domingo, 28 de fevereiro de 2010

Domingo Memorioso

Retomando nosso propósito de divulgar informações Ipaumirim não apenas para que se tornem públicas mas no sentido de estimular a recuperação da memória do município, publicamos, hoje, parte de um capítulo do livro Em família, de Cineide Vieira e Mundinha Rolim, que traça as origens do Distrito de Felizardo e a genealogia da Família Vieira.
Sabemos que obras desta natureza geralmente tem edição limitada o que dificulta o acesso da maioria dos interessados nos assuntos abordados.
Ao recuperar a genealogia da família, as autoras tratam não apenas de informações de interesse restrito mas contribuem de forma expressiva na composição da memória da região, das suas relações econômicas e sociais, da migração, das contradições políticas e das bases da nossa organização enquanto município.
Tomei a liberdade de publicar, na íntegra, porque sei que as autoras compreendem o propósito e , tenho certeza, que elas - com o maior prazer - sentem-se gratificadas em colaborar com a construção da memória da nossa terra.
ML

Pequenos relatos sobre a origem do Distrito de Felizardo e seu fundador

Foto do orkut de Luiz Antonio

Em pleno Nordeste brasileiro, no centro oeste do Ceará, a 422 km de Fortaleza, a 12 km da sede do município de Ipaumirim, na margem da BR 116, situa-se o Distrito de felizardo, antes denominado Olho d’Água do Melão com 2375 habitantes, de acordo com o ultimo censo do ano 2000.
O topônimo Olho d’Água do Melão não tem uma explicação etimológica. Presume-se, por dedução, e/ou por informações de pessoas idôneas do distrito que em face de um dos primeiros moradores e proprietário de parte de suas terras, Senhor Felix Antonio Duarte, filho de Dersulina Duarte (não foram encontrados dados de seu pai) ter seus antecedentes familiares residentes no Sítio Melão, neste Distrito, E lá existir uma pequena fonte de água natural, que, aliás, ainda existe, batizaram-no com esse nome, fazendo alusão a tal particularidade.
Das pesquisas feitas, têm-se notícias de que quando Félix Antonio adquiriu referidos terrenos, existia no sítio Olho d”água apenas uma pequena casa de taipa localizada nas proximidades da ponte que serve de sangradouro ao açude de felizardo, pertencente a Antonio Sucupira Cândido, família essa que ainda tem descendentes mas sem nenhum dado informativo acerca dos antepassados. Sabe-se apenas que a família descendia de escravos e que prestou valiosos serviços, tanto braçais como domésticos à comunidade. Posteriormente, residiu um dos membros da família Mariquinha (alcunha atribuída aos Moreiras do Sítio Serra d’Areia, deste distrito).

Com a sequencia dos anos a população foi aumentando e o Sítio Olho d’Água do Melão tomando dimensões de povoado. Feliz Antonio, filho de Olho d’Água do Melão, se empenhou de forma assídua no desenvolvimento do povoado, na época, sob a jurisdição de Lavras da Mangabeira, neste Estado. Era agricultor e criador de gado, na linguagem de hoje agropecuarista, mas salientava-se pelos seus trabalhos constantes em favor do povo.
Em face da Lei 2.046 de 12 de novembro de 1883 ter criado o município de Umari, desmembrando-o de Lavras da Mangabeira, Félix Antonio, à frente das determinações políticas do povoado de Olho d’Água do Melão, prestou juramento e tomou posse no cargo de vereador , por Umari, em 20 de outubro de 1884, juntamente aos seis outros vereadores na Câmara Municipal de Lavras da Mangabeira. Em seguida, dia 21 de outubro, abriram a primeira sessão ordinária, na Câmara de Umari, tendo como Presidente, Manuel Francisco de Sales Albuquerque. Permaneceu no cargo até o final de 1886 quando terminou o mandato. Durante esse período legislativo ocuparam a presidência da Câmara, os vereadores Vicente Quaresma de Mendonça e Belarmino Barbosa Gondim (registros retirados do livro “Umari, Baixio, Ipaumirim, pagina 28.)
Felix Antonio Duarte contraiu três matrimônios. O primeiro com Maria José de Lima, natural de São José de Lavras, conhecida como Cotinha. Desse casamento nasceram sete filhos cujos nomes especifico a seguir:
1. Manoel Joaquim, apelidado de Joca, faleceu solteiro em decorrência de uma queda quando caçava na Serra do Pintadinho.
2. João Félix Duarte casado com Vicência. Dessa união nasceram sete filhos.
3. Joana Maria de Lima, conhecida como Dondon, casada com Vicente Felizardo Vieira, tiveram nove filhos.
4. José Balbino, casado com Vitalina Rolim Albuquerque. Desse consórcio nasceram dez filhos.
5. Tereza, na intimidade Tetê, casou-se com Manoel Batista. Dessa união tiveram sete filhos.
6. Marica, casada com Bevenuto Almeida Cavalcante. Do primeiro matrimonio nasceram cinco filhos e do segundo, com Pedro Branco, seu primo legítimo, teve apenas um que faleceu aos 13 anos.
7. Herculino, casado com Dondon Pires Rolim. Não houve descendentes.
Todos os filhos homens foram agricultores e/ou pequenos comerciantes enquanto as mulheres, como era comum na época, mães de família e simplesmente domésticas.
Com o passar do tempo e o casamento dos filhos, todos radicados em Olho d’Água, a população crescia e ele adquiria novas terras na circunvizinhança, procurando, sempre, orientar filhos e genros, com quem mantinha bom relacionamento. E assim crescia Olho d’Água do Melão.
Transcrevo literalmente parágrafo de um trecho do livro já citado que faz referência à Maria José de Lima, primeira esposa de Félix Antonio.
“Data de 31/01/1874 a doação da capela do antigo Olho d’Água, chamado posteriormente Olho d’Água do Melão e hoje Felizardo. Foi doado por Dona Maria José de Lima que declarou ser senhora e possuidora do Sítio Olho d’Água, deste termo e que fazia doação para patrimônio da Capela da Senhora da Conceição de uma parte de terra no mesmo sítio Olho d’Água, no lugar da referida capela, a começar do Nascente, do curral que fica abaixo da mesma capela, ao Poente a ao extremar com terras de Casimiro Nogueira Pinto, ao Norte com terras de Manuel Joaquim de Lima, filho da doadora, nas fraldas dos altos que descem para baixo da Carnaubinha e no valor de cem mil reis” (Livro de notas, Lavras da Mangabeira, 1871 e seguintes fls. 66 v.)”
E foi ao lado da capelinha, em Olho d’Água, que Félix Antonio fixou residência já que a construção da mesma era o centro de suas atenções. Trabalhando sempre para vê-la de pé, consta do referido livro, que sua fundação data da metade do século XIX, tendo sido desmembrada do território da freguesia de Lavras e passado a pertencer à freguesia de Umari, conforme Lei n° 686, de 02/02/1875. Diz, ainda que o vigário de Lavras, Monsenhor Miceno, realizou muitas cerimônias religiosas na capela. Com o passar dos anos a capelinha foi ruindo a ponto de alguns habitantes, em regime de mutirão, reconstruí-la. Dentre as pessoas que enfrentaram esse movimento de ajuda estão: Padre José Tomaz, Félix Antonio, Vicente Felizardo Vieira e Manoel Batista, os dois últimos, seus genros, foram responsáveis pela construção que sempre teve como padroeira Nossa Senhora da Conceição. Em 1912, a imagem dessa santa, de tamanho pequeno, foi trocada por uma maior, permanecendo até hoje no altar central embora se conserve também a primeira imagem como relíquia. (informação prestada pelo Sr. Francisco Batista, neto de Manuel Batista, residente na fazenda Taquari, em Lavras da Mangabeira).
Do segundo matrimonio com Vitalina não deixou descendentes. Do terceiro, com Josefa Rolim de Albuquerque, sobrinha do Padre Rolim, de Cajazeiras, nasceram dois filhos: José Nonato Rolim e Joaquim Felix Rolim (Joaca).
Félix Antonio faleceu por volta do ano de 1900. Foi uma grande perda para sua família e, principalmente, para a comunidade. Já que era ele quem norteava as determinações político-sociais do lugarejo e por se tratar de um cidadão bastante sóbrio, simples e de índole invejável, pela sua firmeza de caráter e retidão.
Não se conseguiu histórico pessoal dos filhos do seu primeiro matrimonio. Quanto aos do terceiro sabe-se que José Nonato Rolim nasceu em 14 de maio de 1896, em Olho d’Água. Aos quatro anos, perdeu seu pai e órfão de mãe aos doze anos foi criado na casa de seu tio Herculino e, posteriormente, junto dos irmãos Felizardo, ou seja, sob os cuidados de sua irmã Dondon, esposa de Vicente Felizardo Vieira. Ainda jovem enfrentou a vida como comboieiro. Na compra e venda de animais tornou-se mais tarde um grande pecuarista. Casou-se em 1919 com Inês Batista de Freitas, de cuja união nasceram cinco filhos. (...)
Do segundo casamento, com uma prima legítima de Inês, Antonia Batista de Morais, também houve cinco filhos (...). Residiu por muito tempo no Sítio Machado, município de Várzea Alegre até o seu falecimento aos 96 anos, três meses e seis dias.
Com referência a Joaca, nasceu, também em Olho d’Água, no dia 14 de maio de 1898. Observa-se a coincidência do dia e mês de nascimento dos dois irmãos. “Em 1913, já com 17 anos, por força da grande seca, mudou-se para o município de Missão velha, Sítio Missão Nova, em busca de trabalho junto a uns parentes que residiam no Cariri.” (...)


