terça-feira, 2 de outubro de 2007

QUARTA VIA

A PROPÓSITO DA ELITE.........

Mala tempora currunt

"Leio, fascinado, um artigo de João Mellão na página 2 de O Estado de S.Paulo de hoje. Orgulha-se de pertencer a uma elite, esclarece que elite significa a nata em cada setor da sociedade, nega, não sem veemência, a dicotomia bom povo-elite má, forjada pela obsessão esquerdista. E assim por diante. Quero deixar claro que este post não é resposta, apenas uma oportunidade para meditar. Pensamentos esparsos, sem maiores propósitos de revelar a verdade. Por exemplo. Aceito o pensamento de João Mellão, e reconheço a presença de uma elite do futebol. Na qual milita o ex-presidente do Corinthians, Alberto Dualib.
Não seria elite que manda no seu rincão, graúdo ou miúdo? E este Brasil, grande, notavelmente dotado pela natureza, vocacionado para ser bem sucedido, não deve à sua elite o fato de estar tão mal das pernas? Ou por que entregaram o ouro ao bandido, ou por que eles próprios, os componentes da elite, cuidaram da bandidagem.
Os povos são todos iguais, o que mudam são as circunstâncias. As nossas foram criadas por quem? Pelos predadores iniciais e, ao surgir a oportunidade, pelos predadores nativos.
E o povo, que tem a ver com isso? Os indígenas foram sistematicamente enganados e dizimados. Não eram tão bons de trabalho, e então vieram os africanos, imigrados, digamos assim, debaixo do sibilar do chicote, e os sinais da escravidão ainda estão presentes. Hoje a maioria é mestiça, e este é o povo brasileiro. Que esperar dele? Que faça por conta própria a revolução?A elite nativa sempre apostou na cordura e na resignação do povo. Sergio Buarque de Hollanda chamava-a, ironicamente, de cordialidade. João Mellão, aplicado representante da elite paulistana em outros tempos definida como quatrocentona, rejeita a dicotomia elite-povo. Difícil escapar a ela, impossível mesmo, sobretudo em um país como o Brasil, tão desigual, um dos mais desiguais do mundo, seus rivais são Nigéria, Serra Leoa, e outros do mesmo porte.
Quando da Revolução Francesa, inequivocamente burguesa, incumbiram-se os burgueses de empurrar o povo à Tomada da Bastilha. Os insufladores e organizadores da revolta, pela qual hoje ninguém se queixa, estavam fartos (cansados?) de sofrer as conseqüências da prepotência aristocrática e eclesiástica. Na França dos fins de 1700 os iluministas eram farol nas trevas, mas o país vivia no caos. Falta de autoridade de um lado, miséria e criminalidade do outro. Os nossos burguesotes provincianos estão cansados da miséria e d criminalidade, na qualidade de manifestações populares, e apavorados pela possibilidade de que o povo comece a dar o ar de sua graça. Os burgueses daquela França eram, no mínimo, mais espertos.Alguma mudança está no ar, e é isso que agita a chamada elite à qual Mellão orgulha-se de pertencer. Lula é o primeiro sintoma da mudança. Não estou a analisar o governo atual, de muitos pontos de vista me decepciona, mas o que me parece enxergar transcende a decepção. As vitórias de Lula em 2002 e 2006 me dizem que algo mudou. O povo não se incomoda se o seu candidato está de gravata e terno escuro, formou-se em alguma faculdade e sabe mais de um idioma, e a mídia perde seu tempo na tentativa de propor o tipo perfeito. A mídia, instrumento afiado a serviço da elite, não chega mais.Mala tempora currunt, diria meu pai, Giannino. Para a elite. A qual, além do mais, não sei que características haveria de ter em um país onde apenas 5 por cento da população ganha de 800 reais mensais para cima. Enquanto 0,01 por cento são nababos, andam de helicóptero e Ferrari, moram em castelos, exibem-se o tempo inteiro nas colunas sociais e escondem-se em suas vivendas cercadas por muralhas mais compactas do que as da Roma imperial.O povo não costuma ser bom por natureza. Pelo contrário, a miséria e a indigência são caldo de cultura da ignorância, da violência, da criminalidade. Tais as condições do povo, tão humilhado e espezinhado a ponto de se contentar com o auxilio familiar de escassos reais distribuído pelo governo Lula. Já se definiu a plebe como rude e ignara. De verdade, a definição cabe à perfeição para qualificar a elite brasileira. Quem se orgulha de fazer parte dela, deveria dar-se ao respeito. "

(Blog do Mino, 28.09.2007)
Fonte: http://z001.ig.com.br/ig/61/51/937843/blig/blogdomino/


Os valores da nossa “élite”.

"Em clima de feriadão, elaborei um decálogo para quem queira disputar espaço na “élite” nacional. Porque, convenhamos, elite mesmo é outra coisa, é Noel Rosa, Lupicínio Rodrigues, Eduardo das Neves, Santos Dumont, Bartolomeu de Gusmão, Chico Buarque, Chiquinha Gonzaga, Maísa, Elis Regina, Gilda de Mello e Souza, Tarsila do Amaral, Pagu, só pra começar...

