sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Em 2011...

De amor e paz




CANTE...

Quem anda atrás de amor e paz
Não anda bem
Porque na vida, quem quer paz
Amor não tem
Seja o que for, sou mais o amor
Com paz ou sem
Sei que é demais querer-se paz
E amor também

Já que se tem que sofrer
Seja dor só de amor
Já que se tem de chorar
Seja mais por amor
Vou sempre amar
Não vou levar a vida em vão
Nem hei de ver, envelhecer meu coração
Eu hei de ter ao invés de paz inquietação
Houvesse paz, não haveria esta canção

Já que se tem que sofrer
Seja dor só de amor
Já que se tem que morrer
Seja mais por amor
Vou sempre amar
Não vou levar a vida toda em vão
Nem hei de ver, envelhecer meu coração
Eu hei de ter ao invés de paz inquietação
Houvesse paz, não haveria esta canção

Em 2011 quero me sentir assim

Ano novo, vida nova (Contardo Calligaris)



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Voto para o ano novo: que encontremos jeitos de desejar sem transformar nosso desejo em obrigação
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UMA LEITORA, que me autoriza a citar seu e-mail, mas prefere que seu nome não seja mencionado, pergunta: "Gostaria de saber sua opinião sobre parceiros que simplesmente somem, desaparecem mesmo, sem deixar rastro. Cancelam telefones, e-mail, conta no Skype e somem, sem se despedir, sem nem mesmo um MSN. E não falo de um relacionamento de alguns dias, mas de anos. Oito para ser mais precisa. Nem falo de um adolescente, mas de um homem de 57 anos.

Ele foi trabalhar no Oriente Médio, num alto cargo, a empresa fechou e ele desapareceu. Não morreu, não foi sequestrado por terroristas. (...) O que leva alguém a agir assim? Obrigações econômicas não estão em jogo".

A cada ano, mundo afora, há centenas de milhares de pessoas que somem e nunca mais dão notícias a familiares e amigos.

Quando se trata de adultos sem obrigações jurídicas (dívidas ou pensões alimentícias, por exemplo), a polícia descobre, eventualmente, o novo paradeiro ou a nova identidade de quem sumiu, mas só o próprio desaparecido pode autorizá-la comunicar estas informações aos parentes e amigos de sua vida, digamos assim, "anterior".

No passado, nesta página, se me lembro direito, já assinalei o fato de que, estranhamente, em geral, quem some não vai longe: acaba numa cidade parecida com a que ele abandonou, a poucos quilômetros de distância. Também, na maioria dos casos, o desaparecido reconstrói uma vida próxima da vida da qual ele fugiu -encontra um ofício parecido com o que ele praticava e cria uma família similar à que deixou.

Essa "constância" nos surpreende porque imaginamos que, em regra, alguém suma por querer uma vida nova. Por alguma razão, o caminho gradativo, que consistiria em se despedir, fazer as malas, fechar as contas etc., pareceria impraticável ou insuficiente aos olhos de nosso fugitivo: talvez ele tenha esperado demais e sua paciência excessiva (para com os outros ou para consigo mesmo) exija, de repente, uma explosão, um corte sem conversa alguma. De qualquer forma, supomos (ingenuamente) que, se alguém decidiu sumir, foi para mudar radicalmente.

De fato, como disse antes, os desaparecidos acabam reconstruindo uma vida parecida com a anterior ao seu sumiço, e isso nos leva à conclusão oposta: talvez quem some não queira mudar de vida -então, ele some por quê?

Conheci pouquíssimos que sumiram, mas conheço muitos que expressam a vontade de sumir. Todos explicam sua vontade da mesma forma: trata-se de fugir de exigências impossíveis de serem satisfeitas. Mas, cuidado: "Eles me pedem demais" é a tradução projetiva de "eu me peço demais". Quem foge das exigências do mundo está quase sempre fugindo das exigências que seu próprio desejo lhe coloca.
Vamos agora ao que acontece com quem decide sumir apenas para alguém -um familiar (se não a família inteira) ou um parceiro.

Às vezes, é justificada a sensação de que, sem um sumiço, uma relação se eternizaria pela simples dificuldade de qualquer um dos dois reconhecer que acabou. Onde está a covardia, e onde a coragem? Não sei. Talvez haja covardia em não conseguir declarar que um amor terminou, assim como talvez haja covardia na incapacidade de escutar essa declaração. Há a covardia de quem some e também de quem sobra, quando ambos parecem precisar do sumiço de um dos dois para aceitar que a história chegou ao fim.

Há covardia também em fingir que a relação continua, quando ela já morreu. Alguém, aliás, pode sumir para fugir de sua própria covardia, que o mantém calado, ou para fugir da covardia do outro, que não quer ouvir uma frase de despedida.

Seja como for, muitas vezes, alguém acaba uma relação e some porque o que era (e talvez ainda seja) seu desejo se transformou numa exigência intolerável.

Funciona assim: um dos jeitos de nos autorizarmos a querer o que desejamos consiste em transformar nosso desejo numa obrigação. Desejar é mais fácil (embora menos alegre) quando imaginamos desejar a mando de algum outro. O problema é que esse desejo, facilitado por ser mandatário, logo aparece como uma exigência da qual, eventualmente, vamos querer fugir.

Meu voto para o Ano Novo: que nos preocupemos menos em mudar nossas vidas e encontremos jeitos de conseguir desejar o que já desejamos sem transformar nosso desejo em obrigação.


Fonte: http://contardocalligaris.blogspot.com/2010/12/ano-novo-vida-nova.html

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010


Manual de sobrevivência



Guia do macho abandonado - Parte 1


Você é homem, tem entre 15 e 35 anos e, por algum motivo, ficará sozinho em casa por um período superior a um dia? Não se desespere. MENTIRA, SE DESESPERE SIM! GAAAAAAHHHH! /o\
Ok, passado o desespero inicial, vamos a alguns pontos que terão de ser analisados, com a finalidade de sobreviver por este período obscuro. Nesta primeira etapa, vamos fazer uma lista de checagem dos elementos essenciais para a manutenção da vida:

1 - Verifique se há comida - Esta é sua maior preocupação no momento. Provavelmente há na sua casa um armário, e há coisas dentro do armário. Essas coisas geralmente são comestíveis. Verifique se há Miojo, enquanto houver Miojo, há vida.
2 - Verifique se há roupa limpa - Outra medida importante, principalmente se você precisar sair na rua. Se estiver de férias, pule esta etapa.
3 - Verifique os que dependem de você - A lista inclui gatos, cachorros, periquitos, cágados ou qualquer outro animal. Infelizmente, ficar sozinho em casa implica na perda destes queridos companheiros. O lado positivo é que, dependendo do porte do animal, você garantirá alguns dias de comida sem precisar sair de casa (portanto sem precisar lavar roupa).
4 - Verifique se há louça limpa - Fator fundamental. A louça suja não deve ser tocada, sob hipótese alguma. No entanto, como você está sozinho, o conceito de "sujo" muda. Algo só é sujo se estiver coberto por molho de tomate/gordura/fungos. Mas essa regra não se aplica à panela do Miojo, que deve estar sempre limpa (limpa = sem macarrão dentro).
5 - Verifique itens de higiene pessoal - De todos, este é o elemento menos importante. Como você está sozinho em casa, todas as leis de higiene pessoal estão revogadas, e você pode ir dormir sem tomar banho, sem escovar os dentes, pode deixar a tampa do vaso levantada e passar 3 dias com a mesma cueca marrom, que deverá ter o mesmo destino da louça suja: A fogueira no quintal.

