descansar 20 a 30 minutos na geladeira.
Num tampo enfarinhado, e com rolo enfarinhado, abra a massa na espessura de 3 mm e forre o fundo e as laterais da fôrma. Fure o fundo com um garfo, cubra com uma folha de papel-manteiga e espalhe grãos de feijão. Leve ao forno pré-aquecido (180°C) por uns 15 minutos, apenas até a massa secar. Retire o papel e os feijões. Reserve.
Recheio:
Numa panela de fundo largo, aqueça o óleo e a manteiga e doure a cebola, mexendo ocasionalmente, sem deixar escurecer. Retire do fogo. Numa tigela ou liquidificador, bata o restante dos ingredientes e acrescente às cebolas. Retifique o tempero e despeje na massa pré-assada. Asse em forno preaquecido moderado-forte (200°C) por aproximadamente 30 minutos, ou até ficar consolidada e dourada.

Bolo Brigadeirão



Ingredientes:
Massa:
7 ovos
7 colheres (sopa) de açúcar
7 colheres (sopa) de farinha de trigo
7 colheres (sopa) de achocolatado
7 colheres (sopa) de óleo
1 colher (chá) de fermento em pó
100 gramas de coco ralado
Cobertura:
4 colheres (sopa) de achocolatado
1 lata de leite condensado
2 colheres (sopa) de margarina
Modo de preparo:
Coloque todos os ingredientes da massa no liquidificador, com exceção do coco e do fermento. Bata bem. Sem bater, misture o coco e o fermento. Coloque em assadeira untada e enfarinhada. Leve ao forno médio, pré-aquecido, para assar. Numa panela, coloque todos os ingredientes da cobertura e misture. Leve ao fogo até levantar fervura. Depois, esparrame sobre o bolo assado.

QUARTA VIA


HAJA BRASIL............

O ping pong da educação
(Virgílio Tamberlini)

Em 12 anos a Educação do Brasil perdeu R$ 72 bi, devido a DRU. As Universidades Federais estão em estado de calamidade, na de Guarulhos uma das reinvidicações dos alunos era livros, algo sem nenhuma importancia para uma Universidade. Na UFRJ não há aula em dias de chuva.
Mesmo assim o mago Haddad, criou, através do decreto 6069 o REUNI, que pretende aumentar em 50% o N.º de alunos, com aportes CONFORME A DISPOSIÇÂO ORÇAMENTÀRIA DO MEC, ou seja nada pois no Governo Lula os gastos com a educação passram de 1,959% em 2002 para 1,465% das Despesas Gerais da União em 2006, ou seja uma queda de 30%. Em 1995 as IFES ofertavam 178.145 vagas hoje ofertam 331.365 vagas, isto com uma diminuição de 30% das receitas em relação as despesas gerais. Resumindo mais um factóide populista - distribuir diplomas.
A situação das IFES está tão grave que algumas delas já estão até inclusas na Dívida Ativa da União ( relatórios TCU 2002/2006 ).
O REUNI não possui apoio de NENHUMA entidade representante de docentes, funcionários ou estudantes, mas o Haddad vai enfiar goela abaixo este projeto.
Outro fato a ser destacado é que o REUNI determinda a aprovação de 90% dos ingressantes e tem como prazo final o ano de 2010, ou seja nada eleitoreiro.
Seria mais sincero que o Lula determinasse que ao se completar 21 anos a pessoa poderia comprar um diploma na papelaria!

Fonte: http://www.projetobr.ig.com.br/


Uma sugestão cívica
(Carlos Heitor Cony)
O pessoal do governo e da base aliada encontrou um argumento para justificar a prorrogação da CPMF por mais alguns anos.
Descobriu que nenhum país pode dispensar o reforço de 40 bilhões da moeda local em seu orçamento de cada ano. Convenhamos, é dinheiro pra burro, mas ainda pouco para atender às necessidades nem sempre necessárias de um governo caótico no que se refere às aplicações de verbas.
Não se precisa ter memória de elefante para lembrar o drama do ex-ministro Adib Jatene na aprovação de um imposto provisório destinado à área da saúde. A situação dos hospitais era obscena, crianças nascendo em pias de enfermarias, doentes espalhados pelo chão, falta de material mais urgente, como algodão, esparadrapo e soro.
O imposto foi aprovado e o ministro voltou à sua profissão de médico, mas a situação hospitalar continua a mesma.
Aqui no Rio, um jornal divulgou nesta semana que, no setor da neurocirurgia, para operações no cérebro, usavam furadeiras, dessas de furar parede para colocar o prego que sustentará um quadro.
Verdade seja dita: já vi furarem o crânio de um paciente com uma dessas furadeiras, mas num filme dos Três Patetas (em sua primeira formação). A vida copia a arte, mas é bom que pare nas furadeiras.
Um viajante do século 16 descobriu um reino perto das antigas ilhas Papuas. Para abastecer o tesouro real, o soberano criou o imposto do ar, quem respirasse pagava o tributo, calculado na base de três mil respirações por dia.
O nosso espaço aéreo é enorme, como disse aquele marechal quando soube que o avião em que viajava estava a 12 mil metros de altitude: "Eu sabia que o Brasil era grande, mas não sabia que era tão alto!". Temos bastante ar para novo imposto.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

TERÇA POÉTICA, com Albuquerque Pereira

Pereira de Albuquerque é filho de Ipaumirim e tem três livros publicados pela RBS Editora: O Rídículo das Coisas (prosa), O Eleitor, já em 2a. edição, e Outono onde encontramos o poema Ipaumirim. Quero agradecer a Pereira as obras que me foram enviadas e dizer da alegria de contar com a sua participação em nosso blog coletivo.

IPAUMIRIM

Com que saudade lembro de ti,
torrão querido!
Eras ainda pequenino embora já vociferante
em teus anseios de liberdade.
Nada obstante, quão grandioso me parecias!
Também pudera! Eu era apenas uma criança
e via em tudo maravilhas.
Lembro-me ainda:
as andorinhas voavam alto
em torno da igreja da padroeira
e os flamboyans enchiam-se de flores
sob um céu deslumbrante!
Era o prenúncio da primavera, e os passarinhos, saltitantes,
enxameavam por entre os ramos,
catando insetos a tarde inteira!
Eu me sentava num banco de pedra,
enlaçava os joelhos com ambos os braços
e ali ficava, encolhidinho,
contemplando, embevecido,
aquele mundo de flores vermelhas.
Tempo feliz aquele,
na quietude das tardes mornas!
Ah! como eras belo, Ipaumirim,
com as andorinhas voando em bandos
e os flamboyans na pracinha!

(Pereira de Albuquerque)

domingo, 28 de outubro de 2007

SEGUNDA BEM HUMORADA

A REVANCHE DO GAUCHO

Num seminário de uma importante empresa fabricante de bebidas encontraram-se o gaúcho, o mineiro, o carioca e o paulista. Todas as noites, após as palestras eles jantavam juntos e, após o jantar, ficavam contando piadas. Como o gaúcho era o mais tímido de todos e nunca tinha coragem de contar uma piada, os outros três começaram a contar apenas piadas de gaúcho. E assim foi durante quase uma semana.
O paulista, o mineiro e o carioca rachando o bico às custas do gaúcho, eele sem dar um pio, sofrendo em silêncio.
No último dia ele resolveu se abrir:
-É que na semana passada, peguei a minha mulher na cama com outro, tchê!
- Verdade? E o que você fez? - perguntou um deles.
-Botei ela e meu filho no carro e fui dirigindo a noite inteira até o Rio de Janeiro. Chegando lá, disse pra ela:
-"Desce! Porque aqui que é lugar de puta!".
Depois continuei a viagem e fui até São Paulo. Chegando lá, disse para o meu filho:
-"Desce! Porque aqui que é terra de filho da puta!",
- "E você, papai? Vai pra onde?", perguntou meu filho.
- Eu respondi:
-"Vou para Minas, que é lugar de corno..

Um tanto quanto infame.......

O português está ao lado do caixão, velando o defunto, quando chega um senhor e pergunta:
- Quem é o morto?
E o português, apontando para o caixão, responde:
- Ele.

ATROPELAMENTO

Um brasileiro , em plena Caxias do Sul, entra na policia e dirige-se ao xerife :
- Vim entregar-me, cometi um crime e desde então não consigo viver em paz.
- Meu senhor, as leis aqui são muito severas e são cumpridas e se o senhor é mesmo culpado não haverá apelação nem dor de consciência que o livre da cadeia.
- Atropelei um argentino na estrada ao sul de Caxias.
- Ora meu amigo, como o senhor pode se culpar se estes argentinos atravessam as ruas e as estradas a todo o momento ?
- Mas ele estava no acostamento.
- Se estava no acostamento é porque queria atravessar, se não fosse o senhor seria outro qualquer.
- Mas não tive nem a hombridade de avisar a família daquele homem, sou um crápula !
- Meu amigo, se o senhor tivesse avisado haveria manifestação, repúdio popular, passeata, repressão, pancadaria e morreria muito mais gente, acho o senhor um pacifista, merece uma estátua.
- Eu enterrei o pobre homem ali mesmo, na beira da estrada.
- O senhor é um grande humanista, enterrar um argentino, é um benfeitor, outro qualquer o abandonaria ali mesmo para ser comido por urubús e outros animais, provavelmente até hienas.
- Mas enquanto eu o enterrava, ele gritava : Estoy vivo,estoy vivo!!
- Tudo mentira, esses argentinos mentem muito.


GEOGRAFIA DA MULHER:

Entre 18 e 25 anos, a mulher é como o Continente Africano: uma metade já foi descoberta e a outra metade esconde beleza ainda selvagem e deltas férteis.
Entre 26 e 35, a mulher é como a América do Norte: moderna, desenvolvida, civilizada e aberta a negociações em troca de muito dinheiro.
Entre 36 e 40, é como a Índia: muito quente, relaxada e consciente da sua própria beleza.
Entre 41 e 50, a mulher é como a França: suavemente envelhecida, mas ainda desejável de se visitar.
Entre 51 e 60, é como a Iugoslávia: perdeu a guerra, é atormentada por fantasmas do passado, mas se empenhando na reconstrução.
Entre 61 e 70, ela é como a Rússia: espaçosa, com fronteiras sem patrulha. A camada de neve oculta grandes tesouros.
Entre 71 e 80, a mulher é como a Mongólia: com um passado glorioso de conquistas, mas com poucas esperanças no futuro.
Depois dos 81, ela é como o Afeganistão: quase todos sabem onde está, mas ninguém quer ir até lá.

