segunda-feira, 31 de maio de 2010

Da série: entrevistas memoráveis



Gilberto Freire

As homenagens ao ainda rijo senhor começaram em dezembro passado e se prolongarão por todo esse ano, mas só atingirão o seu ponto máximo no dia 15 deste mês, quando o sociólogo, antropólogo, pintor - ou sobretudo escritor, como ele prefere - Gilberto de Mello Freyre completa 80 anos, vividos intensamente, amigos e inimigos tudo poderão dizer - menos que ele não os viveu sempre em evidência.

Foi sempre a notoriedade que Gilberto Freyre perseguiu e saboreia hoje - seja se adiantando à sua época na formulação de idéias ousadas, seja contestando modernismo e assumindo posições tidas como reacionárias. Critico feroz da ditadura do Estado Novo, apoiou entusiasticamente o movimento militar de 1964 e hoje o critica. Não tem - nem nunca deu a impressão de ter - qualquer acanhamento em parecer contraditório.

Filho de um juiz e professor de Direito e de uma senhora da aristocracia da cana-de-açúcar em Pernambuco, Gilberto Freyre estudou nos Estados Unidos e na Europa dos 18 aos 24. Seu retorno coincidiu com a revolução provocada pela Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo - e, de pronto, ele se declarou um tradicionalista e regionalista. Para exprimir essas posições, ele se permitiu requintes como o de, certa vez, de fraque e cartola, ir a uma festa. transportado por um tílburi. Conta-se também - e ele desmente - que chegou a promover, no Recife dos anos 20, uma caça à raposa em moldes rigidamente britânicos.

Mas as idéias que ele defendia com tanta petulância ganhariam corpo e notoriedade só em 1933, quando lançou sua obra mais importante, Casa-Grande & Senzala, que já tem 21 edições no Brasil e três em Portugal, e foi traduzida para o inglês, o alemão, o francês, o russo, o italiano, o iugoslavo, o polonês e o espanhol. Desde então, além de produzir dezenas de livros e opúsculos, Gilberto Freyre tem se dedicado a colecionar lauréis - e hoje, certamente, é o brasileiro mais homenageado por universidades européias e norte-americanas. Tem, inclusive, o titulo de sir, conferido pela rainha Elisabeth II da Inglaterra.

A glória, como costuma acontecer, tornou-o um homem vaidoso - muito vaidoso mesmo, sempre a lembrar as homenagens que obteve e a cobrar outras. Nem por isso é um homem antipático. Pelo contrário: informal, acessível, apreciador de uma boa conversa, de uma boa peixada e de vinhos e licores importados, ele recebe sem cerimônia, em seu antigo casarão no bairro de Apipucos, no Recife, gente famosa e mortais comuns. Sempre assessorado por sua mulher, dona Madalena, mais de vinte anos mais nova que ele, e vez ou outra interrompido pelos três netos que lhe deu Fernando, um de seus dois filhos, que mora numa casa vizinha.

O repórter Ricardo Noblat, chefe da sucursal da revista Veja em Salvador, foi ao Recife entrevistar Gilberto Freyre para Playboy e descreve assim a casa do sociólogo (que ele, Gilberto, chama de "Solar de Apipucos"):

"Povoam-na antiquíssimos e pesados móveis de jacarandá, telas das melhores fases de Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, Pancetti, Cícero Dias e Lula Cardoso Ayres. E também uma preciosa coleção de objetos artísticos de diversos países que Gilberto já visitou. Esse magnifico acervo já foi visto e tocado por visitantes como Aldous Huxley, John dos Passos, Roberto Rosselini, Robert Kennedy, Albert Camus e Arnold Toynbee, entre outros. Foi nesse cenário, ora comodamente sentado numa cadeira de balanço, ora displicentemente deitado num marquesão, que Gilberto Freyre falou a Playboy durante três dias. Gentil o tempo todo, ele serviu sucos de frutas do Nordeste e cafezinhos, mas dessa vez esqueceu um de seus hábitos mais festejados pelos amigos: não ofereceu a batida de pitanga a que atribui poderes afrodisíacos e cuja receita não ensina por dinheiro a1gum."

PLAYBOY - Quer seus adversários queiram ou não, o senhor é uma personalidade de dimensão internacional. Em que medida isso o atinge?

FREYRE - Isso me dá um senso muito agudo de responsabilidade. Por exemplo: você é um jornalista idôneo, representa uma revista de peso, que forma opinião no Brasil, de modo que cada pergunta sua exige de mim, dada essa minha dimensão internacional, respostas responsáveis, não levianas, apenas para satisfazer a sua curiosidade, de modo superficial.

PLAYBOY - As vantagens do sucesso são óbvias: o reconhecimento, os lauréis, os títulos. E as desvantagens?

FREYRE - A desvantagem é que você fica muito exposto ao chato (risadas). Essa é a desvantagem principal, porque o chato existe e não é só brasileiro: o chato é internacional... E você tem de se defender sem magoar aquilo que o chato bem-intencionado representa. Porque o chato por vezes é bem intencionado. Ele não é chato porque quer ser: ele é chato porque é chato.

PLAYBOY - Cite alguns chatos.

FREYRE - O Oscar Niemeyer, meu amigo - que é um arquiteto genial -, é muito ignorante. É difícil você manter uma conversa interessante com ele. ( ... ) Há pessoas que são muitíssimo mais interessantes escrevendo do que falando. Rubem Braga é assim: conversando ele é quase um chato. Já o Ariano Suassuna é o contrário.

PLAYBOY - Até os oito anos o senhor tinha dificuldade para aprender a ler e escrever. No entanto, aos dezesseis já era um conferencista e se definia como um socialista cristão. Como chegou a isso?

FREYRE - Houve a influência do colégio protestante americano, onde estudei, no Recife. O colégio dizia que não fazia propaganda religiosa, e por isso tinha como alunos os filhos das famílias católicas mais importantes de Recife... Talvez os pais se impressionassem com as inovações nos métodos de ensino. Mas nesse colégio havia, no inicio das aulas, uma reunião de todos os alunos, durante a qual o diretor lia versículos da Bíblia e fazia comentários sobre eles. Nesses comentários, a figura de Cristo sempre aparecia sob um aspecto que me impressionou na época: o aspecto de um renovador social. Isso me levou a uma visão do cristianismo diferente da católica, embora não anticatólica... Isso, enfim, é o que me teria conduzido ao socialismo cristão. Isso e minhas muitas leituras na época. Aos 16 anos, minha principal leitura foi Tolstói. Também lia muito as revistas francesas e inglesas que meu pai assinava, e me impressionei muito com uma série de artigos sobre Tolstói e sua nova forma de ser cristão, que era a de ser um cristão social.

PLAYBOY - Nessa época o senhor já havia tido uma iniciação sexual?

FREYRE - Escrevi sobre isso em meu livro Tempo morto e outros tempos. Nele registro a primeira experiência que tive com uma mulher. Eu teria 15 anos, mais ou menos; e ela estava, com uns 20. Mas, quando comparo minhas experiências sexuais com a de outros meninos da minha época, vejo que fui um menino relativamente puro. Nunca tive aventuras homossexuais na infância, sabe?

PLAYBOY - E depois?

FREYRE - Bem, depois eu tive, é claro. Você pode imaginar alguém como eu, interessado em tudo o que é humano... e, portanto, tive a curiosidade de ver o que era o amor não heterossexual; tive umas poucas e não satisfatórias aventuras homossexuais. Mas aí eu já tinha mais de 20 anos...

PLAYBOY - E onde aconteceram?

FREYRE - Na Europa. Mas foram experiências pálidas, não satisfatórias. Porque nenhuma delas fez de mim um homossexual. Se tivessem sido satisfatórias eu então provavelmente teria dito: a grande experiência sexual é essa!

PLAYBOY - E sua primeira experiência sexual com mulher, aos 15 anos, como foi?

FREYRE - É, foi muito brasileiramente, com uma empregada, doméstica. Nisso eu fui muito brasileiro, porque segui a experiência de muitos brasileiros, segundo creio...

PLAYBOY - Esse relacionamento durou quanto tempo?

FREYRE - Um, dois anos. De início no quarto dela, lá em casa, eu pulando o muro depois, para dar a impressão de que vinha de fora quando, entrava em casa. Mas depois tive encontros com ela fora de casa, quando, ela já era uma espécie de mulher independente.

