domingo, 30 de setembro de 2007

DOMINGO MEMORIOSO

Domingo Memorioso traz, hoje, as lembranças de Joana D’arc Vieira Guedes compartilhadas por ex-alunos da Escola Pingo de Gente. As fotos foram gentilmente cedidas por Joana que as guarda carinhosamente. O texto da matéria também é dela e os depoimentos são de pessoas da comunidade que participaram, direta ou indiretamente, do cotidiano da escola.

CENTRO DE ARTES E RECREAÇÃO PINGO DE GENTE

A razão da fundação desta escola, em Ipaumirim, na década de 80, é que eu Joana D'arc já havia trabalhado em Fortaleza com educação pré-escolar e tinha me identificado muito com esse trabalho. Voltando de Fortaleza para fazer pedagogia na UFPB em Cajazeiras, passei a morar novamente em Ipaumirim , queria muito trabalhar. Já havia participado de congressos na educação pré-escolar e chegando em Ipaumirim os pais tomaram conhecimento e passaram a me incentivar, assim foram chegando pessoas de várias cidades do Brasil inteiro, para assumirem as agências do Banco do Brasil e BEC, daí veio a necessidade de funcionar mais rapidamente uma escola para atender a todos. "Assim nasceu o Pingo de Gente". Iniciou com 68 alunos, logo atingiu 90 e não parou mais de crescer. Esse crescimento fez surgir a necessidade de ampliação. A cada ano a última turma formava a seguinte. Então já funcionando de 1ª à 4ª série tive que fazer um Convênio de Entrosagem com a Escola de 1º Grau D. Francisco de Assis Pires, para poder trabalhar com documentação e expedir transferências.
O Pingo de Gente era a outra casa daquelas crianças, era a diversão, socialização, a escolinha que todos amavam. A aprendizagem; objetivo maior; daquela casa de ensino fazia com que os alunos transferidos não sentissem nenhuma dificuldade em acompanhar os colégios das cidades em que eles chegavam:Fortaleza, Natal, São Paulo etc. Esse era o depoimento dos pais enviados para mim.
As festas eram muito bem organizadas nos mínimos detalhes com teor rigoroso de bom atendimento, era para todos um grande acontecimento. A cidade não tendo muita opção essas festas representavam para os pais um grande encontro de bons e grandes amigos. A escola seguia o método de línguas do CCAA( Fortaleza) onde as crianças aprendiam a ler num prazo de 60 dias, isso era motivo de orgulho para os pais.
Todos os anos os professores eram capacitados, a fim de se habilitarem no trabalho infantil e eu exigia dedicação extremamente rigorosa aquelas crianças. As datas especiais eram comemoradas em grande estilo. O Clube Recreativo de Ipaumirim era palco para muitas peças de teatro vindas de fora, apresentação de palhaços, valsinha do ABC, conclusão da 4ª série. O parquinho infantil era adorado por todos, as atividades eram sempre inovadoras.
Como tudo na vida passa, um dia tive que sair de Ipaumirim. A escola deixou de funcionar causando em mim uma tristeza muito grande e acredito que em toda a família " Pingo de Gente". Hoje guardo boas recordações e carinho de todo esse povo que me apoiou. Sinto-me lisonjeada e orgulhosa quando sei que "aquelas crianças da tia Joana" muitas estão formadas.
Deixo o meu agradecimento por esse espaço que me foi dado para resgatar a importância daquela Unidade de Ensino. Tia Joana hoje psicopedagoga, continua amando todos vocês da mesma forma. Aproveitei para criar a comunidade "Adorava o Pingo de Gente", participem!!! Ficarei grata em manter contato novamente com todos vocês que um dia fizeram parte da minha vida. Termino esse depoimento muito emocionada...
Um grande abraço
Joana D'Árc Vieira Guedes


SER PROFESSOR (A)

É buscar dentro de cada um de nós forças para prosseguir, mesmo com toda pressão, toda tensão, toda falta de tempo... Esse é nosso exercício diário!
Ser professor (a) é se alimentar do conhecimentoe fazer de si mesmo (a) janela aberta para o outro. Ser professor (a) é formar gerações, propiciar o questionamento e abrir as portas do saber. Ser professor (a) é lutar pela transformação... É formar e transformar, através das letras, das artes, dos números... Ser professor (a) é conhecer os limites do outro. E, ainda assim, acreditar que ele seja capaz... Ser professor (a) é também reconhecer que
todos os dias são feitos para aprender... Sempre um pouco mais... Ser professor (a) É saber que o sonho é possível... É sonhar com a sociedade melhor...
Inclusiva... Onde todos possam ter acesso ao saber... Ser professor (a) é também reconhecer que através das letras, das artes, dos números É sonhar com a sociedade melhor... Inclusiva... Onde todos possam ter acesso ao saber...
Ser professor (a) é também reconhecer que somos, acima de tudo, seres humanos, e que temos licença para rir, chorar, esbravejar. Porque assim também ajudamos a pensar e construir o mundo. Todos os dias do ano são seus, professor(a)!
Parabéns!
Fonte: htttp://www.sinpro-abc.org.br/download/bol261.pdf

DEPOIMENTOS

"Bom, eu era muito pequeno quando entrei no Pingo de Gente. Minha mãe Luci conta que eu entrei lá quando tinha dois anos de idade, no 'maternalzinho'. Era tão pequeno que a bermuda parecia uma calça comprida. Pouco tempo depois, meu irmão mais novo também começou a estudar lá com um ano e seis meses. Foi preciso abrir exceção porque o menino era muito novo (!). Mãe precisava ir a Cajazeiras com minha irmã (que também estudava lá) todo dia pela manhã. Como era muito pequeno, lembro vagamente da fardinha, que era azul, e tinha um bolsinho na frente. Também lembro da farda suja de tinta guache, da massinha de modelar. Por um tempo a gente morou vizinho à escola, ou seja, mãe tinha o controle da gente on-line (hehehehe). Meu irmão Otávio era danado, mordia os colegas, comia o lanche dos outros, tia Larrubia que ficava todo tempo no pé pro menino não fazer mais 'arte'... Como era vizinho de casa, ele quase sempre fugia e voltava pra casa, e mãe ia deixar de volta. A gente aqui tem muita foto de desfile de Sete de Setembro, eu vestido de palhaço, com um monte de palhaço ao redor em cima de um escorregador...
Bom, qualquer coisa que eu lembrar depois mando de novo..... "
(Antonio Landim, universitário, Fortaleza. participação especial Luci Landim (mãe).



"Parece-me que quando cruzava aquela porta do Pingo de Gente algo diferente acontecia, mas o que seria isso que me inquietava a ponto de desejar estar sempre na escola, de vestir aquele uniforme inesquecível, de vestir aquela bata para aula de arte, de subir e descer no movimento da gangorra, enfim, cada lugar daquela imensa casa, que na nossa imaginação de criança tornava-se bem maior, oferecendo-nos um mundo de magia e conhecimento, de alegrias e brincadeiras, cuja arte de ser criança manifestava-se na ação diária de adentrar naquele mundo do conhecimento, no qual a cor dava vida aos desenhos e pinturas das paredes das salas, vida ao nosso constante e inquieto talento de criar e de aprender...E dessa forma o Centro de Arte e Recreação Pingo de Gente foi mais que uma escola, foi um mundo onde a imaginação não tinha limites, onde o aprender ultrapassava os muros da escola, onde a diversão nos inspirava a felicidade de sermos crianças que vivenciavam a doce e terna experiência do desenvolvimento do conhecimento. "(Wescley Jorge, Jornalista, Fortaleza)




"Joana D’arc, o prazer é meu, está me comunicando com pessoas tão inteligente inclusive você que sempre admirei sua capacidade como profissional que administrava uma INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL DE UMA QUALIDADE SEM TAMANHO. Adorava ir buscar Luiz Jean, só pra ficar olhando e admirando a ornamentação da escola e saia encantada com tamanha criatividade. Amava ler o slogan: GENTE MIÚDA DE INTELIGÊNCIA SEM TAMANHO. Fiquei deslumbrada com um desfile que você organizou, o ano eu não lembro, mas lembro-me de um pelotão com as crianças todas caracterizadas de soldados com armas feitas de jornais e uma linda faixa com a frase: ADULTOS,USEM NOSSAS ARMAS!" (Vânia Maria, professora, Maranhão)


"Trabalhar no PINGO DE GENTE foi um grande prazer e uma experiência inesquecível. Todos nós, professores e alunos, amávamos aquela escola,era um prazer e uma honra trabalhar em uma instituição com tamanha credibilidade. Éramos uma equipe unida em prol de um só objetivo:encaminhar o caminho certo para os nossos alunos. E tenho certeza de que os princípios por nós ensinados, cada um carrega consigo ate hoje. A todos os ex alunos e professores um grande abraço......." (Gudalupe, professora, Brasília)

" Oi, sou Liliana ex aluna da escolinha Pingo de Gente(a minha 1 escola).Esta escola traz boas lembranças, pois coisas boas a gente nunca esquece.Lembro até hoje das nossas festinhas de São João na Toca do Jia, dos desfiles feitos na rua onde as meninas desfilavam com suas bonecas, enfim de todas as festas organizadas pelas nossas tias. Lembro da tia Joana, tia Larubia, tia Vera, tia Débora ou seja, de todas as professoras que fizeram parte desta grande escola. Meus irmãos estudaram lá também. Um começou a estudar com dois anos e o outro com um ano e alguns meses, pois este entrou cedo porque minha mãe tinha que sair e não tinha com quem deixar, daí colocou para estudar lá. Lembro de alguns amigos que fiz na escolinha: Tattiane, Idalina, Viviane, Hélia, Luiz Jean, Izabelli, Maévia, Michelle( todos da mesma sala) ô tempo bom! Enfim, estudar nesta escola foi muito importante na minha educação sendo para mim a melhor escola que tive na minha vida. Amei estudar neste lugar e conhecer ótimas pessoas." (Liliana Landim Conrado, estudante de Farmácia, Fortaleza)