GEOGRAFIA DO HOMEM:

Entre os 15 e os 80 anos, o homem é como Cuba: governado por um só membro.

sábado, 27 de outubro de 2007

DOMINGO MEMORIOSO

Hoje, publicando a parte final da Autobiografia e reminiscências de Zé Macedo.

(José Macedo, 90 anos)
No dia 18 de setembro de 1949, data em que comemoramos as bodas de prata, deu-se o casamento de Giselda com Manoel Josino da Costa, funcionário do Banco do Brasil, atualmente fiscal de consumo, residente em Bauru no Estado de São Paulo. Em 17 de setembro de 1953, casou-se Evandro com Lenira Barbosa.
Se no decorrer de minha existência passei por dissabores e revezes, também passei por momentos de glória e satisfação. No dia 8 de dezembro de 1958, Juarez ordenava-se sacerdote, naquele ano registrava-se mais uma seca no Ceará e as coisas tornavam-se difíceis, eu queria então receber o neo sacerdote com festividades para celebrar sua primeira missa, não medi esforços nem poupei sacrifícios. Um dos maiores desejos do novo padre era que Soledade conseguisse 100 crianças para fazer a primeira comunhão, em época que não havia inverno era um tanto difícil, porém Dona Soledade não esmoreceu, arrabaldes da cidade e sítios vizinhos convidando a meninada e prometendo dar o enxoval aos que não pudessem comprar.
Eram decorridos 10 anos que a igreja de Ipaumirim não recebia limpeza, mandei limpar, finalmente tomei todas as providências para que no dia 21 de dezembro, data em que Juarez cantaria sua primeira missa, nada faltasse.
Como nossa casa fosse insuficiente para hospedar os parentes e amigos, arranjei mais duas casas.
Na data marcada, tudo estava pronto, comestíveis, bebidas, fotógrafo, cinegrafistas, etc. Dona Soledade mandou fazer 300 sacos de papel de seda nos quais colocou merenda que foram distribuídas com 300 crianças que comungaram naquele dia, convém notar que às seis horas da manhã foi servido aos neo comungantes um copo de leite. Posso dizer que foi uma das cerimônias mais belas que assisti em minha vida.
Durante a celebração da missa de Juarez que foi auxiliada ou assistida por nove padres, dava-se o casamento de duas irmãs ao mesmo tempo, Gesilda e Genilda, a primeira com Dr. Firton Achá, boliviano, e a segunda com Sr. Lester Dale Hedrick, americano.
O fotografo bateu 100 fotografias que as tenho colocada em álbum.
Foi, portanto excedida a minha expectativa, os meus sacrifícios não foram baldados (?). Quando naquela época eu aspirava o curso primário a meus filhos, hoje eu vejo que dos nove existentes, seis são portadores de diploma.
Recordando o tempo da minha existência até a data presente, vejo como é difícil o caminho da vida, quantos empecilhos encontramos.
Aqueles que casam e constituem família assumem perante as leis divinas e humanas um grande compromisso e, para desincumbir-se desta divina missão é necessário muita renúncia, muito desprendimento e sobretudo muita coragem.
Uma família constituída de nove filhos, cada um com uma natureza diferente, seria necessário que seus genitores tivessem grandes conhecimentos de psicologia a fim de dar-lhes o tratamento adequado, então se sente a grande dificuldade de educar por não ter estes conhecimentos.
O fotografo bateu 100 fotografias que as tenho colocada em álbum.
Foi, portanto excedida a minha expectativa, os meus sacrifícios não foram baldados (?). Quando naquela época eu aspirava o curso primário a meus filhos, hoje eu vejo que dos nove existentes, seis são portadores de diploma.
Recordando o tempo da minha existência até a data presente, vejo como é difícil o caminho da vida, quantos empecilhos encontramos.
Aqueles que casam e constituem família assumem perante as leis divinas e humanas um grande compromisso e, para desincumbir-se desta divina missão é necessário muita renúncia, muito desprendimento e sobretudo muita coragem.
Uma família constituída de nove filhos, cada um com uma natureza diferente, seria necessário que seus genitores tivessem grandes conhecimentos de psicologia a fim de dar-lhes o tratamento adequado, então se sente a grande dificuldade de educar por não ter estes conhecimentos.
Se errei, muitas vezes, na educação doméstica aos filhos foi porque não sabia acertar porém minha intenção era boa. Atualmente, vejo muitos pais de família modernos que criam os filhos deixando fazer tudo que entendem sem advertir-lhe em coisa alguma, pode ser que estejam certos, mas também pode ser que não estejam.
Reconheço que muitas ocasiões fui austero a fim de fazer valer minha autoridade para que os filhos chegassem a ser o que hoje são.
Graças a Deus não me envergonho e vejo que todos os meus filhos são atenciosos, honestos e delicados.
Ainda bem que, há pouco tempo, ouvi ser pronunciada pelo Padre Juarez as seguintes palavras: “o que seríamos de nós atualmente se o papai não nos tivesse criado da maneira que nos criou.”
No ano de 1942, chegava do município de Cedro, um rapazinho por nome de Vicente Gomes de Morais que vinha a Ipaumirim para colocar-se como feitor na estrada de rodagem. Um cunhado dele, por nome Raimundo Lemos, falou-me para empregá-lo como caixeiro em minha casa comercial, aceitei.
Inicialmente, o rapaz demonstrava pouca prática do ramo de tecido, porém via-se que era vontadoso e trabalhador. Marquei para ele um salário de cem cruzeiros mensais.
O tempo corria e cada dia que passava o rapaz ia desenvolvendo os seus conhecimentos, obedecia-me como se fosse um pai, zelava os meus interesses era honesto a toda prova.
Decorrido um certo tempo, Vicente não tinha mais ordenado marcado, retirava o necessário para suas despesas, no fim do ano quando dávamos balanço, eu dava-lhe uma gratificação.
No ano de 1960, meu genro, Manoel Josino, tendo sido transferido para São Paulo, como fiscal de consumo, resolvi comprar-lhe a casa de residência com os respectivos móveis e mudar-me para Fortaleza.
Diante dessa resolução, admiti Vicente como sócio e no ano de 1962, afastei-me do comércio, ficando ele como único dono. Posso acrescentar que meu antigo empregado foi um dos maiores amigos que tive em minha vida. Grandes incômodos do meu aparelho digestivo acompanhado de grandes dores trazia-me sempre mal humorado, Vicente sabia dissimular os meus aborrecimentos e estava sempre a frente dos negócios resolvendo tudo que estava a seu alcance. Posso afirmar que aquele rapaz muito contribuiu para ajudar na educação de meus filhos e aumentar meu patrimônio.
Neste pequeno opúsculo, faço um apelo aos meus filhos para serem amigos leais e dedicados de Vicente Gomes de Morais como pessoa de reconhecimento pelos bons serviços que me prestou.
Há quarenta anos, conhecia-se o sul do país pela geografia, bem pouca gente visitava aquelas longínquas paragens tão distante do Nordeste. A única via de transporte para chegar-se até lá era o navio. Durante o período de governo de Epitácio Pessoa é que o nordeste brasileiro começou a desenvolver as estradas de rodagem, o automóvel começou a penetrar no interior dos estados.
Outro grande presidente que tivemos, foi o Dr. Getúlio Vargas que governou o país por cerca de vinte anos tanto como ditador que galgou o poder mediante o triunfo da revolução de 1930 como por eleição em que prevaleceu o voto secreto, uma das leis criadas por ele durante o período discricionário. Mais tarde, foram surgindo os campos de aviação, tanto nas capitais como no interior dos estados, então o povo nordestino começou a movimentar-se, as distâncias foram encurtando.
Hoje, existe a grande aproximação entre sul e norte tanto pela via aérea como pela terrestre. Eu que jamais pensei em conhecer a capital do meu país, fiz-lhe a primeira visita em companhia de Dona Soledade no ano de 1956, em 1961 fomos novamente e chegamos até Bauru onde morava Josino, posso dizer que para nós foi um dos passeios mais agradáveis que empreendi em toda a minha vida.
Em Bauru, compareceram oito filhos e três genros inclusive Genilda que veio dos estados unidos. Josino, com a gentileza que lhe é peculiar, cumulou-nos de grande carinho e dedicação e ali festejamos em um ambiente da mais íntima cordialidade o Natal e o Ano Novo.
Depois de longa caminhada pela estrada da existência onde passei por longas travessias levado comigo as dúvidas e ilusões penetrei na verdadeira realidade e vi como é difícil esta trajetória na qual transpus grandes desfiladeiros se bem que tenha penetrado em vastas planícies e bosques verdejantes, cheguei ao ponto do destino e não tenho mais aspirações.
Minha maior satisfação é quando visito meus filhos ou por eles sou visitado, nos quais eu noto o carinho e desvelo com que tratam os seus velhos pais, alegro-me em receber suas cartas dando prova de seu amor filial.
Quero aqui fazer referência a uma longa missiva que recebi de Evandro em data de oito de setembro de 1962, naquelas seis páginas escritas em estilo amoroso, ele fazia um relato dos tempos da sua infância quando morávamos no Mane, referia-se aos pontos críticos de nossa vida, também não deixava de mencionar aspectos agradáveis onde conseguimos grandes vitórias e vimos ser concretizada grande parte do nosso ideal.
Esta carta que guardo com grande carinho sempre estou a mostrar a pessoas de nossa intimidade.
Uma das maiores satisfações de minha vida é ver a união que existe entre os nove filhos, verifico que eles se amam mutuamente. Certa ocasião, referindo-me sobre este assunto com o Evandro, recebi dele estas confortantes palavras: “Se somos assim é porque o senhor soube nos educar”.
Estas páginas que escrevo são dedicadas aos meus filhos e hoje vejo a minha existência descambando para o ocaso, dirijo-lhes um apelo para que se compreendendo mutuamente, auxiliando uns aos outros em caso de necessidade, e assim tornar-se-á uma família unida e forte.
Atualmente levo uma vida inativa dedicando-me a leitura de livros e jornais, o meu pensamento está sempre vagando; recordo os tempos da minha infância; vejo em minha memória o meu velho pai que lutou com tanto sacrifício para sustentar uma família numerosa; relembro os tempos do Mane quando eu ia trabalhar na roça com meus dois filhinhos pequenos de oito e nove anos limpando mato de mão, furando-as com os espinhos que pegavam.
Muitas vezes, eu meditando dizia a mim mesmo – sou um criminoso, constitui uma família e estou criando-a neste pé de serra, convivendo com caboclos ignorantes. Isto me acabrunhava porém nas minhas orações pedia sempre ao bom Deus para que me ajudasse e minhas preces foram ouvidas. Hoje, vejo meus filhos gozando de certa independência e fazendo parte da alta sociedade.
Conforme eu disse em capítulo anterior, o meu saudoso pai deixou-me de herança uma pequena caderneta caligrafada com um pouco de sua biografia e alguns conselhos para que observemos os preceitos da religião católica especificamente naquilo que se refere a maior das virtudes – a caridade, e eu reitero este pedido a meus filhos para serem mansos e humildes de coração e jamais deixem de socorrer os necessitados.
Este opúsculo foi escrito ao correr da pena, mesmo que eu fosse um letrado seria necessária uma revisão, portanto aqueles que lerem-no tem que perdoar os erros e borrões.
Se o meu repertório não fosse tão pobre daria para escrever centenas de páginas contando passagens de minha vida, por este motivo vou encerrar pedindo aos filhos que de mim tem alguma mágoa que me perdoem, pois se errei, conforme disse em capítulo anterior foi por não saber acertar.