Flávio Aguiar

Eu já escrevi alhures que o Brasil tem uma elite e uma “élite”.Nossa elite é formada por gente como José de Alencar, Machado de Assis, Maria Esther Bueno, Tostão, José Mindlin, Carvalho Pinto, Celso Furtado, Didi, Daiane dos Santos, Maria da Conceição Tavares, Luis Gonzaga Belluzzo, Raymundo Faoro, Antonio Candido, Chico de Oliveira, Abdias do Nascimento, Marilena Chauí, Anita Garibaldi, Sepé Tiaraju, Zumbi, Tiradentes, Maria Quitéria e por aí foi e vai por este Brasil afora e adentro.
Já a nossa “élite”... são aqueles que acham que são a nossa elite. Que detestam abrir a janela e dar com bananeiras ao invés de pinus eliótis. No máximo temos aqueles pinheiros recurvos e tronchos, em forma de taça. Detestam sair à rua e encontrar nosso povo com cara de povo e não uma paisagem de calendário impresso na Suíça.Mas enfim, é a “élite” que temos.
Assim, imaginei alguns mandamentos para quem queria nela entrar.
1. Use frases como: “se este fosse um país minimamente sério...”, “se este fosse um país civilizado...”.
2. Não fale alto, mas esteja convencido de que você deve adorar transporte coletivo – na Europa, é claro. Porque aqui, quanto mais espaço pra carrão importado e menos pra corredor de ônibus, melhor.
3. Despreze tudo o que for nacional. E adore tomar vinho europeu de quinta categoria pagando os tubos na seção de importados.
4. Desenvolva urticária ao ouvir falar em “América Latina”, “Mercosul”, “Evo Morales”, “Hugo Chavez”. “América Latina” é coisa do tempo de “poncho e conga”, lembra? Sonhe com a Alca, acordos unilaterais com os Estados Unidos, e outras coisas assim elevadas. Quem sabe alguns bairros de S. Paulo e mais algumas ruas selecionadas no país poderiam ser admitidos na União Européia?
5. África, então, dá erisipela. Nem pensar. Governo Lula? Cruzes! Tome Engov.
6. Ache o fim do mundo as sacolas dos sacoleiros que vão ao Paraguai. Bom mesmo é saco de supermercado de Miami.
7. Só freqüente restaurante que não sirva caipirinha de pinga. Caipirinha, só caipiroska, mesmo que a vodka seja de oitava categoria.
8. Considere que “corrupção” é coisa de e para pobre. Se for nordestino e tiver a pele escura, melhor ainda. Tem até pesquisa acadêmica corroborando isso...
9. Suspire nostalgicamente pelo tempo em que empregada doméstica só podia pegar o elevador de serviço.
10. Não leia a Carta Maior. Nem o Correio da Cidadania. Nem a Revista do Brasil. Ou a Carta Capital. Ou o Brasil de Fato. Ou qualquer coisa semelhante. Se ler, é para desancar, chamar de chapa branca pra baixo. Imprensa, só a grande. Mesmo que esteja cada vez mais marrom.
E boa sorte. Inclua-nos fora disso, e aproxime-se pra lá. "

(Flávio Aguiar é professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP) e editor da TV Carta Maior.)
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3716
MEC aponta irregularidades em ONGs

"Ministério da Educação exige a devolução de R$ 13 milhões repassados às ONGs.
O Ministério da Educação apontou irregularidades no uso dos recursos destinados as organizações não-governamentais contratadas para o Programa Brasil Alfabetizado, lançado em 2003. Com isso, o MEC exige a devolução de R$ 13 milhões que foram repassados a ONGs (Organizações Não Governamentais) para alfabetização de jovens e adultos.
A decisão foi tomada após a realização de uma auditoria pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) nas 47 instituições. Ao todo, 23 organizações apresentaram algum tipo de problema, que vão desde a utilização indevida dos recursos até desvios de dinheiro.
O ministério bloqueou R$ 3,8 milhões das entidades, que já gastaram cerca de R$ 10 milhões. De acordo com as normas do programa, a ONG recebia os recursos anualmente. Entretanto, algumas delas já haviam gastado grande parte dos recursos. No caso da Alfalit Brasil, por exemplo, dos R$ 6 milhões recebidos, só restou R$ 14 mil no momento em que a conta foi bloqueada.
Ao todo são duas instituições do Rio, cinco de São Paulo, oito da Bahia e outras dos Estados de Amazonas, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, além do Distrito Federal. Ainda existem outras ONG que estão sendo investigadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) , em função do uso irregular dos repasses. Em função dos desvios, o ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou que, no ano que vem não serão realizados convênios com ONGs no Brasil Alfabetizado. Ele ainda ressalta que o programa será executado prioritariamente por professores da rede pública, que receberão o pagamento diretamente em suas contas bancárias - sem intermediários.
O programa gastou no ano passado R$ 207 milhões, valor que subiu para R$ 315 milhões repassados em 2007. O aumento se deve à ampliação do valor médio gasto mensalmente por aluno, que foi de R$ 100,00 para R$ 200,00 e dos tipos de bolsas oferecidas. "

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