Fonte: http://www.desaforo.com/

Pensando em 2011


Carta de Intenções
(Fabrício Carpinejar)

"Que eu possa abrir minha casa como uma garrafa de vinho. Que eu possa sair de casa como uma garrafa de champanhe.

Que eu possa respeitar opiniões diferentes da minha. Que eu não tente convencer ninguém a pedir desculpas. Que eu possa me desculpar antes do ódio. Que eu possa descobrir a altura dos postes com pipas. Que eu possa pescar conhecidos nos viadutos. Que eu possa escrever cartas de amor de repente. Que eu possa viajar para adorar a distância. Que eu possa voltar para dizer o que não tive coragem. Que eu possa conversar com estranhos para matar a estranheza.

Que eu possa comprar fiado minha própria fé. Que eu amarre os sapatos dos filhos como se fosse um terço. Que eu possa gemer diante de uma torta de nozes. Que eu pense em meu amor ao atravessar a rua. Que eu pense na rua ao atravessar o amor. Que eu possa engolir o vento em cada esquina.

Que eu possa ouvir as cigarras de noite. Que eu possa diferenciar as árvores. Que eu erre um caminho para descobrir novas paisagens.

Que meu carro tenha cheiro de bala de goma. Que eu ajude sem questionar. Que eu dê conselhos sem condenar. Que eu não exija demais dos outros. Que eu exija demais de mim. Que eu possa dançar com os pés nos ouvidos. Que eu possa aprender a tocar violino. Que eu possa aprender a dizer sim.

Que eu possa tomar banho de cachoeira. Que eu possa madrugar para esquentar a água do chimarrão. Que eu não acorde com o telefone tocando. Que eu não faça piadas de mau gosto. Que eu seja a vontade de rir.

Que eu prepare pratos exóticos para aumentar a fome. Que eu não dedure os amigos para passar bem. Que eu pendure bonecos no varal. Que eu faça sinal para o trem parar. Que eu bata no tapete com a vassoura. Que eu assobie para chamar a alegria.
Que eu possa chorar ao assistir filmes. Que aproveite a luz do corpo para ler de noite. Que eu possa embaralhar o sal com o açúcar. Que não faça fofoca fora do bar. Que eu não seduza para confundir. Que eu seduza para iluminar. Que eu mande flores para meu próprio endereço. Que eu estenda a toalha da mesa como se fosse um lençol. Que eu não sacrifique a confiança pela covardia. Que eu possa cuidar da minha cidade como um irmão caçula. Que eu use a voz como campainha.

Que eu possa repor os pássaros em seus ninhos. Que eu encontre uma loja para consertar chapéus. Que eu encontre uma loja para consertar cabeças. Que eu não mude de ideologia para conseguir um emprego. Que eu não precise gritar dentro de casa. Que os cachorros tenham faixa de segurança. Que minha mulher me responda os beijos com arrepios.

Que eu possa devolver os livros que tomei emprestado. Que eu não peça a devolução dos livros que emprestei. Que eu tenha dúvidas, melhor do que certezas e falir com elas. Que a sorte não seja o cartão furado da loteria. Que eu possa barbear o medo. Que meus amigos deixem de comprar o jornal pelos classificados. Que a única corrente que use seja a do balanço para embalar meu filho.

Que a poesia não fique na estante mais escondida das livrarias. Que eu ligue mais para meus irmãos para falar menos dos outros. Que eu escute minha mãe falar de seus problemas até o fim. Que minha mulher possa entender o que nem preciso falar. Que eu conte meu dia na hora do jantar. Que eu cumprimente meu vizinho sem temer a resposta. Que eu possa dar as roupas que não uso. Que eu possa ler revistas antigas em consultórios. Que a cor da pele não seja maior do que a cor do céu.

Que os gays possam se beijar fora da novela. Que minha letra saiba montar no cavalo das linhas. Que eu ande de bicicleta para me demorar na cidade. Que eu cuide das plantas da mão alisando a chuva. Que eu não fique cobrando para me aliviar do trabalho. Que eu aprenda a guardar segredos sem jurar por Deus.

Que eu tenha menos vaidade. Que eu tenha mais realidade. Que eu invente mentiras convincentes para chegar às verdades.

Que eu não pense na morte antes de dormir. Que eu volte a rezar sem querer. Que eu possa nadar na neblina. Que eu não tenha receio de ser ridículo. Que eu faça amizades falando do tempo. Que eu pare de fumar. Que os ex-fumantes parem com os sermões.

Que eu escreva nos livros o que os livros me escrevem. Que eu possa brincar mais sem contar as horas. Que eu possa amar mais sem contar as horas. Que eu possa puxar os cabelos do vento. Que eu use somente as palavras que tenham sentido. Que eu prove a comida nas panelas. Que eu aceite os conselhos da loucura. Que transforme a raiva em vontade de me entender.

Que o trânsito não seja sauna. Que eu passe a xingar o pai do juiz no estádio. Que meu time não me engane na última hora. Que eu possa assistir shows com meus filhos na garupa. Que eu atinja o segundo andar das ameixeiras. Que eu abra o capô apenas do piano. Que eu não precise fechar as janelas na sinaleira. Que eu visite mais minha sogra. Que o domingo não termine com o futebol. Que o musgo cresça onde há paredes. Que as heras cresçam onde há muros. Que as escadas cresçam onde há joelhos.
Que eu possa caminhar a esmo na respiração. Que eu durma fazendo sexo. Que eu me levante de bom humor. Que eu possa soltar os vaga-lumes que prendi em potes. Que o governo seja competente para ser esquecido. Que eu faça aniversário de criança nos meus 37 anos.

Que o verão seja se afogar em dunas. Que eu não pergunte a uma mulher sua idade ou se está grávida. Que eu me lembre do nome de colegas da infância. Que eu me lembre dos finais dos filmes.

Que eu lembre do início dos olhos.

Que eu me lembre de ser feliz enquanto ainda estou vivo."

Fonte: http://mundodejucacau.blogspot.com

CRIATIVIDADE

Acredite se quiser

PUBLICIDADE DE SUTIÃ NO JAPÃO

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010


Manoel Duda (do arquivo de José Gilmar)

Li seu texto sobre o poeta Manoel Duda e gostaria de relatar um caso interessante ocorrido em Ipaumirim, que me foi contado há muitos anos, pelo Dr. Strauss, (de saudosa memória), e que segundo ele, aconteceu na década de 1960 na calçada de um Bar, vizinho da loja de tecidos do Sr.Vicente Gomes.

Eis o caso.

No auge da ditadura militar, tinha chegado em Ipaumirim um tenente bastante rigoroso e que todo final de domingo (dia de feira na cidade), prendia todos os bêbados que encontrasse pelo caminho.
Chegando o tenente na calçada desse bar, encontrou o senhor Manoel Duda totalmente embriagado e dormindo. Acionando os seus soldados, solicitou o recolhimento do mesmo para a cadeia local, sendo interrompido de imediato pelo senhor Vicente Gomes que presenciava a cena e pediu que não o levasse, pois, tratava-se de um grande POETA, e que logo que curasse a bebedeira iria tranquilamente para casa.

O tal tenente não satisfeito com o argumento do senhor Vicente, propos que se o senhor Manoel Duda fizesse um IMPROVISO e se ele gostasse, não o prenderia.