Fonte: CHAGAS, Maria Flaucineide Vieira & ROLIM, Raimunda Vieira. Em família. Edição do autor. Cajazeiras, 2004. pp. 15 – 19.


Na próxima semana, publicaremos a conclusão do capítulo com os dados de Joaquim Félix Rolim (Joaca).

Há quem pense diferente


Não apenas sobre terremotos e seus efeitos mas sobre as grandes discussões de meio ambiente os que pensam diferente discutem interesses políticos e comerciais que a grande mídia insiste em ignorar. Nem quero falar da polêmica da Conferencia de Copenhague, nem dos alarmismos infundados e posteriormente desmentidos sobre a dissolução das geleiras e coisa e tal.

Hoje, a discussão é sobre a preparação do Chile que teria evitado efeitos e transtornos similares ao Haiti.

Transcrevo apenas um comentário sobre uma matéria que saiu no uol.com.br sobre o terremoto do Chile.

"Impressiona a rapidez com que se chega a diagnósticos comparativos como este. Você percorre jornais em todas as línguas e o palpite é o mesmo: o Chile estava mais preparado que o Haiti, o que justificaria a enorme diferença em vítimas e danos materiais. Citam-se então dois pontos principais: melhores construções e resposta de emergência eficiente.O terremoto no Chile foi 900 vezes mais potente que o no Haiti, argumenta-se, sendo que se contam cerca de três centenas de vítimas ao passo que no Haiti foram mais de duas centenas de milhares.Ora vejamos. No Haiti, muitos hotéis e hospitais, construídos no padrão normal de concreto nos melhores bairros da capital, desabaram completamente. Seria necessário, pois, que as construções chilenas fossem 900 vezes mais fortes para justificar a diferença. Alguém crê nisso?Segundo ponto: resposta de emergência mais eficiente no Chile. Ora, se os edifícios não desabaram, esse fator se tornou muitíssimo menos importante. Tanto que não se vêem cenas dramáticas de resgate.Fator que realmente contou: o terremoto no Haiti ocorreu a apenas 13 quilómetros de Porto-Príncipe e a DEZ QUILÓMETROS ABAIXO DA SUPERFÍCIE. Eis aí a diferença fundamental. Ademais, a escala que mede os efeitos na superfície (não só em edifícios) não é a Richter, e sim a Mercalli, e nesta o terremoto no Haiti mediu 9, ao passo que o no Chile mediu 7. Notícias como essa propicia a que pescadores de águas turvas saiam vendendo mundo a fora teconologia "antisísmica" semelhante à chilena. Relembro o terremoto de Kobe, em 1995, de magnitude 7,2 na escala Richter, em que 200 mil construções desabaram, viadutos e rodovias, e mais de 6 mil pessoas perderam a vida. O Chile não está melhor preparado que Kobe."

O comentário é assinado por Cesário Alexandria
Fonte:
Não tenho competencia nem conhecimento para tecer comentários e/ou julgamentos mas apenas observar que o senso comum que rola na mídia nem sempre deve ser tragado em primeira hora.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Revisitando a História