PLAYBOY - Como era o tipo dela ?

FREYRE - Era uma morena de tipo bem brasileiro, de um moreno claro, delgada de corpo, mãos e pés delicados, olhos muito bonitos. De origem humilde, mas com uma aparência aristocrática, com as graças de uma quase sinhazinha, sendo entretanto uma doméstica. Lembro-me que a beleza dos pés dela me impressionava... e devo dizer que pés bonitos de mulher são uma de minhas fixações sexuais. Quando, fui para os Estados Unidos e para a Europa e comecei a ver mulheres de pés grandes, sabe, isso foi um dos contrastes favoráveis ao Brasil que mais me impressionaram, o de não encontrar por lá aqueles pés bonitos, bem torneados, que são uma característica de grande parte das brasileiras.

PLAYBOY - E, além de sua fixação por pés femininos, o senhor tem alguma outra?

FREYRE - Eu direi que tenho uma fixação pela morenidade, embora já tenha tido experiências com louras. Na Universidade de Columbia, por exemplo, tive uma loura, bem lourinha, mas tão ardente quanto qualquer morena. Mas creio que a morenidade da mulher é uma de minhas fixações sexuais. Daí o meu grande entusiasmo, já velho, por Sônia Braga.

PLAYBOY - Na época de sua transa com essa americanazinha loura, o senhor era bem mais avançado que ela, em termos de práticas sexuais?

FREYRE - Que ela sim. Creio que meus maiores avanços viriam após meu contato com a Europa, sobretudo, com a França, Inglaterra e Alemanha.

PLAYBOY- Que avanços foram esses?

FREYRE - Bem, várias práticas sexuais que não eram, na época, comuns, nem nos Estados Unidos. Além do coito convencional, há outras práticas que a meu ver são valiosas, inclusive valorizam o coito convencional, porque são uma espécie de aperitivo, tão saborosos quanto a entrée...

PLAYBOY - Sem querer ser demasiado indiscreto: o senhor pode indicar algumas dessas práticas que considera tão valiosas?

FREYRE - Não. Aconselho você a ler livros de erótica.

PLAYBOY- Em Casa-Grande e Senzala o senhor descreve as primeiras práticas sexuais dos filhos dos senhores de engenho. O senhor também teve um período em que foi menino de engenho. Nesse período também experimentou tudo aquilo?

FREYRE - É, como todo menino de engenho, eu tive uma iniciação que não teria tido na cidade. No engenho você vê, por exemplo, os animais, o touro cobrindo a vaca... e também os meninos me contavam coisas que eu não supunha existir..

PLAYBOY - Que coisas?

FREYRE - Por exemplo, me iniciaram no conhecimento de um orifício em bananeira, como substituto do sexo de mulher, para a prática de masturbação.

PLAYBOY - E experiências com animais?

FREYRE - Sim, além dessa masturbação na bananeira, fui iniciado no uso de uma vaca. Experimentei o contato pecaminoso com uma vaca! (Risadas.)

PLAYBOY - O sexo sempre teve uma importância muito grande em sua vida?

FREYRE - Sim, sim!

PLAYBOY - Sendo um homem tão sensual, o senhor já traiu sua mulher?

FREYRE - Já, mas com autorização dela, quando viajei sem ela para a África e o Oriente. Nós viajamos muito juntos, mas como dessa vez eu iria sozinho e a viagem seria bastante longa minha mulher me autorizou a ter experiências sexuais durante essa ausência de meses. Foi em 1951, 52...

PLAYBOY - Voltando à sua juventude, ao período – dos 18 aos 23 anos - em que o senhor viveu nos Estados Unidos e na Europa: foi lá que o senhor alicerçou sua formação de escritor, sociólogo e antropólogo, não? Por quê? O Brasil não lhe oferecia condições de estudo e pesquisa?

FREYRE - Não, de modo algum! Nem o Recife, nem o Rio, nem São Paulo. Não poderia ter me acontecido nada mais favorável do que ter tido essa formação no estrangeiro. Mas não creio que eu seja fruto dessa formação. Sou fruto, principalmente, do meu talento e talvez do meu mais-que-talento. Mas esse talento e esse mais-que-talento foram completados por uma formação adequada que eu não poderia ter tido no Brasil. Eu diria que adquiri, nos Estados Unidos e na Europa, uma visão do ser humano que não teria adquirido se não tivesse saído do Brasil.

PLAYBOY - Ao voltar para Recife em 1923, o senhor também provocou celeuma por outros motivos...

FREYRE - Encontrei um Recife onde se valorizava muito a mulher européia, mesmo a prostituta européia, em detrimento da nativa. A minha atitude foi a de valorizar a mulher nativa, morena, e até a mulher negra. E isso teve repercussão, foi talvez uma pequena revolução nativista.

PLAYBOY - Mas, além disso, o senhor também foi responsável pela disseminação de práticas sexuais até então desconhecidas no Recife.

FREYRE - Bem, é certo que, quando jovem solteiro, usei muito no Recife certas camisas-de-vênus especialmente eróticas.

PLAYBOY - Como eram?

FREYRE – Eram umas camisas-de-vênus que tinham uma espécie de penacho na extremidade, que as tornava muito excitantes para as mulheres.

PLAYBOY - O senhor parece sentir satisfação em ser uma pessoa polêmica, discutida e até criticada.

FREYRE - Isso me dá uma sensação de vitalidade muito agradável. Eu temo ser considerado um bonzinho que agrada a todo mundo, um convencional que não arrepia nenhuma convenção. Tenho muito medo de chegar a ser benquisto por toda a gente ao mesmo tempo. Creio que quem tem atitudes precisa se conformar com o fato de desagradar a alguns.

PLAYBOY - Isso explicaria certas afirmações suas, como, por exemplo, a de que gostaria de ter sido hippie?

FREYRE - Não creio que tenha dito exatamente que gostaria de ser hippie. O que eu disse é que se eu tivesse vivido na época hippie provavelmente teria sido um hippie.

PLAYBOY - Por quê?

FREYRE - Porque os hippies representavam uma repulsa ao excesso de convenções, que considero prejudicial a qualquer sociedade, a qualquer cultura. É preciso que haja sempre uma repulsa a esse excesso, porque ele leva a um conformismo que pode ser fatal a essa sociedade ou a essa cultura. Creio que naqueles tempos de meu regresso ao Recife eu fui um pouco hippie.

PLAYBOY - Na época desse seu regresso, 1923, já havia explodido em São Paulo a Semana de Arte Moderna, e o modernismo estava sendo debatido, polemizado. Mas parece que o senhor nunca levou muito a sério aquele movimento de renovação cultual. O senhor chegou até a espinafrá-lo em vários artigos. Por que?

FREYRE - Porque acho que, no total, a Semana de Arte Moderna representou uma introdução arbitrária, no Brasil, de modernices européias, sobretudo francesas. Sem dúvida, cultura brasileira em geral e as artes brasileiras em particular precisavam na época de serem modernizadas, revigoradas - mas levando-se em conta a realidade regional brasileira, suas tradições características às quais se poderia adaptar inovações européias. Isso não se fez em São Paulo, mas sim no Recife, num movimento muito menos badalado, como se diria hoje, do que a Semana de Arte Moderna de São Paulo. Esse movimento foi regionalista, tradicionalista e, a seu modo, modernista, ao qual estiveram ligados artistas como Vicente do Rego Monteiro, um renovador da pintura e da escultura.

PLAYBOY - Independentemente dessa questão do movimento modernista, o senhor tem uma velha briga com os paulistas, com os sociólogos e antropólogos paulistas, não?

FREYRE - Dos sociólogos paulistas, o que eu considero a figura máxima é Fernando Henrique Cardoso, que é até político militante marxista, mas há pouco, num artigo, mostrou-se simpático às minhas atitudes, embora divergindo de mim. Outro marxista, mas este do Rio, o antropólogo Darci Ribeiro, um grande antropólogo, escreveu uma introdução para a edição venezuelana de meu livro Casa-Grande e Senzala, que é talvez o que de melhor já se escreveu a respeito, do ponto de vista antropológico e sociológico. Agora, ambos são marxistas eminentes. Mas quando o marxista é um Octavio lanni, que não é intelectualmente honesto, a meu ver, e um outro que já nem me lembro o nome...

