Governadores de cinco estados, inclusive o cearense Cid Gomes (PSB), foram hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei que fixou o piso salarial dos professores no País em R$ 950. Os governadores do Ceará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul questionam o fato de o piso salarial ter se transformado em vencimento básico, sem incluir gratificações, além de outros aspectos, como mudança de carga horária.Os governadores consideram que a lei é inconstitucional, pois altera a situação contratual dos professores de uma hora para a outra. Segundo eles, os estados não têm caixa para arcar com as mudanças.
Gente de Ipaumirim. Vida de Ipaumirim. Tempos de Ipaumirim. Alagoinha... Ipaumirim...... memória..... raízes... atualidades....... por novos tempos..... novos olhares...... espaço aberto a todos......
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Depois da eleição...
Governadores de cinco estados, inclusive o cearense Cid Gomes (PSB), foram hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei que fixou o piso salarial dos professores no País em R$ 950. Os governadores do Ceará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul questionam o fato de o piso salarial ter se transformado em vencimento básico, sem incluir gratificações, além de outros aspectos, como mudança de carga horária.Os governadores consideram que a lei é inconstitucional, pois altera a situação contratual dos professores de uma hora para a outra. Segundo eles, os estados não têm caixa para arcar com as mudanças.
Mercado de ações
Uma vez, num pequeno e distante vilarejo, apareceu um homem anunciando que compraria burros por R$10,00 cada. Como havia muitos burros na região, os aldeões iniciaram a caçada. O homem comprou centenas de burros a R$10,00.
Como os aldeões diminuíram o esforço na caça, o homem anunciou que pagaria R$20,00 por cada burro. Os aldeões foram novamente à caça, mas logo os burros foram escasseando e os aldeões desistiram da busca. A oferta aumentou então para R$25,00 e a quantidade de burros ficou tão pequena que já não havia mais interesse em caçá-los. O homem então anunciou que compraria cada burro por R$50,00! Como iria à cidade grande, deixaria seu assistente cuidando da compra dos burros.
Na ausência do homem, seu assistente propôs aos aldeões:
- Sabem os burros que o homem comprou de vocês? Eu posso vendê-los a vocês a R$35,00 cada. Quando o homem voltar da cidade, vocês vendem a ele pelos R$50,00 que ele oferece, e ganham uma boa bolada.
Os aldeões pegaram suas economias e compraram todos os burros do assistente. Os dias se passaram, e eles nunca mais viram nem o homem, nem o seu assistente, somente burros por todos os lados.
Agora dá para entender como funciona o mercado de ações?
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Informações interessantes
<http://www.indekx.com/
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Conhecimento de forma gratuita e com qualidade
http://www.netsaber.com.br
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SITES ÚTEIS
01. Serviço dos cartórios de todo o Brasil, que permite solicitar documentos via internet:
www.cartorio24horas.com.br/index.php
02. Site de procura e reserva de hotéis em todo o Brasil, por cidade, por faixa de preços, reservas etc.:
www.hotelinsite.com.br
03. Site que permite encontrar o transporte terrestre entre duas cidades, a transportadora, preços e horários:
https://appweb.antt.gov.br/transp/secao_duas_localidades.asp
04. Encontre a Legislação Federal e Estadual por assunto ou por número, além de súmulas dos STF, STJ e TST:
www.soleis.adv.br
05. Tenha a telinha do aeroporto de sua cidade em sua casa, chegadas e partidas:
http://www.infraero.gov.br/sivnet/index.php?lang=bra
06. Encontre a melhor operadora para utilizar em suas chamadas telefônicas:
http://sistemas.anatel.gov.br/sipt/Atualizacao/Importante.asp
07. Encontre a melhor rota entre dois locais em uma mesma cidade ou entre duas cidades, sua distância, além de localizar a rua de sua cidade:
www.mapafacil.com.br
08. Encontre o mapa da rua das cidades, além de localizar cidades:
http://mapas.terra.com.br/Callejero/home.asp
09. Confira as condições das estradas do Brasil, além da distância entre as cidades:
www.dnit.gov.br
10. Caso tenha seu veiculo furtado, antes mesmo de registrar ocorrência na polícia, informe neste site o furto. O comunicado às viaturas da DPRF é imediato:
http://www.dprf.gov.br/?link=alerta
11. Tenha o catálogo telefônico do Brasil inteiro em sua casa. Procure o telefone daquele amigo que estudou contigo no colégio:
www.102web.com.br
12. Site que o ajuda a conjugar verbos em 102 Idiomas:
www.verbix.com
13. Site para envio de e-mails pesados, acima de 50Mb:
www.dropload.com
14. Site de câmeras virtuais, funcionando 24 hs por dia ao redor do mundo:
www.earthcam.com
15. O IBGE pôs no ar o site Países®, que fica em http://www.ibge.gov.br:80/paisesat/
Viagens: Fuso horários, conversão de moeda e orçamentos de viagem.
Depois, passe o mouse em cima do país, não precisa nem clicar o mouse agora, e o sistema mostrará com quantos reais você compraria a moeda local, com cotação do dia anterior à consulta. Clique no mapa ao lado e procure o país desejado.
Um site de muita valia para quem gosta de adquirir livros em tempos de dinheiro curto:
http://www.estantevirtual.com.br
São mais de 500 sebos que se cooperativaram, atendendo hoje mais de 3.500 cidades brasileiras.
O cadastramento é gratuito e não há necessidade de aquisição por ocasião dele.
Prestação de contas
Ausência de prestação de contas
Defesa preliminar
N.º do processo no TRF-5: 2008.05.00.006957-8 (INQ 1888 CE)http://www.trf5.jus.br/processo/2008.05.00.006957-8
A Procuradoria Regional da República da 5.ª Região (PRR-5) é a unidade do Ministério Público Federal que atua perante o Tribunal Regional Federal da 5.ª Região (TRF-5), a segunda instância do Poder Judiciário Federal para os estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Amores brutos
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Eleições sem nada
Cantei a bola nos dois artigos que escrevi antes do 1º turno: foram eleições sem opções e sem esperanças.