José Américo de Almeida



No Recife de 1930 só havia um fotógrafo de qualidade, e se estabelecia na Rua Nova. Chamava-se Louis Piereck. Por sinal, um liberal.
Os jornais diários de lá, por exemplo, tercerizavam os serviços de fotografia.
Qualquer coisa que servisse ao sensacionalismo da mídia, um assassinato, um desastre de carro, um incêndio, e logo chamavam Piereck.
Bom profissional, Piereck mantinha informantes nos locais onde o sensacionalismo pudesse se apresentar. Fazia suas fotos e as vendia aos jornais e terceiros interessados.
Quando João Dantas acabou de ser trucidado na Detenção, em Recife, onde foi preso pela morte de João Pessoa, o informante de plantão, servindo a Piereck, o avisou.
Prontamente o profissional pegou sua máquina. Foi lá e fotografou, documentando toda a cena do crime, com os corpos na exata posição em que ficaram depois da luta feroz com que João Dantas reagiu aos seus algozes.
Camas, cadeiras e colchões revirados, sangue pra todo lado, ofereciam as imagens desse massacre e dessa resistência, facilmente inferidos.
Foram três os agressores. Um, médico, Luiz de Góis, que apontou a carótida. Outro, um inimigo ferrenho de Dantas, o Sargento Ascendino Feitosa que o segurou e o terceiro um soldado que fez a sangria, após os três terem dominado a vítima.
Os assassinos apanharam tranquilamente as chaves da cela de João Dantas na administração da Detenção, sob domínio dos revoltosos de Getúlio Vargas, que controlavam a situação em todo o País, após o golpe.
Dorgival Terceiro Neto em livro, conta que entrevistou o cangaceiro Antônio Silvino, preso nessa mesma Detenção, em cela vizinha a de João Dantas e solto pelos revoltosos sob promessa de calar o que vira e ouvira do massacre de João Dantas. E deu detalhes da chacina.
Silvino narrou prá Dorgival como os bandidos sofreram para matar João Dantas.
"Matem-me, bandidos, covardes, mas vocês não me ouvirão pedir piedade." Disse o advogado já sangrando.
Posteriormente a Polícia de Pernambuco fabricou a versão do suicídio de Dantas. Em cima de um bilhete realmente escrito por ele.
João Dantas que teve o pressentimento perfeito do que lhe estava reservado diante da revolução vitoriosa e do caráter dos seus inimigos, pedira à sua noiva, Anayde Beiriz, que lhe trouxesse algo com que pudesse se suicidar. Ele não admitia dar aos inimigos o gosto de sangrá-lo.
Anayde, corajosamente, conseguiu, diante da severa vigilância de agentes penitenciários, embutir na gola de uma das camisas de Dantas uma daquelas serrinhas metálicas de serrar ampolas de injetáveis, que existiam antigamente.
Essa serrinha seria utilizada num caso extremo e estava junto de um bilhete que João Dantas realmente escreveu, vazado nos seguintes termos:
“Mato-me de ânimo sereno e consciência tranqüila, porque estou entregue a bandidos e meu brio não suporta humilhações”.
Foi um achado para os impostores. Em cima disso montaram a versão oficial do suicídio contra toda a evidência das fotografias, que, com senso profissional, Pierreck batera antes.
Logo Piereck foi chamado à Detenção. O interventor Carlos de Lima Cavalcanti, então seu amigo, o ordena a fotografar o local do crime.
Agora com tudo arrumado, os corpos de Dantas e do cunhado estirados com cuidado em cima das camas, os móveis arrumadinhos dando impressão de calma e corroborando a tese do suicídio.
Tiveram o cuidado de deitar Dantas de um jeito que não aparecesse o crânio arrebentado à cacete.
E Piereck fotografou dessa forma, tendo arquivado no seu estabelecimento os negativos das fotos que tirara antes.
Dois anos depois, Piereck se desentende com Carlos Lima Cavalcanti, rompe com ele e suicida-se de desgosto, depois.
Mas antes mostra e conta ao filho dos negativos anteriores e da verdade do fato.
O filho passa as mãos de Joaquim Caldas os negativos, e no seu livro “Porque João Dantas matou João Pessoa”, em 1935 e com apenas 200 exemplares na edição inicial, Joaquim divulga as duas fotos de Piereck: a de antes e a do depois, quando a Polícia de Pernambuco documentando o “suicídio”, ordenou que ele tirasse. E desmascara a farsa.
Os cadáveres de Dantas e do cunhado são exumados. E foi visto o seu crânio perfurado. O Brasil toma conhecimento dessa mentira histórica. O fato novo deu manchete na imprensa brasileira.
Quem poderia cortar a carótida e depois marretar seu próprio crânio?
Pois bem, quase 40 anos depois desses fatos, Zé Américo diz no “Ano do Négo” textualmente, e lá na página 250:
“João Dantas suicidou-se na Penitenciária em Recife. O cadáver não apresentava contusões, nem equimoses e nem escoriações. E um homem do seu temperamento não se deixaria sacrificar, sem resistir”
Se você olhar a fotografia original de Piereck, reproduzida nos livros de Joaquim Inojosa e no de Joaquim Caldas, este reeditado recentemente pela ONG Parahyba Verdade, vai ver que o pau que mais tinha foi o que o “solitário de Tambaú” disse que não tinha no cadáver de João Dantas, dando, de propósito, à maior e mais triste “sobrada” de sua vida de escritor e historiador.
Compare as Fotos 1 e 2. Veja a Foto 3 e sinta essa "sobrada". Clique aqui: http://documentos1930.blog.terra.com.br/as_fotos_na_cela_de_joao_dantas
E mais uma vez, no seu livro, o devotado de Lourdinha Luna mostrou que conhecia João Dantas e sua coragem pessoal. Por isso implorou pra João Pessoa não ir ao Recife no dia em que foi e morreu de teimoso, também.



As fotos na cela de João Dantas






Foto 1 - Corpo de João Dantas na foto original, a primeira que Piereck bateu.




Foto 2 - Corpo de João Dantas na fotografia arrumada pela polícia de Pernambuco, com a cabeça abaixo da cama, para ocultar os ferimentos.




Foto 3 - As contusões, equimoses e escoriações que Zé Américo não viu. O corte na carótida foi de tal forma que permitia se ver o esôfago.



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A salvação pela literatura (Urariano Mota)


Nos tempos em que pensei ser professor, sempre tentei dizer a jovens estudantes que a literatura era fundamental na vida de todos. Mas quase nunca tive sucesso nessas arremetidas rumo a seus espíritos. Minhas palavras pareciam não fecundar. Primeiro porque a literatura ministrada a eles, em outras aulas, destruía todo o gozo de viver. Os mestres, profissionais ou burocratas, ensinavam-lhes a anti, a literatura para antas, com listas de nomes, datas e resumos de obras, nada mais. Em segundo lugar eu não fecundava porque o valor do sentimento, o sentido de uma rosa, o cântico de amor ou o desajuste de pessoas em uma sociedade corrupta nada significava para as tarefas mais práticas, que se impunham.

- O que eu ganho com isso, professor?

E com isso, o jovem, quando de classe média, queria me dizer, que carro irei comprar com a leitura de Baudelaire? Que roupas, que tênis, que gatas irei conquistar com essa conversa mole de Machado de Assis? Então eu sorria, para não lhes morder. A riqueza do mundo das páginas dos escritores, a gratidão que eu tinha para quem me fizera homem eu sabia. Mas não achava o que dizer nessas horas quando o petardo de uma frase de Joaquim Nabuco ganhava a zombaria de toda a gente. Eu sorria e me punha a gaguejar coisas estapafúrdias do gênero os poetas são os poetas, Cervantes era Cervantes. E me calava, e calava a lembrança dos sofrimentos e humilhações em vida do homem Cervantes que dignificou a espécie.

- O que eu ganho com isso, professor?

Quando essa pergunta me era feita por jovens da periferia, excluídos, isso me ofendia muito mais que a pergunta do jovem classe média. Aos de antes eu respondia com uma oposição quase absoluta, porque não me via em suas condições e rostos. Mas a estes periféricos, não. Eu passava a ser atingido nos meus domínios, na minha gente, porque eu olhava os seus rostos e via o meu, no tempo em que fui tão perdido e carente quanto qualquer um deles. Então eu não sorria. Aquilo, do meu semelhante, me acendia um fogo, um álcool vigoroso, e eu lhes falava do valor da literatura com exemplos vivos, vivíssimos, da minha própria experiência. (Há um relato sobre isso em “Histórias para adolescentes pobres”.) Então eu vencia. Então a literatura vencia. Mas já não tinha o nome de literatura. Tinha o nome de outra coisa, algo como histórias reais de miseráveis que têm a cara da gente. Mas tudo bem, eu me dizia, que se dane o nome, vence a literatura.

No entanto, agora refletindo enquanto escrevo, descubro que ainda assim havia uma grandiosa derrota nessa vitória de extremo recurso. Eu, o professor, falhava como professor. Quero dizer, eu não acendia a chama em seus corações como um fogo de pentecostes, com o calor de que a literatura é um valor permanente, alto e tão alto que por vezes parece substituir a própria vida. Quero dizer, para ser mais preciso: eu não fazia aqueles adolescentes atirarem-se aos livros, que seriam uma casa, um céu, um amigo, uma amiga, um amor, a namorada. Os jovens se quedavam por momentos diante do relato e depois mudavam de assunto, para outra coisa mais urgente. Afinal, jovens precisam comer, vestir, beber, e pegarem em namoradas mais concretas que um soneto de Camões.

O professor falhava porque prática, grosseira e opressora era a onipresença do mundo das necessidades. A literatura não se inscrevia como uma prática nesse mundo. E prática aqui em dois significados: como um hábito e como uma intervenção útil, pragmática. A literatura se opunha ao mundo prático. Na visão de todos, ela era como um luxo, um caviar... mas me expresso mal, porque o luxo é desejado, o caviar é querido. Era muito pior: a literatura roubava o tempo que deveria estar empregado em outra coisa. Que coisa? Qualquer coisa, coisa qualquer. Os passatempos mais estúpidos seriam mais necessários que essa inominável que furtava energias, dinheiro e ações dignas de serem vividas.