PLAYBOY - Florestan Fernandes?

FREYRE - Florestan. Que não é desonesto mas que é um fanatizado pelo marxismo. Esses desonestos ou esses fanáticos superiores - eu respeito o Florestan Fernandes, uma cultura real, um talento autêntico, mas fanatizado - enfim, eu não os considero como representantes do que há de melhor na sociologia e na antropologia paulista. Mas são os mais ruidosos e os mais badalados por nossa querida imprensa.

PLAYBOY - O senhor conspirou ou pelo menos estava a par do que se tramava em 64?

FREYRE - Não estava intimamente a par, mas meu sherloquismo já captava alguma coisa do que se passava. O general Castelo Branco, então comandante do IV Exército freqüentava muito a minha casa, mas vinha para conversar, não para conspirar.

PLAYBOY - Ao assumir a presidência do governo revolucionário, Castelo Branco convidou-o para ser o ministro da Educação. Por que o senhor não aceitou?

FREYRE - Porque senti que não estava havendo uma revolução, mas sim uma substituição dos quadros governamentais, e isso não me interessava.

PLAYBOY - Embora não aceitando ser ministro o senhor ajudou a fazer vários, nestes últimos 16 anos, não é? Por exemplo, o senhor não ajudou na indicação do atual ministro da Educação, Eduardo Portella?

FREYRE - Ajudei.

PLAYBOY - Ainda hoje o senhor acredita que em 1964 existia de fato a ameaça de implantação de um regime comunista no Brasil?

FREYRE - Não, não creio que houvesse uma ameaça assim especifica. A ameaça que havia era a do caos. Creio que o presidente Goulart, um homem pessoalmente estimável, favoreceu no entanto uma situação caótica, que a União Soviética não deixaria de aproveitar, como, aproveitou em Cuba.

PLAYBOY - A seu ver, quais foram as principais falhas do movimento de 1964?

FREYRE - No plano social, a Revolução teve uma oportunidade única, que não foi aproveitada. E também não soube libertar-se do burocratismo, tanto que só agora nomeou um ministro da desburocratização, o Hélio Beltrão, que aliás foi meu aluno de Antropologia na Universidade do Distrito Federal, um brilhante aluno meu. Também vejo com apreensão, nesse período de governos, não direi militares, mas de militares que o Brasil tem tido, a tendência de certos assessores da Presidência para estabelecer um dirigismo da cultura.

PLAYBOY - O senhor poderia dar exemplos concretos de males que o dirigismo cultural tem provocado?

FREYRE - Na ação da censura exercida politicamente, esses males são evidentes. Por exemplo, eu prefaciei um trabalho científico, sério, social, que se intitula Dicionário do Palavrão. Trata-se do trabalho de um etimólogo, o Mário Souto Maior. Pois bem, há anos que uma censura policial, fazendo-se passar por censura cultural, vem barrando a publicação desse trabalho. É evidente que isso é uma manifestação de dirigismo que vem privando a cultura brasileira de uma expressão válida. Agora mesmo, no Rio, você assiste à peça Rasga, Coração de Oduvaldo Vianna Filho, impedida de aparecer, durante anos, vítima do dirigismo cultural.

PLAYBOY - O senhor é mesmo o reacionário que os seus adversários dizem ser?

FREYRE - Não sei. Eu me considero um anarquista construtivo.

PLAYBOY - Não conservador?

FREYRE - O que eu quero conservar, no Brasil? Valores brasileiros que estão encarnados principalmente nas formas populares de cultura, formas regionais, que dêem um sentido nacional ao Brasil. É, eu sou um conservador por ser um nacionalista, conservador de valores que exprimem uma nação brasileira através de uma cultura popular brasileira. Acentue-se bem que a essa cultura popular eu tenho dado uma valorização máxima, embora não deixe de valorizar também uma cultura de elite, não é? Joaquim Nabuco, que tanto valorizou o povo brasileiro, representado pelo negro escravo que ele quis que se tornasse um novo homem livre, Joaquim Nabuco, repito, foi um misto de conservador e revolucionário, pois, sendo monarquista, não quis aderir à república.

PLAYBOY - O que o senhor quer conservar e o que quer revolucionar?

FREYRE - A organização social, a relação entre empregados e empregadores, a crescente presença do trabalhador na vida social - tanto a presença política quanto a econômica e a cultural -, tudo isso seria objeto de uma revolução muito de acordo com os princípios gerais anárquico-construtivos.

PLAYBOY - E como seria um Brasil anarquista-construtivo?

FREYRE - Com um mínimo de governo coordenador, e com o máximo de autonomia para energias diversas, econômicas, culturais, religiosas, políticas. Um pluralismo não só político, mas também social e cultural. Bertrand Russel, o grande filósofo que, como se sabe, foi um anarquista dos que eu classifico como construtivos, tem uma imagem que considero muito expressiva: a do guarda de trânsito, que não manda no trânsito, mas o coordena. O trânsito representa aí as energias que, sem o guarda, se chocariam, uma querendo se sobrepor à outra.

PLAYBOY - Quando o senhor completou 70 anos, deu a entender numa entrevista que ainda era capaz de despertar paixões em muitas Lolitas. E agora, quando está completando 80?

FREYRE - Não sei, hoje eu não sei.

PLAYBOY - Esses dez anos pesaram muito?

FREYRE - Não. É que aos 70 anos eu tinha conhecimento de casos concretos de jovens apaixonadas por mim. Mas atualmente eu não posso apresentar um exemplo concreto. Mas gostaria...

PLAYBOY - Sensual e sempre liberal em questões de sexo, o que pensa o senhor do homossexualismo?

FREYRE - Acho que é uma forma de amor. Havendo uma vocação homossexual, ela é tão respeitável quanto as vocações heterossexuais.

PLAYBOY - E o que o senhor pensa de práticas sexuais como sexo grupal, troca de casais, em moda atualmente?

FREYRE - Eu temo que essas práticas favoreçam muito o acanalhamento, mas acho que são admissíveis. O ménage à trois, por exemplo, quando os três conhecem o assunto e se toleram mutuamente, numa espécie de consórcio, é perfeitamente admissível e é até uma espécie de homenagem.

PLAYBOY - O senhor poderia fazer um paralelo entre os costumes sexuais dos tempos, digamos, da casa-grande e da senzala, com os de hoje, em termos de progresso ou de decadência?

FREYRE - É tão delicado e perigoso falar-se em progresso como falar-se em decadência, em termos absolutos.

Fonte: COUTINHO, Edilberto (Org.). Gilberto Freyre. Rio de Janeiro: Agir, 1994. p. 87-94.

http://bvgf.fgf.org.br/portugues/vida/entrevistas/playboy.html

Inclusão digital



SEM ESCOLA EM IPAUMIRIM - A Prefeitura Municipal de Ipaumirim, por meio da Comissão Permanente de Licitação, divulgou o aviso de anulação do processo licitatório (tomada de preços - n° 2010.04.30.1.), cuja obra realizada seria uma escola na sede de Ipaumirim, em em atendimento ao Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil/ Proinfância, celebrado com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE.

SEM ESCOLA EM IPAUMIRIM - A anulação do processo aconteceu por conta de irregularidade encontrada na elaboração das Planilhas Orçamentárias constantes nos Projetos de Engenharia. As informações foram publicadas no Diário Oficial do Estado de 21 de maio.

Fonte: : http://www.icoenoticia.com/2010/05/rapidinhas_31.html

Pra começar a semana


"All you touch and all you see is what your life will ever be."
(Tudo o que você toca e tudo o que você é,
é tudo o que sua vida sempre vai ser.)

Fonte: http://noticias.r7.com/blogs/querido-leitor/

domingo, 30 de maio de 2010

Som do domingo

Nota de falecimento


Acabei de saber do falecimento de Dona Minervina, esposa de Luiz Trajano. mãe de Celinha e Luiz Ivan.
Trabalhadora, cordata, decente, discreta, um tipo de gente que já não se encontra com facilidade.
Lembro demais dela.
Fomos vizinhas muito tempo.
Deu saudade.
Dos vizinhos e do tempo.
Rezemos por ela e pela família.