"O Pingo de Gente foi o começo da caminhada, ardoa, mas gratificante.a michelle, estudou sim lá, ela está casado hoje, está muito felizum grande abraço, tudo de bom!. "(Michel Jorge, estudante de Fisioterapia, Fortaleza)




"Iniciei minha vida estudantil na Escolinha Pingo de Gente, onde fiz o maternal I e II, foi um período muito importante, onde curto olhando minhas fotos. Lembro-me muito bem das tias Branca e Lelê, especialmente da tia Joana D'arc, diretora tratável e amável com os alunos. Adorei essa idéia de resgatar lembranças da cidade. Hoje sou Terapeuta Ocupacional, realizada na profissão que escolhi. Beijos!!!!!!"
(Kacia Rochelle, Fortaleza)



Quem quiser reencontrar colegas, professores, amigos pode entrar na comunidade do orkut Adorava o Pingo de Gente e deixar o seu recado


"Como ninguém, você exerce com maestria essa função. Você professora,
já foi criança e...
ontem você não entendia muitas coisas, hoje precisa se fazer entender,
criar soluções.
No seu dia-a-dia a sua capacidade de amar é colocada à disposição de todos.
Quando você volta para casa, a tarefa ainda não está terminada,
mas a sua consciência está em paz.
Você corre em paralelo com o tempo para não ficar ultrapassado.
Aceita-se todo por dentro para mostrar a seriedade que é exigida
e ainda sorrir para aqueles que precisam de afeto.
Na sua angústia existencial ainda se propõe a ajudar a quem procura.
Você avalia. Que coisa difícil é avaliar.
Aprova , reprova e finalmente recupera.
Pelos caminhos da sua vida você vai encontrando tantas portas.....
umas quase se fecham, quando deveriam se abrir.
Tantas que se abrem, quando deveriam fechar-se.
Portas sombrias, enferrujadas, à espera de alguém ansioso por um toque,
outras escancaradas pela falta de responsabilidade e amor.
E você, passo a passo,
vai contribuindo para cada uma delas.
Você transforma, ilumina, esclarece, compreende e vence o desafio.
É o suave mistério da sua vocação.
Como você é importante!!!"

PARABÉNS JOANA

sábado, 29 de setembro de 2007

BOTE A BOCA NO TROMBONE



Lula quer uma biblioteca em cada município até 2008

O governo quer instalar até 2008 pelo menos uma biblioteca em cada município, a fim de contribuir para a redução da desigualdade cultural e de permitir a todos os brasileiros o acesso ao livro e à leitura, anunciou nessa sexta (28) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante solenidade comemorativa dos 110 anos de fundação da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro. "Tão importante quanto a ajuda da distribuição dos bens materiais é a partilha eqüitativa da riqueza cultural dos povos, para que todos possam se beneficiar das oportunidades de conhecimento e prazer que as obras artísticas propiciam", disse Lula, ao lembrar que em 2003 havia 1.173 municípios sem biblioteca e que hoje esse número caiu para 613. Lula afirmou que a ABL e seu governo têm um objetivo comum – "o de difundir cada vez mais o livro e a literatura no país". Destacou que desde 2004 "isentamos completamente, de tributos federais, a publicação de livros" e que em 2006 "criamo o Plano Nacional do Livro e Leitura, que articula e sistematiza dezenas de ações, projetos e programas de incentivo à leitura em todas as regiões do país". Segundo o presidente, "nosso propósito é implantar uma política de Estado para o livro e a leitura, construída em diálogo com a sociedade que transcenda este ou aquele governo e garanta programas permanentes e ações continuadas de fomento ao setor". Sobre a Academia, Lula disse que é um exemplo "de convívio plural, democrático e tolerante". A entidade é composta de 40 membros efetivos, eleitos em votação secreta, e 20 sócios correspondentes estrangeiros. Ao longo dos seus 110 anos, cerca de 300 nomes expressivos da política, das artes, da ciência, da administração e, em particular, da cultura, fizeram parte dos quadros da ABL, que tem por objetivo o cultivo do idioma e da literatura brasileira.

Fonte: Agência Brasil
'SE TRAGO AS MÃOS DISTANTES DO MEU PEITO
É QUE HÁ DISTÂNCIA ENTRE INTENÇÃO E GESTO"
Quem não lembra deste verso de Fado Tropical, de Chico Buarque e Ruy Guerra?
As editoras estão de parabéns. Venderão como nunca. Política e incentivo para uso das bibliotecas é que ainda não vimos aparecer. Bibliotecas sem acesso a internet é coisa do passado mas o incorreto uso da internet é pior ainda. Se vc não se importar com a biblioteca do seu município, ninguém vai ligar.
Ser cidadão é exigir, compartilhar, cuidar, fiscalizar.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

SÁBADO EM QUEDA LIVRE

Porque hoje é sábado, aproveitei e fui dar uma arrumada no meu PC. Faxina geral. Encontrei um levantamento de famílias do município de Ipaumirim que eu tinha começado há algum tempo atrás a partir da lembrança de várias pessoas. Claro que faltam muitas mas depois de mais de 40 anos que saí de Ipaumirim, embora vá sempre por lá, acho que consegui lembrar um bocado de gente com a colaboração de outras pessoas que já nem lembro quem de tanto tempo que tenho essa lista guardada. Decidi publicá-la porque no cotidiano dessas famílias está a memória do município. Se conseguíssemos escrever pelo menos um pouco sobre cada uma delas teríamos um excelente acervo de informações. Esta não é uma lista definitiva, é uma lista em construção para que todos possam incluir novas famílias, muitas delas que moravam nos sítios e que eu não consigo lembrar. Como saí daí com 11 anos (hoje, tenho 56 - Credo!!! ) , muita gente surgiu no intervalo desses anos. Alguns, eu lembro o nome dos filhos mas não lembro o nome dos pais. Quem sabe, todos juntos, fazemos um listão.
Por enquanto, começo com estes:

