quinta-feira, 31 de outubro de 2013

"Ler é encantar-se"

Por que ler? 

Por Juremir Machado

Fiz esta crônica para ler na abertura da Feira do livro de Camaquã, no Rio Grande do Sul, onde fui, cheio de honra e de alegria, patrono.
*
Resolvo pagar mico. Pode ser estimulante sair da zona de conforto sem sair do bairro. Dou um passeio. Interpelo pessoas e faço uma pergunta simples: por que ler? Tem sol. Faz mais de 20 graus. É primavera. Uma leve brisa empurra as folhas de árvores frondosas. Porto Alegre está linda. Alguns me reconhecem. Outros me olham desconfiados. Uma senhora claudicante puxa a filha, uma moça loura sorridente, pelo braço e “sussurra” alto:

– Só pode ser golpe.

Afastam-se apressadas torcendo o pescoço para ver se não as estou seguindo ou se tem alguém caindo no meu conto. Sim, é um conto. O que estou contando? Uma pequena história da leitura. Quem conta um conto aumenta um ponto. Posso perder alguns. Mas eu estou contando a verdade. O que é a verdade? O que as pessoas contam.

– Por que ler?

– Para se instruir – responde um homem de gravata.

Será culpa da gravata? Temo os homens que nunca se separam das suas gravatas. São seres estrangulados. Podem, um dia, cortarem o nó. Será a gravata que faz o homem de quem estou falando, por volta dos 40 anos, tão sisudo, tão utilitarista, tão preocupado com o resultado? Ele não está errado nem conta mentira. Ler instrui.

– Para me instruir eu estudo – diz uma guria.

– Estudar é ler – persevera o homem.

– É e não é – insiste a guria.

– É ou não é? – empertiga-se o homem da gravata vermelha.

– Ler quer dizer mais do que estudar. A gente lê para sonhar, viajar, fantasiar, ter prazer – explica a moça.

Está de saia vermelha. Comparo a saia dela com a gravata do homem. A blusa dela é branca e com um generoso decote. Valeria escrever uma crônica sobre o abismo que se insinua em direção a territórios encobertos do seu corpo esguio. Não sou um escritor erótico. A minha preocupação é a leitura. Conto só o que se deve contar.

– Leio para viver – é o que me diz uma dama toda de branco cuja idade não pode ser inferior aos 90 anos.

Examino sua figura frágil e vergada. Ele me sorri um sorriso cheio de leituras dos tempos da Editora Globo. Pelos seus olhos passa a mulher de 30 anos de Balzac, passa também uma Odete de Marcel Proust e, se não me engano, se não forço o conto, passa Madame Bovary. Ela vê o que eu vejo nos seus olhos e me olha com “olhos de ressaca”, não a ressaca da Capitu, mas a doce ressaca dos belos anos, que desconheço, mas imagino e já admiro.

– Leio para reviver – ela se corrige.

E se vai. Ainda me olha antes de dobrar a esquina. Penso que viveu, no que poderíamos ter vivido, no que leu. Passa uma gata. Anda na cadência da serpente que dança de Baudelaire, “belle d’abandon”.
Penso em abordá-la. Hesito. Ela vai achar que sou um chato, um tarado, um golpista ou um cantador barato. Eu sou apenas um contador vira-lata latino-americano que lê por paixão. Arrisco:

– Por que ler?

– Para iluminar o mundo – ela me responde.

Paro de escrever. Tudo isso eu inventei para ler. Quem conta um conto cai no seu canto. Ler é encantar-se.

Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=5209

domingo, 27 de outubro de 2013

Makeup Art de Halloween


Com a aproximação do Halloween decorações e trajes começam a chamar a atenção e a maquiadora Kiki deu atenção especial à maquiagem dos olhos. Os desenhos são marcantes e se encaixam com várias ideias e fantasias. Confira:



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Fonte: http://obviousmag.org/sphere/2013/10/makeup-art-de-halloween.html 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Só avisando...


VOU ALI E VOLTO JÁ. 
INTÉ.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A garotinha que nos faz sorrir e pensar completa 50 anos em 2014