O vice, o inútil tão querido:: Clóvis Rossi


No tempo em que fazia um programa de humor, não um "talk-show", Jô Soares costumava ironizar a figura do vice (qualquer vice): dizia que vice não virava nome de rua, vice não ganhava estátua em praça pública.

É verdade. Vice, a rigor, só é importante quando morre ou é destituído o titular. Que o digam José Sarney e Itamar Franco.

Vice nem aparecia na cédula eleitoral, que, aliás, nem existe mais. Da desimportância do vice, como fator de atração do eleitor, dá prova José Alencar.

Alguém aí acha que Alencar trouxe um voto, unzinho que fosse, para Luiz Inácio Lula da Silva?

Só foi chamado porque Lula queria um empresário para acalmar os que ainda o consideravam um perigoso comunista. Hoje, é verdade, Alencar teria votos, não por sua ação como vice, mas por sua brava luta contra o câncer.

Por tudo isso, me diverte o esforço despendido pelo tucanato para emplacar Aécio Neves como vice de Serra. A menos que a cacicada do PSDB tenha informações privilegiadas sobre a saúde de Serra e, por isso, ache prudente ter Aécio como o futuro presidente e não como o futuro vice.

Será que alguém acredita que algum eleitor, unzinho que seja, raciocina assim: Ah, vou votar no Serra porque o vice dele é o Aécio?

Pode acontecer -e até acontece muito- que o eleitor pense: Quem é o candidato do Aécio? É o Serra. Ah, então voto nele.

Mas, aí, independe da posição que Aécio ocupe no xadrez eleitoral tucano. Depende da convicção e do empenho com que diga que seu candidato é Serra. Ponto.

É o que faz Lula com Dilma. Por isso, ela, virgem em disputas eleitorais, já empatou com Serra, por mais que seu vice, muito provavelmente, venha a ser Michel Temer, que não chega a empolgar multidões -acho até que não empolga nem a ele próprio.

Fonte: http://gilvanmelo.blogspot.com/2010/05/

sábado, 29 de maio de 2010

Em Baixio

CONSTRUÇÃO DE SALA DE LABORÁTÓRIO NO BAIXIO - A Secretaria de Educação do Ceará (Seduc), por meio do extrato de contrato (nº 09689616-7/2010), divulgou a empresa contratada para a construção de sala para laboratório de informática na Escola de Ensino Fundamental e Médio Horácio Teixeira.

CONSTRUÇÃO DE SALA DE LABORÁTÓRIO NO BAIXIO II - A empresa contratada foi a RCL Construções Ltda e o prazo de vigência de contrato é de 60 dias, a contar da sua publicação no Diário Oficial do Estado, que acontenceu em 20 de maio. O valor total de recursos é de R$ 44.161, 41 (quarenta e quatro mil reais) oriundos do Fundeb.

REFORMA DE PRAÇA NO BAIXIO - A Secretaria de Cidades do Ceará, por meio do Termo de Ajuste (nº Nº117/CIDADES/2010), divulgou a cerca da reforma da Praça São Francisco, na sede de Baixio. A obra conta com recursos de R$55.159,32 (cinquenta e cinco mil reais) e tem o prazo de construção de seis meses, a partir da data de sua assinatura, neste caso de 17 de maio.

REFORMA DE PRAÇA NO BAIXIO II - Assinam o documento, do Diário Oficial do Estado de 21 de maio, respondendo como secretário das Cidades, Jurandir Vieira Santiago, e a Prefeita de Baixio, Glória Isabel Pires Ferreira.

EM IPAUMIRIM

PROGRAMA DE APOIO AO TRANSPORTE ESCOLAR EM IPAUMIRIM - Por meio do Termo de Responsabilidade (nº 079/2010), ficou instituído o Programa Estadual de Apoio ao Transporte Escolar no município de Ipaumirim.

TRANSPORTE ESCOLAR EM IPAUMIRIM II - O documento assume junto à Secretaria da Educação do Estado do Ceará, o transporte dos alunos do Ensino Fundamental, Médio, Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial da Rede Estadual de Ensino, durante o período de 2010, com prazo de execução específico de 215 dias letivos.

TRANSPORTE ESCOLAR EM IPAUMIRIM III - A quantia repassada à Prefeitura de Ipaumirim chega a R$ 71.617, 27 (setenta e um mil reais), dos quais R$28.236, 98 (vinte e oito mil reais) são oriundos de recursos do Programa Nacional do Transporte Escolar- PNATE - e serão repassados diretamente ao Município, em nove parcelas iguais a partir de março de 2010.

TRANSPORTE ESCOLAR EM IPAUMIRIM IV - O valor restante, R$43.380,29 (quarenta e três mil reais), são oriundos de recursos próprios (Salário Educação/ FUndeb), repassados ao município por meio do presente Termo de Responsabilidade, em três parcelas a serem pagas nos meses de abril, maio e junho de 2010.

TRANSPORTE ESCOLAR EM IPAUMIRIM V - Em contrapartida, a Prefeitura de Ipaumirim deve assumir deveres, como abrir conta específica para o recebimento dos repasses e informar os seus dados à Coordenadoria Administrativo-Financeira - COAFI -; realizar procedimento licitatório para locação de veículo(s); executar o transporte dos alunos de educação básica pública, da Rede Estadual de Ensino do seu Município, com prioridade para os residentes em área rural.

TRANSPORTE ESCOLAR EM IPAUMIRIM - Assina o documento o Prefeito Municipal de Ipaumirim, José Geraldo dos Santos e a informação foi publicada no Diário Oficial do Estado de 19 de maio.
TERMO DE ADESÃO ENTRE SESA E IPAUMIRIM - Por meio do estrato de termo de adesão (412/2010 -- I - Doc. nº412/2010), a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e a Prefeitura de Ipaumirim celebram a adesão formal do município para a melhoria das ações e serviços da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica.

TERMO DE ADESÃO ENTRE SESA E IPAUMIRIM II - A melhoria ocorre por meio da adequação de espaço físico das Farmácias do SUS relacionadas à Atenção Básica. Além disso, a aquisição de equipamentos e mobiliário destinados ao suporte das ações de Assistência Farmacêutica e realização de atividades vinculadas à educação continuada voltada à qualificação dos recursos humanos da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica.

TERMO DE ADESÃO ENTRE SESA E IPAUMIRIM III - Os recursos repassados pela Sesa a Ipaumirim é de $$ 3.359,72 (Três mil reais) e tem vigência válida até o dia 31 de dezembro de 2010. O documento foi publicado no Diário Oficial do Estado de 18 de maio.
Fonte: http://www.icoenoticia.com/2010/05/rapidinhas_29.html

O alcoolismo nos jovens

Por Lima
Da revista Psique
Álcool e jovens



O consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes é um problema que desperta preocupação no mundo todo. A discussão é de grande importância para a saúde pública, sendo necessária a atenção das autoridades, profissionais da saúde, pais e educadores

Por Arthur Guerra de Andrade / Natália Gomes Ragghianti / Lúcio Garcia de Oliveira

O consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes (12 a 17 anos) e adultos jovens (18 a 24 anos) é um sério problema que desperta grande preocupação no mundo todo. Ao contrário do que muitos acreditavam no passado, na fase de transição entre a infância e a vida adulta, o sistema nervoso central dos jovens ainda se encontra em desenvolvimento. Desta maneira, suas vias neuronais podem se tornar mais suscetíveis aos danos causados pelo álcool, levando ao comprometimento de várias funções.

Em um período repleto de mudanças físicas, psicológicas e sociais, sob os efeitos do álcool, os jovens ficam mais propensos a comportamentos de risco. Nota-se, ainda, que uma série de fatores individuais, sociais e econômicos, principalmente a família e colegas, influencia o uso de álcool pelo jovem. No Brasil, segundo dados do II Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, 2005, cerca de 54% e 79% dos jovens de 12-17 anos e de 18-24 anos, respectivamente, já haviam experimentado alguma bebida alcoólica em sua vida (uso de álcool na vida). Nestas mesmas faixas etárias, a dependência de álcool foi de 7,0% e de 19,2%, respectivamente. Essas altas prevalências ilustram a relevância do tema em nosso país.

Pesquisa revela

Mais recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou uma pesquisa nacional entre estudantes da 9ª série do Ensino Fundamental (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2009, PeNSE), com média de idade entre 13 e 15 anos, e os resultados foram alarmantes. A taxa de uso de álcool na vida foi de 71,4%, sendo que 22% dos escolares responderam que já beberam até se embriagar.