01 - Ademar Barbosa
02 - Adolfo Augusto de Oliveira
03 - Afonso Alves (pai de Ilma)
04 - Afrodísio Dias
05 - Alceu Laurentino
06 - Alexandre Gonçalves
07 - Altair
08 - Amaro Farias
09 - Antonio Baraúna
10 - Antonio Dantas
11 - Antonio Gonçalves (pai de Geralda)
12 - Antonio Miguel
13 - Antonio Oliveira
14 - Antonio Ribeiro
15 - Argemiro Vieira
16 - Artur Né
17 - Aurélio Crispim
18 - Balbino Rolim
19 - Batista de Dona Toinha
20 - Bernardina Ribeiro
21 - Bonifácio Vieira
22 - Carretão
23 - Casé
24 - Castro Alves
25 - Cazuza Leandro
26 - Chico Felizardo
27 - Chico Germano
28 - Chico Maria
29 - Chico Olívio
30 - Cícero Bento
31 - Cícero Fernandes
32 - Cícero Lopes
33 - Cícero Maciel
34 - Cícero Victor
35 - Cili Estolano
36 - Cirilo Serra
37 - Cristina Lemos
38 - Dedé Lustosa
39 - Deusdete (marido de Dona Laura)
40 - Diógenes Rolim
41 - Dionísio Olímpio
42 - Doca Moreira
43 - Doca Parnaíba
44 - Doca Romão
45 - Domingos Né
46 - Dona Aurora
47 - Dona Madalena
48 - Dona Odete
49 - Donato Cirspim
59 - Elesbão (dentista)
51 - Epitácio Nóbrega
52 - Ernani Dore
53 - Eugênio
54 - Expedito Dantas
55 - (pais de) Fatinha Crispim
56 - Higino Diniz
57 - Ilná Xavier (mãe de Zé Omar)
58 - Isidro Nery
59 - Jerônimo Jorge
60 - Jesuíno
61 - Jiló (pai de Alaíde)
62 - José Aristides Lisboa
63 - João Alves (pai de Zé Alves)
64 - João Castelar
65 - João Gouveia
66 - João Leandro
67 - João Pereira (Lauredite)
68 - João Ricardo (pai de Osmar Arruda)
69 - João Sobreira
70 - Joaquim Pires
71 - Joaquim Ricarte
72 - Joca Albuquerque
73 - Joceli de Ritinha
74 - Josa de Mirô
75 - Josa de Nair
76 - José Alves de Oliveira
77 - José Batista
78 - José Claudino
79 - José de Melo
80 - José Felinto
81 - José Holanda
82 - José Josué
83 - José Macedo
84 - José Osório
85 - José Raimundo (pai de Expedito Duarte)
86 - José Saraiva
87 - Júlia, mãe de Tutu
88 - Leandro Ferreira (pai de Ana Lúcia)
89 - Lourença e Maria Henrique
90 - Luiz Antonio Gonçalves
91 - Luiz Barbosa
92 - Luiz Ferreira
93 - Luiz Leite da Nóbrega
94 - Luiz Trajano
95 - Manasses de Nilce
96 - Manezão
97 - Mano Ferreira (pai de Raimundo de Mano)
98 - Manu Gonçalves
99 - Manuel Gomes
100 - Manuel Sapateiro
101 - Manuel Vicente (pai de Rosinha)
102 - Maria da Paz
103 -Maria Luna (mãe de Beatriz)
104 - Maria Petronila
105 - Maria Ribeiro
106 - Marileide Albuquerque
107 - Miceno Dias
108 - Miguel Arruda
109 - Maria Serafim, mãde de Mundinha e Francisquinha
110 - Neco Jacinto
111 - Nel Brito
112 - Nenen (pai de Nilda Pessoa)
113 - Nildo Fernandes
114 - Odilon Nery
115 - Otacílio Josué
116 - Pedro Alexandre
117 - Pedro Lacerda
118 - Pedro Osório
119 - Pio Saraiva
120 - Quininha Velozo
121 - Raimundo Machado
122 - Raimundo Melquíades
123 - Raimundo Nazário (pai)
124 - Raimundo Paulo
125 - Raimundo e Francisquinho Severino
126 - Rosária, mãe de Josecy e Josélia
127 - Letícia (mãe de Sandoval Marinheiro)
128 - Sebasto Barbosa
129 - Senhor Damião
130 - Senhor Gonçalves
131 - Senhora Gonçalves (mãe de Zenira)
132 - Seu Sales (Pai de Theodoro)
133 - Severino Dudu
134 - Valdomiro Freitas
135 - Vicência Cassiano
136 - Vicente Alves de Lima (Bidu)
137 - Vicente Benedito
138 Vicente Ferreira (pai de Artista, Zeca, Assis)
139 - Vicente Piquili
140 - Vitorino
141 - Nezinho e Vicentina
142 - Zacarias Pontes
143 - Zé Milton
144 - Zé Neco
145 - Zeca Felizardo
146 - Zezé Dias
147 - Dona Carlota (mãe de Ilca e Luiz Carivaldo)
148 - José Claudino e Terezinha
149 - Dona Maria Moreira (mãe de Dão Moreira)
150 - Maria Ribeiro, mãe de Zefinha
151 - Dona Úrsula, mãe de Seu Osmar, Zé Milton.
152 - Alberto Moura
153 - Zé Fernandes
154 - Julinha
155 - Cesarina
156 - Centor Victor
157 - Wilson Barros
158 - Saint Claire (escrevia assim???) , morava vizinho a casa de Zé Henrique onde hoje é a casa paroquial.
159 - Luiz Leite - morava perto de Seu Donato
160 - Donato Crispim
161 - Dona Joaninha, mãe de Dona Miriam
162 - Antonio Ernesto
163 - Domingos Né
164 - Luiz de França
165 - Luiz Arruda
166 - Dona Naninha
167 - o pai de Tica, Elias e Tiburtino
168 - Seu Cassiano, sogro de Socorro, morava na Rua do Sol
169 - Otílio e Adautiva
170 - Joaquim Henrique
171 - Antonio Correia e Maura
172 - o pai de Elizete e Fátima Santana
173 - Severino Dudu
174 - José Sarmento
175 - Jáder Santana
178 - Vicente Piquilí
179 - Cirilo Alves Sampaio
180 - Maria Vigário
181 - Maria Antonia, mãe de Expedita e Antonio Boneco
182 - Vicente Gomes de Morais
183 - Seu Aristides, pai de Zé, Vicente e Elza
184 - Nogueira, pai de Amazonina
185 - Nogueira
186 - Domário, do bar
187 - Manuel Peliz
188 - Seu Colares
189 - Vicente Benedito
190 - Raimundo Victor
191 - o pai de Edmilson (Jia)
192 - Manuel, pai de Esquerdinha
193 - a família de Xeringa
194 - família Dió
195 - Manuel Gomes
196 - Leonidas que morava vizinho a casa de Ademar
197 - Manuel Duda
198 - Teodoro Alburquerque , foi delegado
199 - Luídio Barbosa
200 - Azarias Barbosa, dono do bar, perto de seu Afonso
201 - Chaga Bindá
202 - a mãe de carmelita que vendia chá
203 - Totó Olímpio
204 - Dona Glória Rodrigues (mãe de João, Raimundo e Adalgisa)
205 - Seu Barrin, marido de dona Hélia, pai de Deca
206 - Velho Custódio, do beco
207 - Pitota, casado com Marieta
208 - João Olímpio (pai de Socorro e Salete Olímpio),
209 - Joaca Rolim
210 - Fernando Rolim-irmão de Balbino Rolim,
211 - Antonio Batista
212 - Manoel Batista Rolim,
213 - Orimidas Rolim
214 - Dilberto Rolim,
215 - Assis Rolim,
216 - Zomeiro
217 - Dionísio Olímpio
218 - Macial Olímpio
219 - O pai de Fátima Teles
220 - Cleonice Alencar (dirigia a Cruzada Infantil, tia de Escolástica)
221 - João Brito e Júlia (irmão de Nel Brito)

(a lista está aumentando e Gerardo, filho de Adolfo, ligou pra mim dizendo que vai enviar mais nomes. Nazareé Sampaio, Flávio Lúcio e Lúcia Dore também enviaram nomes e observações. Preciso explicar que algumas pessoas das quais eu lembrei o nome dos pais, não os incluí na lista imaginando incluí-los na descendência. Posso me atrapalhar porque tem gente que não lembro as relações de parentesco e aí só com o tempo e as observações, vamos melhorando. )

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

SEXTA CRÔNICA


Medo da eternidade

(Clarice Lispector)

Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.
Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.
Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
- Como não acaba? - Parei um instante na rua, perplexa.
- Não acaba nunca, e pronto.
- Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta.
- Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.
- E agora que é que eu faço? - Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.
- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.
- Perder a eternidade? Nunca.
O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.
- Acabou-se o docinho. E agora?
- Agora mastigue para sempre.
Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito.
Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.
Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
- Olha só o que me aconteceu! - Disse eu em fingidos espanto e tristeza. - Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
- Já lhe disse - repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.
Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.

LISPECTOR, Clarice. Medo da eternidade. In: A descoberta do mundo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984. p. 446-8.
Fonte: http://fabiofilosofia.wordpress.com/tag/clarice-lispector/

Clarice Lispector (Tchetchelnik Ucrânia 1925 - Rio de Janeiro RJ 1977) passou a infância em Recife e em 1937 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em direito. Estreou na literatura ainda muito jovem com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que teve calorosa acolhida da crítica e recebeu o Prêmio Graça Aranha. Em 1944, recém-casada com um diplomata, viajou para Nápoles, onde serviu num hospital durante os últimos meses da Segunda Guerra. Depois de uma longa estada na Suíça e Estados Unidos, voltou a morar no Rio de Janeiro. Entre suas obras mais importantes estão as reuniões de contos A Legião Estrangeira (1964) e Laços de Família (1972) e os romances A Paixão Segundo G.H. (1964) e A Hora da Estrela (1977). Clarice Lispector começou a colaborar na imprensa em 1942 e, ao longo de toda a vida, nunca se desvinculou totalmente do jornalismo. Trabalhou na Agência Nacional e nos jornais A Noite e Diário da Noite. Foi colunista do Correio da Manhã e realizou diversas entrevistas para a revista Manchete. A autora também foi cronista do Jornal do Brasil. Produzidos entre 1967 e 1973, esses textos estão reunidos no volume A Descoberta do Mundo. Sobre Clarice, escreve a crítica francesa Hélène Cixous: "Se Kafka fosse mulher. Se Rilke fosse uma brasileira judia nascida na Ucrânia. Se Rimbaud tivesse sido mãe, se tivesse chegado aos cinqüenta. (...). É nessa ambiência que Clarice Lispector escreve. Lá onde respiram as obras mais exigentes, ela avança. Lá, mais à frente, onde o filósofo perde fôlego, ela continua, mais longe ainda, mais longe do que todo o saber".
Fonte:
http://www.revista.agulha.nom.br/cli.html#bio

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

QUINTO PECADO

Hoje, cheguei pra lá de Bagdá. Tive um dia pesado e me deu vontade de quebrar a rotina do blog. Não vou falar de receitas, vou falar de lembranças gastronômicas que evocam pessoas e afetividades. Já comi pão de ló de todo jeito. Em casa, padarias, cafés. Mas nenhum igual ao pão de ló feito por Águida, de Joaquim Henrique. O que fazia a diferença era Águida. Não importa a receita, importa o gosto da lembrança. Assim como as cocadas de Vicentina, o bolo do café de Dona Otília Sobreira, o biscoito da padaria de Doca Moreira, os pirulitos de mel em forma de chupeta e bichinhos, no tempo em que a gente nem sabia o que é vigilância sanitária. O gelinho raspado com xarope, vendido na feira de domingo, dá de dez a zero no sofisticado raspa-raspa vendidos nos shoppings e que tem um nome chic que não lembro agora. Mel de engenho com farinha, alfinin........ No quintal, perto da chaminé do engenho rudimentar, no sítio do meu avô, as mulheres puxavam alfinin, desenhando formas, tranças que descansavam sobre a toalha de mesa alva como o algodão preparado para fiar. Rapadura com lascas de côco. No sítio, era a liberdade. Podia tudo. Ou quase tudo. Era proibido o banho de açude durante a tarde para não gripar nem ter crises de garganta. O pior da crise de garganta não era a febre nem a dor. Era o terror de enfrentar uma penicilina na bunda e aquela colher dourada, de latão, de Seu Ernane Dore. “Abaixa a língua e diz Ahhhhhhhh......”. Essa dói. As inofensivas goiabas do Sítio Velho trazidas por João de Melo, existirá mais doce em algum outro lugar? A casca do queijo de coalho, assada na chapa do fogão de lenha, da casa de João Calixto . O carneiro que Zé Brasil fazia nas férias pra gente comer, lá no São Pedro. Depois todo mundo tomava macela para ajudar na digestão. A famosa sopa que Teresa de Zé Saraiva fazia e íamos tomar no intervalo das festas no Clube recreativo de Ipaumirim. Não lembro de ter comido sanduíche na minha infância. Coca cola era luxo de Fortaleza. Lá em casa, era guaraná - e olhe lá!!! - em dias especiais. E com bolacha Maria. Principalmente se tivesse doente. O torresmo do baião de dois da casa de tia Cristina. O chá da casa de Zenira. O cheiro da mesa no café da manhã, lá no São Pedro, na casa tio Sebastião. Cuscus, tapioca, leite quente. Galinha nas festas de casamento. E os almoços, nos sítios, que eram oferecidos ao Dr. Arruda? E eu lá, junto do deputado, desfrutando tudo. E as festas cívicas nas escolas radiofônicas da Diocese? O pessoal enfileirado e quando Dr. Arruda chegava, todo mundo cantava o hino nacional. E depois das declamações, era a comilança. Galinha gorda - nova e tenra, velha e dura - preferencialmente com farofa e arroz até fartar. Algumas reuniões menos pomposas, já na cidade mais evoluída, vinham pastéis e sonhos encrespados na gordura. Ninguém sabia o que era colesterol. E os bolos, tem coisa melhor no mundo do que bolo? Aqueles simples, sem recheio, sem chantily, sem calda. Só bolo. Xô morangos!!! A gente, nem em revista, conhecia morango. Não lembro de ter comido verduras, legumes ou tubérculos além de tomate, alface, coentro, cebolinha comprados na horta de Dona Júlia, mãe de Tutu, atrás da casa de Dona Uila. Batata, muita batata doce. No bolo, no doce, frita, cozida. Depois, foi chegando cenoura, chuchu e outras modernidades. Até que chegou a pizza, a coxinha, o hambúrguer, o colesterol, os triglicerídeos, o infarto......... tá na hora de parar. Já fiz minha sessão pública de psicanálise. Só os psicólogos agüentam esses extravasamentos. Ninguém merece.Para me redimir da exposição dessas intimidades, vou publicar um poema de um rapaz de Santa Inês, Maranhão. Eu não o conheço mas o poema foi enviado por Vânia Maria. O nome dele é Luís Henrique, filho natural de Santa Inês e Poeta da Terra, desenvolve um lindo trabalho com poesias nas escolas e é considerado um grande Amigo da Escola.