mafalda 1Por Nubia Silveira

Você se lembra dessa garotinha aí ao lado? Simpática, inteligente, defensora do meio ambiente, preocupada com os rumos da política, ela conquistou amigos pelo mundo todo. Fala vários idiomas, do galego ao dinamarquês. E, mais do que a repressão, odeia sopa. Com essa dica, você – logicamente – lembrou o nome dela. Mafalda se prepara para comemorar 50 anos, em 2014. O dia do nascimento (única data aceita pelo seu criador) é 29 de setembro de 1964, quando, pela primeira vez, apareceu como personagem de uma historieta, nas páginas do semanário argentino Primera Plana. No ano seguinte, mudou-se para El Mundo.
Mafalda é a grande criação do argentino Joaquín Lavado, filho de espanhóis. Conhecido por Quino, desde que nasceu, ele só soube seu verdadeiro nome ao entrar na escola. O apelido o distinguia do tio Joaquín Tejón, pintor e desenhista. Foi ele quem ajudou Quino a descobrir sua vocação ainda nos primeiros anos de vida.
O nome escolhido para a personagem que faria tanto sucesso se deve a uma história em quadrinhos que Quino criou, em 1963, para o lançamento de uma linha de produtos eletrodomésticos. Os produtos se chamavam Mansfield e todos os personagens da HQ tinham nomes iniciados com M. A campanha foi abortada, mas Quino ficou com Mafalda.
O surgimento da menina que olha penalizada para o mundo, a sua mãe, dedicada a cuidar do marido e dos filhos, e o seu pai, que parece um velho aos 37 anos, coincide com o início da ditadura brasileira e a eleição de Arturo Illia, na Argentina. O peronismo havia sido proscrito e os hermanos passavam a viver um novo período político, mais aberto e democrático do que o enfrentado pelos brasileiros.


MAFALDA E SUA TURMA Turma de amigos

O traço simples, leve, limpo e expressivo de Quino transforma em obra de arte cada quadro de uma tira. Os pequenos detalhes compõem as historietas que nos fazem sorrir e pensar. Os temas são os cotidianos: as guerras mundiais, o engarrafamento no trânsito, o alto custo de vida, as férias na praia, o aprendizado escolar.
MAFALDA E O MUNDO Mais tarde, surgiram Libertad, pequena como a liberdade, menor do que o nenê Guile, irmão de Mafalda. Desde cedo, ele aprende a protestar contra as injustiças e a falta de liberdade de expressão. Ele odeia mortadela e – horror dos horrores – se delicia com uma sopa. E que nome melhor poderia ter a tartaruga de estimação, se não burocracia?A turminha de Quino foi mudando de casa, passando por novos jornais e revistas, e conquistando espaço em outros países. As tiras passaram a ser reunidas em pequenos livretos. A coleção completa é composta por 10 livretos, pois em 1973 Quino decidiu não mais desenhá-las. Só voltou a desenhar a personagem para algum momento ou campanha específica, como a lançada pela Unicef, em 1977, pela Declaração dos Direitos da Criança.
Mafalda, com um laço no alto da cabeça, muda da dúvida ao espanto, apenas levantando a cabeça, abrindo ou fechando a boca. O mesmo acontece com a sua turma. Quino é preciso na sua criação. As dúvidas e angústias de Filipe não poderiam ser representadas por outro garotinho que não aquele de cabelo e queixo que avançam muito além do pescoço. Quem imaginaria Manolo, o tosco que só pensa em ser dono de uma rede de supermercados, de outra forma que não o gordinho atarracado, com cabelos espetados?
A egoísta e, muitas vezes, invejosa Susanita, que só pensa em casar e ter filhos, é desenhada com um cabelo volumoso, nariz pequeno e cara de velha. A característica de Miguelito, também cheio de dúvidas, mas menos angustiado do que Filipe, são os cabelos, formado por folhas como as da alface.
Quino e a estátua de sua Mafalda |
Quino e a estátua de sua Mafalda|

 Imortal sucesso

Quino afasta-se de Mafalda e segue com a sua produção de humor gráfico. Apesar de não mais desenhar as tiras, Mafalda não morre. Cresce na preferência dos leitores. O sucesso é tão grande que, ao completar 30 anos, em 1994, tornou-se nome de praça, em Buenos Aires. Na capital argentina, ela e seus amigos, também, deram nome a ruas.                                                                                                           
Hoje, no bairro de San Telmo, argentinos e turistas costumam posar para fotos ao lado da estátua de Mafalda. O bairro foi escolhido porque faz parte da história das tiras. Em 1964, quando começou a desenhar a personagem, Quino vivia em San Telmo, a meia quadra de onde hoje está a estátua.
Muitos locais ali o inspiraram e fazem parte das tiras. Um exemplo é o edifício envidraçado, na frente do qual a menina e os amigos sentavam para acompanhar o movimento da rua.
Mafalda completará 50 anos, sem nunca ter crescido. E é certo que ela continua atual. O mundo não mudou. Mafalda ainda pode olhar para o globo terrestre, após ouvir o noticiário internacional, e dizer-lhe condoída: “Se você tivesse fígado… que hepatite, hein?”

http://www.sul21.com.br/jornal/todas-as-noticias/cultura/a-garotinha-que-nos-faz-sorrir-e-pensar-completa-50-anos-em-2014/ 
Fonte: http://assisprocura.blogspot.com.br/

domingo, 13 de outubro de 2013

Álbum da semana

Ilma, Hilda e Dilma Alves

Dorinha e filhos : Angelina, Francisco Humberto e Toninho

Gisele Souza

Josiclea Cassiano

Maria Gonçalves e filhas: Magna e Nadedja

Marta Farias

Sebastião Baraúna e filhos: Francisco Humberto e Toninho

Zé Gonçalves e Blandina

Rosi Gonçalves e amigas

Amazonina

Evandro Alves e família

Família Evangelista

Ribamar de Bernardo, Efigênio e a menina não sei quem é.                    
                              (Foto de algum FB que não lembro de quem)

Terezinha Evangelista

Maria Eunice Nóbrega de Morais e Zenira Gonçalves Gomes

Romilda e Sebastião Nóbrega no dia do aniversário dela (82 anos) e aniversário também de 60 anos de casados

sábado, 12 de outubro de 2013

Lembrando os antigos disquinhos



Quem tem mais de 50 e  escutou essas historinhas que vinham em disquinhos coloridos vai amar.