Fortaleza, 23 de julho de 1964
José Macedo.
Sequencia de imagens utilizadas:
1. Foto de Zé Macedo, aos 90 anos
2. Cartão da loja na Coletoria Estadual de Ipaumirim
3. Igreja de ipaumirim, onde foi rezada a missa de que fala o texto.
4. Filho mais novo de Zé Macedo, Bosco e Célia (esposa)
5. Soledade Macedo, aos 90 anos

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

SÁBADO EM QUEDA LIVRE

"A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada. Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajantes da imortalidade que somos todos nós. " (Henri Sobel)

(Dona Adélia)

A minha mãe

Mamãe aqui na terra não temos vida eterna e sim apenas uma súbita passagem que quase não há tempo para uma preparação espiritual a qual é necessária um julgamento na presença daquele que criou o mundo, as coisas e o ser humano, dando ao mesmo uma missão a cumprir aqui na terra.
Não há escolha para partir desta vida. Há tempo e hora.
Inesperadamente chegou o tempo e a hora de minha mãe partir. Partiu para sempre deixando muita tristeza e muitas saudades à sua família, parentes e amigos.
Não há mais convívio de mamãe entre nós, ao vivo. Sentimos sua presença nos pensamentos e nas boas lembranças.
A sua falta mamãe, enluta nossos corações nos deixando profundamente tristes e a chorar a dor da separação.
O vazio que deixastes, não há com que comparar, porque és insubstituível. Só nossos olhos fitados a um ponto nos mostra sua presença e a nossa vontade estende nossos braços para um abraço totalmente cheio de saudades para aquela que em vida foi uma “Santa Mãe”.
Você agora Mamãe, é invisível. Só podemos te ver com os olhos do pensamento.
Partiste, mas cumpriste a missão que Cristo te confiou e assim preparastes a vida eterna. Essa preparação foi feita com muito carinho, com muito amor, com muita bondade, com muita paciência e com muita honestidade.
Diante dessas boas ações, acredito Mamãe, que fostes com muita confiança à presença do Senhor, pois grande era tua fé.
Nada de mal fizestes aqui na terra.
Nunca reclamou dos sacrifícios da vida. Por isso Mamãe, acredito na bondade Divina e sei que os bons sentam-se à direita do Pai no Paraíso Celestial.
Sei que estás gozando deste conforto, que só existe nesse paraíso.
Mamãe, segura bem forte na mão de Deus e pede por todos nós.
Escuta Mamãe: para mim você não morreu, partiu, e que um dia partirei também para nos encontrarmos num forte abraço, para juntas gozarmos das bênçãos do Senhor.

De tua filha, Adalva
08/03/1997




quinta-feira, 25 de outubro de 2007

SEXTA CRÔNICA


A arte da crônica

A crônica também é uma arte, e justamente aí está a dificuldade: conciliar arte e jornalismo. Pois a crônica é antes de tudo jornalismo. A sua forma artística está ligada à forma jornalística, assim como o seu conteúdo, humano, filosófica, poético, humorístico, pitoresco, deve ser ao mesmo tempo matéria de jornal.
Mas que é uma crônica? O dicionário é impreciso. Lemos: “narração histórica segundo a ordem em que os fatos vão-se dando” ou “noticiário dos jornais”. Só que isso é história. São os velhos cronicões. São fatos subordinados inteiramente ao tempo: passa-se o tempo, morre o interesse. São impessoais, a notícia é que é importante. Mas talvez por aí possa-se definir um outro tipo de crônica, jornalístico-literária, individual e atemporal.
É quando há a marca inconfundível do autor. É quando os fatos são mais pretexto, para devaneios, considerações pessoais, testemunho humano, e mais vale a maneira de o cronista ver e dizer as coisas, mais vale a sua personalidade, o que diz sobre o que acontece, não o acontecimento por si mesmo.
Para se compreender melhor a crônica é preciso remontar ao velho ensaio francês, que não é o ensaio que conhecemos (estudo, análise, pesquisa, com os instrumentos da ciência) e sim um testemunho, uma opinião, uma determinada visão do mundo. Assim pode-se compreender o ensaio de Montaigne ou de Camus. Assim pode-se compreender por que se diz que “Terra dos Homens” de Saint-Exupéry não é um romance, são cinco ensaios: narrativa de sua experiência, testemunho da vida e dos homens. Pouco me importam Mermoz ou Guillaumet ou o próprio Saint-Exupéry: já morreram. Importa-me a sua grandeza humana, que conheço através de uma linguagem poética, de profundidade filosófica disfarçada na simplicidade de quem viu o mundo com clareza, do alto das nuvens, “acima da ignorância e estupidez humana.”
Morreu o escritor: seus livros continuam a nos interessar e a nos ensinar. Morreu o nosso Machado de Assis: suas crônicas ainda nos divertem e nos dão lições, em seu tom gracioso, irônico-humorístico, jocoso, como quem não quer nada com nada, de que o tempo passa e nós passamos por ele. Morreu Stanislaw Ponte Preta: também permanece através de um outro tipo de crônica, contando-nos casos divertidíssimos da tragicomédia cotidiana.
Mas eu falava da dificuldade da crônica. O próprio Machado, que soube dar um movimento à crônica para manter o leitor sempre interessado, talvez atraia espíritos ou mais finos ou mais cultos: suas crônicas são intelectuais, revestem-se de fineza filosófica. Certo que a crônica precisa do leitor de crônica. Certo que há vários tipos de crônica e que um jornal precisa de todos eles. Mais certo que a crônica antes de, ou para ser crônica, é jornalismo, e deve-se subordinar às regras do jornal, oferecer ao leitor o que ele espera. E, então, prefere-se um Fernando Sabino, contista do cotidiano, descobridor do saboroso e pitoresco dos pequenos casos com que topamos todo dia. Como Stanislaw Ponte Preta, que era mais divertido, mais solto, mais observador dos fatos, e mais cronista, mais jornalista.
Falou-se muito de Rubem Braga como nosso melhor cronista. Amo as suas crônicas, de um encanto especial, algo que eu definiria como poesia da virilidade – poesia da infância, da natureza, mas sempre o encanto do homem maduro, forte e terno, fraco e sábio, sabedor de sua fraqueza e da grandeza das coisas simples da vida. Mas os poetas, Drummond, Bandeira, Cecília, Vinicius também deram excelentes cronistas, contando casos densos, ou somente conversando, mas com um peso e com uma leveza especial de linguagem.
Nos anos 70 Carlos Eduardo Novaes e Lourenço Diaféria se afirmam como grandes cronistas. Novaes vê a política de então como verdadeira comédia. Ri e faz rir. Nada tem sentido. Num momento tão conturbado o riso é o melhor remédio. Numa linguagem simples e direta, põe em ebulição a comédia política brasileira. Descendente direto de Stanislaw Ponte Preta, perde para este enquanto criador de tipos e de uma linguagem que detecta a transformação da sociedade carioca e nacional, bafejada pelo ridículo a cada passo, – mas é sempre contundente, pela atualidade de seus temas, tratados com graça e descontração (essa atualidade dos temas, para a época, talvez tornem essas crônicas, hoje, fora de época).
Já Lourenço Diaféria deu uma sumida, depois de andar mais e mais em alta; “Herói. Morto. Nós”, uma crônica sua, muito boa, humana criativa, do autor no auge da sua técnica, essa técnica que nem aparece, de tão bem trabalhada que é, ofendeu os donos do poder, que não podiam conceber que um deles, mas um simples sargento, valesse mais como herói do que os heróis de pedra; talvez tenha tido um quê a mais de violento em sua linguagem, mas era próprio do período; mais um pouquinho e viria a distensão, mas os donos do poder não poderiam tolerar, e os donos do outro poder, uma das seções do 4o poder, a valorosa imprensa, foram fracos e ele acabou afastado de suas fileiras; o que não matou o cronista, logo escrevendo aqui e ali, depois desenvolvendo o seu amor pelas ruas da paulicéia, como um poeta de férias em seu lar, e trabalhando.
A crônica não pára. Agora temos os cronistas da internet, os leitores de crônica que não se contentam em ser apenas leitores, querem opinar, querem criar. Como quem fazia um diário, dando o seu testemunho para si mesmo, às vezes publicando ou sendo publicado, e, se esse diarista fosse um Kafka, um Dostoievski, um Gide, ou fosse um Valéry escrevendo seus cahiers, apresentava ao mundo uma obra de valor; como quem fazia um diário, esses cronistas fazem suas crônicas, que têm a vantagem de ter a obrigação de ser bem-feitas, de se inventarem uma forma, que as limita e engrandece.
É difícil dizer qual tipo de crônica agrada mais. Tudo depende das circunstâncias, da hora e lugar. Acontece também que o cronista escreve semanalmente e até diariamente, e os melhores cronistas são obrigados a apresentar páginas fraquíssimas. Mas certamente, em Novaes, Stanislaw ou Diaféria, em Rubem Braga, Fernando Sabino ou Drummond, nos vivos e nos mortos, encontramos a crônica que nos diz alguma coisa. Nos vivos e nos mortos, que, lembrando Ezra Pound, a literatura é notícia que permanece, e se é literatura e não apenas jornalismo, a crônica permanece.
O bom cronista pode estar desatualizado, tratar de fatos há muito passados, e no entanto agradar, divertir, comover, interessar. Como um Machado de Assis, que escrevia há cem anos, e na sua pior página tem sempre um parágrafo, uma frase, um dito espirituoso que provocará o leitor de hoje e de amanhã.