- Em vez de estar lendo, você devia...

Então eu não mais sorria. No mais íntimo de mim eu me julgava, eu me sabia certo como um neurótico. Tudo era o contrário do que eu pensava, mas eu estava certo. Certo como um neurótico silencioso. Pois que louco eu seria a proclamar as venturas da literatura quando todas e quaisquer coisas eram mais venturosas?

Esta semana uma jovem míope, tímida, com 19 anos, deu uma substância e um conforto a essa qualquer coisa, coisa qualquer que para nada serve, que furta o tempo e deixa os seus cultores neuróticos, malucos ou esquizofrênicos. Na altura em que a mocinha atravessava um momento difícil, prestou concurso para uma bolsa de estudo na Alemanha. Pois esta semana saiu o resultado: ela foi um dos três jovens escolhidos. E por isso viaja, e por um ano terá bolsa líquida e livre de 600 euros, e mais universidade, casa e alimentação. Mas como, eu perguntei a ela, como você conseguiu, se não é uma falante de alemão? Ao que ela, em seu espírito verdadeiro, me respondeu:

- Eu fui salva pela literatura. Em minha carta contei como Goethe entrou em minha vida.

Ah, sabem? Hoje é domingo, faz sol, tudo é luz. O neurótico aqui dedica à jovem esta crônica.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Chove na região do Cariri


Choveu nessa madrugada na região do Cariri. Um alívio no calor das últimas semanas e uma esperança para os próximos meses.
Ele voltou: o guarda-chuva. Depois quase 15 dias sem chover, o tempo amanheceu fechado hoje na região metropolitana do Cariri. Por isso, para levar o filhos e os sobrinhos à escola, dona Maria teve que distribuir guarda-chuva para todo mundo.
A chuva deve levar alegria também para o campo. Como o CETV mostrou ontem, alguns agricultores andam preocupados com as lavouras. A Ematerce já fala em prejuízo e começa a calcular as perdas.
Depois de um mês de janeiro que surpreendeu os meteorologistas, com chuva acima da média em vários municípios do Cariri, fevereiro foi um mês bastante seco, com pelo menos dois veranicos, períodos curtos sem nenhuma gota de chuva.
A Funceme liberou alguns números da chuva de hoje no Cariri. O município onde mais choveu foi Juazeiro do Norte: 73 milímetros. Em Nova Olinda foram registrados 70 milímetros. No Crato, o pluviômetro marcou 66 milímetros, e, em Farias Brito, 60 milímetros. O município do Cariri onde menos choveu foi Ipaumirim, com apenas três milímetros.

Alow Brasil... o roubolation tá no ar

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Morando com mamãe (Rui Castro)


Custei a perceber que era uma tendência: a quantidade de rapazes de 30 anos ou mais, hoje em dia, ainda vivendo com os pais e sendo sustentados por eles -abdicando da liberdade pelos confortos e conveniências da cama, comida e roupa lavada. Foi para isso que os jovens dos anos 60 fizeram duas ou três revoluções?

Nenhum garoto de 1968 trocaria a canja de galinha do Beco da Fome, em Copacabana, às 4h, pelo toddy com biscoitos servido pela mãe às 21h, depois de "O Sheik de Agadir".

Ou a aventura de morar num apê tipo já-vi-tudo em Botafogo -o mobiliário consistindo de uma estante de tijolos com uma ripa de madeira por cima (roubados de alguma construção vizinha) e de uma esteira de praia à guisa de cama- pelo quarto acolhedor e quentinho que ocupava desde guri no vasto apartamento dos pais.

Quem chegasse à provecta idade de 20 anos e não tivesse endereço próprio era tido como anormal -a norma era entrar para a faculdade aos 18 ou 19, arranjar um emprego e ir à vida, como até as meninas estavam fazendo.

As vantagens de morar sozinho eram poder ir ao banheiro com a porta aberta, namorar a qualquer dia e hora e promover reuniões para derrubar a ditadura ou para escutar o disco novo da Nara, o que viesse primeiro.

Hoje, há marmanjos de até 40 anos morando com a mãe, na Europa, nos EUA e no Brasil. Na Itália são chamados de "mammoni" (filhinhos da mamãe); na Espanha, de "ni-ni" ("ni estudian, ni trabajan"); na Inglaterra, de "kidults" ("kids", crianças, com adultos).

Eles se defendem: formaram-se, gostariam de trabalhar, mas o mercado é cruel, não consegue assimilá-los, são desempregados crônicos e não têm como pagar aluguel, comprar um imóvel nem pensar.

E, além disso, ninguém cozinha como a mamãe.

O Grande Cansaço


O grande cansaço te acomete algumas vezes por ano. Em geral, ele tem uma causa específica, tipo o trabalho intenso por uma semana em um evento de moda, ou um surto de excesso de balada que te dá e te faz ficar quatro dias sem dormir. Ou na quarta-feira de cinzas.
Na verdade, o grande cansaço sempre parece uma quarta-feira de cinzas. E lá fica você, assustada com um cansaço tão grande e com medo de estar entrando em depressão.
- Será que eu estou deprimida?, você pergunta para uma amiga.
- Nina, só para te lembrar, isso acontece todo ano, diz ela, também alvo do grande cansaço.
Quando o GC te pega, você corre alguns riscos. Além de achar que está deprimida, você pode ser acometida por pensamentos negativos (o que pode até te deixar deprimida de fato). Você vai começar a achar que a sua vida é uma merda e esquecer de todas as coisas boas (que são muitas) e focar na falta. Seja ela qual for. Você também corre o risco de ter recaídas românticas e se pegar pensando (e quase sofrendo) por tristezas amorosas que você já superou. E chorar por um amor que deu errado faz um ano. Ou achar que aquele cara com quem definitivamente “a gente junto não rola” é o homem da sua vida.
Durante o Grande Cansaço, você lê livros tristes e sente dor no corpo. E pensa.
- Será que eu estou doente.
Não, não está. Você é apenas uma vítima do grande cansaço. Uma pessoa que poderia ser diagnosticada com exaustão. E que por isso vai na farmácia e compra um vidro de vitaminas. E toma banho gelado.
Uma hora o Grande Cansaço passa. E você esquece dele. Até se meter de novo na mesma coisa que te causa o mal, Porque o grande cansaço é tipo as dores do parto, você esquece completamente que sofreu do mal. E levantou.
(Por Nina Lemos)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


"Éramos jovens e, como tal, sempre a buscar acelerar o tempo, indagando-nos sobre temas que os anos certamente se encarregariam de responder - mal sabíamos que, para entender certas coisas, bastava envelhecer."