Só havia candidatos do sistema. Fernando Gabeira acabou sendo o único que pareceu remotamente vir na contramão, devido à desigualdade de recursos que fez lembrar as antigas campanhas de "o tostão contra o milhão".
Mas, com seus elogios ao capitalismo, seus recuos das antigas posições "radicais" e as médias que andou fazendo junto aos mercadores da fé e aos senhores das armas, logo dissipou as tênues esperanças que restavam.
Não era mais Gabeira, embora continuasse usando o rótulo. Virou Qualquer-Coisa. E, como Fernando Qualquer-Coisa, perdeu.
Assim como Marta deixou de ser Suplicy há muito tempo, mas continua usando o sobrenome que hoje não passa de rótulo.
Foi como Suplicy que ela venceu uma vez – e tão-somente porque escondeu do eleitorado que já deixara de sê-lo, na verdade.
Sem o digno sobrenome, o que sobra? Uma sexóloga de TV com todo jeitão de dondoca daslu. Que nunca seria candidata petista no tempo em que o partido era ideológico. E, agora, mostrou ser uma mala sem alça até mesmo para o PT fisiológico...
Os analistas da imprensa destacam a cristalização de uma nova direita em São Paulo, abarcando o que restou do velho udenismo, do adhemarismo, do janismo, do quercismo e do malufismo, em amálgama nauseabundo com forças de esquerda que guinaram à direita (o velho PCB, o tucanato...).
O certo é que a costura desses restos mortais numa nova criatura política, com Serra no papel de Dr. Frankenstein, foi muito facilitada pela extremada rejeição da classe média paulistana a Marta Qualquer-Coisa e ao próprio petismo.
Pesam contra Marta os estigmas de introdutora de taxas extremamente antipáticas, como a do lixo; de construtora de dois túneis unanimemente tidos como superfaturados, mal concebidos e mal executados; e de arrogante quando criticada, como da vez em que destratou uma dentista cujo consultório fora inundado pelas enchentes e da outra vez em que mandou os torturados pela espera infinita nos aeroportos relaxarem e gozarem.
O PT, por sua vez, carrega o desgaste do mensalão e da traição a suas bandeiras históricas, como a de repúdio aos bancos e ao grande capital. Em vez de governar para os pobres e para a classe média, como prometera, está governando para os muito pobres (que lhe dão votos) e os muito ricos (que lhe garantem poder).
Nada a estranhar, portanto, em que tenha transformado em inimiga a classe média mais encorpada e influente do país, a de São Paulo.
O quadro, depois das eleições municipais, é desalentador.
De um lado o PT reformista/assistencialista, sem a mais remota veleidade de romper as amarras de um modelo econômico que perpetua a desigualdade e a exclusão social.
Do outro, o novo bloco conservador capitaneado pelo PSDB, com o DEM reduzido a coadjuvante de luxo.
E o velho centrão, com o PMDB à frente, barganhando seu apoio no atacado e no varejo.
Pior do que isso, só mesmo o boato de que Lula estaria prestes a desembarcar do PT e vestir uma fantasia de tucano, para ajudar a eleger Serra em 2010, com a contrapartida de ser ele o candidato presidencial em 2014.
Só o fato de que esta hipótese hoje não choca ninguém já é um atestado eloqüente do descrédito dos políticos, sem exceção, aos olhos do cidadão comum.
Se consumada, será a ignomínia suprema.
* Celso Lungaretti, 58 anos, é jornalista e escritor. Mantém os blogs O Rebate, em que disponibiliza textos destinados a público mais amplo; e Náufrago da Utopia, no qual comenta os últimos acontecimentos.
Fonte: http://congressoemfoco.ig.com.br/DetForum.aspx?id=25297
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Segunda bem humorada
A INVEJA É FOGO, HEIM!!!
O sujeito foi cortar o cabelo no barbeiro que freqüentava há mais de vinte anos.
- Rapaz, tô ansioso... Vou pra Itália amanhã!
- Itália?- perguntou o barbeiro - Com tanto lugar bom pra ir, tu vai pra Itália?
- É, e eu vou pela Alitalia.
- Puta que pariu, a pior companhia de aviação do mundo. - Vai pra que cidade?
- Roma.- Que merda! Cidadezinha feia! Vai se hospedar aonde?
- No Hilton.
- Que ...., Eu hein! Aquilo é o maior pardieiro! - Vai ver o papa?
- Claro!
- Programinha de índio, hein! Milhares de pessoas se acotovelando só pra ver o papa.
O sujeito saiu do barbeiro injuriado. No dia seguinte, viajou e curtiu a viagem, que foi ótima. Logo que voltou, fez questão de voltar à barbearia.
- E aí, como foi a viagem? perguntou o barbeiro.
- Rapaz, você não sabe o que me aconteceu. Eu tava lá no Vaticano tentando ver o papa. Logo que o papa chegou na sacada, ele olhou pra multidão e desceu. Saiu de lá e começou a andar na minha direção. Foi se aproximando de mim cada vez mais. Quando o papa chegou bem pertinho, falou um troço no meu ouvido. Só pra mim!
- E o que o papa falou pra você?
- Cabelo mal cortado, hein, rapaz? Que MERDA de barbeiro é o teu ...
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SUS - OS 10 MANDAMENTOS DO PLANTONISTA
1 - Se você não sabe o que tem, dê VOLTAREN.
2 - Se você não sabe o que viu, dê BENZETACIL.
3 - Apertou a barriga e fez 'ahn', dê BUSCOPAN.
4 - Caiu e passou mal, dê GARDENAL.
5 - Tá com uma dor bem grandona? Dê DIPIRONA.
6 - Se você não sabe o que é bom, dê DECADRON.