Nos últimos 20 anos, observou-se que a exteriorização de emoções (comportamentos agressivos, impulsivos, ou descontrolados) e, em menor grau, a interiorização das mesmas (comportamentos ansiosos ou depressivos), duas características detectáveis na infância, são potenciais marcadores de uma predisposição para o uso precoce de álcool, que está associado ao histórico de consumo abusivo e de dependência de álcool. Por exemplo, foi estimado que indivíduos que iniciam o consumo de álcool antes dos 16 anos de idade possuem risco 1,3 a 1,6 vezes maior de desenvolver dependência alcoólica, e que cada ano de atraso no início da ingestão de álcool seria capaz de gerar uma redução de 14% no risco para a dependência alcoólica. Assim, a idade de início do uso de álcool é um dos principais pontos de referência para avaliar os possíveis riscos de problemas associados. Em paralelo, vários pesquisadores sugerem que tal efeito seria decorrente do fato de que a idade de início modera a influência de outros fatores (hereditários e ambientais) sobre o uso dessa substância.

Em crianças submetidas a situações de estresse elevado, o início da ingestão de álcool é mais precoce e o risco de consumo frequente pode ser maior. Tal dinâmica pode ser observada entre as crianças em situações de rua no Brasil: constatou-se que 33% dos jovens de 9 a 11 anos de idade e 77% dos jovens de 15 a 18 anos de idade consumiam álcool.

Polêmica da lei

Um importante método de prevenção utilizado é a imposição do limite de idade mínima legal para o consumo e/ou venda de bebidas alcoólicas; porém, esse assunto é bastante polêmico e, mesmo com as punições, não é raro observar a quebra de tais medidas legais. No Brasil, é proibida a venda de bebidas alcoólicas aos menores de 18 anos, mas não há uma lei que regulamente a idade mínima para o consumo. Não há um padrão mundialmente estabelecido, sendo que os limites podem variar de 16 a 25 anos de idade, de acordo com os costumes e a cultura dos países.

Diversos tipos de abordagem buscam lidar e aliviar os problemas relacionados ao consumo de álcool entre jovens.

Possivelmente a abordagem mais frequentemente utilizada é a do método educacional em ambiente escolar, que busca fornecer ao jovem informação sobre o uso de álcool e suas consequências à saúde, busca trabalhar sua autoestima e fortalecer a resistência à pressão em torno do consumo de bebidas alcoólicas. Materiais educativos também podem ser direcionados a pais de crianças e adolescentes, com o intuito de esclarecê-los sobre os prejuízos que o uso de álcool pode trazer à saúde de crianças e adolescentes.

Métodos efetivos

Outra abordagem utilizada é a da intervenção breve (intervenção de curta duração). Esse método apresenta resultados bem satisfatórios na redução do consumo de álcool e de problemas associados entre jovens adultos.

Sua efetividade se faz valer também entre jovens estudantes universitários, conforme atesta a literatura científica sobre o assunto. Contudo, ainda faltam estudos comprovando a efetividade desse método entre jovens e adolescentes.

Vale destaque também para as mudanças em termos de políticas públicas, as quais resultam em efeitos significativos tanto no comportamento dos jovens quanto na diminuição do consumo de álcool. Assim, medidas relacionadas ao beber e dirigir e de combate à venda e consumo de bebidas para jovens são de grande valia.

Por que os jovens bebem?

Arriscar-se, ser independente e experimentar – cada um com sua própria intensidade – são características marcantes que os jovens passam a vivenciar e desejar durante a adolescência. Por isso, esse é um período de grande vulnerabilidade – e para muitos jovens o álcool exerce um poder atrativo, seja por motivos sociais, psicológicos, genéticos ou culturais. Essa atração ocorre exatamente quando os indivíduos geralmente não estão completamente preparados para enfrentar ou reconhecer os efeitos e consequências do uso do álcool.

Pesquisas com animais mostram que adolescentes em geral são mais sensíveis que os adultos aos efeitos estimulantes do álcool, e menos sensíveis a alguns dos efeitos aversivos da intoxicação aguda por álcool, como sedação, ressaca e perda de coordenação muscular.

Associado a essa diferença de sensibilidade, muitos jovens ainda têm expectativas positivas do álcool, ou sejam, acreditam que o seu consumo resultará em algo positivo, experiências prazerosas, e tornam- se menos convencidos das consequências prejudiciais do álcool. Tais expectativas desempenham um papel fundamental no comportamento de beber entre os jovens. Nesse contexto, os jovens relataram beber principalmente por prazer, hábito, para aumentar a confiança em si mesmo, para aliviar a ansiedade ou estresse ou por lazer.

Má influência familiar

A Secretaria da Saúde informou que adolescentes que bebem demais são influenciados pelos pais. A pesquisa foi realizada pelo Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD), e envolveu mais de 500 pacientes entre 12 e 17 anos, dos quais 86% são do sexo masculino. Desses, 256 afirmaram ter parentes que também fazem uso abusivo de álcool. O estudo mostra ainda que 4,36% dos entrevistados referem o álcool como droga que mais consomem. Ainda segundo a pesquisa, dos entrevistados que apontaram o álcool como droga principal, 22% começaram a beber aos 13 anos de idade e 15% aos 11.

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/05/29/

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Os mascotes das Copas do Mundo (1966 a 2010)

No século XX, os mascotes se tornaram um poderoso instrumento para impulsionar as vendas de produtos relativas aos eventos e principalmente para caracterizá-los. O primeiro mascote de Copa do Mundo foi o leão Willie, que nasceu na Inglaterra, em 1966. Desde lá, mais onze mascotes surgiram e abaixo, você confere um pouco da história de todos eles.


Willie (Inglaterra 1966)
A Copa de 1966 foi a primeira a apresentar oficialmente um mascote. Batizado de “Willie” ele não era um simples felino, era um leão como os que aparecem no escudo inglês, embora estivesse vestido com uma camiseta do Reino Unido. Foi pensado para que simbolizasse não só a força de seu povo, mas também sua nobreza e linhagem.


Juanito Maravilha (México 1970)
A Copa de 1970 também teve seu mascote a fim de continuar com a nova maneira de promover o mundial. Mas eles procuraram se diferenciar e apresetaram “Juanito Maravilha”, o primeiro mascote humano. A diferença em relação a Willie é que Juanito ficou mais conhecido, já que esta Copa foi a primeira a ser transmitida pela TV.


Tip e Tap (Alemanha 1974)
A Copa da Alemanha de 1974 teve a difícil tarefa de apresentar um mascote que superasse o sucesso de Juanito Maravilha. Por isso seguiram a linha do mascote humano, apresentando os meninos “Tip e Tap”. Tem pessoas que afirmam que eles representavam as duas Alemanhas, abraçadas para receber todos os povos do mundo.


Gauchito Mundialito (Argentina 1978)
No Copa de 1978 apareceu o “Gauchito Mundialito”, símbolo do país anfitrião. O mascote ganhou a simpatia das crianças mas também recebeu muitas críticas. Entre elas a falta de originalidade, já que a semelhança com Juanito, o mascote da Copa de 70, era indiscutível; devido a bola sendo pisada pelo boneco e o chapéu típico do páis.


Naranjito (Espanha 1982)
Em 1982 era a vez do “Naranjito”, o mascote da Copa da Espanha. Esta fruta típica do país organizador estava vestida com o uniforme espanhol e acompanhada de uma bola. Em seu lançamento ele não foi muito aceito, mas com o passar do tempo foi ganhando adeptos até tornar-se um dos mascotes mais lembrados de todas as Copas


Pique (México 1986)
A Copa de 1986 tinha que inovar com um novo representante que se diferenciasse de Juanito, o símbolo da edição do México de 1970. Sendo assim, mais de 600 ideias foram apresentadas e finalmente se escolheu “Pique”, uma pimenta vestindo as cores do país, que transmitia a paixão e a potência do futebol nessas terras.


Ciao (Itália 1990)
Este mascote é um dos mais lembrados, mas também um dos mais incompreendidos. “Ciao” combinava a complexidade da geometria com a simplicidade de uma figura de um jogador com uma bola como cabeça. Era totalmente diferente dos mascotes dos mundiais anteriores; que tinham forma de frutas, animais ou humanos.