Manolo Florentino, Nos cabarés do México

Serra e o fim da era paulista na política (Luis Nassif)


Por que José Serra vacila tanto em anunciar-se candidato?
Para quem acompanha a política paulista com olhos de observador e tem contatos com aliados atuais e ex-aliados de Serra, a razão é simples.
Seu cálculo político era o seguinte: se perde as eleições para presidente, acaba sua carreira política; se se lança candidato a governador, mas o PSDB consegue emplacar o candidato a presidente, perde o partido para o aliado. Em qualquer hipótese, iria para o aposentadoria ou para segundo plano. Para ele só interessava uma das seguintes alternativas: ele presidente ou; ele governador e alguém do PT presidente. Ou o PSDB dava certo com ele; ou que explodisse, sem ele.
Esta foi a lógica que (des)orientou sua (in)decisão e que levou o partido a esse abraço de afogado. A ideia era enrolar até a convenção, lá analisar o que lhe fosse melhor.
De lá para cá, muita água rolou. Agora, as alternativas são as seguintes:
1. O xeque que recebeu de Aécio Neves (anunciando a saída da disputa para candidato a presidente) demoliu a estratégia inicial de Serra. Agora, se desiste da presidência e sai candidato a governador, leva a pecha de medroso e de sujeito que sacrificou o partido em nome de seus interesses pessoais.
2. Se sai candidato a presidente, no dia seguinte o serrismo acaba.
O balanço que virá
O clima eleitoral de hoje, mais o poder remanescente de Serra, dificulta a avaliação isenta do seu governo. Esse quadro – que vou traçar agora – será de consenso no ano que vem, quando começar o balanço isento do seu governo, sem as paixões eleitorais e sem a obrigatoriedade da velha mídia de criar o seu campeão a fórceps. Aí se verá com mais clareza a falta de gestão, a ausência total do governador do dia-a-dia da administração (a não ser para inaugurações), a perda de controle sobre os esquemas de caixinha política.
Hoje em dia, a liderança de Serra sobre seu governo é próxima a zero. Ele mantém o partido unido e a administração calada pelo medo, não pelas ideias ou pela liderança.
Há mágoas profundas do covismo, mágoas dos aliados do DEM – pela maneira como deserdou Kassab -, afastamento daqueles que poderiam ser chamados de serristas históricos – um grupo de técnicos de alto nível que, quando sobreveio a inércia do período FHC-Malan, julgou que Serra poderia ser o receptador de ideias modernizantes.
Outro dia almocei com um grande empresário, aliado de primeira hora de Serra. Cauteloso, leal, não avançou em críticas contra Serra. Ouviu as minhas e ponderou uma explicação que vale para todos, políticos, homens de negócio e pensadores: “As ideias têm que levar em conta a mudança das circunstâncias e do país”. Serra foi moderno quando parlamentar porque, em um período de desastre fiscal focou seu trabalho na responsabilidade fiscal.
No governo paulista, não conseguiu levantar uma bandeira modernizadora sequer. Pior: não percebeu que os novos tempos exigiam um compromisso férreo com o bem estar do cidadão e a inclusão social. Continuou preso ao modelito do administrador frio, ao mesmo tempo em que comprometia o aparato regulatório do Estado com concessões descabidas a concessionárias.
O castigo veio a cavalo. A decisão de desviar todos os recursos para o Rodoanel provocou o segundo maior desastre coletivo, produzido por erros de gestão, da moderna história do país: o alagamento de São Paulo devido à interrupção das obras de desassoreamento do rio Tietê. O primeiro foi o “apagão” do governo FHC.
O fim das ideias
O Serra que emergiu governador decepcionou aliados históricos. Mostrou-se ausente da administração estadual, sem escrúpulos quando tornou-se o principal alimentador do macartismo virulento da velha mídia – usando a Veja e a Folha – e dos barra-pesadas do Congresso. Quando abriu mão dos quadros técnicos, perdeu o pé das ideias. Havia meia dúzia de intelectuais que o abastecia com ideias modernizantes. Sem eles, sua única manifestação “intelectual” foi o artigo para a Folha criticando a posição do Brasil em relação ao Irã – repetindo argumentos do seu blogueiro -, um horror para quem o imaginava um intelectual refinado.
É bobagem taxar o PSDB histórico de golpista. Na origem, o partido conseguiu aglutinar quadros técnicos de alto nível, de pensamento de centro-esquerda e legalistas por excelência. E uma classe média que também combateu a ditadura, mas avessa a radicalizações ideológicas.
Ao encampar o estilo Maluf – virulência ideológica (através de seus comandados na mídia), insensibilidade social, (falsa) imagem de administrador frio e insensível, ênfase apenas nas obras de grande visibilidade, desinteresse em relação a temas centrais, como educação e segurança – Serra destruiu a solidariedade partidária criada duramente por lideranças como Mário Covas, Franco Montoro e Sérgio Motta.
Quadros acadêmicos do PSDB, de alto nível, praticamente abandonaram o sonho de modernizar a política e ou voltaram para a Universidade ou para organizações civis que lhe abriram espaço.
O personalismo exacerbado
Principalmente, chamaram a atenção dois vícios seus, ambos frutos de um personalismo exacerbado – para o qual tantas e tantas vezes FHC tinha alertado.
O primeiro, a tendência de chamar a si todos os méritos, não admitir críticas e tratar todos subordinados com desprezo, inclusive proibindo a qualquer secretário sequer mostrar seu trabalho. Principalmente, a de exigir a cabeça de jornalistas que o criticavam.
O mal-estar na administração é geral. Em vez de um Estadista, passaram a ser comandados por um chefe de repartição que não admite o brilho de ninguém, nem lhes dá reconhecimento, não é eficiente e só joga para a torcida.
O segundo, a deslealdade. Duvido que exista no governo Serra qualquer estrela com luz própria que lhe deva lealdade. A estratégia política de FHC e Lula sempre foi a de agregar, aparar resistências, afagar o ego de aliados. A de Serra foi a do conflito maximizado não por posições políticas, mas pelo ego transtornado.
O uso do blogueiro terceirizado da Veja para ataques descabidos (pela virulência) contra Geraldo Alckmin, Chalita, Aécio, deixou marcas profundas no próprio partido.
Alckmin não lhe deve lealdade, assim como Aloizio Nunes – que está sendo rifado por Serra. Alberto Goldmann deve? Praticamente desapareceu sob o personalismo de Serra, assim como Guilherme Afif e Lair Krähenbühl – sujeito de tão bom nível que conseguiu produzir das poucas coisas decentes do malufismo e não se sujar.
No interior, há uma leva enorme de prefeitos esperando o último sopro de Serra para desvencilhar-se da presença incômoda do governador.
O que segura o serrismo, hoje em dia, é apenas o temor do espírito vingativo de Serra. E um grupo de pessoas que será varrido da vida pública com sua derrota por absoluta falta de opção. Mas que chora amargamente a aposta na pessoa errada.
Aliás, se Aécio Neves for esperto (e é), tratará de reasgatar esses quadros para o partido.
Saindo candidato a presidente e ficando claro que não terá chance de vitória, o PSDB paulista se bandeará na hora para o novo rei. Pelas possibilidades eleitorais, será Alckmin, político limitado, sem fôlego para inaugurar uma nova era. Por outro lado, o PT paulista também não logrou se renovar, abrir espaço para novos quadros, para novas propostas. Continua prisioneiro da polarização virulenta com o PSDB, sem ter conseguido desenvolver um discurso novo ou arregimentado novas alianças.
O resultado final será o fim da era paulista na política nacional, um modelo que se sustentou décadas graças ao movimento das diretas e à aliança com a velha mídia.
Acaba em um momento histórico, em que o desenvolvimento se interioriza e o monopólio da opinião começa a cair.
A história explica grande parte desse fim de período. Mas o desmonte teria sido menos traumático se conduzido por uma liderança menos deletéria que a de Serra.