7 - Vomitou tudo que ingeriu? Dê PLASIL.
8 - Se a pressão subiu, dê CAPTOPRIL.
9 - Se a pressão subiu mais ainda, dê FUROSEMIDA.
10 - Chegou morrendo de choro? Meta no SORO.
E mais:
Arritmia doidona? Dê AMIODARONA.
Pelo não, pelo sim, dê ROCEFIN.
Só nunca esqueça que o diagnóstico é sempre:
VIROSE
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Em Ipaumirim, há dias, que nem para carimbar a receita tem médico no hospital.
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excitante, que não se conteve e correu pra casa para contar pra sua mãe o que tinha visto ...
- Mamãe, mamãe, eu estava no playground da escola, qdo vi o carro do papai indo pro mato com a tia Jane dentro... Eu fui atrás pra ver e ele tava dando o maior beijo na tia Jane....depois ele a ajudou a tirar sua blusa... aí a tia Jane ajudou o papai a tirar suas calças e depois a tia Jane...'
Nesse ponto a Mamãe o interrompeu e disse:
- Joãozinho, essa é uma estória tão interessante, que tal 'você guardar o resto dela pra hora do jantar?....
Eu quero ver a cara do seu pai, qdo você contar tudo isso hoje à noite?'
'Na hora do jantar, a Mamãe pediu pro Joãozinho pra contar sua estória...
Joãozinho começou a sua estória:
'Eu tava brincando no playground da escola, qdo vi o carro do papai indo pro mato com a tia Jane dentro... aí, fui correndo atrás pra ver e ele tava 'dando o maior beijo na tia Jane...aí ele a ajudou a tirar sua blusa... aí a 'tia Jane ajudou o papai a tirar suas calcas e depois a tia Jane e o Papai começaram a fazer as mesmas coisas que a Mamãe e o tio Bill faziam, quando o 'Papai estava no exército ...'
'A mamãe desmaiou!
Moral da estória : Dê atenção a quem estiver falando. Pode ser bom pra você.
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Marido e mulher estão tomando cerveja num barzinho. Ele vira pra ela e diz:
- Você está vendo aquela mulher lá no balcão, tomando whisky sozinha? - Pois eu me separei dela faz sete anos! Depois disso ela nunca mais parou de beber.
A mulher responde:
- Não diga bobagens. Ninguém consegue comemorar durante tanto tempo assim!
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Simplicidade de Uma Mulher Madura
Quando tinha 15 anos, esperava um dia ter um namorado... seria bom se fosse alegre e amigo...
Quando tinha 18 anos, encontrei esse garoto e namoramos; ele era meu amigo, mas não tinha paixão por mim. Então percebi que precisava de um homem apaixonado, com vontade de viver, que se emocionasse...
Na faculdade saia com um cara apaixonado, mas era emocional demais. Tudo era terrivel, era o rei dos problemas, chorava o tempo todo e ameaçava suicidar-se. Descobri então, que precisava de um rapaz estável.
Quando tinha 25 anos encontrei um homem bem estável, sabia o que queria da vida;mas era muito chato: queria sempre as mesmas coisas - dormir no mesmo lado da cama, feira no sábado e cinema no domingo. Era totalmente previsível e nunca nada o excitava. A vida tornou-se tão monótona que decidi que precisava de um homem mais excitante.
Aos 30, encontrei um tudo de bom, brilhante, bonito, falante e excitante, mas não consegui acompanhá-lo. Ele ia de um lado para o outro, sem se deter em lugar nenhum. Fazia coisas impetuosas, paquerava com qualquer uma e me fez sentir tão miserável, quanto feliz. No começo foi divertido e eletrizante, mas sem futuro. Decidi buscar um homem com alguma ambição para com ele construir uma vida segura.Procurei bastante,incansavelmente...
Quando cheguei nos 35, encontrei um homem inteligente, ambicioso e com os pés no chão. Apartamento próprio, casa na praia, carro importado...solteiro e sem rolos! Pensei logo em casar com ele. Mas era tão ambicioso que me trocou por uma herdeira...
Hoje, depois de tudo isso, gosto de homens com pinto duro...
E só! Nada como a simplicidade...
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Mineiro
Um mineiro chega em um barzinho e ve la no cardapio do bar:
- Refrigerante 1, 50
- pão de queijo 2, 00
- punheta 10, 00
Então o mineiro aproximou-se do balcão e viu uma mulher toda sensual e pergunta:
- É a senhora que toca as punhetas?
a mulher:- Sou eu mesmo gostosão
O mineiro:
Então lava bem as mãos e pega um pão de queijo pra mim. . .
domingo, 26 de outubro de 2008
Poeta, romancista, contista e cronista, toda a sua obra é atravessada pelo Alentejo e o seu povo.
Manuel da Fonseca foi um dos maiores escritores do neo-realismo literário português. Fez parte do grupo do Novo Cancioneiro e através da sua arte teve uma intervenção social e política muito importante, retratando o povo, a sua vida, as suas misérias e as suas riquezas, exaltando-o e, mesmo, mitificando-o.
Da sua obra como poeta destacam-se Rosa dos Ventos (1940) e Planície (1941). "A publicação de "Rosa dos Ventos" em 1940, altura em que o neo-realismo na poesia não conseguira ultrapassar a inconsistência de algumas tentativas exploratórias, veio viabilizar uma alternativa ao presencismo dominante". "A sua poesia propor-se-á como oralidade dramática, pela qual a enunciação é delegada num vasto friso de personagens que assim conquistam finalmente a sua voz, no que é afinal uma reparação feita a todos aqueles a quem a História interditara a voz, relegando-os para a esfera do não-dito - e daí a oralidade desta poesia, tão devedora no tom e nas formas poéticas de tradições maioritariamente populares, isto é, não cultas. É esta, pois, uma poesia em que o realismo se declina em termos históricos e, sobretudo, materialistas, pela forma como se enraíza na concretude de personagens e situações." (Osvaldo Silvestre, 1996)
Da sua obra como romancista destacam-se Cerromaior (1943) e Seara do Vento (1958), duas das obras que melhor representam o neo-realismo português.