Alow crianças


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O decreto que criou o Dia das Crianças no Brasil

 
Institue o dia 12 de outubro para ter logar em todo o territorio nacional o dia de festa da criança
 
O Sr. Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil:
 
Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sancciono a resolução seguinte:
 
Artigo unico. Fica instituido o dia 12 de outubro para ter logar, em todo o territorio nacional, a festa da criança, revogadas as disposições em contrario.
 
Rio de Janeiro, em 5 de novembro de 1924, 103º da Independencia e 36º da Republica.
 
ARTHUR DA SILVA BERNARDES.
João Luiz Alves.
 
Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União - Seção 1 de 07/11/1924
 
Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/o-decreto-que-criou-o-dia-das-criancas-no-brasil

A arte da vida, por Zygmunt Bauman




"No mundo pós-romântico", como assinalam Ehrenreich e English, em que os antigos vínculos não mais se sustentam, tudo que interessa é você: você pode ser o que quiser; você escolhe sua vida, seu ambiente, até mesmo sua aparência e suas emoções. ... As velhas hierarquias de proteção e dependência não existem mais, só existem contratos abertos, rescindidos livremente. O mercado, que há muito tempo se expandiu para incluir as relações de produção, agora se expandiu para abarcar todos os relacionamentos.
"A cultura do sacrifício está morta", declarou bruscamente Gilles Lipovetsky no posfácio de 1993 a seu estudo pioneiro, de dez anos antes, sobre o individualismo contemporâneo. "Deixamos de nos reconhecer na obrigação de viver em nome de qualquer coisa que não nós mesmos."
Não que tenhamos ficado surdos às nossas preocupações com os infortúnios de outras pessoas, ou com o triste estado do planeta, nem que tenhamos deixado de ser sinceros sobre tais ansiedades.
Também não deixamos de declarar nossa disposição de agir em defesa dos oprimidos, assim como na proteção do planeta que eles compartilham conosco, nem de atuar (ao menos ocasionalmente) a partir dessas declarações.
O oposto parece ser o caso: a ascensão espetacular da auto-referencialidade egoística, paradoxalmente, caminha de par com uma crescente sensibilidade à miséria humana, a execração da violência, dor e sofrimento que afligem o mais distante dos estranhos, e as erupções regulares de caridade focalizada (terapêutica).
Mas, como Lipovetsky corretamente observa, esses impulsos morais e essas explosões de magnanimidade são casos de "moralidade indolor", moralidade privada de obrigações e sanções executivas, "adaptada à prioridade do Ego". Quando se trata de agir "em nome de outra coisa que não de si mesmos", as paixões, o bem-estar e a saúde física do Ego tendem a ser tanto as considerações preliminares quanto as derradeiras. Também tendem a estabelecer os limites do caminho que estamos preparados para percorrer em nossa disposição de ajudar.
Via de regra, as manifestações de devoção àquele "algo (ou alguém) que não nós mesmos", ainda que sinceras, apaixonadas e intensas, não chegam ao auto-sacrifício.
Por exemplo, a dedicação à causa verde dificilmente chega a ponto de se adotar um estilo de vida ascético, ou mesmo uma forma parcial de abnegação. Com efeito, longe de estarmos prontos a renunciar a um estilo de vida caracterizado pela tolerância consumista, frequentemente relutaremos em aceitar o menor inconveniente pessoal.
A força-motriz de nossa indignação tende a ser o desejo de um consumo superior, mais protegido e mais seguro. No resumo de Lipovetsky, "o individualismo disciplinar e militante, heroico  moralizante" deu lugar ao "individualismo à la carte", "hedonista e psicológico", que "faz das realizações íntimas o propósito principal da existência".
 Parece que não sentimos mais que temos uma tarefa ou missão a desempenhar no planeta, e aparentemente não há nenhum legado que nos sintamos obrigados a preservar, por termos sido nomeados seus guardiões.
A preocupação com a forma como o mundo é administrado deu lugar à preocupação com a “auto-administração”. Não é a situação do mundo, juntamente com seus habitantes, que tende a nos incomodar e a nos deixar preocupados, mas sim aquilo que é de fato um produto final da reciclagem de seus ultrajes, futilidades e injustiças em desconfortos espirituais e inconstâncias emocionais que prejudicam o equilíbrio psicológico e a paz de espírito do indivíduo interessado.
Isso pode ser, como Christopher Lasch foi um dos primeiros a observar e articular, o resultado de transformar "queixas coletivas em problemas pessoais suscetíveis à intervenção terapêutica".
 "Os novos narcisistas", como Lasch memoravelmente chamou os "homens psicológicos" capazes de perceber, esmiuçar e avaliar a condição do planeta unicamente através do prisma dos problemas pessoais, são "assombrados não pela culpa, mas pela ansiedade". Ao recordarem suas experiências "interiores", eles "procuram não fornecer um relato objetivo de um fragmento representativo da realidade, mas seduzir outros" a lhes darem "sua atenção, aplauso ou simpatia", e assim sustentar seu inseguro senso de eu [self]. A vida pessoal tornou-se parecida com a guerra e tão cheia de estresse quanto o próprio mercado. O coquetel "reduz a sociabilidade ao combate social".
Sem muito mais em que basear a ansiada segurança de sua posição social, ressoando como autoconfiança e autoestima, exceto os ativos pessoais de propriedade pessoal ou a serem adquiridos pessoalmente, não admira que as demandas por reconhecimento, como diz Jean-Claude Kaufmann, "inundem a sociedade". "Todo mundo busca ansiosamente a aprovação, a admiração ou o amor nos olhos dos outros." E observemos que as bases para a autoestima fornecidas pela "aprovação e admiração" de outros são notoriamente frágeis. Como se sabe, os olhos se movem, e as coisas sobre as quais eles recaem ou pelas quais deslizam são conhecidas por sua propensão a virar e revirar de maneiras impossíveis de prever, de modo que o impulso e compulsão de "observar atentamente" na verdade nunca cessam. O calor da vigilância atual pode muito bem transformar a aprovação e aclamação de ontem na condenação e no ridículo de amanhã.