José Carlos Mendes Brandão
Fonte: http://blocosonline.com.br/literatura/prosa/cron/cb/2003/030222.htm

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

QUINTO PECADO

Torta de liquidificador

INGREDIENTES:
1 ovo
6 colheres (sopa) bem cheias de farinha de trigo
5 colheres (sopa) de queijo ralado
1 pitada de orégano
1 colher (sobremesa) de fermento em pó.
1/2 cebola
1 xícara de chá de leite
1/2 xícara de chá de óleo

Recheio: a gosto, pode ser carne picadinha, frango desfiado, sardinha refogada, lingüiça acebolada, queijo e presunto.
MODO DE PREPARO:
1. Coloque todos os ingredientes no liquidificador e bata, se ficar muito mole acrescente mais farinha de trigo, para adquirir consistência.
2. Acenda o forno para pré-aquecer em temperatura média. Unte um pirex com óleo, derrame um pouco da massa para cobrir o fundo, depois acrescente todo recheio e cubra com o restante da massa e leve ao forno até dourar por cerca de 30 minutos.

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MOUSSE DE MARACUJÁ

1 lata de leite condensado
1 lata de creme de leite (sem soro)
1 1/2 lata de suco de maracujá
1 pacote de gelatina incolor em pó
4 claras em neve

Decoração:
Polpa de 1 maracujá
1/2 xíc. de chá de água
3 cl. de sopa de açúcar
1 cl. de sobremesa de margarina sem sal
1 cl. de chá de amido de milho

Dissolva em banho-maria a gelatina, com 1/4 de xícara de água a gelatina. Coloque no liquidificador todos os ingredientes e bata bem. Despeje em uma tigela e acrescente as claras batidas em neve firme. Coloque em formas individuais ou em um recipiente grande, leve para gelar por 2 horas.
Preparo da Decoração:
Leve todos os ingredientes ao fogo até engrossar. Deixe esfriar e espalhe sobre a mousse já gelada.

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Queques

3 Ovos, Mel,
5dl (um frasco)
150 gr de farinha
100gr de açucar
2 colheres de chá de canela em pó
1 colher de chá de erva doce
Esta receita dá 24 queques (bolinhos)
1. Numa tigela, misture as gemas com o mel. Pode aquecer o mel em banho-maria para ficar líquido.
2. Peneire a farinha, junte a canela e a erva-doce. Envolva com as gemas e o mel, sem bater.
3. Bata as claras em castelo, adicione o açúcar e bata novamente. Junte ao preparado anterior.
4. Deite em formas pequenas.
5. Leve ao forno, moderado, durante 30 minutos.
6. Retire do forno e desenforme.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

QUARTA VIA

A quantas anda o direito ao alimento?
Vívian Braga*

Desde 1945, quando a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) foi criada, comemora-se em 16 de outubro, o Dia Mundial da Alimentação. Em cada ano, elege-se um tema a ser trabalhado. Este ano, é o direito ao alimento.
Mas como o Brasil está em relação a esse direito, previsto, desde 1948, na Declaração Universal de Direitos Humanos?
Sabe-se que, ainda hoje, metade da população mundial padece de algum problema nutricional, e a situação se agrava nos países chamados “em desenvolvimento”. Nesses países, um quarto das crianças nasce com peso inferior por causa da subnutrição fetal, e ainda cerca de 150 milhões de crianças até 5 anos têm baixa estatura para idade ou baixo peso para a altura, pela ocorrência de desnutrição infantil.
A subnutrição afeta, ainda, 250 milhões de pessoas adultas, sobretudo mulheres, e bilhões de pessoas em todas as faixas etárias sofrem por carências de micronutrientes1 essenciais para um desenvolvimento saudável. A fome é, sem dúvida, a situação mais dramática da insegurança alimentar e o resultado mais desumano das desigualdades sociais e econômicas que enfrentamos. No entanto, podemos afirmar que a falta de acesso aos alimentos ou aos alimentos adequados resulta, por um lado, na fome, e, por outro, na obesidade. Estima-se que 50 milhões de adultos(as) estão obesos(as), enquanto 1 bilhão tem risco de sobrepeso por causa do consumo de uma alimentação inadequada, rica em gorduras e açúcares2. Esses são problemas com os quais convivemos e que, de alguma forma, os países em desenvolvimento são os mais afetados. O patamar de renda no Brasil é um indicador de segurança alimentar e nutricional. No entanto, outros fatores ajudam a qualificar as pessoas que sofrem desse problema como gênero, raízes étnicas e raciais e geracionais e condições de vida de um modo mais abrangente. Assim, negros(as) e indígenas, mulheres, crianças e idosos(as) são hoje mais vulneráveis aos problemas alimentares.
Esses dados nos fazem pensar o quanto ainda precisamos avançar para reverter essa situação, para que, um dia, a segunda semana de outubro possa ser realmente de comemorações. Com esse objetivo, o Brasil vem avançando para erradicar a fome e garantir segurança alimentar e nutricional, expressão do direito humano à alimentação adequada. Aponta-se para um redução de 5% no número de pessoas desnutridas de 2002 a 2004. Essa melhoria está associada às políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família, que complementa os rendimentos de 11 milhões de famílias brasileiras.
Outras iniciativas governamentais podem ser citadas como a implantação de cisternas na região do semi-árido, os incentivos permanentes à agricultura familiar e os consecutivos reajustes dos valores per capita repassados aos estados e municípios pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar.
Ainda no campo governamental, uma grande conquista em termos de direitos foi a aprovação da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Lei 11.346/06) no Congresso Nacional, por unanimidade. Essa lei procura organizar as ações do Estado em torno da segurança alimentar, por intermédio do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan). Nesse contexto, destaca-se a importância da participação da sociedade civil no Consea na elaboração do projeto de lei e sua construção e o detalhamento de seus componentes.
Considera-se que as leis por si só não garantam os direitos. A participação da sociedade civil é fundamental para que eles sejam garantidos e ampliados. Isso porque a democracia participativa não implica apenas garantir direitos já definidos, mas ampliá-los e participar da definição e da gestão desses direitos. Assim, o que se busca não é apenas a inclusão na sociedade, mas, sobretudo, a participação na definição do tipo de sociedade na qual queremos ser incluídos(as). (Dagnino:1994)3. A III Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada em julho deste ano, apontou para as prioridades a serem consideradas na construção de uma Política Nacional de SAN, além de avançar na discussão do Sisan e de aspectos relacionados ao modelo de desenvolvimento tendo a SAN como política estratégica.
Participaram cerca de 2 mil pessoas entre representantes da sociedade civil e do poder público. A participação de ambos foi essencial para uma melhor qualificação dos problemas relacionados à SAN, bem como de busca por alternativas e modos de enfrentá-los. Com destaque para o caráter recente da inserção da sociedade civil no campo institucional de construção de políticas públicas, que data de meados da década de 1980, com a abertura democrática e suas conquistas. A sociedade civil não é homogênea, dela fazem parte homens e mulheres de diversas áreas de atuação. Mulheres e homens, brancos(as), negros(as), indígenas, quilombolas, representantes de comunidades tradicionais de todas as regiões do Brasil, cada um desses com lutas e bandeiras diversas que, historicamente, vêm se articulando para lutar pela segurança alimentar e nutricional.
A pesquisa realizada pelo Ibase sobre o perfil de delegados(as) presentes na III CNSAN4 revelou essa diversidade. Os estados brasileiros estiveram representados da seguinte forma: 36% do Nordeste; 23% do Sudeste; 20% do Norte; 11% do Centro-Oeste e 10% do Sul. O número de homens e mulheres representantes da sociedade civil foi equilibrado, sem diferenças percentuais. Em relação à cor, 35% eram brancos(as), 27% pretos(as), 29% pardos(as) e 9% amarelos(as) e indígenas.
Os segmentos sociais que estiveram mais representados no campo da sociedade civil foram as Centrais sindicais (20%), as ONGs (18%), os Movimentos sociais (17%), as Associações de bairro e comunitárias (15%), os Fóruns e as Instituições religiosas, ambos com 7%.
Dentre esses segmentos, suas áreas de atuação também acompanham um quadro temático diverso. Dentre delegados(as) da sociedade civil, 20% são do Movimento negro/Comunidades tradicionais, 19% de Agricultura familiar/Reforma agrária, 15% do Direito humano à alimentação/SAN e 12% atuam com o tema da Saúde e nutrição.
A importância que esses processos democráticos tem na construção de políticas também foi destacado pelos(as) entrevistados(as), assim como o reconhecimento da efetividade da atuação do Consea nacional. Para 87% dos(as) delegados(as) representantes da sociedade civil, o Consea “tem força política suficiente para garantir a implementação de políticas públicas de SAN/é altamente comprometido com a construção de políticas públicas”.
Em relação ao processo de conferências de SAN, foi perguntado aos(às) delegados(as) como a consideram como forma participativa de construção de políticas públicas. A maioria aposta na eficiência desses processos. Dos(as) representantes da sociedade civil, 85% consideram as conferências “eficientes/totalmente eficientes”.
Com esses dados, queremos reforçar a idéia de que garantir o direito humano é um dever do Estado, mas exigi-lo, ampliá-lo e adequá-lo efetivamente às demandas da população é um direito da sociedade civil. E apostamos nas conferências, sobretudo como um espaço possível para se alcançar o direito ao alimento.
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

* Pesquisadora do Ibase

Referências bibliográficas:

1 Maluf, R . A Segurança Alimentar e Nutricional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
2 Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde)
3 DAGNINO, E. (org) Anos 90. Política e Sociedade no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1994.
4 Ibase, Pesquisa Perfil dos(as) delegados(as) da III CNSAN, publicado no site do Ibase.