Contos, escreveu vários, Aldeia Nova (1942), O Fogo e as Cinzas (1951), Um Anjo no Trapézio (1968) e Tempo de Solidão (1973) são os principais.
A obra de Manuel da Fonseca "acaba por realizar (...) o destino interventivo que desejou. De tal modo que não é possível estudá-la hoje à margem da mitologia revolucionária de que se alimentou, por longas décadas, a resistência ao regime, mitologia para a qual, afinal, contribuiu decisivamente. De certo modo poderíamos mesmo dizer que a sua obra coloca, como nenhuma outra, a questão da mitologia neo-realista - assim como a do neo-realismo enquanto mitologia." (Osvaldo Silvestre, 1996)
Manuel da Fonseca morreu em 1993.
FERROVIA TRANSNORDESTINA
Por Cairo Arruda
No meu entender, e na qualidade de nordestino, duas importantes obras do Governo Lula – A Transposição das Águas do Rio São Francisco e a Ferrovia Transnordestina (esta, ligando Tocantins a Pernambuco, atravessando boa parte do Ceará), serão, sem dúvida, o grande marco de sua adminsitração, no Nordeste.
Já tive o ensejo de afirmar alto e bom som, aqui e alhures, que o transporte ferroviário, tanto de cargas como de passageiros, é mais econômico e seguro que o rodoviário, não só para a condução de mercadorias como de pessoas; ele beneficia a classe de menor poder aquisitivo, e, no caso de cargas, é também benéfico às empresas produtoras.
Não é por acaso, que os países mais desenvolvidos, e até mesmo alguns emergentes, priorizam essa modalidade de transporte.
Fiquei contente ao saber, através da Rádio Vale do Salgado, de Lavras da Mangabeira, que esta cidade vai ser cortada pela Transnordestina, passando nas imediações do Colégio Agricola, a dois km de sua urbe; como também, a localidade caririense de Abaiara. A minha torcida agora, é que elas sejam beneficiadas com uma estação de passageiros, e, para tanto, necessário se faz, que as suas lideranças políticas se mobilizem, em tempo hábil, para que isso realmente aconteça.
Por outro lado, fui informado de que o canal que conduzirá as águas do “Velho Chico” para o Ceará, passará no municipio de Ipaumirim, mais precisamente na altura do Distrito de Felizardo, fato este, que representa melhoramento de vulto, no setor agricola, para os ipaumirinenses e felizardenses.
A Transnordestina, cuja finalidade maior, é o transporte de minérios, combustíveis e outros produtos, entre locais estratégicos da Região Nordestina, terá a seguinte kilometragem: trecho Missão-Velha-CE a Salgueiro-PE – 96 km; Missão Velha a Pecém-CE – 527 km; Salgueiro a SUAPE-PE – 522 km (já passando por Arco Verde – grande centro produtor); Salgueiro a Trindade- 166 km; Trindade a Elizeu Martins-PI – 420 km; num total de 1.728 km.
Vou torcer, portanto, ao lado das comunidades a serem beneficiadas com as obras em referência, para que, mesmo apesar da crise econômica que está assolando atualmente todo o Planeta, com repercussão no Brasil, elas sejam efetivamente concretizadas ainda no Governo Lula, pois beneficiará sete estados nordestinos, a saber: Ceará, Piaui, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraiba, Maranhão, e ainda, o de Tocantins, na Região Norte.
E-mail: cairomiri@yahoo.com.br
sábado, 25 de outubro de 2008
Álbum da semana: do arquivo particular de Rosamaria
Rosamaria e Luiz Neto
Da esquerda p/ direita: duas meninas não identificadas, Rita, Lígia de Luídio, Rosamaria, Dorinha Arruda, Geysa, Maria de Zé Alves, Idália de Pedro Lacerda, Fátima Lemos e Fátima de Sérgio Sobreira.
Estas fotos são dos anos 50 e 60. Algumas já devo ter publicado mas gostei do conjunto e publiquei de novo. Se você tiver um album pessoal que queira publicar, envie (até 15 fotos) com identificação que publicaremos no álbum da semana. Não precisam ser apenas fotos antigas, pode misturar.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
OPERAÇÃO VVV - VESTIDO, VERÃO & VINGANÇA (Xico Sá)
Ei, você ai, de cabelos brancos na fronte do artista, você mesmo, rapaz, deve se lembrar muito bem daquele que Sonia Braga vestia quando escalou o telhado, em Gabriela Cravo e Canela, no tempo em que rolava a novela das dez, recorda?
Alvíssaras, meu camarada, os vestidos voltaram à praça. A vingança. Não que tivessem sumido da história, das ruas, das festas, repartições e firmas. Mas andavam em baixa, suplantados pela praticidade burocrática das Evas modernas e suas calças, suas saias austeras e seus tailleurs, essas peças apolíneas que batem a carteira de Vênus, roubam a alma de Eros...
De tão neoliberais, os tailleurs são capazes de sair sozinhos para o trabalho....
Talvez tenha sido necessário, fazer o quê?, a onda recente de desfiles de moda de Nova York, Londres, Milão e Paris, para alertar para uma necessidade mais do que extremada: o retorno do vestido como peça sagrada e quase segunda pele das mulheres.
Tudo fica mais estranho ainda quando as passarelas começam a entender um pouco os homens héteros. Mas não deixa de ser um ótimo sintoma dos tempos.
Talvez a indústria da moda esteja pagando por todos os pecados anteriores. Redime-se lindamente do quanto enfeiou as belas mulheres.
Todo homem ama passear com uma mulher com a mais linda dessas peças. Mesmo os mais machões, que fingem ignorar a vestimenta da fêmea _reservando-se apenas a dar chiliques quando as vestes são muitas curtas.