Eis que Manoel Duda, a essa altura da conversa já acordado, saiu-se com essa:

EU GOSTARIA DE VER
MAIS UM GALÃO NO OMBRO DESSE TENENTE. (aí, dizia Strauss, o tenente ficou todo satisfeito, mais uma graduação). continua..
MAS O GALÃO QUE EU FALO É UM POUCO DIFERENTE,
É UM PAU COM DUAS LATAS
UMA ATRAS, OUTRA NA FRENTE.

Quer saber o resultado dessa história? o tenente falou:É "teje preso", pode levar, soldados.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Alô José Gilmar

Não chegou no meu e-mail o material que vc ennviou sobre Manoel Duda. Vc pode enviar em qualquer destes e-mails:
luiza_ipaumirim@yahoo.com.br ou luizanobrega_ufpe@yahoo.com.br
Aguardando, obrigada.
ML

AVISO


Passando para avisar que o meu pc outra vez apresentou o mesmo defeito e retornou ao técnico. Espero que volte até o fim da semana.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Som do domingo: música africana (República de Camarões)

Domingo memorioso: o poeta Manoel Duda


Algumas vezes, ouvi falar em Manoel Duda mas apenas Flávio Lúcio e Zé Pereira falaram mais demoradamente. Flávio em conversa e Zé em um dos seus livros. Com o lançamento do livro Sonhos de um poeta, de José Teles, de Lavras da Mangabeira, encontrei informações mais precisas e alguns poemas que, aqui, vou publicando aos poucos. ML


"Dados de Manoel Duda


Manoel Mendes Ferreira, conhecido por Manoel Duda, nasceu na cidade de Belo Jardim no Estado de Pernambuco.

Quando criança e na adolescência, ajudava ao pai que exercia a profissão de ferreiro na cidade de Belo Jardim.

Na década de 20, Manoel perdeu seu pai que morreu prematuramente. Sua mãe ficou desorientada e saiu peregrinando de mundo afora, de cidade em cidade, de sítio em sítio, com duas malas carregadas por um jumento, se arranchando debaixo de árvores onde encontrava uma sombra.

Em 1933, chegaram na terra prometida, Alagoinha, hoje Ipaumirim CE,. Ao chegarem nos arredores da cidade, na época era chamada estrada da Pedra de São Sebastião, onde hoje é o Grupo Escolar Dom Francisco de Assis Pires, havia tres casinhas de taipa, Manoel e sua mãe conseguiram uma das casas e passaram ali a morar. De um lado, morava um feiticeiro d, do outro, morava um homem que batia num zabumba e cantava músicas diversas, músicas de xangô, de terreiros ou candomblé, interrompendo assim o sono de Manoel Duda e sua genitora.

Em Ipaumirim, o mercado de trabalho era escasso, Manoel inventou de atuar na profissão de ferreiro e deu certo, pois o mesmo não estava conseguindo dar conta das encomendas. Na arte de ferreiro, ele fabricava o martelo, enxadeco, enxó, batia picareta, xibanca, alavanca e, aos poucos, ia ganhando o suficiente para manter a casa.

Um certo dia apareceram dois homens da cidade de Cajazeiras, conhecidos por Zé Martins e Antonio Martins, que eram proprietários de armazéns de ferragens, divulgando seu comércio e mercadorias. A partir daí, Manoel Duda começou a cair comercialmente e terminou fechando sua oficina pois o seu serviço era grosseiro e o povo passou a preferir comprar ferragens nas bancas da feira, aos domingos, em Ipaumirim, dos proprietários Zé e Antonio Martins da cidade de Cajazeiras.

A partir daquele momento, Manoel começou a pensar, desistiu de ser ferreiro, arranjou uma viola e passou a cantar desafio.

Em 1940, sua mãe faleceu e, com a perda de sua genitora, ele passou a beber sem limite tornando-se um ébrio. Saiu de Ipaumirim aproximadamente em 1941 e veio trabalhar no Sítio São Domingos, de propriedade do Coronel Raimundo Augusto Lima, a 14 km de Lavras da Mangabeira. No trabalho, fazia tudo que o coronel determinava que fosse feito, mas o que ele gostava mesmo era de limpar cana no brejo.

No Sítio São Domingos, conheceu e fez amizade com o sr. José Cândido, casado com uma senhora que tinha um apelido de Dona Peixa. O casal tinha seis filhos conhecidos como: Eliza, Do Carmo, Nair, Maria, Vicência e José Cândido, este último conhecido por Zé Cândido Novo.

Com o tempo, Manoel Duda se engraçou de Vicência e pediu a mesma em casamento ao sr. José Cândido, e meses depois Manoel se casou.

Manoel sabia ler muito pouco, sua letra era muito ruim. Mas com o intuito de melhorar sua vida, aproveitava o horário do almoço, passava na casa grande do coronel e enquanto suas filhas repousavam em suas férias, Manoel Duda pegava os livros das mesmas e fazia leituras e anotações.

Em 1943, Manoel combinou com sua esposa Vicência, para voltarem a cidade de Ipaumirim e lá novamente foi tentar a vida montando sua oficina de ferragem. Trabalhando sol a sol, o pouco que ganhava só dava para o básico.

Anos depois, resolveumorar no Sítio Barra, de propriedade de Dona Laurentina e do senhor Antonio Gonçalves, localizado na zona rural de Ipaumirim extremando com o município de Lavras da Mangabeira. Fixou residencia no sítio Barra pelo resto de sua vida, trabalhando na arte de fazer ferragem.

Devido a proximidade do Sítio Barra com o Sítio Carnaúba, pois dista apenas 2 quilômetros, onde me criei e conheci o meu grande e inesquecível amigo Manoel Duda.

José Teles possuia uma bodega. Todos os dias, Manoel Duda passava na bodega para conversar e compor poemas com José Teles. Foram desses momentos que nasceu umsa grande e sincera amizade. Em alguns momentos, Manoel Duda bebia excessivamente sem condições de ir para casa mas o amigo José Teles o levava até sua residência.

Enfim, enquanto viveu o poeta Manoel Duda durou a convivência e amizade com o poeta José Teles da Silva.

Com o objetivo de homenagear o grande amigo, José teles transcreve no seu livro, alguns dos poemas de Manoel Mendes ferreira (Manoel Duda), de saudosa memória. Na descrição do poema, acompanha o fato pelo qual o poema foi escrito."


Texto extraido da obra:
SILVA, José Teles. Sonhos de um poeta. Fortaleza. Expressão Gráfica Editora. 2010. pp 209-211.

Se você conhecer algum poema de Manoel Duda ou tiver alguma informação sobre ele, pode enviar para o e-mail luiza_ipaumirim@yahoo.com.br que publicaremos no blog indicando o crédito de quem envia.

Poesia de Manoel Duda


AZULÃO



Ia passando uma nuvem de azulão

O mais valente que tinha eu segurei

E depois de matado eu pelei

Esétei e assei em meu fogão

E depois que virou tudo em carvão

Embolsei com a fração de São Silvestre

Resolvie sair deste Nordeste

Passar uns dias por fora disto aqui

Mas quando eu passei no Piauí

Eu botei o feitiço até na peste


*

Quando Azulão se despedir de Antonio Procópio

Se despeça também de seus vizinhos

E quando for olhar para os caminhos

É obrigado a usar um microscópio

Em Fortaleza você bota um telescópio

Mas só enxerga pra cá é escuridão

Quando estiveres em cima do balcão

Palestrando com o velho João Siqueira

Você tem que dizer nem que não queira

Lá na Barra tem um poeta que é o cão!



