sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Espelhos - Eduardo Galeano



Faz um bom tempo que procuro este livro nas livrarias de Recife mas ainda não estava disponível no Brasil e importar sai bem mais caro. Hoje, tenho a grata surpresa de ver que já tem tradução e está disponível no mercado. Galeano dispensa apresentações. O texto das suas obras é super agradável e de fácil compreensão. Não complica, não cria frases de efeito, não se faz personagem de si mesmo. Acredito que vale a pena ler. Repasso para vcs a resenha que foi publicada no blog Entrelaços.


Galeano conta a História universal dos esquecidos

Jaime Cimenti

Existe a grande História, quase sempre oficial e quase sempre contada pelos vitoriosos. Existe a pequena História, que conta as coisas ditas pequenas dos "grandes" personagens da História. Sim, tem também a História narrada pelos historiadores revisionistas e pelos que querem contar o que houve a partir de outras visões, documentos etc.

Em Espelhos - uma história quase universal, o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor do clássico As veias abertas da América Latina, não dando a mínima para as fronteiras que tentam separar os gêneros literários, apresenta pequenos textos que buscam registrar os esquecidos, os ignorados, os anônimos e os fatos que poderiam ficar injustamente enterrados.

Os desvalidos e os excluídos das histórias oficiais estão na obra de Galeano, que, em 360 páginas e quase 600 histórias, proporciona aos leitores uma viagem infinita através de todos os tempos, mapas e mundos.

Limites e fronteiras foram para o espaço nesta história universal que se inicia na velha África, onde a aventura humana começou, e termina nos albores de nosso século XXI, que, pelo visto, é tão violento e injusto quanto o finado século XX.

Galeano mescla passado, presente, futuro, poesia, ficção, histórias e a História de sociedades diversas e nos mostra as ligações entre tudo.

Relatos que vão da Grécia antiga a Roma, do Egito à Mesopotâmia, da Idade Média à Segunda Guerra Mundial e sobre os mortos do Iraque mostram, com olhar questionador, como os seres humanos têm explorado uns aos outros. Além disso, revelam as histórias ocultas das minorias. Galeano mostra o que os humanos criaram e mataram, mostra os silêncios e os gritos do planeta e reflete que as pessoas sacrificaram e mutilaram o arco-íris terrestre. Poético, irônico, desafiador, mas sempre criativo e instigante, o escritor uruguaio nos oferece espelhos cheios de gente, de esquecidos que se lembram de nós.

São os invisíveis que nos vêem. Para Galeano, os mundos que o mundo esconde, os pensadores e os sentidores, os curiosos condenados a perguntar sempre, os rebeldes, os perdedores e os loucos têm sido e são o sal da terra.

Enfim, a escrita sensível e original de Eduardo Galeano abre janelas e possibilidades para que os leitores tentem responder às grandes questões de sempre: de onde viemos, quem somos e para onde vamos? Não é pouca coisa.

Espelhos - uma história quase universal foi lançado em março deste ano e já é grande sucesso internacional. Está em quinta edição na Espanha e ocupa, na Argentina, há meses, o ranking de livros mais vendidos do jornal La Nación.

A tradução competente é de Eric Nepomuceno. 376 páginas, R$ 42,00, L&PM Editores, telefone 3225-5777.

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