Seja um Versace, que custa os olhos da cara, seja um baratinho de chita.
Homem que é homem, seja de Paris, Nova York ou do sertão dos Cariris, como o meu avô João Patriolino, vai à Maison, às Casas Pernambucanas ou à feira do seu município e traz uma bela peça ou um corte de tecido de presente para a amada. Até mesmo o Fabiano, que mal tinha um cobre no bolso, persona do livro “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, voltava da cidade com um corte de pano estampado para a sua mulherzinha magra, só o couro e o osso.
Mas mesmo que nos falte a devoção do presente, tudo indica que vocês, belas fêmeas, irão desfilar nos próximos verões com feminilíssimos vestidos.
Será lindo!
V de verão e V de vestido para deixar mais faceiras as gazelas, para dar mais graça às cheinhas, para realinhar a beleza nobre das afilhadas de Balzac...
A peça nos põe, homens de todas as gerações e gostos, mais românticos. O mais tosco dos canalhas sucumbe como um romeiro de joelhos diante da santa.
Se for uma peça que deixe à mostra as saboneteiras, meu Deus, que lindo vexame! E uma mulher com o joelho à mostra... nas cidades mais frias que sempre exigem roupas mais compostas?
Noooooosssssaa!, como diria o velho Costinha.
Ora, você nem carece ser a mais bela por completo, isso é utopia e ditadura de & modinhas, você carece ter apenas uma linda parte pelo todo, como aquela figura de linguagem, a tal da metonímia que aprendemos no colégio.
Mulher é parte pelo todo. Uma linda omoplata, um pescoço, ombrinhos, pés, calcanhares mais lindos, batatas de pernas invejáveis, belos braços...
Aí ficará ainda mais linda de vestido, ao contrário das calças e outras tantas armaduras medievais que escondem o que nos enlouquece, o melhor dos nossos mundos.
Esconder, achando que pode ser vantajoso depois, é besteira. O charme é mostrar-se, ter a coragem, mesmo com o que você supõe ser uns quilinhos a mais. Na balança das nossas retinas e trenas, isso pode ter importância de menos, quase nada, alguns gramas de preconceito e baitolice na cabeça de homens que já não valiam a pena mesmo.
Da marola ao tsunami
A cortina de fumaça não paralisou o BC, que tomou medidas para lidar com a liquidez dos bancos menores
A CRISE financeira mundial chegou ao Brasil com todo o seu impacto destrutivo. Em setembro, os primeiros ventos dessa tempestade já podiam ser sentidos no âmbito mais restrito do mercado financeiro. A volatilidade dos ativos brasileiros, negociados aqui e no exterior, começou a aumentar de forma desordenada. Mas esses sentimentos não chegavam ao lado real da economia, que vivia ainda as doces brisas de um longo verão de crescimento.A posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajudou muito para preservar esse entusiasmo. Qualificando a crise financeira como uma questão dos países do Primeiro Mundo, ele reforçava a impressão de que as dificuldades enfrentadas eram coisa de ricos. Mas essa cortina de fumaça rósea desapareceu agora em outubro.Primeiro, a questão pontual das empresas que especularam com o real tornou-se um problema bancário sério. Depois, a consolidação do cenário de recessão global trouxe a crise financeira às economias emergentes. Com a velocidade e a força de um tsunami, foram atingidos nos últimos dias os papéis da dívida externa (privada e pública) de vários países, trazendo de volta os fantasmas das crises asiática em 1997 e da Rússia/Brasil em 1998.A flutuação irracional dos preços tem causado prejuízos imensos em todos os segmentos do mercado financeiro. Em razão desse estado de coisas, os bancos brasileiros reduziram de forma agressiva a concessão de crédito. Os números deste mês mostram claramente um fenômeno de descontinuidade no mercado de crédito, no momento em que a atividade produtiva da economia e a febre de consumo de milhões de brasileiros atingiam seu ponto mais alto.Os ventos externos -agora gelados e fortes- chocaram-se com o ar quente do otimismo de todos. Podem estar certos os leitores da Folha que o impacto sobre as empresas e os consumidores vai ser muito duro e duradouro.Felizmente para todos nós, a cortina de fumaça não paralisou o Banco Central. Enquanto o ministro da Fazenda seguia o tortuoso e perigoso caminho de negar os problemas reais, o Banco Central agiu.Tomou medidas agressivas para lidar com a questão da liquidez dos bancos de médio porte, reduzindo o compulsório e criando incentivos para a venda de carteiras de crédito dos bancos em dificuldades. Disponibilizou dólares de sua reserva para destravar as operações de financiamento ao comércio exterior. Injetou liquidez nos mercados de câmbio, agindo nos mercados "spot" e de derivativos.Por fim, criou mecanismos legais no caso de ser necessária uma infusão de capital nas instituições com problemas de solvência. Apesar da grita contra uma possível estatização de prejuízos, não existe no momento uma alternativa para evitar a quebra de bancos e o aprofundamento da crise. Enfrentamos hoje os mesmos resmungos ouvidos nos Estados Unidos e na Europa há poucos meses. Sugiro a leitura da revista inglesa "The Economist" desta semana para que se possa digerir com menos dificuldades a medida provisória nº 443, assinada na terça-feira.Aqui, como no exterior, vamos ter de usar o Estado para evitar o mal maior de uma recessão profunda. O que a sociedade deve exigir é que esse movimento, se necessário, seja feito com transparência e fiscalização externa. Como nos Estados Unidos, o Congresso Nacional deve criar uma comissão para acompanhar a utilização desse mecanismo extraordinário.