(Este poema foi feito por ocasião de um desafio que eu, José Teles, promovi entre Azulão e Manoel Duda quando o mesmo fazia referência a capacidade de Manoel Duda. O Azulão não deu crédito ao que dizia e pediu para Manoel Duda mostrar no repente a sua capacidade pois ele, Azulão, sim, era conhecido no Nordeste inteiro como poeta de renome. Após a feitura do poema de improviso, Azulão admirou-se dizendo: "realmente Manoel você é um grande poeta.")

Este texto foi extraído do livro de José Teles da Silva, Sonhos de um poeta. Fortaleza. Expressão Gráfica Editora. 2010. p. 217.

Alow mulheres! De olho neles!



Sinais que ele é ruim de cama... então meninas fiquem ligadas nas dicas aí em baixo pra não serem pegas de surpresa na hora H.

1 . É burro.
Geralmente um homem burro é insensível, pois os dois traços estão intimamente ligados. Não estou falando daquela sensibilidade do cara que chora e que se emociona por qualquer coisinha, mas sim da sensibilidade de “sentir”. Como o sexo é algo extremamente sensorial, sentir é fundamental.

2. Come pouco.
Homem que é bom de garfo, é bom de cama. Aquele que come como um passarinho, ou é cheio de frescura para comer é ruim de cama. Não estou falando que não tenha boas maneiras e nem saiba agarrar os talheres, mas que tenha no mínimo “ fome de comer”.

3. Não gosta de falar de sexo.
Não estou dizendo daquele tarado pornográfico que fica falando vou fazer isso e aquilo com você. Este é ruim de cama. Falo daquele que não tem tabus, acha o sexo saudável e, principalmente, tem argumentos consistentes do bem que o sexo faz para se levar uma vida saudável.

4. Não sabe dançar.
Aquele que é durinho para dançar, que não sabe te conduzir, te envolver... è ruim de cama. Sexo é ritmo, exige flexibilidade corporal.cAlgumas chegam a dizer que, se acertar dançando com um homem; com certeza se acertará na cama.

5. Não tem desenvoltura.
Fala e se movimenta sem nenhuma paixão. O homem que não põe emoção nas palavras, ou que fala sempre no mesmo tom e nem gesticula enquanto fala é ruim de cama.O bom de cama, vive intensamente suas palavras, e você sabe, intensidade é importante no sexo.


6. Tem o olhar inexpressivo.
Sabe aquele homem que olha uma planta e uma mulher com a mesma expressão ? Este é ruim de cama. O bom de cama, quando vê uma mulher, seu olhar muda. Você pode ver desejo no seu olhar. Não estou falando dos insolentes ou agressivos; estes também são ruins de cama. Falo daqueles que te desejam, mas não te constrangem.

7. É agressivo.
Geralmente o homem agressivo, é um homem que não sabe se controlar. E você sabe, homem que não sabe se controlar em ocasiões sócias, imagina se vai saber se controlar na hora do sexo. Resultado : Ejaculador precoce. Sempre !


8. Não é perceptivo.
Homem que tem dificuldade de perceber o que está se passando com Você ou com os outros, é ruim de cama. O bom de cama tem um atributo indispensável para o sexo : A empatia. Isto é, a capacidade de se colocar no lugar de outro. E um homem que consegue se colocar no seu lugar, só vai fazer aquilo que você mais quer que façam com você.

9. Se acha.
Homem que se acha, é ruim de cama. Veja que não estou falando de saber o seu real valor quanto a inteligência, generosidade, caráter; traços subjetivos de um homem. Estou falando daquele que acha que é o mais lindo, gostoso e charmoso homem do mundo. Este vai achar que está concedendo um privilégio transar com você e, homem assim, pensa só no seu próprio prazer; jamais pensará no seu. Pois acredita que o seu prazer, é estar com ele.




Depois não diga que eu não avisei!

Prefeituras recebem repasses de novembro

Através da Portaria n° 994/2010, de 21 de dezembro, João Marcos Ananias, respondendo pela Secretaria da Fazenda (Sefaz), assinou o documento que divulgou os valores repassados aos municípios cearenses pelo Governo do Estado, referente ao mês de novembro de 2010.


Os recursos tratam do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) - exportação, recebidos e transferidos e foram divulgados no Diário Oficial do Estado de 24 de dezembro último.


ICÓ E REGIÃO - Iguatu lidera o recebimento de recursos, com o acumulado, nos três repasses, de R$ 740.406,91. Logo após, aparece o município de Jaguaribe, com R$ 269.551,25, e o Icó, recebendo R$ 232.799,44.

Considerando uma pequena análise, Jaguaribe vem se confirmando como segunda força econômica da região, antes ocupada pelo Icó, e que Iguatu está disparado em recursos recebidos, no tocante ao ICMS, do IPVA e do IPI - exportação. Este trio de impostos, que retornam ao município, dão uma ideia da força econômica local.


(clique na imagem para ampliar)

Fonte: Icó é noticia

sábado, 25 de dezembro de 2010

Haja merengue!

Som do além-mar: música angolana



(Música de Fernando Quental - músico angolano)

Até em papai noel?


Papai noel se declara inocente


Para refletir


"Olhe para o relógio! Hora de acordar! É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, intriga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo, onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas dessa tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora, por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormentam e provocam inquietude no nosso coração. Isso...pode ser paixão, entusiasmo, mas nunca felicidade."

[Mário Quintana]

Fonte: http://mundodejucacau.blogspot.com/2010_06_01_archive.html

Conferência íntima, por Samarone Lima


Me impressiona um pouco quando me convidam para esses avanços da Internet, o compartilhamento de fotos, de labirintos e pandemônios, e vejo que algumas pessoas têm 456 amigos numa tacada só, ou num arquivo, ou num sistema.

Eu ficaria paralisado, sem saber a quem recorrer, no caso de uma aflição, um cansaço, uma deselegância, esses chauvinismos dos dias desafortunados. Olho, louvo a disposição para tanta gente, mas fico lembrando da época em que eu recebia cartas, direcionadas apenas para mim, com o selo pregado, o papel, o carimbo dos Correios etc. As cartas tinham rosto. Era a caligrafia da pessoa, a força de suas mãos. Tenho caixas dessas cartas comigo.

Lembro também de telefonemas do tipo “não estou bem, preciso conversar ainda hoje contigo”, e tudo se providenciava para o encontro, porque o “ainda hoje”, dito por um amigo, é o maior dos mandamentos.

É que sou de uma civilização do papel, dos amigos de carne e osso e de uma dose importante de conversa fiada. O que tem me preocupado mais nesse meu mundo, não é que eu tenha muitos ou poucos amigos. O alarmante mesmo é que estou vendo menos os amigos que ganhei da vida. Há uma certa dispersão de minha parte, que se acomoda gentilmente com minhas viagens, projetos, escritos. Era preciso que a gente tivesse menos obrigações, menos pensamentos lá adiante. Eu queria viver com menos, deixar todo o supérfluo de lado.

Ultimamente, as promessas de cafés se avolumam, os “precisamos nos encontrar” se renovam, e às vezes me lembro do “olá como vai” do Paulinho da Viola, embora o meu sinal esteja aberto para tantas coisas lindas. Outro dia, desmarquei um almoço com um velho amigo e depois pensei que era ridículo não peitar as demandas, fazer da agenda somente um objeto quadrado e relegado, dizendo “espera aí, compadre, que nos vemos daqui a pouco, isso é o mais importante para hoje”.