Fonte: http://books.google.com.br/books?id=0W5mFKYJCcYC&pg=PA57&lpg=PA57&dq=No+mundo+p%C3%B3s-rom%C3%A2ntico%22,+como+assinalam+Ehrenreich+e+English,&source=bl&ots=aMdGKceqt1&sig=JOMjY0yzg2aCscdILV6WBN7CCkI&hl=pt-PT&sa=X&ei=hW7uUfGlEpTi8gTn44H4Bg&ved=0CC0Q6AEwAA#v=onepage&q=No%20mundo%20p%C3%B3s-rom%C3%A2ntico%22%2C%20como%20assinalam%20Ehrenreich%20e%20English%2C&f=false

Vi em: http://assisprocura.blogspot.com.br/search/label/Zygmunt%20Bauman

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Fernanda Montenegro recitando Simone Beauvoir


Brasil, um país onde empresários sonegam 10% do PIB




Crônicas do Motta

Baixar impostos e simplificar o cipoal de tributos existentes no Brasil são desejos da maioria da população.
A reforma tributária, tantas vezes tentada, não avança, porém, porque prefeitos e governadores, amparados pelos parlamentares de seus estados, não querem perder um centavo do que arrecadam.
E se nenhum deles ceder nessa questão, tudo vai continuar como está para todo o sempre.
Mas a reforma tributária é apenas uma das faces da questão, a mais visível graças ao poderoso lobby dos empresários que querem pagar menos tributos para aumentar os seus lucros.
O que poucos falam é sobre o quanto esses empresários sonegam, uma quantia fabulosa que deixa de chegar aos cofres públicos – segundo o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), só neste ano foram sonegados R$300 bilhões em tributos.
A quantia supera a riqueza produzida pela maioria dos Estados. Até o fim do ano, o valor deverá atingir R$415 bilhões, o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e serviços produzidos no país.
O Sinprofaz desenvolveu um placar online da sonegação fiscal no Brasil. Chamada de Sonegômetro, a ferramenta permite acompanhar em tempo real o quanto o país deixa de arrecadar todos os dias. Os números são atualizados constantemente no endereço eletrônico www.sonegometro.com.
De acordo com o estudo, se não houvesse sonegação de impostos, o peso da carga tributária poderia ser reduzido em até 20% e, ainda assim, o nível de arrecadação seria mantido. A ação faz parte da campanha “Quanto Custa o Brasil pra Você?”, criada pela entidade em 2009.
A contagem começou em 1º de janeiro. O valor sonegado até o momento é superior à arrecadação do Imposto de Renda em 2011 (R$278,3 bilhões). Na comparação com o PIB dos Estados, a sonegação estaria em quarto lugar entre as 27 unidades da Federação.
Os R$300 bilhões que o governo deixou de receber até agora só estão atrás do PIB de São Paulo (R$1,248 trilhão), do Rio de Janeiro (R$407 bilhões) e de Minas Gerais (R$351 bilhões). A quantia sonegada equivale a mais do que a riqueza produzida pelo Rio Grande do Sul (R$252,5 bilhões), pelo Paraná (R$217 bilhões) e pelo Distrito Federal (R$150 bilhões).
Para chegar ao índice de sonegação, o levantamento do Sinprofaz selecionou 13 tributos que correspondem a 87,4% da arrecadação tributária no Brasil. Os principais tributos analisados foram os impostos de Renda (IR), sobre Produtos Industrializados (IPI) e sobre Operações Financeiras (IOF), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e os impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e sobre Serviços (ISS).
O Sinprofaz também incluiu no estudo as contribuições dos empregadores para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e os pagamentos de patrões e empregados ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). (Com informações da Agência Brasil)