Folha de S.Paulo
Enviado por Flávio Lúcio
Enquanto isso... na vizinhança
Prefeito eleito Léo Abreu protocola no TCE
Espelhos - Eduardo Galeano
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Estava escrito nas estrelas
Márcia Denser*
Sei que estou devendo até a alma¹ para os meus leitores, mas não posso deixar de prestar este grande serviço a todos vocês, representado por esta pesquisa das grandes e sábias vozes a interpretar o que realmente está acontecendo por aí, o que fatalmente sinaliza o começo do fim do neoliberalismo, a política cruel que durante trinta anos castiga o planeta. Lá vai, pessoal:
O desmoronamento de Wall Street é comparável, no âmbito financeiro, ao que representou, no geopolítico, a queda do muro de Berlim. Uma mudança de mundo e um giro copernicano. Quem o afirma é o Nobel de Economia, Paul Samuelson: “Esta débâcle é para o capitalismo o que a queda da URSS foi para o comunismo”. Termina o período aberto em 1981 com a fórmula de Ronald Reagan: “O Estado não é a solução, é o problema.”
Ignácio Ramonet, jornalista, ex-editor do Le Monde Diplomatique
Entupiu o sistema circulatório do capitalismo. É preciso agir rápido, antes que ocorra a trombose.
As autoridades monetárias de todo o mundo têm que intervir rápido, antes que se forme a pior das bolhas, a de pânico, que é essa que está em curso.
Na crise de 1929 o crédito também refluiu, mas isso se deu na esteira da desaceleração da atividade econômica, que foi brutal, caiu mais de 25% nos EUA. A recessão então é que diminuiu a demanda por financiamento. Hoje não. A economia não está em recessão – exceto talvez no Japão e engatinha na Europa. Mas é justamente esse paradoxo que mata o sistema: não existe crédito para a atividade econômica em curso. Pára tudo – e de repente: daí o pânico”
O Brasil tem algumas vantagens importantes em relação a outros emergentes. E o governo Lula deverá saber usá-las. Primeiro, nós não somos exportadores de petróleo e metais – nesse sentido a crise pega a Venezuela e o Chile de frente. Vão ter problemas sérios porque as cotações despencam. Nós vendemos comida e isso deve se manter em bom nível. Segundo: temos, graças a Deus, três fortes bancos estatais, o que dá ao governo instrumentos para intervir fortemente no mercado. Mais ainda, temos pelo menos três grandes empresas públicas de peso, um trunfo que conseguimos salvar do ciclo de privatizações desfechado pelo governo anterior.
O que é preciso é agir com rapidez e contundência. Desentupir o sistema de crédito. Por exemplo? O Banco Central deve obrigar os bancos a repassarem de fato os recursos liberados do compulsório para irrigar a economia (NR: uma das medidas já tomadas foi a redução do percentual de recolhimento de depósitos à vista no BC). Eles têm que emprestar a quem precisa. O governo fez a sua parte, deu a cenoura para os grandes bancos repassarem liquidez. Se eles insistirem em segurar recursos o governo deve impor uma penalização forte sobre o volume retido. Já demos a cenoura – se a mula empaca é hora do stick (o porrete)”.
Maria Conceição Tavares, economista
É preciso deixar de lado a esperança liberal de que os bancos vão agir em benefício da sociedade e do desenvolvimento. O governo tem que injetar crédito direto na veia do setor produtivo e demais instituições. A palavra que falta dizer é: estatização do crédito.
Lembro que os fatos caminham à frente das idéias também neste caso. Como decorrência da desregulação geral das finanças, desde os anos 70, os bancos sofreram uma mutação em todo mundo. Eles renunciaram à condição original de emprestadores finais, aqueles que geram o crédito e carregam o risco até a liquidação dos contratos: tornaram-se meros corretores das finanças. O banco continua a originar o empréstimo, mas securitiza a operação, revendendo-a no mercado de forma a dividir os riscos.
O problema é que esse mecanismo de defesa degenerou-se.Assumiu a forma de imensas pirâmides de ativos securitizados, em diferentes versões de derivativos que turbinaram os circuitos especulativos das finanças desreguladas. Sua essência desestabilizadora – são pirâmides invertidas cujo ponto de apoio em valor real se esfumou - só foi reconhecida pelos neoliberais urbi et orbi quando a casa caiu nos EUA, na explosão da bolha imobiliária.
Luiz Gonzaga Belluzzo, economista, professor-titular do Instituto de Economia da Unicamp e presidente do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento.
As medidas nacionalizantes de ações e bancos anunciadas pelo primeiro ministro Gordon Brown, do mesmo Labour Party de Blair, tiveram um poder eletrizante em relação aos demais governantes dos países diretamente envolvidos com as causas da crise, nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. As medidas, elogiadas de imediato pelo novo ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, conhecido crítico das políticas econômicas e externas de Bush, foram profundas e cortantes, equivalendo, em alguns aspectos, a aplicação de uma lei marcial nas instituições
Larry Eliot, editor de economia do The Guardian, comentou em vídeo gravado na página do jornal, que chegara “a hora da esquerda”. É claro que “esquerda” neste contexto londrino, quer dizer algo diferente do que em Caracas ou mesmo no Rio de Janeiro. Quer dizer a defesa de uma melhor e mais profunda regulamentação dos mercados, coisa com que todos, no momento (na página da CBN vi comentário até do Arnaldo Jabor neste sentido!!) parecem concordar. Parecem? Vejamos.
A reação da The Economist é muito sintomática neste sentido. A revista é uma publicação seriíssima, aberta ao debate político e econômico de uma multiplicidade de correntes, mas com uma posição editorial declarada e assumida em defesa do livre mercado (por isso mesmo, por sua posição ser aberta e declarada, é dos jornais mais confiáveis, daqueles que ainda procuram distinguir fato de opinião).
Em artigo de 9/10 (“Saving the System”), depois de assinalar que, só em setembro, 159 mil trabalhadores norte-americanos perderam o emprego, e que o custo da empreitada já está chegando nos Estados Unidos a 1 trilhão de dólares, duas vezes o custo da guerra no Iraque, diz o jornal: “A direção da globalização vai mudar”. Esse processo está sendo revertido de três modos:
1) As finanças do Ocidente voltarão a ser regulamentadas.