Stryker (Estados Unidos 1994)
Depois de quase trinta anos de história, chegava o mascote mais evidente de todos: o cão “Stryker”, criado pela Warner Bros para o Copa dos Estados Unidos de 1994. Esse cãozinho teve a dificíl missão de lutar contra um terrível preconceito, onde o futebol não era um dos principais esporte do país organizador


Footix (França 1998)
Através de um concurso realizado antes do mundial, nasceu “Footix”. E, como não podia ser diferente, Footix era um galo, a figura mais representativa e aceitada para simbolizar o povo francês. Seu nome, misturava as palavras “football” e “Asterix”, fazendo uma homenagem ao herói gaulês, personagem das histórias em quadrinhos.


Os Spheriks (Coréia-Japão 2002)
Os “Spheriks” eram três excêntricos personagens imaginários que vieram de Atmozone, um planeta em que se praticava o Atmoball, um esporte semelhante ao futebol. Ato (laranja), Nik (azul) e Kaz (roxo) provocaram surpresa e indiferença, mas mesmo assim não tiveram problemas em produzir vendas milionárias com seus produtos.


Goleo VI (Alemanha 2006)
“Goleo VI”, o mascote oficial da Copa da Alemanha de 2006, era um leão de pelúcia que tinha 2,30 metros e só vestia uma camiseta com as cores alemãs. Ele foi criado por Jim Henson, o mesmo criador dos personagens da Vila Sésamo. O leão Goleo sempre estava acompanhado de “Pille” uma bola de futebol que tinha vida própria.


Zakumi (África do Sul 2010)
O leopardo “Zakumi” foi o eleito para representar a primeira Copa no continente africano. O animal simboliza o espírito do país africano, sua geografia e seus costumes. Criado por Andries Odendaal, o seu nome vem dos termos “ZA” (abreviação de África do Sul) e “Kumi” (o número dez, o ano da Copa, em vários idiomas africanos).

Fonte: http://peroxas.com/esportes/

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um braço de mulher (Rubem Braga)


Subi ao avião com indiferença, e como o dia não estava bonito, lancei apenas um olhar distraído a essa cidade do Rio de Janeiro e mergulhei na leitura de um jornal. Depois fiquei a olhar pela janela e não via mais que nuvens, e feias. Na verdade, não estava no céu; pensava coisas da terra, minhas pobres, pequenas coisas. Uma aborrecida sonolência foi me dominando, até que uma senhora nervosa ao meu lado disse que "nós não podemos descer!". O avião já havia chegado a São Paulo, mas estava fazendo sua ronda dentro de um nevoeiro fechado, à espera de ordem para pousar. Procurei acalmar a senhora.

Ela estava tão aflita que embora fizesse frio se abanava com uma revista. Tentei convencê-la de que não devia se abanar, mas acabei achando que era melhor que o fizesse. Ela precisava fazer alguma coisa, e a única providência que aparentemente podia tomar naquele momento de medo era se abanar. Ofereci-lhe meu jornal dobrado, no lugar da revista, e ficou muito grata, como se acreditasse que, produzindo mais vento, adquirisse maior eficiência na sua luta contra a morte.

Gastei cerca de meia hora com a aflição daquela senhora. Notando que uma sua amiga estava em outra poltrona, ofereci-me para trocar de lugar, e ela aceitou. Mas esperei inutilmente que recolhesse as pernas para que eu pudesse sair de meu lugar junto à janela; acabou confessando que assim mesmo estava bem, e preferia ter um homem — "o senhor" — ao lado. Isto lisonjeou meu orgulho de cavalheiro: senti-me útil e responsável. Era por estar ali eu, um homem, que aquele avião não ousava cair. Havia certamente piloto e co-piloto e vários homens no avião. Mas eu era o homem ao lado, o homem visível, próximo, que ela podia tocar. E era nisso que ela confiava: nesse ser de casimira grossa, de gravata, de bigode, a cujo braço acabou se agarrando. Não era o meu braço que apertava, mas um braço de homem, ser de misteriosos atributos de força e proteção.

Chamei a aeromoça, que tentou acalmar a senhora com biscoitos, chicles, cafezinho, palavras de conforto, mão no ombro, algodão nos ouvidos, e uma voz suave e firme que às vezes continha uma leve repreensão e às vezes se entremeava de um sorriso que sem dúvida faz parte do regulamento da aeronáutica civil, o chamado sorriso para ocasiões de teto baixo.

Mas de que vale uma aeromoça? Ela não é muito convincente; é uma funcionária. A senhora evidentemente a considerava uma espécie de cúmplice do avião e da empresa e no fundo (pelo ressentimento com que reagia às suas palavras) responsável por aquele nevoeiro perigoso. A moça em uniforme estava sem dúvida lhe escondendo a verdade e dizendo palavras hipócritas para que ela se deixasse matar sem reagir.

A única pessoa de confiança era evidentemente eu: e aquela senhora, que no aeroporto tinha certo ar desdenhoso e solene, disse suas malcriações para a aeromoça e se agarrou definitivamente a mim. Animei-me então a pôr a minha mão direita sobre a sua mão, que me apertava o braço. Esse gesto de carinho protetor teve um efeito completo: ela deu um profundo suspiro de alívio, cerrou os olhos, pendeu a cabeça ligeiramente para o meu lado e ficou imóvel, quieta. Era claro que a minha mão a protegia contra tudo e contra todos, estava como adormecida.

O avião continuava a rodar monotonamente dentro de uma nuvem escura; quando ele dava um salto mais brusco, eu fornecia à pobre senhora uma garantia suplementar apertando ligeiramente a minha mão sobre a sua: isto sem dúvida lhe fazia bem.

Voltei a olhar tristemente pela vidraça; via a asa direita, um pouco levantada, no meio do nevoeiro. Como a senhora não me desse mais trabalho, e o tempo fosse passando, recomecei a pensar em mim mesmo, triste e fraco assunto.

E de repente me veio a idéia de que na verdade não podíamos ficar eternamente com aquele motor roncando no meio do nevoeiro - e de que eu podia morrer.

Estávamos há muito tempo sobre São Paulo. Talvez chovesse lá embaixo; de qualquer modo a grande cidade, invisível e tão próxima, vivia sua vida indiferente àquele ridículo grupo de homens e mulheres presos dentro de um avião, ali no alto. Pensei em São Paulo e no rapaz de vinte anos que chegou com trinta mil-réis no bolso uma noite e saiu andando pelo antigo viaduto do Chá, sem conhecer uma só pessoa na cidade estranha. Nem aquele velho viaduto existe mais, e o aventuroso rapaz de vinte anos, calado e lírico, é um triste senhor que olha o nevoeiro e pensa na morte.

Outras lembranças me vieram, e me ocorreu que na hora da morte, segundo dizem, a gente se lembra de uma porção de coisas antigas, doces ou tristes. Mas a visão monótona daquela asa no meio da nuvem me dava um torpor, e não pensei mais nada. Era como se o mundo atrás daquele nevoeiro não existisse mais, e por isto pouco me importava morrer. Talvez fosse até bom sentir um choque brutal e tudo se acabar. A morte devia ser aquilo mesmo, um nevoeiro imenso, sem cor, sem forma, para sempre.

Senti prazer em pensar que agora não haveria mais nada, que não seria mais preciso sentir, nem reagir, nem providenciar, nem me torturar; que todas as coisas e criaturas que tinham poder sobre mim e mandavam na minha alegria ou na minha aflição haviam-se apagado e dissolvido naquele mundo de nevoeiro.

A senhora sobressaltou-se de repente e muito aflita começou a me fazer perguntas. O avião estava descendo mais e mais e entretanto não se conseguia enxergar coisa alguma. O motor parecia estar com um som diferente: podia ser aquele o último e desesperado tredo ronco do minuto antes de morrer arrebentado e retorcido. A senhora estendeu o braço direito, segurando 0 encosto da poltrona da frente, e então me dei conta de que aquela mulher de cara um pouco magra e dura tinha um belo braço, harmonioso e musculado.