Fonte: http://www.ibase.br/

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

TERÇA POÉTICA

Uma Paixão Pra Santinha
Jessier Quirino
(in Prosa Morena)
-:-
Xanduca de Mané Gago
Tinha querença mais eu
Me vestia de abraço
Bucanhava os beiço meu
Era aquele tirinete
Parecia dois colchete
Eu in nela e ela in nêu.
-:-
No apolegar das tetas
Nos chamego penerado
Na misturação das perna
Nos cafuné do molengado
Nos beijo mastigadinho
Nos açoite de carinho
Nós era bem escolado.
-:-
Era aquele tudo um pouco
Era aquela amoridade
Mas faltava na verdade
Sensação de friviôco
Um querer, uma pujança
Daquela que dá sustança
Na homencia do cabôco.
-:-
No dia qu'eu vi Santinha
Sobrinha do sacristão
O bangalô do meu peito
Se enfeitou feito um pavão
Foi quando esqueci Xanduca
Sem mágoa sem discussão
Pois vimo que nós só tinha
Uma paixãozinha mixa
Uma jogada de ficha
Uma piola de paixão.
-:-
Santinha é a indivídua
Que misturou meu pensar
Que me deixou friviando
Sem nem sequer me olhar
Matutinha aprincesada
Mulher de voz aflautada
Olhosa de se olhar
Fulô de beleza fina
É a tipa da menina
Que se deseja encontrar.
-:-
Mas Santinha é quase santa
Nem percebe o meu amor
Não tem na boca um pecado
Tem os beicinho encarnado
Pintado a lápis de cor
Só tem olhos pra bondade
Mas não faz a caridade
De enxergar um pecador.
-:-
Ah! se eu fosse um monsenhor
Um padre, um frei, um vigário
Eu achucalhava os sino
De cima do campanário
Eu abria o novenário
Eu enfeitava um andor
Botava ela impezinha
Feito uma santa rainha
Padroeira dos amor.
-:-
Arranjava um pedestal
Um altar um relicário
Chamava todas carola
Chamava todo o igrejário
E dizia em toda altura
Com voz de missionário:
-:-
Oh! minha santa Santinha!
Tire este manto celeste
Saia deste relicário
Olhe pra mim e garanta
Que vai deixar de ser santa
Qu'eu deixo de ser vigário!

NOTA SOBRE O AUTOR:
Jessier Quirino
Arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção. Paraibano de Campina Grande filho adotivo de Itabaiana onde reside há dezessete anos. Autor dos livros: Paisagem de Interior (poesia), Agruras da Lata D'água (poesia), O Chapéu Mau e o Lobinho Vermelho (infantil), Prosa Morena - acompanhado de CD com declamações de alguns poemas, musicas e causos, Política de Pé de Muro, A Folha de Boldo Notícias de Cachaceiros - em parceria com Joselito Nunes, além de causos, músicas, cordéis e outros escritos. Todos publicados pelas Edições Bagaço - Recife/PE.
Preenchendo uma lacuna deixada pelos grandes menestréis do pensamento popular nordestino, o poeta Jessier Quirino tem chamado a atenção do público e da crítica, principalmente pela presença de palco, por uma memória extraordinária e pelo varejo das histórias, que vão desde a poesia matuta, impregnada de humor, neologismos, sarcasmo, amor e ódio, até causos, côcos, cantorias músicas, piadas e textos de nordestinidade apurada.
Dono de um estilo próprio "domador de palavras" - até discutido em sala de aula - de uma verve apurada e de um extremo preciosismo no manejo da métrica e da rima, o poeta, ao contrário dos repentistas que se apresentam em duplas, mostra-se sozinho feito boi de arado e sabe como prender a atenção do distinto público. Apesar de muitos considera-lo um humorista, opta pela denominação de poeta popular e escritor, onde procura mostrar o bom humor e a esperteza do matuto sertanejo, sem no entanto fugir ao lirismo poético. Talvez prevendo uma profunda transformação no mundo rural, em virtude da força homogeneizadora dos meios de comunicação e das novas tecnologias, Jessier Quirino, desde seu primeiro livro, vem fazendo uma espécie de etnografia poética dos valores, hábitos, utensílios e linguagem do agreste e do sertão nordestinos. Segundo críticos, ensaístas, promotores culturas e professores que tecem-lhe conceituações filosóficas, sua obra, além do valor estético cada dia mais comprovado, vai futuramente servir como documento e testemunho de um mundo já então engolido pela voragem tecnológica.
http://www.jessierquirino.com.br/jessier.shtml

SEGUNDA BEM HUMORADA

Enviada por Ana Cristina Nóbrega

Joãozinho, esse é o cara!!!

Durante uma aula de boas maneiras, a professora pergunta às suas crianças:
- Zézinho, se você estivesse namorando uma moça fina e educada e, durante o jantar, precisasse ir ao banheiro, o que diria?
- Segura as pontas aí que eu vou dar uma mijadinha.
Isso seria uma grosseria, uma completa falta de educação.
- Juquinha, como você diria?
- Me desculpa, preciso ir ao banheiro, mas já volto.
E a professora:
- Melhor, mas é desagradável mencionar o banheiro durante as refeições. E você, Joãozinho, seria capaz de usar sua inteligência para, ao menos uma vez, mostrar boas maneiras?
- Eu diria "Minha prezada senhorita, peço licença para ausentar-me por um momento, pois vou estender a mão a um grande amigo que pretendo lhe apresentar depois do jantar".

Enviada por Vânia Maria

FAROFA COM "F"

Um cearense, chegando ao Rio de Janeiro, entrou no restaurante para almoçar. E, ao falar, suas palavras começavam sempre pela letra "F".E assim começou o seu diálogo com a garçonete:
-Faça o favor!
-Que deseja o senhor ?
-Fineza fazer frango frito
-Com o que ?
-Farinha, feijão e farofa!
-Aceita pão, meu senhor ?
-Faça fatias.
A esta estrutura a garçonete ficou indignada, mas voltou a falar.
-Mais alguma coisa?
-Filé de fígado.
Terminado o almoço a garçonete pergunta:
-O café está bom?
-Frio e fraco.
-Como o senhor gosta?
-Forte e fervendo.
-Como é o seu nome?
-Francisco Fagundes Ferreira.
-O que o senhor foi na vida?
-Fui ferreiro.
-Deixou o emprego?
-Fui forçado.
-De onde o senhor é?
-Fortaleza.
Se o senhor disser mais seis palavras com a letra "F" não paga a conta.
- Foi formidável. Ficando fiado, ficou freguês.

domingo, 21 de outubro de 2007

Continuando a publicação da AUTOBIOGRAFIA E REMINISCÊNCIAS, de José Macedo, trataremos do período de 1921 a 1950. Através dos registros, temos importantes observações sobre o período. A vida tangenciada pelas secas periódicas, a migração em busca de melhores condições de vida, a rotina produtiva do sertão semi-árido, o detalhamento de técnicas agrícolas utilizadas, a dificuldade em educar os filhos, este texto nos traz, além da memória da família e do espírito empreendedor de Zé Macedo, significativos registros de uma época que não poderiam deixar de ser publicados.
Tudo isso me faz lembrar um verso de Pablo Neruda que inclusive já publicamos neste blog mas vale a pena repetir:

De onde nasce a chuva
Não sei quando chegamos a Temuco.
Foi impreciso nascer e foi tardio
Nascer de verdade, lento
E apalpar, conhecer, odiar, amar,
Tudo isto tem flor e tem espinhos.”
(Pablo Neruda)

(Foto de Zé Macedo, aos 90 anos)