Liberdade para sonhar


De Ipaumirim para Arrudópolis
Por Cairo Arruda
(membro da ACI)


Um antigo sonho de boa parte da população de Ipaumirim poderá vir à tona neste ano eleitoral, aproveitando-se o ensejo de criação de mais municípios no Ceará, por deliberação da Assembléia Legislativa do Estado, tendo como maior interessado o seu Presidente Domingos Filho.
Trata-se da mudança de nome do município de Ipaumirim para ARRUDÓPOLIS, numa homenagem póstuma a um dos seus principais emancipadores, no caso, o ex-Deputado Francisco Vasconcelos de Arruda, mais conhecido na Micro-Região do Alto Salgado, como Dr. Arruda.
Eis aqui uma sugestão despretensiosa, cuja concretização vai depender, é claro, do apoio incondicional, valioso e determinante da comunidade local, se acha-la justa, coerente e oportuna, até porque, a figura do homenageado deve ser encarada hoje, como histórica e acima dos interesses político-partidários.
Se o povo ipaumirinense, as suas principais lideranças (Prefeito, Vereadores, e segmentos como: Clubes de Serviços, Igrejas, Sindicatos, Associações, Professores e Estudantes, Funcionários Públicos, Industriais e Industriários, Comerciantes, Agricultores, Trabalhadores Rurais e Autônomos, Rádios e Coordenadores de Blogs), apoiarem de corpo e alma essa iniciativa, ela será, por certo, concretizada.
Ressaltar, neste ensejo, os feitos do Dr. Arruda em prol da antiga Alagoinha, torna-se desnecessário, pois a sua história, a maioria dos ipaumirinenses conhece de cor e salteado.

E-mail: cairomiri@yahoo.com.br

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Som do domingo

Memória: Reforma política: aposentar Caciques dos Partidos

O PRESIDENTE Castello Branco parece interessado em examinar as sugestões que lhe vêm sendo feitas no sentido de dar maior profundidade à revisão das estruturas políticas, que inicialmente pensou fazer em escala bastante modesta. Os projetos iniciais do Govêrno referiam-se a uma reforma eleitoral e a uma lei orgânica dos partidos, ambas consideradas essenciais a uma melhoria dos instrumentos de apuração da manifestação da vontade popular, mas ambas tidas pelos peritos nos estudos constitucionais do Brasil como insuficientes.
O de que se necessitaria, no momento, seria de alguma coisa semelhante ao que fêz na França, em 1958, o General Charles De Gaulle, embora sem que se pense em adotar necessàriamente a mesma linha de fortalecimento do poder presidencial seguida na Constituição francesa daquele ano.
Abandonada a idéia da mudança do sistema presidencialista para uma nova experiência parlamentarista - idéia condenada pelo malôgro da experiência anterior e recente, muito embora já haja novamente na Câmara uma emenda constitucional parlamentarista com 205 assinaturas, o que demonstra, pelo menos, a persistência das inclinações doutrinárias da maioria dos deputados -, cogita-se de modificar a estrutura do regime presidencialista. Essas modificações poderiam ir até admitir a existência de um conselho de ministros ou de ministros prèviamente aprovados pelo Congresso ou, ao menos, pelo Senado - prática norte-americana - como tentativa de contenção dos excessos presidencialistas e de uma boa distribuição de tarefas. Entende-se que a missão de chefe de Estado cresceu tanto quanto a missão de chefe de govêrno, a tal ponto que se tornaria rigorosamente impossível a um só homem exercer eficientemente as duas.
Ao chefe de Estado, no entanto, seriam asseguradas prerrogativas que manteriam em suas mãos o poder de decisão em tôdas as questões de importância política e administrativa.
Tentar-se-ia, por outro lado, assegurar senão a prevalência pelo menos a liderança legal - no reconhecimento da liderança de fato - do Poder Executivo sôbre o Poder Legislativo, na formulação da política de govêrno. Pensa-se, portanto, em introduzir, em caráter permanente, a tramitação especial dos projetos da iniciativa do Presidente da República, bem como a de consagrar, no texto da Constituição, as restrições à iniciativa legislativa dos deputados, notadamente no que se refere a projetos de lei aumentando a despesa pública.
A proibição de iniciativas de parlamentares com reflexos na despesa pública não só asseguraria a incolumidade da política econômico-financeira do Govêrno, como favoreceria o prestígio do Congresso, afetado exatamente pela liberalidade com que deputados e senadores usam, sob pressão dos seus eleitores, da faculdade de propor projetos de lei ou emendas aos projetos em andamento.
No que se refere ao problema dos partidos políticos, as tendências vêm variando, mas de um modo geral consideram-se carentes de objetividade as tentativas de eliminar os atuais partidos para substituí-los por organizações que estruturassem de modo mais coerente as tendências ideológicas e compusessem de maneira melhor, os interêsses em jôgo. Os partidos que aí estão, sobretudo os grandes partidos, como o PSD, o PTB e a UDN, encontram bases de opinião bastante estáveis e têm seu fundamento de realidade nas rivalidades políticas municipais que seriam ainda a substância do grande jôgo político nacional.
O problema seria o de democratizar êsses partidos, interferindo no seu processo, condicionando-os ao cumprimento de exigências legais que os poriam a salvo do domínio de oligarquias ou de interêsses de grupos que em cada Estado monopolizam a legenda sem qualquer possibilidade de apêlo ou recurso. Os partidos brasileiros não têm existência efetiva a não ser nos períodos eleitorais, e assim mesmo as convenções que ratificam candidaturas são manipuladas pelos donos da legenda, que negam acesso a qualquer influência estranha ao seu exclusivo interêsse político ou mesmo pessoal. Seria necessário permitir o arejamento das reuniões partidárias com o acesso às mesmas das correntes de opinião, desde o município até o âmbito nacional. Isso jamais aconteceria por vontade própria dos caciques partidários e teria de ser uma resultante de imposições legais, que o atual Govêrno poderia promover com rapidez e eficiência.
Os Srs. Gustavo Capanema e Afonso Arinos, juntamente com o falecido San Thiago Dantas, estudavam êsses temas em profundidade e vinham mantendo a respeito exaustivos encontros com o Ministro da Justiça, sensível à necessidade de partir o País para novas experiências em matéria de estrutura política.
Pensaram aquêles próceres em interessar no assunto o Presidente dos grandes partidos para a formação de uma frente ou bloco parlamentar que, na base do estímulo ao Govêrno, apoiasse firmamente a votação das reformas. A idéia está em marcha, e é possível que o Presidente autorize o Ministro Milton Campos a ampliar o terreno em que se estudam, no momento, as reformas políticas que pretende fazer possìvelmente nos primeiros meses de 1965.
As resistências da rotina política e parlamentar serão muito grandes e só mesmo o impulso de uma dinâmica revolucionária poderá permitir a reestruturação de que se cogita no momento.
Caso, no entanto, as dificuldades de ordem doutrinária sejam inconciliáveis, o Govêrno poderá se ver na contingência de restringir seu propósito reformista, na área política, a simples ajustamentos da legislação vigente.
Nesse caso, teríamos apenas algumas providências destinadas a coibir a fraude eleitoral ou a fixar exigências maiores para registro de partidos políticos, a fim de evitar que continuem a proliferar as legendas partidárias destituídas de qualquer significação.
Revista O Cruzeiro
03.10.1964

Hoje acordei assim.........


Mortiiiiiiiiiiiiiiiiinha.....