Mulheres, Mulheres...
Mulheres sobem ao poder
e têm o poder de seduzir
Sabem como convencer
Mulheres, Mulheres...
Mães, amigas, professoras, amantes,namoradas...protetoras
Mulheres representam no mundo
uma parcela do que existe de divino
Um homem reconhecerá no seu íntimo
ter um lado feminino
Se fosse possível traduzir
a essência da alma feminina...
Mas para não confundir
Mulher é uma beleza que fascina.
Fonte de inspiração dos poetas
embalando os sonhos meus
Simples, raras, modestas
A melhor criação de Deus
(Luiz Henrique)


Vânia Maria de Sousa Rolim, 48 anos (07/07/l959), casada, filha biológica de Justino Alves de Sousa e de Inês Angélica de Oliveira e filha do coração de Antonio Félix da Silva (TUTU) e de Rita Lucena Cavalcante da Silva (RIDELZA). Nasci no município de Lavras da Mangabeira em um sítio denominado de Cajazeirinha dos Robertos.Sinto-me naturalizada de Ipaumirim, pois foi lá que passei a maior parte de minha vida. Minha primeira professora, Maria de Lourdes Batista (MAURDE). Depois, estudei no Grupo Escolar D. Francisco de Assis Pires. Lá, tive ótimas professoras, dona Olga e dona Salete Vieira e, como substituta das mesmas, Ayla Arruda e Rita de Cássia, filha de seu Bonifácio Vieira. Amava minhas diretoras, dona Mirian Arruda e dona Zenira Gonçalves (Zê). Posteriormente, fui para o XI de Agosto, fiz de quinta a oitava e de primeiro ao quarto ano adicional.Em seguida, fiz vestibular em Cajazeiras, na UFPB, e fui promovida para o primeiro período de Pedagogia em l985. Durante esta trajetória de vida, fiz ótimas amizades e fui sócia fundadora do LEO CLUBE de Ipaumirim, tive como Conselheiro LÉO, Leotácio Néry e Francisco Torres um rapaz que não era de Ipaumirim, mas gerenciava uma loja de eletro-domésticos na cidade.Trabalhei durante nove anos como Tesoureira da Câmara Municipal de Vereadores, tinha um respeito muito grande por todos eles, independente de ser A ou B. Que Deus proteja cada um deles onde quer que estejam: Seu Dino Gonçalves, Seu Sebasto Barbosa, Chiquinho de Lauro, João Jorge, Joel Guedes, Zé Costa, Alberto Moura, Peinha e Zé Allan Sarmento. Deixei minha cidade por falta de serviços para meu esposo, mas sempre que posso viajo de férias no mês de julho e adoro o São João fora de época em Felizardo Vieira.
Um grande abraço carinhoso,
Vânia Maria.

OBRIGADA, Vânia. As portas do blog estão sempre abertas para você e para todos que quiserem participar.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

QUARTA VIA

Lendo esse texto de Mia Couto, de repente, lembro da obra, A África está em nós, do querido amigo e mestre Roberto Benjamin que por outros olhares e outros percursos traça as nossas afinidades. Conheci Mia Couto através do seu texto Os sete sapatos sujos que circula há bastante tempo na internet. Como é um texto muito longo, busquei outro bem menor mas que traz uma reflexão bem próxima da nossa realidade.


Mia Couto in SAVANA
(13.12.2003)

Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro» dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos “ricos”. Aquilo que têm, não detêm. Pior, aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados.
Necessitariam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por os lançar a eles próprios na cadeia. Necessitariam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem.O maior sonho dos nossos novos-ricos é, afinal, muito pequenito: um carro de luxo, umas efêmeras cintilâncias. Mas a luxuosa viatura não pode sonhar muito, sacudida pelos buracos das avenidas. O Mercedes e o BMW não podem fazer inteiro uso dos seus brilhos, ocupados que estão em se esquivar entre chapas muito convexos e estradas muito côncavas. A existência de estradas boas dependeria de outro tipo de riqueza Uma riqueza que servisse a cidade. E a riqueza dos nossos novos-ricos nasceu de um movimento contrário: do empobrecimento da cidade e da sociedade.
As casas de luxo dos nossos falsos ricos são menos para serem habitadas do que para serem vistas. Fizeram-se para os olhos de quem passa. Mas ao exibirem-se, assim, cheias de folhos e chibantices, acabam atraindo alheias cobiças. O fausto das residências chama grades, vedações electrificadas e guardas privados. Mas por mais guardas que tenham à porta, os nossos pobres-ricos não afastam o receio das invejas e dos feitiços que essas invejas convocam.Coitados dos novos ricos. São como a cerveja tirada à pressão. São feitos num instante mas a maior parte é só espuma. O que resta de verdadeiro é mais o copo que o conteúdo. Podiam criar gado ou vegetais. Mas não. Em vez disso, os nossos endinheirados feitos sob pressão criam amantes. Mas as amantes (e/ou os amantes) têm um grave inconveniente: necessitam ser sustentados com dispendiosos mimos. O maior inconveniente é ainda a ausência de garantia do produto. A amante de um pode ser, amanhã, amante de outro. O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído.
Os nossos endinheirados-às-pressas não se sentem bem na sua própria pele. Sonham em ser americanos, sul-africanos. Aspiram ser outros, distantes da sua origem, da sua condição. E lá estão eles imitando os outros, assimilando os tiques dos verdadeiros ricos de lugares verdadeiramente ricos. Mas os nossos candidatos a homens de negócios não são capazes de resolver o mais simples dos dilemas: podem comprar aparências, mas não podem comprar o respeito e o afecto dos outros. Esses outros que os vêem passear-se nos mal-explicados luxos. Esses outros que reconhecem neles uma tradução de uma mentira. A nossa elite endinheirada não é uma elite: é uma falsificação, uma imitação apressada.
A luta de libertação nacional guiou-se por um princípio moral: não se pretendia substituir uma elite exploradora por outra, mesmo sendo de uma outra raça. Não se queria uma simples mudança de turno nos opressores. Estamos hoje no limiar de uma decisão: quem faremos jogar no combate pelo desenvolvimento? Serão estes que nos vão representar nesse relvado chamado “a luta pelo progresso”? Os nossos novos ricos (que nem sabem explicar a proveniência dos seus dinheiros) já se tomam a si mesmos como suplentes, ansiosos pelo seu turno na pilhagem do país.
São nacionais mas só na aparência. Porque estão prontos a serem moleques de outros, estrangeiros. Desde que lhes agitem com suficientes atractivos irão vendendo o pouco que nos resta. Alguns dos nossos endinheirados não se afastam muito dos miúdos que pedem para guardar carros. Os novos candidatos a poderosos pedem para ficar a guardar o país. A comunidade doadora pode ir às compras ou almoçar à vontade que eles ficam a tomar conta da nação. Os nossos ricos dão uma imagem infantil de quem somos. Parecem criancas que entraram numa loja de rebuçados. Derretem-se perante o fascínio de uns bens de ostentação. Servem-se do erário público como se fosse a sua panela pessoal. Envergonha-nos a sua arrogância, a sua falta de cultura, o seu desprezo pelo povo, a sua atitude elitista para com a pobreza. Como eu sonhava que Moçambique tivesse ricos de riqueza verdadeira e de proveniência limpa! Ricos que gostassem do seu povo e defendessem o seu país. Ricos que criassem riqueza. Que criassem emprego e desenvolvessem a economia. Que respeitassem as regras do jogo. Numa palavra, ricos que nos enriquecessem. Os índios norte-americanos que sobreviveram ao massacre da colonização operaram uma espécie de suicídio póstumo: entregaram-se à bebida até dissolverem a dignidade dos seus antepassados. No nosso caso, o dinheiro pode ser essa fatal bebida. Uma parte da nossa elite está pronta para realizar esse suicídio histórico. Que se matem sozinhos. Não nos arrastem a nós e ao país inteiro nesse afundamento.
Fonte: http://www.macua.org/miacouto/index.html