Os anos de 1921 e 1923 passaram-se sem acontecimentos dignos de menção, apenas que neste último ano resolvemos acabar com a casa de negócios. Meu irmão Isaías retirou-se para Fortaleza e eu, dos lucros que me coube como sócio , uns 18.000,00, ficaram em folhas da Estrada de Ferro aguardando pagamento.
De 1923 a 1924, o algodão, a principal fonte de renda do Estado , que os preços anteriores oscilaram de 10,00 a 15,00 por arroba de 20 quilos em caroço, subiu para 40,00. Neste ano, resolvi casar-me com Dona Soledade Macedo, filha de meu primo Vicente Macedo, falecido recentemente a 3 de julho de 1963.
Antes de casar-me, fui a Fortaleza, troquei a importância que tinha em folha da Estrada de Ferro estabeleci-me em Alagoinha – atual Ipaumirim onde fixei residência. Além das compras de tecido que fiz em trocas de folhas, comprei outra parte á crédito.
Porém as coisas não ocorreram como eu esperava, no ano seguinte o algodão caiu de preço e os tecidos foram baixando, até que em 1926 para 1927, caiu para 10,00 a arroba, na proporção que o algodão baixava, assim era também o tecido. Em tal situação, fui obrigado a deixar o comércio e retirar-me para Olho d’Água, lugarejo perto de Ipaumirim, fui tomar conta de uma
propriedade de Felizardo Vieira. Comprei um velho locomóvel de beneficiar algodão (1) e fui
comerciar com este produto, neste negócio posso dizer que a emenda foi pior que o soneto. Como o maquinismo só vivia desmantelado e continuamente em conserto, resolvi vende-lo pela metade do preço indo depois tratar da agricultura.
Os terrenos do Sr. Felizardo que estavam abandonados, tratei de cultivá-los, mandei fazer cerca e plantio de cana, roçado para cereais e algodão. Eu até aquela data nunca havia pegado em enxada, foice ou machado para trabalhar porém tudo isto eu enfrentei, muitas vezes quando faltavam as chuvas do inverno, eu com farol aceso aguava arroz até 9 horas da noite. Estávamos no ano de 1929, ano este que nasceu-me o terceiro filho e foi batizado com o nome de Evandro, os anteriores eram mulheres por nome Gesielda e Gesilda. Em virtude do proprietário querer receber o terreno fui obrigado a entregar, então retirei-me para um pequeno terreno que comprei no município de Aurora (2), por nome Mané, onde fui morar com a família numa velha casa de taipa, toda esburacada. No primeiro ano, botei um roçado de 20 tarefas (3), o inverno foi bastante fraco e a colheita não deu para as necessidades. Enquanto isso, em 1930, nascia um filho – Juarez. Aguardei o próximo ano com outro roçado que teve sorte igual ao primeiro. Esperávamos um bonançoso inverno em 1932, deu-se justamente o contrário, foi uma seca quase igual a 1919 com a diferença de ter havido alguma pastagem e ter escapado parte do gado. Naquele ano, nasceu Gesilda.
Eu e meu irmão Joel tínhamos uma parte de gado e como vaqueiro Sr.Nesinho Saraiva que era muito zeloso, fomos escapar esse gado no município de São Pedro (4), distante umas 18 léguas de minha residência.
Marchamos para o ano de 1933, houve um inverno regular, porém a praga da lagarta disseminou grande parte da lavoura. Mais um filho nasceu naquele ano, o José.
Eu e Dona Soledade, se bem que não gozássemos saúde, trabalhávamos sem parar, ela como um dínamo, cuidava da luta doméstica cozinhando para trabalhadores, costurando para crianças e, às vezes, ia ajudar-me na colheita do feijão e minhas outras coisas que deixo de enumerar.Graças a Deus, não faltava o necessário para manutenção da família, sempre havia fartura em minha casa.
Como a colheita de 1933 tinha sido pequena, achei que devia aproveitar a represa de um pequeno açude de meu terreno fazendo vazante de arroz, mandei um caboclo que morava comigo, por nome Antonio Cândido, procurar comprar as sementes para semear e depois mudar para a água. Encontrou um arroz vermelho debulhador, como não havia outro, resolvi encanteirar as sementes para depois de nascidas mandar para a água rasa das represas, era um serviço que eu nunca havia feito. Junto com Antonio Cândido, demos início ao trabalho, com um espeque furamos o chão colocando as mudas. Muitos dias decorreram naquele serviço até que conseguimos fazer uma grande vazante.
O arroz prosperava com vantagem mas na proporção que a água afastava a terra, ia secando e era preciso aguar, era um serviço penoso e pesado. Fazia-se regos em torno da vazante e com o auxílio de latas íamos botando água para irrigação, isto durava muito tempo. Ao terminar o dia, sentíamos-nos muito cansados daquele trabalho estafante. Finalmente, o arroz florava, granava e começava a amadurecer, porém uma onda de passarinhos invadia o arrozal e por mais que procurasse afugentá-los, o estrago era muito grande.
Por último, achei que devia desprezar a vazante se bem que tenha colhido umas quartas de 80 litros.
Nos dias de sábado que era data das feiras em Aurora, Antonio Cândido levava um burro carregado, eram duas quartas, vendia ao preço de 18,00 apurava Cr$ 36,00. Com esse dinheiro comprava as utilidades necessárias para passar a semana.
A safra de algodão de 1933 produziu 40 arrobas que vendi ao preço de 12,00 por unidade.
Preparei-me para o ano de 1934, mandei botar um roçado de 20 tarefas. Plantei a semente no seco e aguardei o inverno. Ele não tardou e antes de terminar o 33 caíram as primeiras chuvas, nasceram as sementes, que foram semeadas, continuando um copioso inverno que tudo criou com abundância. Eu e Dona Soledade éramos incansáveis na luta pela vida, às 4 horas da madrugada, com chuva ou sem chuva, eu já estava no curral com a lama pela canela, desleitando as vacas. Quando chegava em casa com o balde de leite, a patroa estava com o café feito que bebia-o com pão de milho; depois, fumava um cigarro feito de fumo bruto e ia para o moinho moer o milho para o angu dos trabalhadores. Enquanto isto, Dona Soledade colocava o coalho no leite para coagulação e preparava o queijo que era também uma das fontes de renda que tínhamos, vendíamos o quilo ao preço de Cr$ 2,00. Convém notar que tínhamos outros rendimentos, como criávamos muitas galinhas elas produziam muitos ovos, quando aparecia comprador eram vendidos a Cr$ 5,00 o cento. Quero falar também na venda de frutas. No Sítio Bordão de Velho, morava o velho João Procópio, o nosso terreno produzia grandes e saborosas bananas, Procópio que negociava com o artigo sempre nos comprava ao preço de Cr$ 1,20, o cento.
Durante o tempo que trabalhei na lavoura, o 34 foi o ano mais bonançoso, ainda hoje guardo gratas recordações. Naquele ano, colhi muito milho e muito feijão e a safra de algodão foram 250 arrobas, como deu um bom dinheiro, vendi ao preço de Cr$ 14,00 a arroba.
Fato é que ao terminar o ano, eu tinha saldado a elevada importância de dois mil e quinhantos cruzeiros, Cr$2.500,00.
Depois de 10 anos de revezes, as coisas começavam a melhorar. Penetrávamos no ano de 1935 quando nasceu Giseldina, tivemos mais um bom inverno e boa safra de algodão, saldei mais um pouco de dinheiro que ia acumulando.
Isolados do mundo civilizado vivíamos naquele pé de serra convivendo com gente rude e ignorante, não se ouvia um rádio e nem se lia um jornal, algum acontecimento importante sabia-se por ouvir dizer.
Ainda no Mané, nasceram mais dois filhos, Genilda e Antonio, a primeira em 1938 e o segundo em 1940.
A meninada ia crescendo e os mais velhos precisavam estudar, então eu conseguia mocinhas pobres que passavam alguns tempos em nossa casa ensinando-os, eu mesmo auxiliava. Nunca pensei em formar um filho, minha maior aspiração era que todos fizessem o curso primário.
Depois de muito trabalho, sacrifícios e economias, juntei um pequeno capital, entendi de residir em uma cidade afim de ensinar a meninada. Como conhecia bastante o comércio de Ipaumirim era lá que eu queria estabelecer-me porém Dona Soledade não concordou, e, para não contrariar-lhe a vontade, tive que ir para Aurora. Foi um verdadeiro fracasso, toda família adoeceu a ponto de morrer a filha mais velha Gesielda e Dona Soledade escapou por milagre, minhas despesas com médicos e farmácia eram grandes, nada fiz no comércio. Neste mesmo ano, estiveram em Aurora uns padres beneditinos vindo de Garanhuns no Estado de Pernambuco que andavam angariando crianças para estudarem por conta da congregação afim de se ordenarem. Com eles, foi o meu filho mais velho, Evandro. Convém notar que na ocasião que viajou eu não me encontrava em casa; Giselda que passou uns tempos estudando, em Aurora, hospedada em casa de Vicente Tavares e havia feito exame de admissão, internei-a no Ginásio das Dorotéias em Cajazeiras, no estado da Paraíba. Desta maneira, os dois primeiros filhos davam os primeiros passos no caminho das letras.
No ano de 1941, resolvi mudar-me para Ipaumirim (antiga Alagoinha) para onde transferi minha casa comercial, ali um raio de luz passou sobre mim e novos horizontes descortinaram-se em minha presença, fazia bastante negócio e, dentro de pouco tempo, tornei-me o maior comerciante de tecidos da localidade. A meninada, em idade escolar, estudava e assim tudo marchava bem.
Como no Ceará existem as secas periódicas, eis que surge uma em 1942 (5), como o comércio de tecido fracassava, resolvi fornecer à Estrada de Rodagem que marchava em direção a Milagres. Para mim, foi um período de grande, grande sacrifício em virtude do meu estado de saúde um tanto abalado; por felicidade, minha irmã, Juventude, veio internar-se no fornecimento e grande serviço prestou-me.Não me recordo bem a data mas parece ter sido em junho que os meus vizinhos de terra do Mané, os Cassianos, desejavam retirar-se para São Paulo e assim, comprei-lhe os terrenos pelo valor de seis mil cruzeiros – Cr$6.000,00. Para conseguir essa importância, fui obrigado a vender sessenta reses. Terminado o 42, dei balanço e verifiquei um lucro satisfatório. Naquele ano, nasceu João Bosco que é o mais moço dos filhos

(Família Macedo, foto sem indicação de data)

Depois de três anos de ausência, Evandro veio passar férias em casa e não quis voltar ao Mosteiro de Garanhuns. Então internei com Juarez, que nasceu em 1930, no Ginásio Salesiano, em Cajazeiras. Naquele tempo, Evandro, que contava 14 anos de idade, havia mudado de vocação, queria ser médico. Ao terminar o ginásio, botei-o para fazer o primeiro ano científico no Colégio Cearense. Grande surpresa foi a minha quando recebi uma carta do rapaz pedindo permissão para cursar a escola preparatória de Cadetes, em Fortaleza. Como sempre respeitei a vocação de todos os filhos, não hesitei em dar permissão, hoje o rapaz coloca sobre os ombros os galões de capitão do Exército Brasileiro.
Juarez estudou o primeiro ano e fez a primeira série, no segundo foi reprovado em História, seria preciso fazer a segunda época porém o garoto não queria mais estudar, insistia para que fizesse a prova de segunda época, depois deixaria o estudo. Como não quisesse, atender o meu apelo, fui forçado a ameaçá-lo caso não fizesse a segunda época. Eu que de História não sabia patavinas, fui bancar o professor do rapaz, pegava um livro de História e um dicionário e ia estudar para depois ensinar. Assim foi durante o período de férias. Finalmente, na época, Juarez que necessitava de uma nota alta para passar, tirou um 9,, foi aprovado, então no ano seguinte voltou a estudar.
Juarez cursava a terceira série ginasial., certa ocasião fui visitá-lo, em Cajazeiras, pedi ao diretor para deixar ele sair comigo a visitar os tios que lá moravam. Quando caminhávamos, ao passar sobre um pontilhão que tem no caminho, ele falou-me: - papai, queria que o senhor consentisse que eu fosse salesiano. Fiquei um tanto surpreso com aquele pedido, não permiti no momento mas vendo que persistia, consenti, hoje é sacerdote servindo no Ginásio Salesiano, em Recife.
Foi, talvez, em 1945, que internei Gesilda no Ginásio das Dorotéias. Giselda que lá estudava tinha saído apenas com o segundo ano normal.
Depois que Gesilda concluiu o ginásio, internei-a no Colégio Imaculada Conceição, em Fortaleza, onde fez o curso científico. No ano seguinte, foi aprovada no vestibular de Odontologia e hoje é cirurgiã dentista com mais o curso de especialização na policlínica do Rio de Janeiro, onde reside.
Seguiu-se o José Filho que estudou no ginásio de Cajazeiras e Patos, o científico no Colégio Castelo, em Fortaleza. Terminando o científico, iria fazer o vestibular para Farmácia, porém o rapaz, naquela época, entregou-se a diversões pouco recomendáveis, desprezou os estudos e foi reprovado. Cerca de três anos passou sem estudar e causando-me certo desgosto, finalmente o Juarez que naquela época ainda estudava Teologia em São Paulo, pediu-me que o mandasse para lá., o que providenciei. Arranjou emprego pra ele no S.E... (???), auxiliou-o no vestibular, hoje é economista residente naquela capital.
Giseldina estudou no ginásio de Cajazeiras e diplomou-se professora em Catolé do Rocha, na Paraíba, foi nomeada professora pública e lecionou em Ipaumirim cerca de oito anos, hoje, é funcionária federal, residente no Rio de Janeiro.
Genilda cursou o ginásio em Cajazeiras e diplomou-se pelo Colégio Santa Isabel, em fortaleza, atualmente morando nos Estados Unidos.
Antonio, o penúltimo filho, fez o ginásio em Cajazeiras e concluiu o científico no Colégio São João, era desejo dele seguir Medicina mas imitou o José, da mesma maneira não passou no vestibular e certas contrariedades causou-me. Porém, como o Juarez é sempre o Cirineu que me ajuda a carregar a cruz, mandei-o para Recife e hoje é funcionário do Banco da Indústria de São Paulo.
João Bosco, não tendo gosto pelos estudos, limitou-se ao diploma de perito contador, exercendo atualmente atividades comerciais.