2) O equilíbrio entre o Estado e o Mercado está mudando em outras áreas, além da de finanças. Exemplo: o do preço dos alimentos, onde vários governos estão tomando medidas estritas de controle de preços, de limitação de exportações e outras, em escala mundial.
3) Os Estados Unidos estão perdendo a sua posição de vanguarda econômica e a sua autoridade intelectual, em favor de nações que mantém uma posição forte quanto à capacidade de crédito, como a China. Aqui The Economist cita a frase do premiê chinês sobre serem os países do Ocidente os “mestres” e os outros os “discípulos” em matéria de economia: “parece que os mestres estão em dificuldade”. Flávio Aguiar, editor da Carta Maior
A liberalização financeira teve efeitos para muito além da economia. Há muito que se compreendeu que era uma arma poderosa contra a democracia. O movimento livre dos capitais cria o que alguns chamaram um “parlamento virtual” de investidores e credores que controlam de perto os programas governamentais e “votam” contra eles, se os consideram “irracionais”, quer dizer, se são em benefício do povo e não do poder privado concentrado. Os investidores e credores podem “votar” com a fuga de capitais, com ataques às divisas e com outros instrumentos que a liberalização financeira lhes serve de bandeja. Essa é uma das razões pelas quais o sistema de Bretton Woods, estabelecido pelos EUA e pela Grã-Bretanha depois da II Guerra Mundial, instituiu controle de capitais e regulou o mercado de divisas.
Pode ser que a paixão pela campanha não seja uma coisa universalmente compartilhada, mas quase todo mundo pode perceber a ansiedade desencadeada pela execução hipotecária de um milhão de residências, assim como a preocupação com os riscos que correm os postos de trabalho, as poupanças e os serviços de saúde. As propostas iniciais de Bush para lidar com a crise fediam a tal ponto a totalitarismo que não tardaram a ser modificadas. Sob intensa pressão dos lobbies, foram reformuladas “para o claro benefício das maiores instituições do sistema... uma forma de desfazer-se dos ativos sem necessidade de fracassar ou quase”, segundo descreveu James Rickards, que negociou o resgate federal por parte do fundo de cobertura de derivativos financeiros Long Term Capital Management em 1998, lembrando-nos de que estamos caminhando em terreno conhecido. Como era previsível, as medidas tomadas a esse respeito incrementaram a frequência e a profundidade dos grandes reveses econômicos, e agora estamos diante da ameaça de que se desencadeie a pior crise desde a Grande Depressão. Os EUA têm efetivamente um sistema de um só partido, o partido dos negócios, com duas facções, republicanos e democratas. Há diferenças entre eles. Larry Bartels mostra que durante as últimas seis décadas “a renda real das famílias de classe média cresceu duas vezes mais rápido sob administração democrata que republicana.
Os eleitores deveriam tê-las em conta, mas sem ter ilusões sobre os partidos políticos, e reconhecendo o padrão regular que, nos últimos séculos, vem revelando que a legislação progressista e de bem-estar social sempre foram conquistas das lutas populares, nunca presentes dos de cima. Noam Chomsky, professor emérito de lingüística no MIT – Massachussets Institute of Technology
O tempo foi passando, passando, a situação do mundo complicando-se cada vez mais, e a esquerda, impávida, continuava a desempenhar os papéis que, no poder ou na oposição, lhes haviam sido distribuídos. Eu que, entretanto, tinha feito outra descoberta, a de que Marx nunca havia tido tanta razão como hoje, imaginei, quando há um ano rebentou a burla cancerosa das hipotecas nos Estados Unidos, que a esquerda, onde quer que estivesse, se ainda era viva, iria abrir enfim a boca para dizer o que pensava do caso.Já tenho a explicação: a esquerda não pensa, não age, não arrisca um passo. Passou-se o que se passou depois, até hoje, e a esquerda, cobardemente, continua a não pensar, a não agir, a não arriscar um passo. Por isso não se estranhe a insolente pergunta do título: “Onde está a esquerda?” Não dou alvíssaras, já paguei demasiado caras as minhas ilusões.
José Saramago, escritor.
Bom, a notinha mais fraca é, para variar, por conta do Saramago, que se queixa tolamente da “esquerda”, tal qual alguém “sem nenhum poder” a culpar “alguma instância superior”, porquanto, mais acima, Chomsky esclarece: “a legislação progressista e de bem-estar social sempre foi conquista das lutas populares, nunca presente dos de cima”.
Não só das lutas populares, meu amigo, mas do próprio capitalismo selvagem que nos fez o favor de se suicidar. De forma que aqui, agora, esta noite, a liberdade!
¹ A Morte da Alma Nacional by myself.
PUBLICADO EM:21/10/2008*
Quinta da entrevista: Eric Hobsbawm
Crise expõe perigo de fortalecimento da direita, diz Hobsbawm
O britânico Eric Hobsbawm, considerado um dos historiadores mais influentes do século 20, disse à BBC nesta terça-feira que o maior perigo da atual crise financeira mundial é o fortalecimento da direita.
“A esquerda está virtualmente ausente. Assim, me parece que o principal beneficiário deste descontentamento atual, com uma possível exceção – pelo menos eu espero – nos Estados Unidos, será a direita”, disse Hobsbawn, em entrevista à Rádio 4.
O historiador marxista comparou o atual momento “ao dramático colapso da União Soviética” e ao fim de “uma era específica”.
“Agora sabemos que estamos no fim de uma era e não se sabe o que virá pela frente.”
Hobsbawn diz não acreditar que a linguagem marxista, que lhe serviu de norte ao longo de toda sua carreira, será proeminente politicamente, mas intelectualmente, “a análise marxista sobre a forma com a qual o capitalismo opera será verdadeiramente importante”.
Abaixo, os principais trechos da entrevista.
Muitos consideram o que está acontecendo como uma volta ao estadismo e até do socialismo. O senhor concorda?
