segunda-feira, 15 de outubro de 2007

TERÇA POÉTICA



CANTO DOS EMIGRANTES
(Alberto da Cunha Melo)

Com seus pássaros
ou a lembrança de seus pássaros,
com seus filhos
ou a lembrança de seus filhos,
com seu povo
ou a lembrança de seu povo,
todos emigram.

De uma quadra a outra
do tempo,
de uma praia a outra
do Atlântico,
de uma serra a outra
das cordilheiras,
todos emigram.

Para o corpo de Berenice
ou o coração de Wall Street,
para o último templo
ou a primeira dose de tóxico,
para dentro de si
ou para todos, para sempre
todos emigram.

Alberto da Cunha Melo (José Alberto Tavares da Cunha Melo, 1942 - 2007) nascido em Jaboatão, Pernambuco, pertence à Geração 65 de poetas pernambucanos. Como Sociólogo atuou durante onze anos na Fundação Joaquim Nabuco. Jornalista, foi editor do Commercio Cultural do Jornal do Commercio, e da revista Pasárgada. Foi colaborar da coluna Arte pela Arte, do Jornal da Tarde, SP, e mantém a coluna Marco Zero, na revista Continente Multicultural.
Foi Vice-Presidente da União Brasileira de Escritores em Pernambuco, na sua primeira gestão. Por duas vezes Diretor de Assuntos Culturais da FUNDARPE e, recentemente foi um dos indicados para o Prêmio Nacional Jorge Amado (2002).
Sua poesia não se rendeu ao charme das vanguardas e encontrou no metro octossilábico (308 poemas, 4900 versos, em cinco livros já publicados) , o mais raro em Língua Portuguesa, a melhor melodia para o seu canto fraterno, e ”sua lição de dor que se faz beleza e arranca de si forças para construir uma poesia cujo nome secreto é – resistência.” (Alfredo Bosi, no prefácio do livro Yacala).
Em 2001, foi incluído nas antologias: Os cem melhores poetas brasileiros do século XX, Geração Editorial, SP, e 100 anos de poesia. Um panorama do poesia brasileira no século XX.
Em dezembro de 2002, publicou seu 12º título de poesia, Meditação sob os Lajedos.
Fonte:
http://www.revista.agulha.nom.br/acmelo.html

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