(Família Macedo, foto sem indicação de data)

(continua no próximo Domingo Memorioso quando concluiremos a publicação do documento)

DOMINGO MEMORIOSO

Genteeeeeeeeeee..............

Desde a madrugada tento publicar as imagens no corpo do texto e não consigo. Dá uma mensagem de problemas e pede que aguarde. Assim que sair, publico e aviso a todos...........
Fico aqui torcendo para que mais tarde tudo volte ao normal. Inté, ML

sábado, 20 de outubro de 2007

ZEFINHA FAZ 80 ANOS


ZEFINHA, MUITA SAÚDE, PAZ E MUITOS ANOS DE VIDA É O QUE DESEJAMOS TODOS NÓS.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

SÁBADO EM QUEDA LIVRE

CRÔNICA DA MULHER QUE BEBE E TIRA A ROUPA
(Xico Sá)

Quem não tem na família ou no grupo de amigos uma mulher que bebe e tira a roupa atire o primeiro sutiã neste cronista.
É um clássico.
É uma das cenas mais lindas e chapantes da admirável e nada bucólica paisagem humana.
Porque não é nada simples, amigos.
Não é safadeza propriamente dita, não é aparecimento, não é um ato contra a moral e os bons costumes.
É o grau zero e máximo da beleza, meu caro Jommard Muniz de Brito.
Está mais para o sagrado, mas isso também é pouco, não explica direito.
É bonito, pronto, nada decifra, me devore como uma loba em pele de gata em teto de zinco quente.
É como se batesse um miserável calorzão da existência a pedisse o mais natural dos gestos de uma fêmea.
É como uma índia a caminho do afluente amazônico mais próximo.
Como Iracema a se banhar na gruta de Ubajara para refrescar-se e pensar um pouquinho na vida. Pense na falta de preocupação naquele tempo! Nem pensava que no futuro ia dar tanta dor de cabeça aos jovens nas questões vestibulandas alencarinas. “Me erra, não me interpreta”, cismaria a bela índia.
É agora, uma mulher que bebeu mais uma dose vai tirar a roupa. Porque a gente pressente, a terra gira mais avexada, o olho prescreve o belo episódio, blow up, depois daquele strip. Momento sublime movido a fome de viver e álcool.
E quando sobe na mesa é mais lindo ainda.
E a cara do marido tentando apagar aquele incêndio iluminado?
Um Deus nos acuda.
Quando a mulher tem filhos, só se ouve o sussurro do menino agoniado do juízo, no meio do burburinho, da confusão, do banzé: “Mãe é doida mesmo!”
Porque ver a mãe pelada no meio da festa dura para o resto da vida. Não tem divã nem macumba que curem mais o juízo. Mais mil anos de análise, como diz meu amigo Adão Iturrusgarai, agora habitante dos Buenos Aires.
Para quem não é filho ou marido é quase invisível, de tão sagrado, o corpo de uma mulher que tira a roupa na frente do mundo todo e de todo mundo.
E normalmente a mulher que tira a roupa é uma pudica, veste-se mais comportada do que Maria Antonieta.
É um longo e demorado strip-tease. Se brincar ainda usa combinações, anáguas. Só sei que é lindo demais o tresloucado gesto. Tenho uma amiga que é duas cachaças, com umbu ou caju de tira-gosto, e uma peça de roupa que avoa longe lá no bar do Sargento do Pátio de São Pedro.
Os cafuçus ficam só na botica, na espreita, na tocaia grande, pense, meu caro Rodin, pense!
Melhor ainda é a mulher que tira a roupa cantando uma música cafona, como as lobas, deusas e ninfetas do livro de Thiago de Góes. “Esta noite, eu vou fazer de conta que sou livre. Eu vou viver a vida que ele vive, e depois eu posso até morrer”, canta a desalmada, um clássico de Diana, a mitológica.
Como é lindo uma mulher que bebe e tira a roupa em público, noves fora qualquer moralismo, como é lindo, e priu, e pronto!

Fonte: http://carapuceiro.zip.net/

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

SEXTA CRÔNICA


Essa foi uma amiga que me enviou. Dá pra lavar a alma da mulherada. Alow, mulher, larga essa vassoura que você está viva!!!

O Amor nos Tempos do Sexo


Não me interesso por reis, nem os do baralho. Mas como me interesso pelo amor e,
principalmente, por histórias de amor, não pude evitar o envolvimento quando li que aconteceu o final feliz da saga amorosa do príncipe Charles, herdeiro do trono da Inglaterra e dessa senhora de meia-idade , Camila Parker, sua eterna namorada. Trinta e quatro anos de amor! Trinta e quatro anos entre dificuldades de toda ordem, imposições da família real, intrometimentos da Igreja Anglicana, casamentos com pessoas diferentes, cerimônias espetaculares (o casamento dele com Lady Diana foi um dos eventos de maior pompa que o Reino Unido já viu), filhos de outros matrimônios e o amor dos dois lá, brilhando, como uma luz extra-terrena, um sol perpétuo. E nem se pode dizer que era um desses afetos eternizados pelas afinidades intelectuais e psicológicas como foi, por exemplo, o de Sartre e Simone de Beauvoir. Nada disso. O romance do feio e desengonçado filho da rainha Elisabeth com a feiosa Camila tinha fortes raízes eróticas como mostrou o telefonema gravado de um diálogo entre os dois ("Eu queria ser um Tampax", etc). Ele a amou toda a vida como Florentino Ariza amou Firmina Daza, em O Amor nos Tempos de Cólera, de Gabriel Garcia Marquez. Não valeu o tempo, não importaram as rugas, as pelancas. O mundo inteiro, convertido aos mitos da beleza e da juventude, torceu para que ele amasse a formosa Diana. No entanto, o príncipe desengonçado só amou a sua bruxinha, com aquela cara amassada e cheia de marcas, com aquele corpo desgracioso. Camila Parker Bowles é uma vitória do amor sobre todos os estereótipos do nosso tempo. Juliana Paes, com seu traseiro formoso, inspiraria amor igual? E Luma de Oliveira, com suas coxas célebres? Seguramente, não. Essa inglesa feia, de 57 anos (ela é até mais velha do que o príncipe) mostrou a todas as mulheres, as que não são jovens, não são belas, nunca aplicaram silicone ou usaram botox, que uma mulher pode ser amada por ela mesma - e para sempre. A obsessão pelos corpos sarados, pelas formas perfeitas, pelo estilo feminino top-model foi derrotada por esse obstinado romance.O romantismo ganhou, o sentimento prevaleceu e as mulheres tidas como feias também podem sonhar com seu príncipe. Seja ele príncipe de verdade, ou de fantasia. Pertença à Casa de Windsor ou à casa nenhuma, com sobrenome Pereira ou Silva. Camila Parker, quando subiu ao altar, em cerimônia discreta, deve ter se sentido a mais linda das noivas. E certamente, à noite, quando mais uma vez se despiu diante dele, o príncipe deve ter enxergado não o corpo flácido de uma senhora, mas o corpo esbelto, juvenil, perfeito que possuem todas as mulheres, de qualquer idade, quando são amadas.
(Heloneida Stuart)

* não sei, com certeza, se este texto é de Heloneida Stuart. Autoria de textos que rolam pelo correio eletrônico é sempre me deixa dúvidas.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

QUINTO PECADO

Minhas receitas são adequadas a quem, como eu, não sabe nada de cozinha.......

BANANAS COM LEITE CONDENSADO

Ingredientes
1 lata de leite condensado
casca ralada de 1 limão
6 bananas maduras
2 colheres de sopa de manteiga
3 colheres de sopa de coco ralado
1 colher de chá de canela em pó
2 gemas

Preparação
Descascam-se as bananas e cortam-se ao meio no sentido do comprimento. Colocam-se num pirex que possa ir à mesa e ao forno.
Polvilha-se com a casca ralada do limão, a canela e nozinhas de manteiga. Misture muito bem o leite condensado com as gemas e verta por cima das bananas. Polvilhe com coco ralado e leve ao forno a gratinar. Deve ficar dourado.
Sirva morno ou frio.

BOLO DE BANANA

Ingredientes
2 chávenas de farinha
1 ½ chávena de açúcar
120 gr. de man­teiga
2 ovos
1 colher de chá de baunilha
1 colher de chá de sumo de limão
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
1 chávena de bananas esmagadas (4)
1 chávena de leite talhado que se faz com o limão
¼ de colher de chá de sal

Preparação
Bater bem a manteiga e o açúcar até fazer um creme, adicionar o polme da banana. Bater os ovos e as duas essências e o leite. Misturar a farinha com o sal e o bicarbonato de sódio alternadamente com o leite e os ovos bem batidos.

Arrumadinho

O arrumadinho é um petisco muito famoso nos bares do Recife. Seu nome vem do modo como é servido: com os ingredientes arrumados em camadas. É irresistível acompanhado de uma cerveja bem gelada!
500g de feijão verde
250g de carne de sol ou carne de charque escaldada e picada em cubinhos pequenos
1 xícara de farinha de mandioca
Coentro, 1 cebola e 1 tomate picadinhos
2 colheres de sopa de manteiga ou margarina
Sal e pimenta a gosto

Cozinhe o feijão com sal. Frite a carne em 1 colher de manteiga. Faça uma farofa fritando a farinha com o restante da manteiga, sal e pimenta. Arrume em camadas numa travessa o feijão verde, coloque por cima a carne, os temperos picadinhos e por cima de tudo a farofa. Enfeite com coentro e sirva.