Mia Couto, natural da Beira, Moçambique, onde nasceu em 1955, é o mais traduzido escritor moçambicano e uma referência da literatura contemporânea do país. Com um percurso singular, Mia cursou Medicina, aderiu à FRELIMO, foi diretor da Agência de Informação de Moçambique e, hoje, como diz, é biólogo de dia e escreve à noite.
Descendente de uma família de emigrantes portugueses - o pai, igualmente ex-jornalista, é o responsável pela editora moçambicana Nadjira, António Emílio Leite Couto, Mia, estreou-se na poesia aos 14 anos, publicando os seus poemas no Notícias da Beira. Em 1974, e já em Lourenço Marques, atual Maputo, para onde se mudara para cursar Medicina, opta pelo jornalismo, vindo depois a ocupar cargos de direção na Agência de Informação de Moçambique, na revista Tempo e no jornal Notícias.
Como tantos jovens de origem portuguesa, aproveitou a queda do regime colonial português para se empenhar no futuro do novo país e aderiu à FRELIMO, então um partido marxista-leninista e no poder desde a independência, em 1975.
"No dia da independência de Moçambique eu tinha 19 anos. Alimentava então a expectativa de ver subir num mastro uma bandeira para o meu país. Eu acreditava assim que o sonho de um povo se poderia traduzir numa simples bandeira. Em 1975 eu era jornalista, o mundo era a minha igreja e os homens a minha religião. E tudo era ainda possível", escreveu em 2005, quando o seu país comemorou 30 anos.
Hoje, o seu empenho continua visível, assim como nas freqüentes interrogações que faz sobre o seu país: "No passado, o futuro era melhor?", perguntou-se em 2006. "O nosso passado desde 1975 é um futuro. Uma semente que está dando árvore. Queremos ter direito à sombra dessa árvore", promete.
(...) A carreira literária de Mia Couto começou por cima - o primeiro romance, "Terra Sonâmbula" (1992), é considerado um dos 12 melhores livros africanos de sempre, e desde então a sua obra já foi traduzida em inúmeras línguas.
Mas é em Portugal, onde já vendeu mais de 400 mil livros, que a sua obra tem maior projeção, fato que alimenta críticas corrosivas por parte de alguns jovens autores moçambicanos, que o acusam de escrever ao gosto do mercado português. "Pela primeira vez, um escritor africano branco fez- me ver através de olhos pretos africanos", contrapôs o crítico norte-americano Jess Berrett, a propósito do lançamento da edição inglesa de "O Último Vôo do Flamingo" (2005).
"Escritor da Terra", como tantas vezes o classificam, Mia Couto não foge à associação com a rica tradição literária humanista moçambicana, feita de nomes como José Craveirinha (Premio Pessoa em 1991), Rui Knopfli, Vergílio de Lemos, Rui Nogar ou Luís Bernardo Honwana.
Fonte:
http://www.rtp.pt/index.php?article=278568&visual=16

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

TERÇA POÉTICA

Terça Poética traz, hoje, um poema de um filho de Ipaumirim que mora em Brasília. Obrigada, Ribeiro, pela sua presença no nosso blog, ponto de encontro virtual dos filhos e amigos de Ipaumirim.


Meu Fantástico Grande Amor


Meu fantástico grande amor,
Teu nome, sussurro de brisa que nunca soprou em meus ouvidos;
Teus cabelos, ondas do mar que banha o Saara;
Teus olhos, verdes mares onde nunca naveguei;
Tua boca, lábios de mel produzido por nenhuma abelha;
Teu beijo, o mais ardente que meus lábios deram no vazio;
Tua voz, o mais profundo som do silêncio;
Teu sorriso, enigma de Monalisa;
Teu abraço, o mais forte que já pude dar, no vento;
Tua companhia, a mais perfeita solitude;
Tua imagem, nuvens em céu de brigadeiro;
Tua confissão, rimas de um poema nunca escrito;
Tua história, livro de páginas em branco;
Teu coração, soar de tambor de África nunca tocado;
Teu sexo, explícito quanto o dos anjos;
Teu caminhar, tropel de cavalos alados;
Eu, sempre, eternamente teu;
Tu, eternamente nunca, meu fantástico grande amor.

Ribeiro
Minas - Brasília - 21.02.07

Informações para identificação do autor:

José Ribeiro da Silva, 41 anos (17.10.1966), solteiro, filho de José Vicente da Silva (Zé Grande) e Maria Ribeiro da Silva. Nasci no Sítio Velho, hoje Canaúna, estudei no Grupo Escolar D. Fco. de Assis Pires, do qual tenho muito boas lembranças. Depois, fiz segundo grau e licenciatura em Geografia, em Cajazeiras. Em 1991, fui para Campina Grande, onde estudei Direito. Em 1997, transferi-me para João Pessoa, fiz dois anos de aperfeiçoamento na Escola Superior da Magistratura. Embora sendo inscrito na OAB, preferi continuar funcionário do Banco do Brasil, onde ocupo o cargo de Assessor Pleno de TI.
Socialmente, participei do Leo Clube de Ipaumirim, ocupando vários cargos de diretoria, inclusive a presidência, o que veio a se repetir no Lions Clube de Ipaumirim, ambos de saudosa memória.
Politicamente, continuo votando em minha terra e sou crítico ferrenho da corrosiva alternância da politicagem de interesses pessoais, em detrimento dos interesses do povo, este que, mesmo com maturidade para votar, não dispõe de opção para escolher. A pobreza de lideranças, ressalvadas as raríssimas exceções, atinge a ambos os poderes. Bem, mas esse é um assunto que não vem ao caso.
Um grande abraço, atenciosamente,
José Ribeiro.

(Publicando antecipado, na segunda, porque provavelmente o meu PC vai amanhã passar o dia na manutenção e só chega de noite)

SEGUNDA BEM HUMORADA

Há uma polêmica em torno do texto abaixo. Como autoria na internet é sempre uma coisa complicada, coloco o texto inteiro que capturei de um blog . Não me responsabilizo portanto pela autoria.



Manifesto da Pancinha

Meninas de todo o Brasil, tenho um conselho valioso para dar aqui: se você acabou de conhecer um rapaz, ficou com ele algumas vezes e já está começando a imaginar o dia do seu casamento e o nome dos seus filhos, pare agora e me escute! Na próxima vez que encontrá-lo, tente (disfarçadamente) descobrir como é sua barriga. Se for musculosa, torneada, estilo “tanquinho”, fuja! Comece a correr agora e só pare quando estiver a uma distância segura. É fria, vai por mim.
Homem bom de verdade precisa, obrigatoriamente, ostentar uma barriguinha de chopp. Se não, não presta. Veja bem, não estou falando daqueles gordos suados, que sentam horas na frente da televisão com um balde de frango frito, e que, quando se abaixam, mostram um cofre peludo. Não! Estou me referindo àqueles que, por não colocarem a beleza física acima de tudo (como fazem os malditos metrossexuais), acabaram cultivando uma pancinha adorável. Esses, sim, são pra manter por perto. E eu digo por quê.
Você nunca verá um homem barrigudinho tirando a camisa dentro de uma boate e dançando como um idiota, em cima do balcão. Se fizer isso, é pra fazer graça pra turma - e provavelmente será engraçado, mesmo. Já os “tanquinhos” farão isso esperando que todas as mulheres do recinto caiam de amores - e eu tenho dó das que caem.
Quando sentam em um boteco, numa tarde de calor, adivinha o que os pançudos pedem pra beber? Cerveja! Ou Coca-cola, tudo bem também. Mas você nunca os verá pedindo suco ou coca-light. Ou, pior ainda, um copo com gelo, pra beber a mistura patética de vodka com “clight” que trouxe de casa. E você não será informada sobre quantas calorias tem no seu copo de cerveja, porque eles não sabem e nem se importam com essa informação.
E no quesito comida, os homens com barriguinha também não deixam a desejar. Você nunca irá ouvir um “ah, amor, ‘Quarteirão’ é gostoso, mas você podia provar uma ‘McSalad’ com água de coco”. Nunca! Esses homens entendem que, se eles não estão em forma perfeita o tempo todo, você também não precisa estar.
Mais uma vez, repito: não é pra chegar ao exagero total e mamar leite condensado na lata todo dia! Mas uma gordurinha aqui e ali não matará seu relacionamento. Se ele souber cozinhar, então, bingo! Encontrou a sorte grande, amiga.
Ele vai fazer pra você todas as delícias que sabe, e nunca torcerá o nariz quando você repetir o prato. Pelo contrário, ficará feliz.
Outra coisa fundamental: homens barrigudinhos são confortáveis! Experimente pegar a tábua de passar roupas e deitar em cima dela. Pois essa é a sensação de se deitar no peito de um musculoso besta. Terrível! Gostoso mesmo é se encaixar no ombro de um fofinho, isso que é conforto. E na hora de dormir de conchinha, então? Parece que a barriga se encaixa perfeitamente na nossa lombar, e fica sensacional.
Homens com barriga não são metidos, nem prepotentes, nem donos do mundo. Eles sabem conquistar as mulheres por maneiras que excedem a barreira do físico. E eles aprenderam a conversar, a ser bem humorados, a usar o olhar e o sorriso pra conquistar.
É por isso que eu digo que homens com barriguinha sabem fazer uma mulher feliz.
Bom, pelo menos o meu sabe.

