quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O GÊNIO DE IRARÁ

É muito difícil passar para o papel o brilho de um show. Mais difícil ainda, na verdade impossível, é fazer de arte jornalismo. Como é que você vai eliminar trechos de um vaivém literário que se interliga ao longo da obra inteira? E isso é que foi o encontro com Tom Zé. Um espetáculo de criatividade, música, inteligência, muito humor e, principalmente, superbrasileiro.



Tom Zé - (começa entregando Os Sertões, de Euclides da Cunha, presente para a redação) Escrevi aqui (na dedicatória): “Para pleitear um cantinho entre caríssimos amigos, esse Os Sertões, livro que me tornou analfabeto”. E tem outra coisa curiosa aqui, que é um momento em que ele (Euclides) cita Pedro Taques, o historiador que, talvez castigado por ter dito tal coisa, tornou-se nome daquela estrada xexelenta que liga Santos e o litoral sul. Pedro Taques disse, endossado pelo próprio Euclides, que os nordestinos são na verdade os primeiros bandeirantes e, porque ficaram insulados naquela região, sem comunicação, acabaram se tornando os paulistas que mais puros se conservaram. Quer dizer, nós somos a fina flor da Paulicéia. (risos) É claro que isso é uma provocação para vocês me perguntarem por que esse livro me tornou analfabeto. Bom, é melhor que vocês comecem...

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