Fonte:http://bogdopaulinho.blogspot.com.br/2013/10/brasil-um-pais-onde-empresarios-sonegam.html

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Compartilhando a insonia


Para refletir

Por um Dia das Crianças diferente

O consumismo tornou-se hábito característico de nossa sociedade. Como nenhuma criança nasce consumista, vale uma reflexão sobre quais hábitos e valores estamos transmitindo, para que prefiram comprar a brincar
Lais Fontenelle Pereira, 
Outras Palavras
No Brasil, convencionou-se considerar 12 de outubro como Dia das Crianças. A data foi oficializada em 1924 pelo presidente Arthur Bernardes, mas só décadas depois, por volta dos anos 1960, passou a ser comemorada. Foi quando a fábrica de brinquedos Estrela lançou a Semana do Bebê Robusto junto com a multinacional Johnson & Johnson. Desde então, o dia foi mercantilizado e passou a ser vivido pela grande maioria das famílias como um dever ao consumo. Escolhi este tema para abrir, em Outras Palavras, uma coluna que pretende estimular reflexão sobre a criança contemporânea e sua relação com consumo, mídias, família, escola e cidade.
Depois dessa breve história, uma pergunta: o que de fato honramos atualmente, a criança ou o consumo? Porque para homenagear a criança faria mais sentido escolher 20 de novembro, data da aprovação pela ONU da Declaração dos Direitos das Crianças.

dia das crianças consumismo
Outro Dia Das Crianças é possível?
 (Reprodução)
As crianças de hoje diferem das de outros tempos – principalmente pelo lugar de destaque que ocupam na engrenagem da sociedade de consumo. Recebem status de consumidoras no mercado, antes mesmo de estarem aptas ao exercício pleno de sua cidadania. São diariamente bombardeadas, em todos os espaços de convivência, por mensagens publicitárias abusivas que vendem a falsa ideia da realização de sonhos, felicidade e inclusão social pela posse de mercadorias. Mas as crianças são seres em desenvolvimento psíquico, afetivo e cognitivo, e até mais ou menos os doze anos não têm capacidade crítica e abstração de pensamento formadas para retrabalhar essas mensagens persuasivas.
A criança brasileira é das que mais assistem TV no mundo: passa mais de 5 horas do dia sentada em frente à tela, em média (1). Em áreas de alta vulnerabilidade social e econômica, esse tempo chega a espantosas 9 horas por dia – o que ultrapassa, em muito, o tempo que ela passa no ambiente escolar: cerca de 3 horas e 15 minutos. O problema se agrava se lembrarmos a publicidade veiculada por essa mídia, que parece hoje mais formadora da subjetividade infantil do que a escola, com forte impacto no desenvolvimento saudável das crianças. Isso, além de contribuir para o grave e urgente problema do consumismo na infância.E aí está o problema: a construção da subjetividade da criança se dá também pela posse dos objetos que a cercam. Ela já nasce usando fraldas X, bebendo leite Z, brincando com bonecos Y. Desde muito cedo, passa a ser consumidora não só de objetos, mas também daquilo que eles representam. Outra pedagogia se instalou na vida de nossas crianças: a das mídias que falam diretamente com os pequenos, não só entretendo e informando, mas ditando valores e hábitos de consumo.
O consumismo tornou-se um hábito característico de nossa sociedade. Mas, como nenhuma criança nasce consumista, vale uma reflexão sobre quais hábitos e valores estamos transmitindo às crianças contemporâneas, para que prefiram comprar a brincar. Valores que priorizam o ter em detrimento do ser, o individual acima do coletivo, a competição ao invés da cooperação. A infância não pode ser aprisionada nos falsos ideais de felicidade vendidos pela sociedade de consumo. Criança precisa de muito pouco para ser feliz: precisa de olhar, de palavra, de escuta e de acolhimento.
Convoco então pais e cuidadores a inverter, nesse 12 de Outubro, a lógica consumista dominante e a trocar o shopping pelo parque, o brinquedo pelo afeto. O dia das crianças pode ser comemorado de outras formas. Foi pensando nisso que o Instituto Alana teve a iniciativa, engajada e divertida, de convidar pessoas de todo o país a organizar Feiras de Troca de Brinquedos (em eventos simultâneos no sábado, 12 de Outubro), para gerar um movimento nacional de transformação do olhar à relação da criança com o consumo.
Uma Feira de Troca de Brinquedos é também uma boa experiência para repensarmos a forma como nós, adultos, consumimos. São espaços que convidam a outra socialização e ao exercício de desapego, e maneira de colocarmos em prática a economia solidária e o consumo colaborativo. Nelas, as crianças têm ainda a chance de exercitar a conquista por meio da negociação entre pares. E o mais bacana é que na troca os objetos perdem seu valor monetário – e ganham outros valores, simbólicos e afetivos.
Ao emprestar novos significados e usos a objetos antigos, ao afirmar que as relações sociais e afetivas não precisam ser pautadas pela compra, a experiência das Feiras de Troca torna-se enriquecedora para pais e para filhos. Trocar pode, sem dúvida, ser bem mais divertido que comprar. Que tal, então, se engajar nesse movimento para celebrar o dia das crianças de forma mais humana e sustentável? No site do Alana estão disponíveis materiais de apoio para ajudá-lo a organizar uma feira. Compartilhe a ideia e divirta-se!
Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/por-um-dia-das-criancas-diferente