Há pouco, fui olhar uma coletânea de textos lindos, de pessoas queridas, que me chegaram pelo e-mail ao longo dos últimos anos. Me deu uma saudade, mas atravessoume o sentimento da distância reparável, uma constatação sem dor da dispersão natural. Aconteceu. Algumas pessoas de que gosto muito eu raramente encontro, apesar de queridíssimas, de saber da importância. Outro dia, o velho e bom Lourival Holanda disse que eu era avaro de mim mesmo, e fiquei a pensar sem nostalgia nisso, à beira do Parque 13 de Maio.

Talvez eu esteja somente distraído, introspectivo, nesse dia chuvoso no Recife. Muitas vezes acontece isso. Estou tão distraído, que não vejo o melhor. Talvez nós humanos sejamos um pouco assim, distraídos e dados ao efêmero.

Então escrevo, buscando talvez alguma espécie de redenção.

Fonte: http://donttouchmymoleskine.com/page/3/

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ao compadre Alceu Laurentino


Por Cairo Arruda
(membro da ACI)

Através do Portal-Ipaumirim, fiquei sabendo da homenagem que foi prestada à figura muito popular e conhecida da sociedade ipaumirinense, o meu saudoso compadre e amigo Alceu Laurentino de Melo, musicista de vocação e que muito fez em favor do progresso musicalista e artístico da antiga Alagoinha, denominando com o seu merecido nome a Banda de Música Municipal.
Essa justa deferência deixou-me feliz, pois fez justiça a uma pessoa humilde, exemplo de vendedor ambulante e chefe de família, que, infelizmente, não mais convive conosco, tendo falecido prematura mas dignamente.
Embora, só agora dela tenha tomado conhecimento, essa homenagem deixa-me, repito, deveras contente, não só pelo merecimento do homenageado (dadas as suas qualidades pessoais e profissionais), mas também, porque sempre o admirei, pela sua capacidade de trabalho, honestidade, espírito de luta; trabalhando diuturna e corajosamente para sustentar a sua família numerosa, e fazendo os seus deslocamentos, para visitar a sua clientela, nas mais das vezes, a pé, enfrentando o sol ardente, conduzindo a sua já surrada bolsa, contendo mercadorias do tipo: relógios, anéis, alianças, etc, vendendo no crediário, sendo, às vezes, caloteado por alguns fregueses desumanos.
Sempre considerei o meu compadre Alceu um herói sofredor, condição esta, compensada pelo grande amor e dedicação à vida musical, que lhe dava ânimo para continuar batalhando pelo bem-estar da sua prole, e ao mesmo tempo, propiciando alegria aos ipaumirinenses, com seus acordes musicais.
Tocando o seu instrumento musical, ele se enlevava e ficava extasiado, exibindo ares de prazer, à frente da Banda de Música Municipal, instalada, salvo engano, na primeira gestão administrativa do ex-Prefeito Ademar Barbosa (de saudosa memória). Além de figurante, foi também um dos seus dinâmicos maestros.


E-mail: cairomiri@yahoo.com.br

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ipaumirim: lançada a campanha salarial dos servidores municipais para 2011

Em 17/12/2010, em importante assembléia no Município de Ipaumirim (pequena lagoa em linguagem indígena), Estado do Ceará, foi lançada a campanha salarial dos servidores municipais para o ano de 2011. Depois houve importante debate sobre os direitos violados dos servidores municipais e lançamento do livro-monografia: VIOLAÇÃO AOS DIREITOS SOCIAIS DOS SERVIDORES MUNICIPAIS, de Valdecy Alves, recentemente lançado em Brasília e em Fortaleza.

Terezinha - Presidente do Sindicato dos Servidores de Ipaumirim

Quanto ao lançamento da campanha salarial, terão prioridade Planos de Carreiras para todos os servidores do Município. Atualmente só os professores têm plano de carreira, mesmo assim em desacordo com a lei do piso e as diretrizes do MEC.

Ipaumirim - Assembléia

Assembléia atenta e participativa. Não apenas discutindo seus direitos violados, mas como fazer cessar as violações. Que estratégias adotar para implementação e respeito aos seus direitos.

Momento de debate - Lançamento da campanha salarial

Em Ipaumirim, acontecem as seguintes violações, entre as piores e mais traumáticas: TENTATIVA DO MUNICÍPIO DE FECHAR O SINDICATO TIRANDO O DESCONTO DO FILIADO DA FOLHA DE PAGAMENTO, NÃO ESTÁ PAGANDO INSALUBRIDADE AOS SERVIDORES DA SAÚDE, NÃO PAGA A DIÁRIA AOS MOTORISTAS QUE SE DESLOCAM COM DOENTES PARA OUTROS MUNICÍPIOS, PAGAM ATÉ O CONSERTO DOS VEÍCULOS, NÃO PAGA ADICIONAL NOTURNO....

Joselba fala da luta dos servidores e do livro

Em Ipaumirim, persegue-se até mesmo a Câmara Municipal, pelo simples fato dos vereadores agirem com autonomia. Mas um dos encaminhamentos foi a abertura de uma CPI contra o prefeito, cujo requerimento será elaborado pela assessoria do Sindicato. O prefeito pode até ser afastado do seu cargo. E OLHA QUE O PREFEITO ELEITO ERA DE OPOSIÇÃO! Eleito para mudar a realidade social e política, que só têm piorado. Sem falar que alguns dos seus secretários atuais eram liderança sindicais, que uma vez no poder, agem exatamente de forma contrária a que sempre defenderam. MAS NEM COMO TÁ, NEM COMO ERA ANTES! Todos são unânimes em tal pensamento.

Debate

O autor da monografia debate sobre o teor do livro, as violações e estratégias de luta para mudar tal realidade. Deixando claro que a Constituição está sendo rasgada no Município de Ipaumirim. Onde a vontade de quem governa é colocada acima da vontade da lei.

Debate

Triste de um Município, onde o direito previsto na própria Constituição é transformado em utopia. Ainda está, historicamente, no Século XIX. Só que o servidor saiu consciente de que há ferramentas jurídicas para fazer valer seu direito, bem como potentes ferramentas para luta social: COMO A GREVE! Até porque em 2010, os professores de Ipaumirim fizeram mais de 30 dias de greve.

Debate

Depois da assembléia, houve um debate por cerca de 01 hora na Rádio Local, com grande audiência. Toda a população está atenta e foi informada das violações e dos encaminhamentos da categoria, que deixou claro a possibilidade de começar 2011 com greve geral.


Fonte:
http://www.valdecyalves.blogspot.com/

Fim de ano é assim



Coisas demais pra fazer, secretária de férias, ministrando um curso na especialização, corrigindo trabalhos, lutando para deixar janeiro em paz e com tempo para ir a IP assistir a Festa de São Sebastião, computador no conserto. Agenda de fevereiro lotada desde já. Tô falando de rotina, nada extraordinário, coisas de fim de ano.

Coração apertado, aquela sensação de juízo final. Propósitos requentados para 2011.

O ano 2010 voou. Só isso. A sensação é que dormi em janeiro e acordei em dezembro.