Fonte: Coluna da lili, Blog gravataimerengue:
http://www.gravataimerengue.com/

Diz a colunista:


Olás! Sei que você deve ter recebido esse texto assinado assim, mas ele não é da Danusa Leão, é meu. Eu o publiquei em dezembro do ano passado, no blog que eu tenho coluna toda quinta, e de uns tempos pra cá ele anda circulando na net com assinatura de outras pessoas, até da Danusa Leão. Estou mandando o link da minha publicação original, pode procurar que você não vai achar data anterior a essa. É a babaquice de sempre do plágio na internet, você como blogueira já sabe bem a história.

domingo, 23 de setembro de 2007

DOMINGO MEMORIOSO

Hoje, trazemos um texto de Juarez Macedo. Queria ter uma foto para identificá-lo mas fico devendo. Aos mais jovens, a referência mais próxima: irmão de João Bosco Macedo e Giseldina que sempre visitam a cidade.

ALAGOINHA 42

Eu tinha apenas 12 anos. Aos 13 já me mandei, fui estudar em Cajazeiras e de lá ganhei o mundo para nunca mais votar a morar nesta terra que tanto amei. Ipaumirim não existia ainda nesta época. Veio dois anos depois quando, por empenho do Dr Francisco Vasconcelos de Arruda, se tornou sede do município. Alagoinha- lagoa pequena- Ipaumirim. O nome ficou mais sugestivo e bonito.
Olhando o traçado da cidade, praticamente um retângulo, de memória andei percorrendo as ruas e me vieram à mente as pessoas que a habitavam naquela época. Vou começar pela velha Naninha que foi casada com Pedro Alexandre e que corajosamente foi ao Catete pedir a Getúlio Vargas que resolvesse o litígio pela divisão de suas terras, o reparte que lhe cabia. Sua foto com Getulio saiu no Correio do Ceará.
Outros mais, por ordem de residência.:
Adolfo casado com Maristela, pais de Gerardo e Flávio Lúcio.
Aristides Lisboa, pai de Zé Aristides, Vicente e Maria Lisboa.
Ernane Dore/Neusa, farmacêutico, pai de Gilberto e dono de uma fubica, um Ford ano 1929.
Miceno Alexandre.
Seu Barrin, pai de Helio, Evilásio, Hilton, Deca, Eudes, Stela e Maria Augusta.
Cicero Fernandes/Da. Zefinha, donos da Souza Fernandes, beneficiadora de algodão. Pais de Ester, Eneida, Tarcísio.
Chico Olivio, pai de Onélia, Maria de Souza, Ivone,Olga, Ofélia e Ormezinda (quando dançava com ela sentia um friozinho da espinha)
Joana Doida, que morava debaixo de uma tenda perto da Souza Fernandes e percorria a rua cercada de cães famintos, falando sozinha sem fazer mal a ninguém.
Argemiro Nery, pai de Anchieta e Aldeisio.
Beatriz, professora emérita.
Francisquinha Nunes também professora
Da Zenira, a mais querida da cidade.
Cicero Bento, pai de Zé Henrique e Maria Blandina.
Luiz Leite da Nóbrega, pai de Luiz Nóbrega Filho, Sebastião, Maria Eunice, Maria Luiza e Vilani
Zé Saraiva (Zé do Péu) dono de um automóvel o único a serviço da cidade.
Da. Yáyá, sogra de Cirilo, barbeiro.
Nogueira/Delícia, fotógrafo, fumava cachimbo, cunhado de Menininha, uma boneca que me causava frisson.
Odilon, pai de Edvaldo, Romilda (nasceu na mesma data em que eu nasci), Edmilson e Geraldo.
Ademar Barbosa/Lidinha, pais de Chiquinho e Bosa.
Mario Viana, Áurea e Violeta.
Joaquim Pires, pai de Juvenal e Vicente.
Zé Filinto, pai de Socorro e Nance
Luiz Barbosa/Rocilda, pais de Luiz Barbosa Filho, Luídio, Jader, Jacílio, Laire e Lenira (minha cunhada que foi casada com Evandro)
Pedro Alexandre/Maria Alzira, pais do Pedrão e da Zireta.
Velho Custódio, barbeiro, pai de Lauro.
Tiburtino, barbeiro
Zé Macedo/Soledade, meus amados pais, e pais de Giselda, Evandro, José, Gesilda, Giseldina, Genilda, Toizão, Bosco Macedo
Batista pai de Maria de Lourdes, Zefinha, Maria do Céu, Joana Bosco e Zé
Cicero Vermelho
Da. Piqueli cujo pé de ficus benjamim, amaldiçoado por mim, vindo a secar, serviu para meu pai tirar um galho com que me deu uma surra que dói até hoje, porque cheguei em casa depois das vinte horas. Estava dançando no XI de Agosto.
Manoel Sapateiro, pai de Terezinha.
Sr. Isidro Nery/Da. Cecília. Tinha um caminhão e uma mercearia onde, em cima, funcionava a escola em que estudei e meu professor foi o Zé Henrique.
Maria do Vigário
Vicente Victor, o Centor, filho de Cícero Victor
Vicente Gomes de Morais, de saudosa memória, foi quem ajudou meu pai a educar aqueles filhos todos e o tínhamos como irmão.
O vigário na época era Pe. Manoel Carlos de Morais sediado em Umari.

Foi esta gente que fez de Ipaumirim uma grande familia. Todos se conheciam e se gostavam. Era um povo festeiro. Festa da Padroeira e de São Sebastião movimentava a cidade com quermesses, leilões beneficentes onde se reunia a nata da cidade e os que tinham dinheiro disputavam o maior lance. Havia até um serviço de alto-falante, aos domingos, com músicas e noticias e concurso de calouros. Freqüentes eram os bailes no XI de Agosto onde não perdia um sequer.
Se me fosse dado prestar uma homenagem à figura mais ilustre de Ipaumirim naquela época, ergueria uma estátua ao Dr. Francisco Vasconcelos de Arruda. Ele foi quem deu maioridade à cidade, politicamente, dedicando-se principalmente à educação, saindo daí muitos doutores que dignificaram a cidade.
Hoje, sou um filho distante desta terra querida. Moro em São Paulo onde constitui uma família, muito bonita por sinal, e milito no mercado publicitário.
Ao povo de Ipaumirim meus cumprimentos e minha saudade.


Juarez Macedo
São Paulo, setembro de 2007

sábado, 22 de setembro de 2007

SÁBADO EM QUEDA LIVRE




DEUS E IPAUMIRIM: CULPADOS PELA DEVASTAÇÃO DA TERRA
(Rubens Dário Vieira)

Devastar significa tornar deserto; despovoar; assolar, danificar, arruinar, destruir. Apesar do significado assustador do termo e do alerta de cientistas sinalizar para a destruição do Planeta, nós temos que analisar mais a fundo quem realmente começou e está influenciando nesse processo de violência ambiental.
Se uma casa começa a se deteriorar é por causa de quem nela habita. O Planeta Terra tem moradores que há muito tempo se dissolvem moralmente e propugnam pela violência. Essa multifacetada inimiga sutil e sorrateira vem colaborando sobremaneira para que o “lobo voraz”, representado pelo homem, devaste a Casa-mãe.
A Terra começou a ser devastada desde o primeiro ato de violência que nela se implantou, que na visão bíblica configura-se pela expulsão de Adão e Eva do Paraíso, tornando-se assim os primeiros Sem-Teto e Sem-terra da história. Com esse ato Deus tirou do jardim das delícias as únicas pessoas que poderiam cuidar da Terra. Outros atos divinos violentos como o implacável dilúvio que dizimou toda população terrestre, com exceção da família de Noé e as duplas de animais, e a destruição de Sodoma e Gomorra, caracterizam de forma incisiva a violência como ato providencial para justificar a moral e os bons costumes.
Traçando caminhos para o elucidar e o compreender de tudo, pode-se dizer que a devastação terrestre tem raízes na devassidão humana, o que continua a acontecer até hoje e por isso o Planeta Terra sucumbe lentamente.
Hoje, quando machos – já que não é possível chama-los de homens – espancam suas esposas ou companheiras, a Mãe-terra sofre também o golpe moral. Resta-nos indagar quantos golpes são desferidos sobre ela(s) nos últimos tempos. Só em Ipaumirim essa colaboração imoral para a degradação humana e a destruição da condição de vida no Planeta Terra tem alcançado proporções alarmantes.
Em Ipaumirim, também é comum as crianças e adolescentes serem exploradas ou abusadas em ações como trabalho infanto-juvenil, as práticas sexuais ilícitas ou os espancamentos físicos, que são outros vetores de como a destruição o Planeta passa necessariamente pela implosão dos valores humanos.
Nossa Alagoinha é um poço de violência contra mulheres, idosos, crianças e adolescentes, nesse caso as mais indefesas. Talvez tenha chegado a hora de Deus praticar mais um ato de violência em nome da moralização de seus filhos. Sugiro então que o Todo Poderoso despeje sobre essa lagoa pequena quatro dias e quatro noites de chuvas torrenciais para inundá-la fazendo-a transbordar levando para as profundezas do mar todos aqueles que devastam o Planeta quando matam nos seres humanos o direito de ser gente.
Olha, é só por enquanto. Estou com medo que essa praga pegue e por isso vou logo comprar uma canoa para mim, embora saiba que não cometo violência física contra ninguém, mas, é próprio de Deus atingir também os inocentes, assim como fez com os primogênitos egípcios. Além do mais, não sou nem parente e nem aderente de Noé.
Ah, e caso eu esteja na minha canoa e um desses machos vagabundos que agridem mulheres em Ipaumirim me peça carona, vou logo avisando: Aqui é cada um por si e Deus contra todos, e talvez seja melhor pedir ajuda à Maria da Penha...Fui!!!
MORAL DA HISTÓRIA: A força física é um requisito divino, o resto é conversa de covardes.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

SEXTA CRÔNICA


"Por fora" de Xanás
(Stanislaw Ponte Preta)