Noviça rebelde


Adoro esse filme!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

A amante

por Teresa Ribeiro
 
 
 
  Vestia-se e falava como os mais novos, para não se deixar ultrapassar. Pintava os cabelos, combatia as rugas com tratamentos anti-envelhecimento e a celulite com massagens e banhos de algas. Malhava no ginásio para evitar a acumulação de gordura localizada e um dia perdeu a cabeça e até investiu numa mamoplastia, para continuar a tê-las no sítio. "A idade é a que se tem no espírito", repetia ao espelho, enquanto aplicava os cremes tonificantes.
Foi jovem até ao dia em que se viu sem emprego e sem dinheiro. Percebeu então que a juventude era uma amante exigente, leviana e cara. Quando se deixaram para sempre primeiro estranhou, mas depois sentiu-se bastante aliviada.

Fonte:  http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/

domingo, 6 de outubro de 2013

Estão faltando ideias e sobrando frases feitas para Marina

Blablablá na filiação de Marina ao PSB
Blablablá na filiação de Marina ao PSB
É bom que Marina participe das eleições de 2014. Mas ela tem que mostrar muito mais substância do que mostrou na cerimônia de sua filiação ao PSB para que possamos levá-la a sério em sua pretensão de ser a “coisa nova” na política brasileira.
Se você espreme a fala de Marina não vai encontrar uma única ideia original, inovadora, capaz de derrubar queixos.
O que se ouviu foi o triunfo da embalagem, expresso em frases pré-fabricadas. O maior exemplo disso foi o brado de que seria “enterrada a Velha República”.
Isso não quer dizer, rigorosamente, nada, se não é acompanhado de ideias claras. Se as tem, Marina escondeu bem em sua fala de hoje.
Marina se empenhou em tentar inutilmente provar que não estava fazendo o que estava fazendo – buscar abrigo num partido para poder concorrer em 2014.
Só convenceu a quem queria ser convencido. Ela está sim repetindo um gesto velho na política brasileira que ela promete reformar sem dizer, ou sem saber, como. Ficou no ar o cheiro inconfundível da hipocrisia.
O Brasil precisa desesperadamente de homens públicos – ou mulheres – capazes de acelerar drasticamente o combate ao que é de longe o mais dramático problema brasileiro: a irritantemente persistente desigualdade social.
Privilégios têm que ser corajosamente enfrentados e removidos. Não é possível, para ficar num caso, que um caso de sonegação bilionária como o da Globo fique por isso mesmo. Não é possível que os ricos e as grandes corporações encontrem tantas mamatas, de empréstimos a juros maternais no BNDES a fórmulas que lhes permitem safar-se de pagar os devidos impostos.
A maior fraqueza do PT nestes dez anos foi a timidez, ou falta de coragem, no enfrentamento das facilidades proporcionadas ao assim chamado 1%.
As jornadas de junho mostraram a insatisfação da sociedade com a lentidão dos avanços sociais. Índios tratados miseravelmente, pobres desalojados em péssimas condições para obras da Copa – tudo isso gerou espasmos justificadíssimos de indignação.
Não está ainda claro se o PT entendeu com clareza a mensagem das ruas. Mas Marina, hoje, não deu sinal de haver entendido o que foi dito pelos brasileiros que saíram às ruas.
Se não bastasse o blablablá da filiação, fora dela Marina disse que é preciso acabar com o “chavismo” no Brasil – e não com a iniquidade.
É o tipo de frase que cabe em Serra, em Jabor – mas não em alguém que se apresenta como novidade.
Paulo Nogueira

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Mas afinal, o que é inteligência?