Fiquei a olhá-lo devagar, desde o ombro forte e suave até as mãos de dedos longos. E me veio uma saudade extraordinária da terra, da beleza humana, da empolgante e longa tonteira do amor. Eu não queria mais morrer, e a idéia da morte me pareceu tão errada, tão feia, tão absurda, que me sobressaltei. A morte era uma coisa cinzenta, escura, sem a graça, sem a delicadeza e o calor, a força macia de um braço ou de uma coxa, a suave irradiação da pele de um corpo de mulher moça.

Mãos, cabelos, corpo, músculos, seios, extraordinário milagre de coisas suaves e sensíveis, tépidas, feitas para serem infinitamente amadas. Toda a fascinação da vida me golpeou, uma tão profunda delícia e gosto de viver uma tão ardente e comovida saudade, que retesei os músculos do corpo, estiquei as pernas, senti um leve ardor nos olhos. Não devia morrer! Aquele meu torpor de segundos atrás pareceu-me de súbito uma coisa doentia, viciosa, e ergui a cabeça, olhei em volta, para os outros passageiros, como se me dispusesse afinal a tomar alguma providência.

Meu gesto pareceu inquietar a senhora. Mas olhando novamente para a vidraça adivinhei casas, um quadrado verde, um pedaço de terra avermelhada, através de um véu de neblina mais rala. Foi uma visão rápida, logo perdida no nevoeiro denso, mas me deu uma certeza profunda de que estávamos salvos porque a terra existia, não era um sonho distante, o mundo não era apenas nevoeiro e havia realmente tudo o que há, casas, árvores, pessoas, chão, o bom chão sólido, imóvel, onde se pode deitar, onde se pode dormir seguro e em todo o sossego, onde um homem pode premer o corpo de uma mulher para amá-la com força, com toda sua fúria de prazer e todos os seus sentidos, com apoio no mundo.

No aeroporto, quando esperava a bagagem, vi de perto a minha vizinha de poltrona. Estava com um senhor de óculos, que, com um talão de despacho na mão, pedia que lhe entregassem a maleta. Ela disse alguma coisa a esse homem, e ele se aproximou de mim com um olhar inquiridor que tentava ser cordial. Estivera muito tempo esperando; a princípio disseram que o avião ia descer logo, era questão de ficar livre a pista; depois alguém anunciara que todos os aviões tinham recebido ordem de pousar em Campinas ou em outro campo; e imaginava quanto incômodo me dera sua senhora, sempre muito nervosa. "Ora, não senhor." Ele se despediu sem me estender a mão, como se, com aqueles agradecimentos, que fora constrangido pelas circunstâncias a fazer, acabasse de cumprir uma formalidade desagradável com relação a um estranho - que devia permanecer um estranho.

Um estranho — e de certo ponto de vista um intruso, foi assim que me senti perante aquele homem de cara desagradável. Tive a impressão de que de certo modo o traíra, e de que ele o sentia.

Quando se retiravam, a senhora me deu um pequeno sorriso. Tenho uma tendência romântica a imaginar coisas, e imaginei que ela teve o cuidado de me sorrir quando o homem não podia notá-lo, um sorriso sem o visto marital, vagamente cúmplice. Certamente nunca mais a verei, nem o espero. Mas o seu belo braço foi um instante para mim a própria imagem da vida, e não o esquecerei depressa.

O texto acima foi publicado no livro “Os melhores contos – Rubem Braga”, seleção de Davi Arrigucci Jr., Global Editora – São Paulo, e selecionado por Ítalo Moriconi para compor o livro “Os cem melhores contos brasileiros do século”, Editora Objetiva – Rio de Janeiro, 2000, pág. 169.

Fonte: http://www.releituras.com/rubembraga_braco.asp

terça-feira, 25 de maio de 2010

Comício: tradução para deficientes auditivos

“CORRETO, SEM SER POLÍTICO”

As pessoas não dizem mais o que pensam. A maioria já não dizia mesmo, só que, atualmente, nem a minoria dissonante tem tido coragem de revelar seus verdadeiros pensamentos e opiniões. E, quando alguém ousa abrir o bico, provoca reações adversas. Entre o riso debochado de uns e o espanto de outros, a verdade é que muita gente condena para fora e festeja para dentro. Condena no discurso, mas, festeja no silêncio da sua mais profunda intimidade, lá onde os curiosos não podem penetrar.

Nas questões de família, nas discussões de trabalho ou em simples conversas de bar, é cada vez mais difícil encontrar alguém que se permita defender posições polêmicas. Há um receio generalizado de mostrar o que de fato passa pela cabeça, de expor ideais, de revelar sentimentos verdadeiros. E esse bloqueio acontece, ironicamente, numa época em que o mundo virou um imenso reality show. Todos querem aparecer, mas ninguém quer se mostrar como realmente é.

Eu diria que se trata da maldição do “politicamente correto” e do “marketing pessoal”, ferramentas do pensamento médio a serviço da padronização de comportamento. Desde que inventaram estes rótulos, o mundo ficou muito mais óbvio. A maioria defende o mesmo discurso, forjado mais no interesse de tentar agradar ou, pelo menos, de não desagradar os outros. Reparem que não é a sinceridade que rege essa postura e, sim, a hipocrisia. Aliás, anda bem arriscado ser sincero, hoje em dia. Já a hipocrisia, para muitos, é quase uma regra de sobrevivência.

Pense no seu dia a dia, nas coisas que você gostaria de dizer em voz alta e que desafiariam o senso comum ou (e isso seria o grande avanço) estimulariam boas discussões.

Você é contra ou a favor do aborto? E as cotas para negros na universidade? E o que você faria para resolver o problema das favelas? E o capitalismo... você teria coragem de criticar o sistema numa conversa com seu patrão?

Pensando bem, pra que iniciar um debate ou comprar briga, não é mesmo? Melhor não brincar com fogo! Então, tratamos de sufocar nossos pensamentos antes que eles se tornem opiniões incômodas. E, assim, a vida segue para todo mundo, sem palpites provocadores nem interferências constrangedoras. É cada um no seu quadrado e estamos conversados!

Acho, inclusive, que isso tudo estimula a proliferação de revistas especializadas em fofocas, já que é mais seguro discutir sobre a novela e a vida intima dos artistas do que dizer alguma tolice sobre o mundo real.

No campo do humor, não anda fácil fazer graça com tantas regras a limitar os piadistas. Mas, de vez em quando, surgem situações que escapam da vigilância ética. Outro dia, fui jurado de um quadro do Tudo é possível, da minha amiga Ana Hickmann. Pais e filhos contando histórias engraçadas e o júri avaliando o desempenho de cada um. E não é que só teve piada de loira, gago, gay e português!? Como não dá pra exigir que a plateia seja politicamente correta, todo mundo riu e aplaudiu.

A verdade é que, nessa história de respeitar a tudo e a todos, as escorregadas são inevitáveis e quando elas acontecem, fica todo mundo de olho arregalado, sem saber direito o que pensar e fazer. Não pense que pretendo defender a intolerância, o racismo e o preconceito. Não. Muito pelo contrário. Acho que a sociedade precisa, sim, criar e cultivar o respeito em todos os níveis. A minha intenção é apenas cutucar as pessoas sobre a sinceridade dos nossos atos e posturas. Se o discurso não coincide com o pensamento, é sinal de que existe um descompasso na nossa filosofia de vida. É como se estivéssemos sendo obrigados a mentir em nome da sobrevivência, quando deveríamos fazer uso do direito ao contraditório. Livre arbítrio do pensamento é tão indispensável como liberdade de expressão. Não devemos ter vergonha de discordar, sob pena de sermos imobilizados pelo conservadorismo, que já domina a sociedade em proporção considerável. A sensação que temos, de modo geral, é de que aqueles que desafiarem o pensamento médio, serão ejetados! Deste modo, não resolveremos nossas questões mais profundas e vamos continuar jogando a sujeira debaixo do tapete.

É prudente que se tome cuidado com o duplo sentido das palavras, mas não há como censurar o nosso próprio pensamento. Até que ponto, essa postura-padrão das pessoas está inibindo a personalidade de cada um? De cada ser humano?

Adorei quando, durante jogo decisivo pelo campeonato paulista, Paulo Henrique Ganso, do Santos, se recusou a deixar o campo e obrigou o treinador a desistir de sua substituição. Raciocinemos juntos: Ganso teve personalidade ou foi politicamente incorreto ao desafiar o chefe? Talvez, as duas coisas. Como o ato contribuiu para a vitória, ele foi aplaudido por toda a imprensa. Porém, sabemos que, se o time tivesse sido derrotado, todos o condenariam pela “insubordinação”. É a volatilidade do raciocínio jornalístico, que, por sinal, é um espelho de quem o consome.