Como todo mundo, recebi coisas boas e tive contrariedades. Sorri, brinquei, briguei, xinguei, chorei. Paguei academia e quase não fui por lá. Aí, me deu remorso pelo dinheiro gasto mas eu detesto tanto fazer academia que saio de lá mais esgotada por fazer o que não gosto do que pelos exercícios. Conheci gente nova, músicas novas, assisti alguns concertos, vi algumas peças de teatro, li bem menos do que gostaria, fiz crochet, descobri sites interessantissimos, cultivei afetos e abortei os desafetos. Dei com os burros n'água algumas vezes. Convivi com meus limites e me perdoei por não ser onipotente. Tentei ser calma às custas das minhas tensões musculares que me fizeram perder noites de sono e aturar algumas sessões de fisioterapia. Furei fila, comprei dvd pirata, engordei, jurei que ia abandonar o pão nosso de cada dia e não consegui. Postei no blog, algumas vezes sem tempo e outras tantas (confesso) com alguma preguiça. Não fiz tudo o que queria mas fiz tudo o que podia. Atravesso o ano sem culpas, sem mágoas e com bastante vontade de acertar a megasena. Tem alguém mais comum do que eu? É assim que eu gosto de ser e de viver. Nada de grandes espetáculos, nasci para o cotidiano, para os bastidores, pra essa vidinha desafiadora que acontece todo dia e que me ensinou como pode ser rica e surpreendente quando a gente para um pouco para olhar em volta.

ML

Feliz Natal e próspero 2011



POEMA DO NATAL
(Carlos Pena Filho)
...
Sino, claro sino,
tocas para quem?
- Para o Deus-menino
que de longe vem.
...
- Pois se o encontrares
traze-o ao meu amor.
- E que lhe ofereces,
velho pecador?
...
Minha fé cansada,
meu vinho, meu pão,
meu silêncio limpo,
minha solidão.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Cajazeiras comovida com o falecimento de Dr. Epitácio Leite Rolim


Faleceu, hoje, em João Pessoa, o ex-prefeito de Cajazeiras Epitácio Leite Rolim.

Epitácio nasceu em Cajazeiras no dia 27 de abril de 1929, era médico e político.

Filho do casal José Leite Rolim e Tertulina Bandeira Rolim, foi criado em Cajazeiras e é da tradicional família Rolim.

Graduou-se em Medicina, no ano de 1957, pela Universidade da Bahia (atual Universidade Federal da Bahia), tendo realizado a Residência Médica em Salvador, sendo especialista em Ortopedia, Traumatologia e Reumatologia.

Casou-se com a ex-deputada Maria do Rosário Gadelha Sarmento Leite (Zarinha), nascendo dois filhos: Epitácio Leite Rolim Filho e Patrícia.

Como político, ocupou os seguintes cargos:

Prefeito de Cajazeiras, por três mandatos;

Vice-Prefeito da referida cidade por vários mandatos;

Deputado Estadual por duas legislaturas;

Prefeito de Cachoeira dos Índios, Paraíba, por um mandato;

Secretário de Estado no Governo João Agripino, ocupando a pasta da saúde;

Superintendente do 9º Núcleo Regional de Saúde por vários anos.

Fonte: ClickPb
http://www.setecandeeiroscaja.blogspot.com/

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Da série: eu e minhas fantasias




Fonte:http://donttouchmymoleskine.com/

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Tom Zé é demais

Atenção: Festa do Municipio

Fotos da Festa do Município e de toda a Semana vc encontra no WWW.NoisDivulga.Net

domingo, 12 de dezembro de 2010

Nota de falecimento


Morre mais uma filha de Ipaumirim, Maria, filha de Chico Coutinho, do Sitio Marco, na manhã de hoje, deixando dois filhos, Nova de Ildo e Nel/piladeira.
(Nota enviada por Mailson de Maracanau)

IP 57 anos! Um dia, quem sabe, você aprende que "a melhor obra é cuidar das pessoas."


Washington, 5 de outubro de 1953, segunda-feira

Fernando,

Não tenho feito muitos amigos (salvo uma enfermeira da maternidade que gostou de mim e depois de quase oito meses de Paulinho nascido vem me visitar na folga — hoje toma chá comigo), e não tenho influenciado nenhuma pessoa. Tomo menos milk-shake e levo uma vida diária vazia e agitada. Passo o tempo todo pensando — não raciocinando, não meditando — mas pensando, pensando sem parar. E aprendendo, não sei o que, mas aprendendo. E com a alma mais sossegada (não estou totalmente certa). Sempre quis “jogar alto”, mas parece que estou aprendendo que o jogo alto está numa vida diária pequena, em que uma pessoa se arrisca muito mais profundamente, com ameaças maiores. Com tudo isso, parece que estou perdendo um sentimento de grandeza que não veio nunca de livros nem de influência de pessoas, uma coisa muito minha e que desde pequena deu a tudo, aos meus olhos, uma verdade que não vejo mais com tanta frequência. Disso tudo, restam nervos muito sensíveis e uma predisposição séria para ficar calada. Mas aceito tanto agora. Nem sempre pacificamente, mas a atitude é de aceitar.

Clarice Lispector, em Correspondências
Fonte: http://donttouchmymoleskine.com/

Nota de falecimento

Faleceu, ontem, em Ipaumirim, Geraldo Leandro, conhecido como Gê, irmão de Ana Lúcia, da Escola Mickey. Foi uma morte inesperada provavelmente ocasionada por infarto. Nossos sentimentos e nossas orações à familia na travessia deste momento determinado pelos designios de Deus e por imposição da própria vida e dos seus limites.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Gostei da foto

Presidente Lula na comunidade de Lagoa Seca - PB
30 de outubro de 2003.
Foto: Ricardo Stuckert/ PR

Álbum da semana: Família Baraúna

Caetana, Milica
e filhos Ivanilde e Vitorino Filho


Severina, José Alves e o caminhão de Pedro Ribeiro


Família Baraúna: batismo de um familiar


Famílias Francisco Baraúna e Pedro Custódio

Luiz Baraúna, esposa Eurídice e filhos
Santarém 1970

Antonio Baraúna, Ninita e Caetana

Chico Baraúna, esposa Caetana e irmã Maria

Família Baraúna - Goiania

Fotos enviadas por José Eudon Leite de Lira, de Goiania

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Raloin em IP

Halloween de Ipaumirim 2010 from Rede Balada on Vimeo.

Ip em temporada de festa

Portal Ipaumirim.Net
Foto: Felipe Lucena

Através do programa "Caminhos da Escola" do Governo Federal a cidade de Ipaumirim recebeu nesta terça-feira 07/12, mais um ônibus escolar, dessa vez com capacidade para transportar 44 alunos.
O transporte também é adaptado para portadores de necessidades físicas e acompanha cinto de segurança como determina a atual legislação
.

Portal Ipaumirim.Net
Foto: Pedro Júnior

A Prefeitura Municipal de Ipaumirim junto à Secretaria Municipal de Saúde colocou hoje, 9/12/2010, na Praça São Sebastião, uma tenda com enfermeiro, técnico de enfermagem, técnico de saúde bucal e agente de endemia para atender a população e tirar dúvidas.
Quem passou pela tenda pôde aferir a pressão, realizar testes de glicemia que são utilizados como prevenção à diabetes, tirou dúvidas sobre a higiene bucal e também conheceu insetos e as doenças que eles transmitem.


Numa noite de muita música e descontração, a sociedade ipaumirinense teve a honra de prestigiar mais uma apresentação da Banda de Música Municipal Alceu Laurentino. A apresentação aconteceu nesta terça-feira, 07/12, e marcou o encerramento das festividades alusivas à padroeira de Ipaumirim, Nossa Senhora da Conceição, e também faz parte de uma série de eventos relacionados aos 57 anos de nossa cidade.
A Banda Municipal Alceu Laurentino de Melo fez recentemente uma excelente apresentação no concurso de bandas marciais realizado na cidade de Uiraúna - PB quando recebeu o primeiro lugar no quesito uniforme e 3º lugar na apresentação musical.