QUARTA VIA

O estudo que a imprensa não quer ler
(Por Luciano Martins Costa em 16/10/2007)

Jorge Simino é um economista conceituado. Atualmente, responde pela estratégia de investimentos da Fundação Cesp, o fundo de pensão formado por funcionários das empresas de energia elétrica de São Paulo. Ele é velho conhecido de jornalistas da área financeira, uma daquelas fontes que os repórteres e colunistas costumavam consultar, quando era chefe do departamento de pesquisas do Unibanco ou como sócio da MS Consult, uma consultoria de investimentos de bom conceito entre jornalistas.
Simino gosta de se qualificar como um "dinossauro" do mercado, daqueles profissionais amadurecidos no fogo das cotações, que aprenderam a ver mais do que os números e não misturam análise financeira com política. Seus pareceres são encontrados sempre depois do primeiro intertítulo das reportagens, na profundidade a que se dedicam apenas os leitores interessados nas sutilezas da análise. Mais próximo da superfície, o leitor vai encontrar sempre o consultor que é também ex-ministro ou ex-diretor do Banco Central – aquela fonte que condiciona o lead da reportagem e cuja interpretação sempre coincide com a visão da mídia.
Pois Jorge Simino saiu-se na semana passada com uma análise heterodoxa sobre a questão da carga tributária e sobre a dívida pública brasileira. Seu estudo, publicado com exclusividade pela revista Época, não encontrou repercussão no resto da imprensa durante o final de semana, embora traga uma interpretação que, levada a sério, deveria afetar profundamente os debates sobre a política econômica do governo e o noticiário que recobre questões como a prorrogação da CPMF e a contratação de funcionários para o serviço público federal.
Carga tributária não subiu
O que dizem os estudos de Jorge Simino, em resumo, é que a carga tributária brasileira não subiu nos últimos anos, ao contrário do que apregoa a imprensa, como caixa de ressonância das entidades representativas de empresas. A outra constatação de Simino é que a dívida pública brasileira vai diminuir significativamente nos próximos anos, mesmo que o governo continue aumentando seus gastos. Trata-se de um olhar completamente oposto ao que nos habituamos a ler diariamente e a assistir no noticiário televisivo.
O que houve, no primeiro caso, observa o economista, é que as empresas tiveram aumentos explosivos em seus lucros nos últimos cinco anos e a incidência do imposto de renda sobre seus ganhos alcançou dimensões altíssimas. Um dos gráficos publicados pela Época mostra que o lucro líquido das 53 empresas incluídas no índice Bovespa subiu de R$ 47,8 bilhões, em 2002, para o valor estimado de R$ 122,2 bilhões, valores estimados para 2007. Com isto, naturalmente, o Imposto de Renda subiu igualmente, gerando um salto proporcional na arrecadação federal. Não houve, segundo Jorge Simino, qualquer mudança na carga correspondente ao Imposto de Renda e ao ICMS.
Gasto menor com a dívida pública
Da mesma forma, o estudo de Jorge Simino revela que, graças ao ajuste fiscal iniciado no governo Fernando Henrique, acrescido da queda dos juros patrocinada pelo atual governo, o Brasil deverá gastar menos com o pagamento da dívida, por causa do peso decrescente do pagamento dos juros. Trata-se de uma visão oposta à que nos oferece a imprensa diariamente.
Época traz alguns detalhes do estudo, mas fica longe de apresentar o quadro completo desenhado pelo economista da Cesp. O leitor merecia que os jornais apanhassem o bastão e levassem o tema adiante, para que pudéssemos fazer melhor juízo da controvérsia entre o que diz o governo e o que afirma a oposição, sempre com grande repercussão na mídia.
Até mesmo para entender se de fato o Estado precisa ainda da CPMF para a boa administração de suas contas em circunstâncias normais, ou se a proposta de prorrogação do tributo se prende a uma ambição pessoal do atual presidente quanto a seus projetos sociais, seria interessante que a imprensa destrinchasse melhor esse estudo, que foi apresentado superficialmente, mas muito a propósito, pela revista Época.
O silêncio geral sobre as constatações de Jorge Simino dão a impressão de que até o noticiário econômico está atrelado ao viés político da mídia.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

TERÇA POÉTICA



CANTO DOS EMIGRANTES
(Alberto da Cunha Melo)

Com seus pássaros
ou a lembrança de seus pássaros,
com seus filhos
ou a lembrança de seus filhos,
com seu povo
ou a lembrança de seu povo,
todos emigram.

De uma quadra a outra
do tempo,
de uma praia a outra
do Atlântico,
de uma serra a outra
das cordilheiras,
todos emigram.

Para o corpo de Berenice
ou o coração de Wall Street,
para o último templo
ou a primeira dose de tóxico,
para dentro de si
ou para todos, para sempre
todos emigram.

Alberto da Cunha Melo (José Alberto Tavares da Cunha Melo, 1942 - 2007) nascido em Jaboatão, Pernambuco, pertence à Geração 65 de poetas pernambucanos. Como Sociólogo atuou durante onze anos na Fundação Joaquim Nabuco. Jornalista, foi editor do Commercio Cultural do Jornal do Commercio, e da revista Pasárgada. Foi colaborar da coluna Arte pela Arte, do Jornal da Tarde, SP, e mantém a coluna Marco Zero, na revista Continente Multicultural.
Foi Vice-Presidente da União Brasileira de Escritores em Pernambuco, na sua primeira gestão. Por duas vezes Diretor de Assuntos Culturais da FUNDARPE e, recentemente foi um dos indicados para o Prêmio Nacional Jorge Amado (2002).
Sua poesia não se rendeu ao charme das vanguardas e encontrou no metro octossilábico (308 poemas, 4900 versos, em cinco livros já publicados) , o mais raro em Língua Portuguesa, a melhor melodia para o seu canto fraterno, e ”sua lição de dor que se faz beleza e arranca de si forças para construir uma poesia cujo nome secreto é – resistência.” (Alfredo Bosi, no prefácio do livro Yacala).
Em 2001, foi incluído nas antologias: Os cem melhores poetas brasileiros do século XX, Geração Editorial, SP, e 100 anos de poesia. Um panorama do poesia brasileira no século XX.
Em dezembro de 2002, publicou seu 12º título de poesia, Meditação sob os Lajedos.
Fonte:
http://www.revista.agulha.nom.br/acmelo.html

BLOG HOMENAGEIA ZENIRA NO DIA DO PROFESSOR

"É PRECISO INTEGRAR EM UM SÓ MUNDO AS PARCELAS JUSTAPOSTAS DAS ECONOMIAS CONTRADITÓRIAS, E ISTO É TAREFA DO HOMEM DE AMANHÃ. PARA LEVAR ESTA TAREFA A BOM TERMO, É NECESSÁRIO PREPARAR ESSE TIPO DE HOMEM" (JOSUÉ DE CASTRO)



(Zenira Gonçalves Gomes)

Hoje, "Dia do Professor" queremos deixar um abraço de gratidão e reconhecimento aos professores. Eu, particularmente, agradeço a Zê, Terezinha Nóbrega, Olga Arruda, Mundinha Serafim e Miriam Barbosa Lima que foram minhas professoras no Grupo Escolar D. Francisco de Assis Pires.
(John W. Schlatter)

Sou professor. Nasci no momento exato em que uma pergunta saltou da boca de uma criança.
Fui muitas pessoas em muitos lugares. Sou Sócrates, estimulando a juventude de Atenas a descobrir novas idéias através de perguntas. Sou Anne Sullivan, extraindo os segredos do universoda mão estendida de Helen Keller. Sou Esopo e Hans Christian Andersen, revelando a verdade através de inúmeras histórias. Sou Marva Collins, lutando pelo direito de toda a criança à Educação. Sou Mary McCloud Bethune, construindo uma grande universidade para meu povo, utilizando caixotes de laranja como escrivaninhas. Sou Bel Kauffman, lutando para colocar em prática o Up Down Staircase. Os nomes daqueles que praticaram minha profissãos como um corredor da fama para a humanidade... Booker T. Washington, Buda, Confúcio, Ralph Waldo Emerson, Leo Buscaglia, Moisés e Jesus. Sou também aqueles cujos nomes foram há muito esquecidos, mas cujas lições e o caráter serão sempre lembrados nas realizações de seus alunos.
Tenho chorado de alegria nos casamentos de ex-alunos, gargalhado de júbilo no nascimento de seus filhos e permanecido com a cabeça baixa de pesar e confusão ao lado de suas sepulturas cavadas cedo demais, para corpos jovens demais. Ao longo de cada dia tenho sido solicitado como ator, amigo, enfermeiro e médico, treinador, descobridorde artigos perdidos, como o que empresta dinheiro, como motorista de táxi, psicólogo, pai substituto, vendedor, político e mantenedor da fé. A despeito de mapas, gráficos, fórmulas, verbos, histórias e livros, não tenho tido, na verdade, nada o que ensinar, pois meus alunos têm apenas a si próprios para aprender,
e eu sei que é preciso o mundo inteiro para dizer a alguém quem ele é. Sou um paradoxo. É quando falo alto que escuto mais. Minhas maiores dádivas estão no que desejo receber agradecido de meus alunos. Riqueza material não é um dos meus objetivos, mas sou um caçador de tesouros em tempo integral, em minha busca de novas oportunidades para que meus alunos usem seus talentos e em minha procura constante desses talentos que, às vezes, permanecem encobertos pela autoderrota. Sou o mais afortunado entre todos os que labutam. A um médico é permitido conduzir a vida num mágico momento. A mim, é permitido ver que a vida renasce a cada dia com novas perguntas, idéias e amizades. Um arquiteto sabe que, se construir com cuidado, sua estrutura poderá permanecer por séculos. Um professor sabe que, se construir com amor e verdade, o que construir durará para sempre. Sou um guerreiro, batalhando diariamente contra apressão dos colegas, o negativismo, o medo, o conformismo,o preconceito, a ignorância e a apatia. Mas tenho grandes aliados: Inteligência, Curiosidade, Apoio paterno, Individualidade, Criatividade, Fé, Amore Riso, todos correm a tomar meu partido com apoio indômito. E a quem mais devo agradecer por esta vida maravilhosa, que sou tão afortunado em experimentar, além de a vocês, ao público, aos pais? Pois vocês me deram a grande honra de confiar-me suas maiores contribuições para com a eternidade, seus filhos. E assim, tenho um passado rico em memórias. Tenho um presente de desafios, aventuras e divertimento, porque a mim é permitido passar meus dias com o futuro. Sou professor... e agradeço a Deus por isso todos os dias. "
Fonte: http://www.arteducacao.pro.br/homenagem/queridomestre.