(por Isaac Asimov)




Quando eu estava no exército, fiz um teste de aptidão, solicitado a todos os soldados, e consegui 160 pontos.
A média era 100.
Ninguém na base tinha visto uma nota dessas e durante duas horas eu fui o assunto principal.
(Não significou nada – no dia seguinte eu ainda era um soldado raso da KP – Kitchen Police)
Durante toda minha vida consegui notas como essa, o que sempre me deu uma ideia de que eu era realmente muito inteligente. E eu imaginava que as outras pessoas também achavam isso.
Porém, na verdade, será que essas notas não significam apenas que eu sou muito bom para responder um tipo específico de perguntas acadêmicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que formularam esses testes de inteligência, e que provavelmente têm uma habilidade intelectual parecida com a minha?
Por exemplo, eu conhecia um mecânico que jamais conseguiria passar em um teste desses, acho que não chegaria a fazer 80 pontos. Portanto, sempre me considerei muito mais inteligente que ele.
Mas, quando acontecia alguma coisa com o meu carro e eu precisava de alguém para dar um jeito rápido, era ele que eu procurava. Observava como ele investigava a situação enquanto fazia seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos.
No fim, ele sempre consertava meu carro.
Então imagine se esses testes de inteligência fossem preparados pelo meu mecânico.
Ou por um carpinteiro, ou um fazendeiro, ou qualquer outro que não fosse um acadêmico.
Em qualquer desses testes eu comprovaria minha total ignorância e estupidez. Na verdade, seria mesmo considerado um ignorante, um estúpido.
Em um mundo onde eu não pudesse me valer do meu treinamento acadêmico ou do meu talento com as palavras e tivesse que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa complicada eu me daria muito mal.
A minha inteligência, portanto, não é algo absoluto mas sim algo imposto como tal, por uma pequena parcela da sociedade em que vivo.
Vamos considerar o meu mecânico, mais uma vez.
Ele adorava contar piadas.
Certa vez ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou:
“Doutor, um surdo-mudo entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. Ele colocou dois dedos no balcão como se estivesse segurando um prego invisível e com a outra mão, imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão. Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria e foi embora. O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como o senhor acha que ele fez?”
Eu levantei minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura.
“Mas você é muito burro mesmo! Ele simplesmente abriu a boca e usou a voz para pedir”
Enquanto meu mecânico gargalhava, ele ainda falou:
“Tô fazendo essa pegadinha com todos os clientes hoje.”
“E muitos caíram?” perguntei esperançoso.
“Alguns. Mas com você eu tinha certeza absoluta que ia funcionar”.
“Ah é? Por quê?”
“Porque você tem muito estudo doutor, sabia que não seria muito esperto”
E algo dentro de mim dizia que ele tinha alguma razão nisso tudo.

(tradução livre do original “What is inteligence, anyway?”)
[img by Dmitrijs Bindemanis/Shutterstock]

FONTE:  http://www.updateordie.com/2012/05/15/mas-afinal-o-que-e-inteligencia-isaac-asimov/

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Rosineide Barbosa: as razões da oposição



Respondendo às  indagações sobre a não aprovação do Projeto na semana passada damos a seguintes informações: O Projeto era um plágio de uma cidade do Paraná e constava de secretarias que não existem no nosso município. Conversamos com o Assessor Jurídico da Prefeitura e ele apenas retirou a parte que se referia as secretarias e nos devolveu o projeto da forma anterior. O projeto não continha os critérios necessários que pudessem nos mostrar a quantidade de casas para serem construídas, nem os valores, nem o padrão para beneficiar as pessoas. Não sabíamos se era um programa novo ou a continuidade de um programa da Gestão passada e isto nos levou a tomar uma decisão: Não aprovar o Projeto.
Na Gestão passada o município foi contemplado com 90 unidades do Programa Minha Casa Minha Vida e apenas foram construídas e entregues 28 casas ficando o restante para serem construídas na Gestão atual e ai a nossa dúvida, porque esse projeto agora? Infelizmente a assessoria jurídica não prestou os devidos esclarecimentos. Na sessão realizada hoje deixamos tudo isso bem claro para os interessados inclusive para o Assessor Jurídico que estava presente e pelo que observamos nas reações é que entenderam o nosso posicionamento. Estamos na Câmara para fazer o certo sem politicagem, mas precisamos nos inteirar da veracidade dos fatos, pois temos responsabilidade com os nossos atos!
Rosineide Barboza.

Valeu, Rosineide!

IP para que te quero: quando velhos hábitos contaminam novas propostas




A celeuma em torno da tal proposta do "Minha Casa Minha Vida" que não foi aprovada pela Câmara Municipal de Ipaumirim nos remete a algumas reflexões críticas diante da insistência em  se cometer os equívocos de sempre. Aí, eu lembrei do velho guerreiro, Chacrinha, que dizia “vim para confundir e não para explicar”. É um pouco por aí que as coisas acontecem sempre que saímos da objetividade dos fatos  para a subjetividade dos afetos. Quanto mais  se fala, mais se confunde e menos se explica.