Vale ressaltar que Uirauna é conhecida na região por sua tradição musical com suas reconhecidas bandas e orquestras famosas.

Parabéns ao Maestro Auricélio e aos jovens integrantes da banda.

O nome da Banda "Alceu Laurentino de Melo" é mais do que merecido. Alceu marcou a memória musical de Ipaumirim, como músico e como maestro.

Há muitos anos integrou uma excelente banda de música que Ipaumirim já teve. Regida pelo Maestro Rivaldo, participaram dela Alceu, Zé Henrique, Luiz Carivaldo, Chico de Alberto, Xeringa, Besouro (meu irmão de leite) e tantos outros que não lembro agora. Quem sabe alguem poderia escrever sobre a banda e o sucesso que fez na ocasião. Sei que existem fotos mas não sei com quem estão.

Portal Ipaumirim.Net
Fotos: Pedro Júnior

No dia 07 de dezembro do corrente ano foram inaugurados os laboratórios de informática do Proinfo nas seguintes escolas municipais de Ipaumirim: Escola Dr. Jarismar Gonçalves localizada na sede do município, Escola Vicente Felizardo no Distrito Felizardo, e Escola Melo e Silva no Distrito Canaúna.
O Proinfo é um programa educacional criado pelo MEC para promover o uso pedagógico da informática na rede pública de ensino fundamental e médio. A iniciativa é desenvolvida pela Secretaria de Educação a Distância, em parceria com a Secretaria Municipai de Educação, e propõe o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas da rede pública.
Por meio do Programa, o MEC entregou 60 computadores ao município e, em contrapartida, cada escola fica responsável pelas instalações (espaço físico), funcionamento e manutenção.

MAIS DETALHES SOBRE A PROGRAMAÇÃO POLÍTICA E SOCIAL DA FESTA DOS 57 ANOS DE IPAUMIRIM VOCÊ VAI ENCONTRAR NO PORTAL IPAUMIRIM.NET QUE FAZ A COBERTURA DO EVENTO. O MATERIAL QUE APRESENTAMOS É UMA EDIÇÃO A PARTIR DAS MATÉRIAS POR ELES PRODUZIDAS.

Fonte:http://ipaumirim.net/colunas//blog2.php

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Pin-ups! do que as nossas avós já sabiam (Priscilla Santos)

Elas foram um dos primeiros apelos do que chamamos hoje de cultura de massa ou de cultura pop e têm grande responsabilidade sobre o modo como as mulheres começaram a ver a si mesmas após os anos 40, embora vinte anos antes tenha sido o reflexo direto de uma época onde nunca antes se puderam ver tantas pernas nuas. No primeiro caso, as donas de casa descobriam que era possível posar para uma foto sem ter a alegre companhia de um fogão novinho ao fundo e, no segundo, era a explosão do furor depois de anos de crise.

Mas imagens de mulheres com sentido erotizado têm suas raízes um pouco antes das crises de 1919, que varreram o dinheiro de muitos bolsos de forma parecida com o que vemos acontecer hoje. No início do século XX, a tensão que reprimia as sensualidades do ocidente de modo radical (por exemplo, recomendavam-se cintos de castidade) começou a dar frutos, ou seja, uma sociedade sexualmente pervertida estava nascendo. Fotinhos de moças nuas eram escondidas no armário enquanto os pulp fictions eram devorados por cenas de bondage e defuntas despidas.

O fenômeno, como o conhecemos hoje, tomou forma durante e, muito mais, depois da Segunda Guerra Mundial. Nos pós-guerra, artistas como Elvgren assinavam desenhos de mulheres em revistas, dividindo espaço com as fotografias: o que era para nunca ser mostrado em público descobria seu lugar no mundo, e como arte! Em pouco tempo, a aceitação de toda sociedade estava ganha. As mulheres descobriam uma fonte de informação porque, como as pin-ups eram as mulheres como os homens desejavam, logo elas descobriram como usar os trejeitos em proveito próprio, “contra” os homens. O vestuário modificou-se. Cintas-liga e grandes peitos viraram o que era o tornozelo nos anos 30: puro delírio.

Embora as origens das pin-ups guardem um fundo bastante obscuro, o que se viu naquele momento foi um tratamento dos desenhos como uma fonte sacana de humor e até de inocência, por isso as imagens foram abraçadas da forma que foram pela Revista Playboy; aquilo tinha tudo a ver com a linha editorial. Das páginas da Playboy, foi para a psique dos americanos, principalmente das elites. Sofia Loren e Marilyn Monroe eram quase personificações místicas. No Brasil havia a Vera Fisher com 18 anos e nua no cartaz do filme Superfêmea, desenhada por Benício.


Então veio o ostracismo. O advento da alta costura, da fotografia de moda e das modelos magrérrimas, as pin-ups perderam o sentido. Além do mais, mulheres em poses para agradar e sendo escravizadas por sutiãs de enchimento nada tinha a ver com a revolução social que acontecia. As mocinhas perderam o sentido que tinham e se tornaram peças machistas.

De repente, estão de volta. As mulheres continuam querendo ser muito magras como dita a indústria e a tal vida saudável, mas relaxaram na sobriedade, equilibram as modalidades de poder em busca de uma feminilidade plena. Mais uma vez, mulheres semi-nuas, segurando sorvetes fálicos gigantes, de cintura fina e sorriso de quem não quer nada enquanto provoca tudo estão aqui para nos ensinar alguma coisa meio fascinante e meio depravada. A tendência retro se apoia nos anos de ouro das pin-ups influenciando diretamente um mundo que se pensava demasiadamente material, demasiadamente sério.

Fonte: http://obviousmag.org/archives/2009/01/pinups_do_que_as_nossas_avos_ja_sabiam.html

Feliz natal




Vi no blog Querido Leitor.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ip em tempo de festa

Altar-mor da Matriz de Ip


Foi aberta oficialmente no dia 6 de dezembro, na Câmara Municipal, com a presença do prefeito José Geraldo dos Santos, vereadores, secretários e demais autoridades, a Semana do Município.

Várias atividades culturais, artísticas e de ação social estão previstas para comemorar 57 anos da cidade no dia 12, com grande festa popular com as bandas Kaviar com Rapadura e Mulher Chorona, no Forripa. A cidade também finaliza hoje os festejos da padroeira, Nossa Senhora da Conceição.

Nossa Senhora da Conceição - Padroeira de Ipaumirim

Imagem da Igreja Matriz de Ipaumirim
(Foto do orkut de Aldenir Lemos)


(...) Nossa Senhora
Das coisas impossíveis que procuramos em vão,
Dos sonhos que vêm ter conosco ao crepúsculo, à janela,
Dos propósitos que nos acariciam
Nos grandes terraços dos hotéis cosmopolitas
Ao som europeu das músicas e das vozes longe e perto,
E que doem por sabermos que nunca os realizaremos...
Vem, e embala-nos,
Vem e afaga-nos.
Beija-nos silenciosamente na fronte,
Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam
Senão por uma diferença na alma.
E um vago soluço partindo melodiosamente
Do antiquíssimo de nós
Onde têm raiz todas essas árvores de maravilha
Cujos frutos são os sonhos que afagamos e amamos
Porque os sabemos fora de relação com o que há na vida.

Vem soleníssima,
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar.