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Insoniaaaaaaaa

Versão brasileira

Aniversariantes da semana

Ana Luiza Gonçalves da Nóbrega


Norma Suely Souza

Josecy Almeida



Álbum da semana

Anchieta, Vilany e Maria Eunice

Nino, Erivando e Olga

Lindalva e Zenira

Licor e Olga

Valdelice Freitas

Salete Vieira

Rolim e Nadejda

Célia, Minervina e Diana

Ana Valentina e Ana Carolina

Fátima Lemos

Edmilson e amigas de Ip

Foto do orkut de Wescley Jorge

Olinda e Recife

Mil anos eu queria viver só para viver aqui. Recife, pra mim, é sempre novidade apesar dos 40 anos aqui vivendo. Recife é indizível. Olinda, "olindamente linda".
Linda foto, Wescley!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A ciência é fantástica


Tutankamon morreu vítima de malária
por Filomena Naves


Estudo mostrou que o jovem faraó sofria de uma doença que lhe destruía os tecidos ósseos. Aos 19 anos, acabou por não resistir a um episódio de malária
Tutankamon, o rapaz-faraó cuja causa de morte, aos 19 anos, estava envolta em mistério, terá afinal morrido de malária e de uma doença óssea, a doença de Köhler, que lhe provocou destruição dos tecidos. Este é o resultado de um estudo genético realizado em 16 múmias daquela época, entre as quais a do próprio Tutankamon, e que será publicado hoje na revista científica JAMA.
O jovem faraó culminou uma das mais poderosas dinastias do Antigo Egipto, a do Império Novo (a décima oitava), que reinou na região há mais de três mil anos, entre 1550 e 1295 a.C. Tutankamon foi rei durante nove anos e morreu em 1324 a.C.
"Sabia-se muito pouco sobre Tutankamon e os seus antepassados antes de Howard Carter ter descoberto o seu túmulo intacto, em 1922, no Vale dos Reis. Foi a descoberta da sua múmia e dos preciosos tesouros sepultados com ela, em conjunto com outras descobertas arqueológicas ao longo do século XX [sobre o Antigo Egipto] que forneceram informação importante sobre a vida do rapaz-faraó e da sua família", escrevem os autores, um grupo internacional de investigadores, liderado por Zahi Hawass, do Conselho de Antiguidades do Egipto, no Cairo.
Para determinar a causa de morte de Tutankamon e investigar a possibilidade de doenças hereditárias na família real, os investigadores usaram a radiologia e a análise genética, que aplicaram num total de 16 múmias, das quais 11 (incluindo a de Tutankamon) pertenciam à mesma família. As outras cinco eram de reis do início do Novo Império, entre 1550 e 1479 a.C., e não pertenciam à linhagem de Tutankamon.
Os trabalhos decorreram entre Setembro de 2007 e Outubro de 2009 e, além de terem determinado que Tutankamon sofria de malária e de malformações ósseas graves, permitiram identificar também uma das múmias como Akenaton, o pai do jovem faraó, e marido da lendária Nefertiti. As duas múmias de Akenaton e Tutankamon partilham inúmeras características morfológicas únicas, bem como o mesmo grupo sanguíneo.
Outra das múmias estudadas foi identificada como Tye, a mãe de Akenaton e avó de Tutankamon.
"Os resultados levaram-nos a concluir que uma circulação sanguínea insuficiente nos tecidos ósseos, que fragilizou ou destruiu uma parte deles, combinada com a malária, foi a causa mais provável da morte de Tutankamon", explicou Zahi Hawass. O estudo mostrou também que o jovem faraó havia sofrido uma fractura pouco antes da sua morte. A mesma fragilidade óssea foi identificada noutros membros da família que apresentavam malformações idênticas.

Greve de professores em Ip


Os professores da rede municipal de ensino decidiram, ontem, em assembleia geral, manter a greve por tempo indeterminado. As aulas deveriam começar nesta quinta-feira, mas agora não há previsão para o início do ano letivo. A categoria reivindica mudanças no Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) e adequação à Lei do Piso Nacional.
A assembleia dos docentes foi realizada no auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ipaumirim na manhã de ontem. Depois de três horas de reunião, esclarecimentos acerca das consequências do movimento grevista e definição de um plano de atividades, os professores aprovaram a manutenção da greve, que foi deflagrada numa outra assembleia realizada em dezembro passado.
Em seguida, um grupo de professores percorreu ruas da cidade e realizou um ato público em frente à Prefeitura. Segundo a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ipaumirim, Terezinha Gonçalves, não há diálogo com a administração que aprovou o PCCS em sessão na noite de Natal.
"Queremos adequação do plano à Lei do Piso ampliando a jornada para 40 horas semanais". Um professor de nível médio recebe por mês o valor líquido de R$ 505,00 para 20 horas semanais.Os docentes reivindicam ainda 20% de gratificação por regência de classe e prestação de contas dos recursos do Fundeb.
O prefeito de Ipaumirim, Geraldo dos Santos, esclareceu que a contratação por 20 horas semanais é decorrente do edital dos concursos realizados em administrações passadas e que a lei atual limita em 10% novas contratações. "Não houve rateio dos recursos do Fundeb porque toda a verba foi gasta com salário dos docentes e o município não tem condições financeiras de dar gratificação. Estamos abertos ao diálogo".
Ele disse que ingressará na Justiça solicitando a ilegalidade da greve.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Depois do carnaval, o delírio

Arquivos britânicos sobre Ovnis


O Ministério da Defesa e os Arquivos Nacionais da Grã-Bretanha liberaram mais de 6 mil páginas de documentos que incluem relatos de aparições de Ovnis (objetos voadores não identificados) entre 1994 e 2000.
Um deles inclui a aparição de Ovnis que sobrevoavam o Chelsea, clube de futebol de Londres, e a residência de um ex-ministro do Interior, Michael Howard.
Os relatos dão detalhes sobre a aparência dos objetos - de vários formatos e tamanhos - e incluem desenhos feitos por testemunhas.
Um homem disse à polícia que vomitou e adquiriu "um distúrbio de pele" depois que um estranho "tubo de luz" envolveu o seu carro no Vale de Ebbw, no País de Gales, no dia 27 de janeiro de 1977.
Em outro caso, um Ovni visto por policiais de Skegness, no leste da Inglaterra, foi filmado.
A aparição foi informada à guarda costeira, que alertou embarcações no Mar do Norte. A tripulação de um barco disse que viu mais Ovnis.
Força Aérea
Os documentos também incluem uma carta de um alto funcionário do Ministério da Defesa, Ralph Noyes, em que ele diz ter visto um filme com Ovnis feito por pilotos de caça da Força Aérea Real da Grã-Bretanha em 1956.
Noyes alega que as imagens foram mostradas em uma sessão secreta organizada por integrantes da defesa aérea no prédio do Ministério da Defesa em 1970.
E um memorando revela como o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill manifestou curiosidade sobre "discos voadores" e pediu um briefing de seus ministros sobre o assunto.
Depois de um estúdio realizado pelos serviços de inteligência em 1951, concluiu-se que "discos voadores" podem ter quatro causas - fenômenos meteorológicos ou astronômicos, identificação errônea de aeronaves convencionais, ilusão de ótica e delírios psicológicos ou trotes deliberados.
Especialistas afirmam que os documentos mostram como os formatos dos Ovnis mudaram nas últimas décadas, e a explicação pode estar nas representações que a cultura popular tinha desses objetos.
Vários relatos neste último lote de documentos - o quinto de um projeto de três anos para a liberação de arquivos - descrevem as supostas naves alienígenas como grandes, pretas e de formato triangular, com luzes nas pontas. Nas décadas de 1940 e 1950, o formato predominante era de disco.
"No período coberto pelos mais recentes documentos liberados, bombardeiros americanos de formato triangular e aviões espiões Aurora apareciam muito na TV, assim como em programas como Arquivo X e filmes como Independence Day, lançado em 1996, e os relatos de aparições de Ovnis são semelhantes", disse David Clarke, autor do livro The UFO Files e professor de Jornalismo da Universidade Hallam Sheffield, ao jornal britânico The Daily Telegraph.
"É impossível provar uma ligação direta entre o que as pessoas estão lendo e vendo e o que elas dizem ser Ovnis, mas uma interpretação pode ser que os mais recentes avanços na tecnologia podem estar influenciando o que as pessoas veem no céu", concluiu.
Os arquivos estão disponíveis para baixar de graça por um mês a partir do website dos Arquivos Nacionais.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