Todo dito popular funciona e ficaria o dito pelo não dito se os ditos ditos não funcionassem, dito o que, acrescento que há um dito que não funciona ou, melhor dito, é um dito que funciona em parte uma vez que, no setor da ignorância, o dito falha, talvez para confirmar outro velho dito: o do não-há-regra-sem-exceção. Digo melhor: o dito mal-de-muitos-consolo-é encerra muita verdade, mas falha quando notamos que ignorância é o que não falta pela aí e, no entanto, ninguém gosta de confessar sua ignorância. Logo, pelo menos aí, o dito dito falha.
Tenho experiência pessoal quanto à má-vontade do próximo para com a própria ignorância, má-vontade esta confirmada diversas vezes em poucos minutos, graças a uma historinha vivida ao lado do escritor Álvaro Moreira, num dia em que fomos almoçar juntos, na cidade.
Já não me lembro qual o motivo do almoço. Lembro-me, isto sim, que íamos caminhando, quando Alvinho disse, em voz alta:
— Leônio Xanás.
— O quê? — perguntei, e Alvinho explicou que Leônio Xanás era o nome do pintor que estava pintando seu apartamento. Até me mostrou um cartãozinho, escrito "Leônio Xanás — Pinturas em Geral — Peça Orçamento".
— Hoje acordei com o nome dele na cabeça. A toda hora digo Leônio Xanás — contava o escritor. — Ainda agorinha, ao entrar no lotação, disse alto "Leônio Xanás" e levei um susto, quando o motorista respondeu: "Passa perto". Ele pensou que eu estava perguntando por determinada rua e foi logo dizendo que passa perto, sem, ao menos, saber que rua era.
Foi aí que nos nasceu a vontade de experimentar a sinceridade do próximo e nos nasceu a certeza de que ninguém gosta de confessar-se ignorante mesmo em relação às coisas mais corriqueiras. Entramos numa farmácia para comprar Alka-Seltzer (pretendíamos tomar vinho no almoço) e Alvinho experimentou de novo, perguntando ao farmacêutico:
— Tem Leônio Xanás?
— Estamos em falta — foi a resposta.
Saímos da farmácia e fomos ao prédio onde tem escritório o editor do Alvinho. No elevador, nova experiência. Desta vez quem perguntou fui eu, dirigindo-me ao cabineiro do elevador:
— Em que andar é o consultório do Dr. Leônio Xanás?
— Ele é médico de quê?
— Das vias urinárias — apressou-se a mentir o amigo, ante a minha titubeada.
Então é no sexto andar — garantiu o cara do elevador, sem o menor remorso. E se não tivéssemos saltado no quarto andar por conta própria, teria nos deixado no sexto a procurar um consultório que não existe.
E assim foi a coisa. Ninguém foi capaz de dizer que não conhecia nenhum Leônio Xanás ou que não sabia o que era Leônio Xanás. Nem mesmo a gerente de uma loja de roupas, que — geralmente — são senhoras de comprovada gentileza. Entramos num elegante magazine do centro da cidade para comprar um lenço de seda para presente. Vimos vários todos bacanérrimos, mas — para continuar a pesquisa — indagamos da vendedora:
— Não tem nenhum da marca Leônio Xanás?
A mocinha pediu que esperássemos um momento, foi até lá dentro e voltou com a prestativa senhora gerente. Esta sorriu e quis saber qual era mesmo a marca:
— Leônio Xanás — repeti, com esta impressionante cara-de-pau que Deus me deu.
Madame voltou a sorrir e respondeu: — Tínhamos, sim, senhor. Mas acabou. Estamos esperando nova remessa.
Foi uma pena não ter. Compramos de outra marca qualquer e fomos almoçar. Foi um almoço simpático com o velho amigo. Lembro-me que, na hora do vinho, quando o garçom trouxe a carta, Alvinho deu uma olhadela e disse, em tom resoluto:
— Queremos uma garrafa de Leônio Xanás tinto.
O garçom fez uma mesura: — O senhor vai me perdoar, doutor. Mas eu não aconselho esse vinho.
Devia ser uma questão de safra, daí aconselhar outro: — O Ferreirinha não serve?
Servia.
É irmãos, mal de muitos consolo é, mas ignorante que existe às pampas, ninguém quer ser.

Fonte: http://www.ocaixote.com.br/caixote01/uru_academia_stan.htm

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

QUINTO PECADO

"QUEIJO" DE SOJA (tipo ricota)

Ingredientes:
- 3/4 de xícara (chá) de suco de limao;- sal a gosto (grosso ou fino);- 4 xícaras (chá) de grãos de soja, deixados de molho no dia anterior.
Modo de preparo:
- Bater a soja no liqüidificador - para cada xícara (chá) de grãos de soja utilizar 4 xícaras (chá) de água potável (filtrada);- coar num pano de algodão e, levar ao fogo o "leite" obtido;- quando ferver, diminuir o fogo e acrescentar aos poucos o suco de limão e não mexer mais;- deixar em fogo brando até o coágulo obtido subir à superficie e, formar uma "massa" ligada, firme e rígida;- despejar a massa (coágulo) num pano de algodão sobre uma peneira; - lavar com água fervendo por tres vezes;- acescentar o sal e despejar o coágulo numa forma plástica (própria para queijo), forrada com pano de algodão fino ("pano de queijo");- deixar escorrer por uma noite, prensando; - retirar da forma e armazenar em refrigerador.
Obs.: Não é necessário deixar o "queijo" de soja em água gelada, como normalmente é feito com o tofu. O "queijo" obtido tem a textura semelhante à do queijo tipo ricota.

Salada de Soja

Ingredientes:- 2 xícaras de Soja em Grãos- 3 tomates maduros- 1 pimentão verde- 1 pimentão vermelho- 1 cenoura média ralada- 2 cebolas médias- cheiro verde a gosto- óleo de canola ou azeite, sal e vinagre ou limãoModo de preparo:Deixe a Soja em Grãos de molho em água quente por 2 horas, depois lave-a bem e cozinhe em panela de pressão por 1 hora, retire os grãos já cozidos e deixe esfriar.Pique e misture todos os ingredientes e tempere com óleo ou azeite, sal e vinagre a gosto.
DICA: Use os legumes e verduras de sua preferência para variar esta salada, sempre caprichando no tempero.


Suflê de limão
Oito claras em neve batidas, com cinco colheres de açúcar; enquanto isso, misturar uma colher de creme de confeiteiro com raspas e suco de meio limão, juntar tudo lentamente e colocar para assar por 8 minutos em fôrma de porcelana.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

QUARTA VIA

PASSEIO SOCRÁTICO
Por Frei Beto

Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse.
O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.
É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico.A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais.
Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que, "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens.
Portanto, em si o homem não tem valor para nós. "O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social.
Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.
Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, têm alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém.Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife.Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela...Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela, mas, não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas.Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira. Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maior que a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói."E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja. Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. "Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo. Olham-me intrigados.
Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz".

Fonte: http://blog.controversia.com.br/2007/04/04/passeio-socratico/

TERÇA POÉTICA

Quase
(Mário Sá Carneiro)

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
-Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se lançou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
(Mário Sá Carneiro, escritor e poeta português, 1890-1916)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

SEGUNDA BEM HUMORADA

RELAXEEEEEEEEEEEEEEE..............

A REVANCHE

A filha faz 18 anos e o pai está todo feliz por emitir o último cheque da pensão que é paga à ex-mulher, há 17 anos e 11 meses.Pede para a filha levar o cheque e que ela retorne rapidinho para contar-lhe como ficou a cara da BABACA da mãe dela, ao dizer-lhe que este é o último cheque que ela verá da parte dele.A filha entrega o cheque à mãe, ouve o que ela diz e volta à casa do pai para dar-lhe a resposta.
- Diga filha, diga filha, qual foi a reação da BABACA DA SUA MÃE?
- Ela mandou lhe dizer que você não é o meu pai.

SÓ POR CONSIDERAÇÃO

Dois bêbados conversavam num boteco quando, a certa altura da madrugada, o primeiro propõe:
- Que tal irmos para um puteiro?
- Boa idéia - responde o segundo e ao dar mais um passo em direção ao companheiro, cai e se esborracha no chão. Ao ver o lamentável estado do amigo, conclui que ele jamais terá forças para fazer sexo com uma mulher e decide levá-lo para sua própria casa. Ao bater à porta, são atendidos por uma mulher velha e mal-encarada.
- Que puta mais feia! - comenta o segundo bêbado.
- Essa é a minha mãe - diz o primeiro, sem-graça.
- Aaaahh!!! Então eu vou comer mas só por consideração

REVOLUÇÃO NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Sensação Farmacêutica!
Acaba de chegar de Londres a nova vedete da indústria farmacêutica mundial.
"Uma pílula parte Viagra, parte Dramin e parte Gardenal"
Para o homem comer a mesma mulher todo dia, não enjoar e não enlouquecer.

domingo, 16 de setembro de 2007

DOMINGO MEMORIOSO


Domingo Memorioso publica, hoje, a carta que Luiz Leite da Nóbrega Filho, nascido em Ipaumirim, enviou ao seu pai por ocasião da sua convocação para Segunda Guerra Mundial. Para identificação dos mais jovens, Luiz Leite foi o primeiro médico filho de Ipaumirim. Formado pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1948, dedicou-se à saude pública. Casado com Alaís Lócio, natural de Bodocó - PE, teve quatro filhas: Tereza Cristina, Verônica, Elizabeth e Ana Cristina. Para identificação dos mais jovens, é irmão de Maria Eunice Nóbrega de Morais, a única entre os filhos de Luiz Leite da Nóbrega que ainda reside em Ipaumirim.




Recife, 18 de setembro de 1944.

