terça-feira, 7 de outubro de 2008

Comemorações eleitorais

Hoje, Ip comemora a vitória do candidato, Dr. Geraldo, do PMDB, à Prefeitura Municipal de Ipaumirim.
19h - Missa em ação de graças
22h - Festa com a banda Fala Mansa, no Forripá
Forripá?! Me espantei. Mas lá é o reduto de Luiz Alves, não é assim que se diz? Minha mãe explica que lá é o único lugar onde cabe tanta gente.
Depois da luta renhida de uma campanha, com baixarias, acusações infundadas ou não, debates acalorados, traições, muito cansaço, desgaste emocional, nada mais justo que comemorar até se fartar.
Quem perde fica naturalmente chateado mas faz parte do jogo e todo político sabe que no jogo se perde ou se ganha. Na eleição anterior a relação foi inversa.
Faz tempo que não vou a Ip. Ando sempre muito atarefada e como não tenho correspondentes na cidade, acabo apenas sabendo as coisas superficialmente. Essa distância , de uma certa forma, me permite o não envolvimento no calor das campanhas. Mas distante não dá para fazer uma leitura mais apurada dos resultados e principalmente dos processos e relações que se estabeleceram.
No sobe e desce da política local, prevaleceu o ping pong de sempre e esse sistema viciado que não abre para outras alternativas não é bom para ninguém. Independente do lado que você está, nunca foi . O resultado é o que se vê no cotidiano do município.
Não se formam lideranças fora dos cabrestos convencionais. O sistema vai ao limite do desgaste mas não se renova. É como se fosse uma autodevoração pelo avesso que se autoregenera. Regenera com o mesmo organismo viciado. Não se revigora, não renasce, não liberta.
Um resultado diferente nas eleições , estaria dentro desse mesmo modelo retrógrado de fazer política e impor gestões comprometidas de antemão com alianças, financiamentos e por aí vai. Nenhum sistema é tão fechado que não permita um respiradouro mas da forma como as coisas funcionam as velhas lideranças não conseguem se superar diante do seu próprio esgotamento e vão projetando tentáculos contaminados pelas mesmas misérias e vícios.
A gestão que termina foi um fiasco e já apontava para isso antes da eleição anterior mas a lucidez é inimiga da paixão e política tem muito de paixão. Paixão de eleitor tonto, é claro, porque político é um bicho esperto, autoreferente, não está ali para brincar.
Ipaumirim está literalmente um bagaço. O próximo gestor recebe um município pobre, sem importancia no contexto regional, decadente e com autoestima destruída. A voracidade foi impiedosa.
Culpa do prefeito sozinho? Nunca!!! Um legislativo inexpressivo, humilhado, descomprometido com o seu dever ajudou bastante na deterioração do município. Uma comunidade embalada pelo próprio marasmo, incapaz de reagir, de se pensar enquanto futuro também teve sua parcela de culpa. O mea culpa é coletivo e no coletivo precisa ser resgatada a possibilidade de mudança.
Passada a festa, começa um novo tempo. Tempo de articulação, de decepções, de traições, de cobrança da fatura da farra eleitoreira. Um tempo áspero, sem as flores das comemorações. É a temporada do desenlace. No jogo de cartas marcadas é a hora de pagar a conta.
Não acredito nas oposições de Ip porque a cartilha é a mesma de muitos anos. Os mais velhos já viram esse filme muitas vezes.
Torcemos para que as coisas mudem, que novos investimentos sejam feitos e que a autoestima da cidade não deixe os seus filhos com vergonha de si mesmos.
Precisamos dar um crédito aos novos governantes e legisladores. Mas não podemos esquecer de fiscalizar e cobrar. O tempo dirá se fomos ingenuos ou insanos.
MLuiza
Recife

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