[Xico Sá no Carnaval] O amor eterno e a transa-miojo


Quanto tempo dura uma paixão de carnaval? Algumas aguentam apenas uma subida ou descida de ladeira em Olinda, uma passagem de um trio na Bahia, um giro por uma quadra em Ipanema do bloco “Simpatia é quase amor” etc.
Outras, raríssimas, dão em casamento. Como a de um amigo, o fotógrafo paulista Egberto Nogueira, que fez questão de casar na mesma data e local do crime, um ano depois do encontro: em pleno sábado de Zé Pereira, em uma igreja olindense. Palmas!
O bom e confortável é que, ao contrário da vida dura e normal, não temos muito o que choramingar sobre as delirantes paixões momescas. Nada de esperar aquele torpedo ou telefonema do dia seguinte. O day after simplesmente não existe. É tudo aqui e agora. A generosa arte zen do desapego.
Mais do que uma chance para os amadores – aqueles que deixam todas as sacanagens do mundo para o período carnavalesco – extravasarem, a folia da carne é uma aventura sem ego. Pelo menos para um feio e mal-diagramado como este cronista.
Você leva um fora e nem liga; a dor é instantânea e o pé-na-bunda é sempre com a maciez de umas delicadas pantufas, pés de amigo(a) urso(a), no pasa nada.
Esquema lava-jato de existência, lavou tá novo; a fila anda e segue a comédia. Assim deveria ser levada a vida, mas quem diz que conseguimos no bafo de onça da rotina?
O sexo carnavalesco, então, nem se fala. Se o cara já tem ejaculação precoce, aí é que o mundo o apressa mais ainda. Só transa-miojo: esquentou, ferveu, adeus.
É tempo de álibi para qualquer humaníssimo fracasso, como as nossas brochadas, por exemplo. Infinitamente mais perdoável. Nesse caso, nem queremos o segundo turno, uma nova chance, como acontece. Nem precisamos depois provar que não somos mesmo essa coisa toda. Simplesmente esquecemos. Que boa sorte.
O carnaval é uma lição de desencanamento. Vale por mil manuais de auto-ajuda, vale por todas as lições otimistas de Pollyana, moça. Que tal aplicar a técnica momesca no nosso dia a dia, depois das cinzas, quando voltarmos a São Paulo? Seria perfeito.
Para que tanto desgosto inventado? Tratemos o próximo como um folião permanente, o(a) namorado(a) como um(a) passante/ficante, levemos menos a sério a vida. Evoé Baco, evoé Momo!
Com licença que vou ali gastar o resto do corpinho no Recife Antigo. Quem sabe dou sorte e encontro o amor da vida, digo, o amor da quinzena, o amor da semana, o amor de hoje à noite, o amor eterno enquanto dura o show do Cidadão Instigado no Rec Beat, o amor possível que mereça esse nome. Afinal de contas, assim como a fama para Andy Wahrol, no carnaval amamos e somos amados pelo menos por 15 minutos.

Parabéns, Marcos Rodrigues




Música vencedora do 1º Festival de Músicas Carnavalescas da cidade de Cajazeiras.
Autor: Radialista Marcos Rodrigues

Quarta-feira ingrata

Bloco lírico
Tradição e da criatividade no carnaval do Recife
Dancei, pulei, brinquei até umas horas, como dizem os pernambucanos.
Segunda, foi dia de Recife antigo, blocos líricos que são imperdíveis pela beleza e harmonia. Vários shows espalhados pelos polos com músicas para todos os gostos. Do belíssimo frevo de bloco ao autêntico brega, passando pelo rock, cumbia e outros ritmos, dá de tudo no Recife antigo.
Carnaval mais light, a noite contribuindo para amenizar o calor, animação e, como em Olinda, tudo muito tranquilo.

Mercado da Boa Vista

Interior do mercado

Ontem, fui experimentar um carnaval diferente, fui brincar na manhã de sol do Mercado da Boa Vista no Polo das Tradições. Lá, eu vi o mais belo espetáculo de frevo em toda a minha vida. As agremiações eram puxadas pelo urso, uma das brincadeiras mais populares do carnaval de Pernambuco. O urso, figura central da brincadeira, vem vestido à caratér puxando o bloco e sua orquestra.
O mercado tem um pátio interno onde se armam toldos, as mesas na volta e uma orquestra tocando nos intervalos entre a passagem dos ursos. Conheci uma foliã de 104 anos, uma negra animada que dividia a mesa com políticos, médicos e familiares.
Eu diria que o carnaval do mercado faz uma linha de carnaval familiar, idosos, adultos, crianças brincando tranquilamente. A experiencia de revitalização dos mercados como espaços de cultura associada ao comércio popular vem dando certo em Pernambuco. E não é só no carnaval. Durante o ano, os eventos realizados em mercados públicos conquistam um público diferenciado.
Não faltam o clima descontraído dos mercados, pratos regionais, frios e bebida gelada.
Para não dizer que tudo é 100%, como na maioria das festas com menos movimentação, sempre há uma coroa ciumenta e embriagada que faz escândalos na presumida defesa do seu falido casamento com um gordo e mal amanhado maridão, coisas que você nunca vê no Recife antigo e em Olinda. Esse toque de baixaria quebra a harmonia da festa mas a turma do "segura a beba" entra em ação e o baile continua. Foi este o único incidente que presenciei em todo o carnaval 2010.
Terça de noite fiquei em casa para recarregar as energias. Hoje, a vida continua e amanhã é dia de vida normal.
O carnaval é uma festa linda e o carnaval dos carnavais é indiscutivelmente em Olinda.
Olinda quero cantar
A ti esta canção...
Valeu 2010!
Esperando o carnaval de 2011, se Deus quiser.
ML

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Domingo em Olinda


Ontem, tinha gente demais em Olinda. O sol até colaborou, foi menos quente que o sábado mas a travessia nas ladeiras era uma prova de resistência. Bom demais. Tem festa melhor? Voltei fim da tarde. Noite para dormir porque hoje é Recife Antigo curtir os blocos tradicionais de pau e corda, uma das partes mais bonitas de todo o carnaval.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Álbum da semana

Zefinha Maciel, Zenira, Naninha Maciel,
Francineide e Airton Farias
(Foto do ipfest.com)
Torres Neto e Michele Jorge


Sandra e Joelma Rolim

Osvaldo (de Amaro) e Chichico (de Vicentina)
Foto do Ipfest

Filha de Célia, Maurde, Célia e Nino

Luiz Carivaldo e esposa

Tita, Gisele, Geysa e Osvaldo

Fátima Jorge e Maria Clara

Zarlon Jorge e Edgler Ferreira
- editores da revista IPfest -
foto do ipfest.com


Dolores Pires e Deusani

Célia e Diana
El tiempo pasa...

Gabriela e Crisvane

Maria Glaydson e Bosco Macedo
foto do ipfest.com

Aldeisio Nery

Liduina, Anisomar, Geysa e Socorro

Diana, ?, Vanda e Célia

Davi, Laura, Carlinha, Olga, Ana Luiza,
Gesilda, Radmila e Diego

Célia, Salete e Diana


Olga e Ana Luiza

Fernando e MLuiza