Bem, certamente estamos vivendo a crise mais grave do capitalismo desde a década de 30. Lembro-me de um título recente do Financial Times que dizia: O capitalismo em convulsão. Há muito tempo não lia um título como esse no FT.
Agora, acredito que esta crise está sendo mais dramática por causa dos mais de 30 anos de uma certa ideologia “teológica” do livre mercado, que todos os governos do Ocidente seguiram.
Porque como Marx, Engels e Schumpter previram, a globalização - que está implícita no capitalismo -, não apenas destrói uma herança de tradição como também é incrivelmente instável: opera por meio de uma série de crises.
E o que está acontecendo agora está sendo reconhecido como o fim de uma era específica. Sem dúvida, a partir de agora falaremos mais de (John Maynard) Keynes e menos de (Milton) Friedman e (Friedrich) Hayek.
Todos concordam que, de uma forma ou de outra, o Estado terá um papel maior na economia daqui por diante.
Qualquer que seja o papel que os governos venham a assumir, será um empreendimento público de ação e iniciativa, que será algo que orientará, organizará e dirigirá também a economia privada. Será muito mais uma economia mista do que tem sido até agora.
Acredito que esta crise está sendo mais dramática por causa dos mais de 30 anos de uma certa ideologia 'teológica' do livre mercado, que todos os governos do Ocidente seguiram.
E em relação ao Estado como redistribuidor? O que tem sido feito até agora parece mais pragmático do que ideológico...
Acho que continuará sendo pragmático. O que tem acontecido nos últimos 30 anos é que o capitalismo global vem operando de uma forma incrivelmente instável, exceto, por várias razões, nos países ocidentais desenvolvidos.
No Brasil, nos anos 80, no México, nos 90, no sudeste asiático e Rússia nos anos 90, e na Argentina em 2000: todos sabiam que estas coisas poderia levar a catástrofes a curto prazo. E para nós isto implicava quedas tremendas do FTSE (índice da bolsa de Londres), mas seis meses depois, recomeçávamos de novo.
Agora, temos os mesmos incentivos que tínhamos nos anos 30: se não fizermos nada, o perigo político e social será profundo e ainda mais depois de tudo, da forma com a qual o capitalismo se reformou durante e depois da guerra sob o princípio de “nunca mais” aos riscos dos anos 30.
O senhor viu esses riscos se tornarem realidade: estava na Alemanha quando Adolf Hitler chegou ao poder. O senhor acredita que algo parecido poderia acontecer como conseqüência dos problemas atuais?
Nos anos 30, o claro efeito político da Grande Depressão a curto prazo foi o fortalecimento da direita. A esquerda não foi forte até a chegada da guerra. Então, eu acredito que este é o principal perigo.
Depois da guerra, a esquerda esteve presente em várias partes da Europa, inclusive na Inglaterra, com o Partido Trabalhista, mas hoje isso já não acontece.
A esquerda está virtualmente ausente, Assim, me parece que o principal beneficiário deste descontentamento atual, com uma possível exceção – pelo menos eu espero – nos Estados Unidos, será a direita.
O que vemos agora não é o equivalente à queda da União Soviética para a direita? Os desafios intelectuais que isto implica para o capitalismo e o livre mercado são tão profundos como os desafios enfrentados pela direita em 1989?
Sim, concordo. Acredito que esta crise é equivalente ao dramático colapso da União Soviética. Agora sabemos que acabou uma era. Não sabemos o que virá pela frente.
A globalização, que está implícita no capitalismo, não apenas destrói uma herança de tradição como também é incrivelmente instável: opera por meio de uma série de crises
Temos um problema intelectual: estávamos acostumados a pensar até então que havia apenas duas alternativas: ou o livre mercado ou o socialismo. Mas, na realidade, há muito poucos exemplos de um caso completo de laboratório de cada uma dessas ideologias.
Então eu acho que teremos de deixar de pensar em uma ou em outra e devemos pensar na natureza da mescla. E principalmente até que ponto esta mistura será motivada pela consciência do modelo socialista e das conseqüências sociais do que está acontecendo.
O senhor acredita que regressaremos à linguagem do marxismo?
Desde a crise dos anos 90, são os homens de negócio que começaram a falar assim: “Bem, Marx predisse esta globalização e podemos pensar que este capitalismo está fundamentado em uma série de crises”.
Não acredito que a linguagem marxista será proeminente politicamente, mas intelectualmente a natureza da análise marxista sobre a forma com a qual o capitalismo opera será verdadeiramente importante.
O senhor sente um pouco recuperado depois de anos em que a opinião intelectual ia de encontro ao que o senhor pensava?
Bem, obviamente há um pouco a sensação de schadenfreude (regozijo pela desgraça alheia).
Sempre dissemos que o capitalismo iria se chocar com suas próprias dificuldades, mas não me sinto recuperado.
O que é certo é que as pessoas descobrirão que de fato o que estava sendo feito não produziu os resultados esperados.
Durante 30 anos os ideólogos disseram que tudo ia dar certo: o livre mercado é lógico e produz crescimento máximo. Sim, diziam que produzia um pouco de desigualdade aqui e ali, mas também não importava muito porque os pobres estavam um pouco mais prósperos.
Agora sabemos que o que aconteceu é que se criaram condições de instabilidades enormes, que criaram condições nas quais a desigualdade afeta não apenas os mais pobres, como também cada vez mais uma grande parte de classe média.
Sobretudo, nos últimos 30 anos, os benefíciários deste grande crescimento têm sido nós, no Ocidente, que vivemos uma vida imensuravelmente superior a qualquer outro lugar do mundo.
E me surpreende muito que o Financial Times diga que o que se espera que aconteça agora é que este novo tipo de globalização controlada beneficie a quem realmente precisa, que se reduza a enorme diferença entre nós, que vivemos como príncipes, e a enorme maioria dos pobres.