E ninguém consegue se fazer explicar. A discussão entrou na politicagem e a partir daí, ninguém espera mais nada porque o horizonte acaba sendo a baixaria típica dos fuxicos alimentados pela desinformação.

Se há um projeto proposto pela Prefeitura Municipal para integrar um programa que atende a população de baixa renda, em tese, a proposta é indiscutível do ponto de vista da intenção. Mas da intenção ao gesto, há todo um percurso que precisa ser discutido, sim.   Pela comunidade inclusive antes de passar pela Câmara. Isto configura a transparência tão alardeada na época das campanhas. Ouvir, compartilhar, discutir, criar estratégias de interação entre o poder e a comunidade.

Não podemos fazer de conta que nós não temos um passado político que se reflete no presente. Esse passado foi e ainda é uma pauta precária e nociva aos interesses reais da comunidade.  E tanto é assim que as coisas tomaram a dimensão que tomaram diante de um episódio. Há toda uma explosão de base politiqueira e ninguém bate na ferida porque ninguém – ninguém, mesmo  - quer enfrentar o real problema que são os critérios e os métodos da politica local.

Sabe-se que todo programa tem  normas, regras e exigências que são padrão que devem ser obedecidas por todos os demandam os recursos. Isso é indiscutível. É compreensível que os perfis dos candidatos a tais programas tenham similaridades mas não que devam ser iguais. O programa é comum mas os projetos não. Eles situam-se na encruzilhada entre a normatização burocrática e a realidade que é sempre soberana. E entre esses dois pontos, podem passar muitas obscuridades, publicáveis ou não.  

Não é preciso ser especialista no assunto, não é preciso fazer jornalismo investigativo para saber que o percurso abre possibilidades que estão muito além das normas e da própria realidade.

Propor é um direito do executivo, não há dúvidas sobre isso. Examinar, fiscalizar, cobrar, pedir explicações e propor alterações sobre  pontos que se consideram inadequados  é função e dever da Câmara de Vereadores . Explicar e desfazer estes equívocos é obrigação da prefeitura.

Isso é uma norma básica do compromisso daqueles que são eleitos pelo voto popular.

Se a oposição sugere que o projeto pode ter sido copiado de algum outro município, ela pode ter razão. Há um antecedente político quando da cópia do primeiro plano de governo do Município de Ipaumirim ser igual ao de Umari. Não é um incidente desprezável e pode, sim, ter criado uma expectativa de desconfiança tanto na oposição quanto no eleitor. Isto não  quer dizer também que diante da vergonha que se passou publicamente, não se tenha mudado de postura. Afinal, no mundo da tecnologia da informação as cópias não são difíceis de serem descobertas e se arriscar é sempre uma exposição desnecessária. Mas, ainda assim, a despeito de semelhanças burocráticas,  não se justificaria uma tomada de posição gratuita contra um projeto em sua totalidade.

Também não se justifica se assim foi, conforme ouvi no ipaumirim.com, que os partidos da situação tenham agido de forma leviana querendo transformar esse episódio num ato político sem cabimento transformando o legítimo direito de discordar como se fosse uma afronta á comunidade. Não foi. A divulgação pública foi um gesto político de baixíssima civilidade. Se o rapaz fez isso por conta própria usando o nome do governo municipal e seus partidários, a coisa se complica para o lado dele, mas ainda pode-se entender como um gesto impensado de um jovem inexperiente. Neste caso, a prefeitura precisa informar que não foi ela quem mandou divulgar tamanha falta de respeito com a democracia. Ninguém é obrigado a votar a favor. O que é preciso são razões para votar a favor e/ou contra quando se está representando o povo e a ele deve satisfações. Da mesma forma é injusta e atenta contra o direito de expressão se alguém é proibido de manifestar sua opinião de forma que ir prestar queixa contra o rapaz  numa delegacia é um gesto  reprovável se aconteceu realmente como foi divulgado nas mídias locais.

Não entendi porque a mídia local se remeteu ao Dr. Geraldo a pedir-lhe explicações que devem ser dadas por quem votou e não pelo chefe político local da oposição. Passar por cima disto é considerar que a Câmara não tem valor de representação porque replica apenas orientações políticas externas sem debruçar-se sobre as implicações reais das propostas apresentadas à este órgão. Isto vale também para os vereadores de situação. A Câmara precisa ter autonomia se quiser ser respeitada, não pode ser vista ou se comportar como mera reprodutora do que pensam as lideranças políticas, estejam ou não no poder. Os vereadores lá estão porque foram votados pelo povo e não porque foram nomeados pelos chefes políticos.   

A única forma de agir com clareza e transparência que acredito que é o que o povo deseja e, também, para dirimir qualquer dúvida e esvaziar a boataria, basta que se publique a proposta que foi apresentada. Publique-se o projeto na íntegra. Simples assim.

ML