Papai
Meus afetuosos e desvaraidos sentimentos de pujantes saudades.

Pai: disse alguém que o homem tem consigo mananciais inexauríveis de fortalecimento moral e hercúleo. Estou neste dilema: Transformando de uma maneira exótica o meu eu, que se encontra indiferente às coisas terrenas, e procurando de qualquer forma retemperar o espírito e o corpo, perfeitamente intacto para enfrentar as borrascas e os grandes aluviões.
Meu pai, aqui quem vos fala não é o filho de seu sangue; é mais alguma coisa: É o filho que, num impulso de perplexidade, oferece em holocauto à pátria redimida o seu diminuto ser, transformando-se em Centauro, deixando a gleba adusta e sofredora que é o Ceará, levado pelo destino procurando, destarte, “morrer ou viver” gloriosamente, honrando as tradições de uma raça gigante, imperecível pelo denodo, pela desenvoltura , pelo destemor que é tão peculiar ao nordestino, especialmente ao caboclo rijo de têmpera de aço dos nossos sertões.
Mas, a vida é assim, meu pai.
O meu ser faz indizível questão de tornar público e notório aos homens de minha terra o juramento que fiz diante do sacrossanto pavilhão auriverde do Brasil.
Esta carta deve ser lida e vivida por todos vós, porque aí se vão os meus pensamentos, as minhas glórias de estudante, os meus desvelos e os meus vinte e poucos anos de existência, que na hora presente foram oferecidos ao Brasil, no mais santo dos deveres e sacrifício.
Eis, portanto, as minhas palavras escritas nas ultimas horas em terras brasileiras com os olhos voltados para tão distante rincão, vendo na sucessão dos dias e das noites a minha ausência que se tornará presente um dia, quando talvez sublimado do próprio solo ou das próprias cinzas surja imperecível na memória dos meus ancestrais.
Irei contrito salvaguardar uma honra e uma tradição.
Recebam, portanto, esta missiva com ufania, sem entristecimento, porque o filho que está prestes a partir, para os campos ensangüentados da velha Europa, voltará um dia, formando uma parcela de moços devotados à causa da Liberdade e da Justiça.
Esta carta foi ditada dos recônditos da minha alma, numa madrugada lúgubre, em que os primeiros albôres da alvorada apresentavam um uníssono conserto e harmonia extasiada diante do homem que conhece a sua situação privilegiada de ir combater nas refregas insaciáveis de sangue e ódio.
E outras madrugadas surgirão mais nítidas e menos lúgubres, nos destinos dos verdadeiros heróis de uma nacionalidade que partiram glorificados pelos homens e pelo solo que os viu nascer. E neste dilema parto eu, indiferente ao mundo e às coisas, num esforço sobrenatural, oferecendo minha dádiva de heroísmo aqueles que tombarão em defesa da pátria.
Beijos nos manos.
A mamãe um afetuoso beijo do filho.
Um cordial abraço do filho que pede a benção.
(a) Luiz Leite da Nóbrega Filho, cabo expedicionário – 14. R.I
Socorro – Pernambuco.

sábado, 15 de setembro de 2007

SÁBADO EM QUEDA LIVRE









AGUARDANDO CONTRIBUIÇÕES DO PESSOAL PARA ANIMAR O BLOG



sexta-feira, 14 de setembro de 2007

SEXTA CRÔNICA


O padeiro

(Rubem Braga)



Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:
- Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a idéia de gritar aquilo?
"Então você não é ninguém?"
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não senhora, é o padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém...
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; "não é ninguém, é o padeiro!"
E assobiava pelas escadas.

Texto extraído do livro: Para gostar de ler, Vol I -Crônicas . Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. 12ª Edição. Editora Ática . São Paulo.1989. p.63 - 64.
fONTE: http://www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/cronicas/rubembraga.htm

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

QUINTO PECADO

Receita fácil para quem não entende de cozinha

Torta de batata doce com carne de sol

Ingredientes:01 kg de batata doce cozida
01 caixa de creme de leite
06 colheres de sopa de manteiga
04 ovos
50 gramas de queijo ralado
500 gramas de carne de sol0
2 cebolas fatiadas
200 gramas de queijo mussarela fatiado
Sal e pimenta
Modo de preparo:Misture a batata doce cozida e amassada com o creme de leite, os ovos, o queijo ralado equatro colheres de manteiga. Misture tudo muito bem. Divida em duas partes iguais. Reserve.Aqueça o restante da manteiga e frite a carne de sol, cortada em cubinhos. Acrescentando ao final as cebolas. Num refratário, coloque metade do purê de batata doce e sobre ele a carne de sol. Cubra com o restante do purê e coloque por cima o queijo mussarela. Leve ao forno por uns 35 minutos (microondas 15 minutos). Não esqueça de temperar tudo muito bem, durante o seu processo de confecção, com sal e pimenta a gosto.


Sugestões de sucos.

Bom de tomar e fácil de fazer.

Para comemorar a chegada da primavera, a Bella Gula Fast Bistrô, em São Paulo, combinou frutas e ervas aromáticas em sucos para serem servidos de 21 setembro a 21 de dezembro.Opções como Laranja com Manjericão, e Limão com Hortelã e Melancia estão na lista visando os benefícios à saúde. A Laranja com Manjericão, por exemplo, contribui para o fortalecimento das defesas naturais do corpo por ser rica em vitamina C. Seu sumo é de fácil digestão, ajuda a combater resfriados, gripes, febres e possui efeito anti-hemorrágico. Já o Limão com Hortelã purifica o sangue, auxilia no metabolismo e atua de modo positivo em todos os órgãos do corpo. Entre outras, cura doenças do aparelho respiratório, baço, tosse, bronquites, gases e infecções hepáticas. É tônico e sudorífico, contém grande quantidade de vitamina C e vitamina A na polpa fresca e sumo. Melancia com Canela tem propriedades diuréticas e auxilia no funcionamento dos rins.

Benefícios dos sucos.

Melhora o sistema cardiovascular, inclusive no controle da hipertensão, quando ajuda na desintoxicação do sangue.
Aumenta a disposição e a hidratação, suavizando a pele e dando mais brilho aos cabelos.
Ajuda na melhoria da qualidade do sono, da memória e da lucidez.
Ativa o sistema imunológico, portanto previne o câncer e aumenta a resistência a gripes e resfriados.
Aumenta o volume e o trânsito intestinal, prevenindo problemas de constipação.

Fonte: http://www.gastroonline.com.br/

QUARTA VIA

A Urgência e o Infinito
(Boaventura de Souza Santos)

Parece ser do senso comum que se não atuarmos a curto prazo talvez não haja longo prazo. A angústia que este sentimento provoca aumenta quando verificamos que este senso comum não parece partilhado pelas instituições políticas que nos governam.
Boaventura de Sousa Santos
Todos os dias nos chegam notícias perturbadoras: o aquecimento global e a catástrofe ecológica cada vez mais iminente; a conspícua preparação de uma nova guerra nuclear; os milhões de pessoas que morrem anualmente de doenças que com um pequeno investimento mundial podiam ser erradicadas, como, por exemplo, a malária, a tuberculose e a SIDA; a manipulação da preocupação com um bem essencial à nossa sobrevivência, a água, para a privatizar e a transformar em mais uma fonte de lucro, tornando-a inacessível aos mais pobres; a bárbara destruição da vida no Médio Oriente e em Darfur em nome da democracia, do petróleo e da religião.Quando os nossos afazeres e prazeres diários não nos conseguem distrair destas notícias somos assolados por dois sentimentos contraditórios: um sentimento de urgência e um sentimento de mudança civilizacional. O primeiro sentimento impele-nos a pensar que algo tem de ser feito a curto prazo, pois de outro modo será provavelmente tarde demais. Parece ser do senso comum que se não atuarmos a curto prazo talvez não haja longo prazo. A angústia que este sentimento nos provoca aumenta quando verificamos que este senso comum não parece partilhado pelas instituições políticas que nos governam. As instituições nacionais não se sentem responsáveis por nada do que se passa além-fronteiras e os problemas globais com impacto nacional (como as mudanças climáticas), sendo da responsabilidade de todos, não são afinal da responsabilidade de nenhum país em particular. Por sua vez, as instituições internacionais reforçam-nos, no seu melhor, o nosso senso comum, mas o discurso da urgência é neutralizado pela prática da impotência já que, afinal, são reféns das instituições políticas nacionais.O segundo sentimento advém-nos da suspeita de que as notícias perturbadoras irão se acumular cada vez mais enquanto prevalecer esta civilização tão criativa quanto destrutiva, dominada pela idéia de que só tem valor o que tem preço, capaz de acumular riquezas fabulosas nas mãos de poucos e transformar, com indiferença repugnante, uma boa parte da humanidade em população descartável, uma civilização tão predadora do homem e da natureza quanto sedutora pelo modo como penetra na nossa pele e nos prende a uma compulsão ideológica do consumo, quer possamos ou não consumir.Aqui o nosso senso comum diz-nos que só a longo prazo será possível modificar as coisas, tarefa de muitas gerações, centrada na educação para a paz e para a solidariedade, para a cidadania e para a racionalidade ambiental. E a angústia advém-nos de que neste caso estamos ainda mais desprovidos de instituições já que estas, sendo produto desta civilização, em nada nos podem ajudar a construir outra.Perante estes sentimentos contraditórios de urgência e de mudança civilizacional, de curto prazo e de longo prazo, estamos mais sós do que nunca. E se ninguém pode pensar ou agir por nós, porque não começarmos a pensar com mais autonomia e a agir coletivamente com mais inovação e ousadia? Por mais contraditório que pareça, será em nós que tanto as ações urgentes como as mudanças civilizacionais começarão. Ou então não começarão nunca.

Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3693
(acesso em 11.09.2007)