Vem, dolorosa,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos,
Turris-Eburnea das Tristezas dos Desprezados,
Mão fresca sobre a testa em febre dos humildes,
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
Vem, lá do fundo
Do horizonte lívido,
Vem e arranca-me
Do solo de angústia e de inutilidade
Onde vicejo.
Apanha-me do meu solo, malmequer esquecido,
Folha a folha lê em mim não sei que sina
E desfolha-me para teu agrado,
Para teu agrado silencioso e fresco.
Uma folha de mim lança para o Norte,
Onde estão as cidades de Hoje que eu tanto amei;
Outra folha de mim lança para o Sul,
Onde estão os mares que os Navegadores abriram;
Outra folha minha atira ao Ocidente,
Onde arde ao rubro tudo o que talvez seja o Futuro,
Que eu sem conhecer adoro;
E a outra, as outras, o resto de mim
Atira ao Oriente,
Ao Oriente donde vem tudo, o dia e a fé,
Ao Oriente pomposo e fanático e quente,
Ao Oriente excessivo que eu nunca verei,
Ao Oriente budista, bramânico, sintoísta,
Ao Oriente que tudo o que nós não temos,
Que tudo o que nós não somos,
Ao Oriente onde — quem sabe? — Cristo talvez ainda hoje viva,
Onde Deus talvez exista realmente e mandando tudo...

(...)

(Fernando Pessoa/ Álvaro de Campos)
Fonte: http://www.revista.agulha.nom.br/facam03.html

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Eita fim de ano "arroxado"!
Tô mortiiiiiiiiiinhaaaaaa

Atenção pais


BRINCADEIRA DE CRIANÇA OU DESCASO DA FAMILIA?
Joaquim Onésimo Ferreira Barbosa

Os atos de violência cometidos por adolescentes, e também por adultos, contra jovens, homossexuais ou não, revelam uma faceta camuflada e mal explicada de nossas famílias: pais não conhecem os filhos que criam. Na verdade, os pais não sabem como e para que criam os filhos. A mãe de um dos adolescentes, provavelmente o que agrediu gratuitamente o estudante de jornalismo Luís Alberto Betonio, de 23 anos, em São Paulo, disse que se tratava de brincadeira de adolescentes. Para ela nada grave. Talvez para ela, agredir quem quer que seja, de forma gratuita nas ruas, é brincadeira. Merece afagos. Não punição. Para ela, desferir socos e pontapés, usar lâmpadas para ferir pessoas que circulam nas ruas é algo banal. Talvez por isso o filho dessa senhora cometa atos crueis pelas ruas de São Paulo. O limite entre violência e brincadeira não é estabelecido na casa do jovem que agrediu, não apenas o estudante de jornalismo, mas tantos outros que o reconheceram e apontaram-no como seu possível agressor. Em reportagem ao G1, de ontem, dia 06, o jovem agressor diz estar arrependido e quer uma nova chance. Chance tudo mundo merece. Chance é cabível para todos. E o adolescente que cometeu barbaridades nas ruas paulistas também merece uma chance. Merece uma chance para viver num mundo civilizado. Merece uma chance, desde que a sua família reveja o seu conceito sobre brincadeira e agressão. Os pais desse adolescente deveriam passar por acompanhamento. Talvez eles precisem muito mais do que o próprio filho. Se não sabem estabelecer limites entre violência e brincadeira, não saberão estabelecer limites sobre a vida do filho que colocaram no mundo. Tanto não sabem que deixam um adolescente sair sozinho, para agredir quem ele encontre pelo caminho. O Estatuto da Criança e do Adolescente pune os pais que educam os filhos, quando lhe corrigem, mas não observa os pais que deixam os filhos menores de idade ficarem nas ruas até de madrugada cometendo atos bárbaros, como tantos que ocorrem neste País. Dar chance não significa encobrir atos crueis como os que o adolescente praticou. Dar chance é colocar responsabilidades. Dada a chance que o adolescente diz merecer, qual será o seu dever na sociedade? Qual será o dever dos seus pais? O que lhe será cobrado?

Nossos adolescentes precisam de limites. Eles mesmos, muitas vezes, se perguntados, aplicariam penalidades muito mais duras do que os adultos lhes aplicam. Trabalhei 15 anos com adolescentes e conheço-os muito bem. Sei que adolescente gosta que lhe seja dada responsabilidade. Ele gosta de ser reconhecido pela sua capacidade. Quando fica ocioso, começa a buscar meios de chamar a atenção dos outros. Talvez seja isso que tenha acontecido com o jovem agressor de São Paulo. Muitas famílias acham que dando o material para os filhos estarão cumprindo com o seu papel. Não. Educar não é isso. Saber criar filhos vai muito além do material. Filhos precisam de cuidado. E cuidado passa por orientação que envolve o psicológico, o ético, o moral. Filhos precisam saber discernir qual é o limite do direito e do dever. Filhos precisam aprender em casa os modos de boa convivência. A ausência disso em casa leva os filhos a cometerem atos como o que se percebeu em São Paulo. Muitos pais acham que preceitos morais e éticos são aprendidos na escola. E deixam para os professores a tarefa de ensinar os adolescentes e jovens a como se portar na sociedade. No entanto, de nada valerá os conselhos, as orientações dos professores, se a família, o centro principal do adolescente e jovem, não observa aquilo que eles aprendem na escola. Em muitos casos, quando os professores tentam orientar o jovem, acabam sendo agredidos, como aconteceu com o professor de uma escola no Paraná que foi agredido a cadeirada por uma aluna. Esse é o reflexo de quando a família não estabelece o limite do respeito para os filhos. Lembro-me de um texto, se não me engano de Luiz Fernando Veríssimo, que diz que os pais nos ensinam tudo errado quando pequenos, que temos que ir para a escola aprender o que é o correto. Lembro-me, também, das reuniões de pais e mestres de um colégio de religiosas em que trabalhei no inicio de minha carreira como professor, em que se discutia com os pais dos alunos com desempenho ruim como estava sendo o cuidado desses pais para com os filhos. E o que víamos eram discussões entre os pais. Um jogando a responsabilidade para o outro. A reunião entre pais acabava sendo uma verdadeira lavagem de roupa suja, mas dava resultados porque os pais saiam da escola sabendo que precisavam cuidar dos seus filhos. E, no final do ano, percebia-se o resultado. Os alunos considerados com desempenho ruim se superavam quando os pais assumiam a sua responsabilidade em casa. Lembro-me também de um pai que, todos os dias, ia a escola ver se seus dois filhos, um menino e uma menina, estavam em sala de aula. Certo dia, disse a ele que não precisava fazer aquilo todos os dias, pois eles já eram jovens e tinham que aprender sozinhos a ter responsabilidade. E ele me disse: Não, professor, enquanto eles estiverem sob a minha responsabilidade e menores de idade, terão que fazer o que eu mando e viver conforme as regras da minha casa. Eu via a atitude daquele pai como um exemplo raro hoje. Passados alguns anos, andando pela rua, tive o privilégio de encontrar um dos ex-alunos e fiquei sabendo que estava recém formado em Direito e a jovem estava fazendo medicina. Aqueles meninos nunca deram problemas na escola. Eram exemplos para os outros. É esse o reflexo de quando a família toma para a si a responsabilidade sobre seus filhos. O contrário disso ocorre o que se viu com os jovens de São Paulo, que saíram as ruas para agredir pessoas de bem. Os pais precisam aprender a educar os filhos. Educar não é dar o material. Educar é dar aquilo que os olhos não vêem.