Mas, sem que a maioria perceba, este sufocamento vem provocando certo tédio, que pode ser medido, por exemplo, através dos programas de TV. As atrações que mais geram polêmica, ultimamente, são humorísticos como Legendários, CQC e Pânico. O objetivo de seus produtores é provocar o telespectador, rasgando a cartilha do politicamente correto. Em casa, as opiniões se dividem. Há os que se sentem constrangidos e aqueles que vibram. A ousadia tem seu preço. Mas, pelos elevados índices de audiência, este tipo de programa parece agradar os telespectadores. É mais um sinal claro de que muita gente reprimida anda precisando, com urgência, de uma válvula de escape.

Até em realities de fundo mais acadêmico, como O Aprendiz, algumas situações surpreendem. Em recente episódio, chamou-me a atenção o diálogo entre um participante que servia cafezinho de graça para a multidão e um homem de aparência humilde, que furou a fila: o aprendiz pede que o homem vá para o fim da fila, e recebe uma resposta desconcertante: “Eu não gostei do seu jeito de falar. Eu também já fui como você e fiquei assim!” bradou o homem, que se equilibrava em uma bengala. Diante deste fato, observei que a ânsia de sermos sempre politicamente corretos, às vezes, nos deixa cegos e quando nos manifestamos apenas por intuição, movidos pelo pensamento médio, corremos certo risco de resvalar na arrogância.

Enfim, é assunto para muita discussão. E acho que, em vez de adotarmos preguiçosamente o discurso comum, o ideal é questionar não só o que a maioria diz, mas, principalmente, o nosso próprio pensamento.

Que tal pensar a respeito?

Britto Jr.
Fonte:
http://noticias.r7.com/blogs/britto-jr/2010/05/24

segunda-feira, 24 de maio de 2010

domingo, 23 de maio de 2010

Som do domingo

Uma justa homenagem

Alda Vieira Lisboa

Por Cairo Arruda
(membro da ACI)

Causou-me contentamento, a notícia veiculada no Blog Ipaumirim, administrado pela professora universitária Maria Luiza Nóbrega de Morais, sobre o Projeto de Lei de autoria da vereadora Maria Flaucineide Vieira Cavalcante (Cineide), denominando de Maria Alda Vieira Lisboa, de saudosa memória, o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, do Distrito de Felizardo.
Inegavelmente, trata-se de uma homenagem deveras merecida e justa, pois, Dona Alda, como era mais conhecida no município de Ipaumirim, esposa do Auditor Fiscal aposentado, José Aristides Lisboa, realizou um belo trabalho na área sócio-religiosa da próspera Vila de Felizardo, principalmente, em favor dos mais carentes, apenas com o ardente desejo de servir desinteressadamente, atuando com denodo e determinação nas atividades religiosas e sociais, tendo feito parte, inclusive, nos idos de 1960, do Programa Pioneiras Sociais, tudo envidando para que aquele Programa alcançasse o devido êxito nas plagas ipaumirinenses.
Anualmente, por ocasião das festividades alusivas à Padroeira de Felizardo, ela angariava donativos (vestimentas, calçados e outros utensílios usados), das pessoas amigas, e montava um “brechó”, a fim de conseguir recursos destinados às obras da Capela local.
Dona Alda era, como que, uma assistente social provisionada.
Sou testemunha ocular do serviço desinteressado que ela prestava aos parentes e conterrâneos que a procuravam em Fortaleza, para tratamento de saúde e questões outras, sempre com muita boa vontade e desprendimento, apesar dos seus próprios problemas de saúde, que eram sérios.
Deu uma demonstração evidente do seu alto espírito público e de coragem cívica, ao aceitar a candidatura a prefeito de Ipaumirim, na eleição de 1988, pelo PMDB, (que o diga o Dr. Miraneudo Linhares Garcia – seu concorrente que venceu a eleição) pois, mesmo sabendo das dificuldades de ordem político-financeiras, e da exigüidade de tempo para a sua campanha, aceitou o desafio faltando apenas 3 meses para o pleito, e foi a autora da campanha eleitoral mais limpa e pacífica da história política da antiga Alagoinha.
Aproveito a ocasião, para enaltecer a iniciativa da vereadora Cineide Vieira, rogando a Deus que essa Entidade que vai receber o digno nome de Dona Alda, seja para a comunidade felizardense, o que ela foi em vida!
E-mail: cairomiri@yahoo.com.br

sábado, 22 de maio de 2010

MAIO - MES DAS NOIVAS


QUERO FAZER O ULTIMO ALBUM DA SEMANA
DO MES DE MAIO COM FOTOS DE NOIVAS DE
IPAUMIRIM. QUEM QUISER ENVIAR FOTOS,
NOVAS OU ANTIGAS PODE MANDAR PARA O E-

Cotidiano

Fonte: slidesmoicanos.blogspot.com

Ontem, jurei que hoje ia acordar na hora que eu quisesse. Enfim, decretei o sábado como meu dia de vadiagem. Dormir sem culpa. Mas um vizinho melancólico decidiu acordar o prédio. Amanheceu o dia ouvindo Alcides Gerardi. Foi o suficiente para eu perder o sono e me lembrar dos tempos em que vinha Recife- Cajazeiras pela Viação Gaivota e daí para Ipaumirim pelo Expresso Senador. Chegava às 3 da matina e esperava o Senador sair às 5 horas. Ficava nos bancos da velha rodoviária Antonio Ferreira a conversar com quem chegasse. Vez por outra, tomava um cafezinho choco nos quiosques ainda abertos e fumava meu cigarrinho. Que fauna povoava aqueles bancos nas madrugadas calorentas. Bêbados, malandros, trabalhadores, mulheres, crianças, estudantes e quem mais chegasse porque aquela hora já não tinha aonde ir ou porque aguardava, como eu, os velhos ônibus que faziam as linhas no sertão.

Quando o Senador chegava e abria a porta, saía aquele bafo de creolina misturado com o insuportável cheiro de perfume barato do animado motorista que já estava ouvindo seu repertório predileto. Naturalmente, Alcides Gerardi fazia parte do seu estoque de fitas cassete. E tome parada e conversa. Ninguém esperava o ônibus na parada determinada. Era sempre antes ou depois. Inúmeras vezes ficava alguém esperando a passagem do ônibus. Sinalizava, o ônibus parava e o sujeito ainda ia chamar os passageiros que estavam em casa ou em algum lugar ali por perto. O motorista e o cobrador aproveitavam para atualizar as novidades. Não conto as vezes que o ônibus parava para o motorista tomar um cafezinho no mercado da Camilo de Holanda ou até para bater um papinho com algum conhecido que estivesse pelas calçadas. Nesse tempo, passageiro era passageiro e ponto final. Nada de direitos. Quem reclamar, desça e espere a kombi de Tutu que voltava mais ou menos 11 horas. Passávamos por Felizardo e chegávamos em Ipaumirim por volta das 7 ou 7:30h. Santa paciência!

Mas a juventude e o bom humor podem transformar qualquer episódio numa aventura ímpar. Afinal, cada viagem é única e cada uma tem suas estórias e os seus personagens. Só em descer na Praça do Posto e encontrar papai me esperando, chegar em casa, encontrar os amigos de férias já me faziam esquecer as agruras do percurso.
Levantei-me e fui cuidar da vida. Estamos no século XXI e eu detestei o vizinho mal educado compartilhar sua saudade comigo.

Os tempos eram outros.
ML

Brasileiro trabalha até dia 28 apenas para pagar tributos


O Impostômetro (painel na capital paulista que registra, em tempo real, a carga tributária no país), marcava nesta quinta-feira mais de R$ 460 bilhões

Os brasileiros terão de trabalhar até a sexta-feira da próxima semana, dia 28 de maio, apenas para cumprir suas obrigações tributárias com os fiscos federal, estaduais e municipais. Ao todo, serão 148 dias de trabalho no ano, um dia a mais do que os trabalhados em 2009 e o mesmo número de 2008.
O cálculo faz parte do estudo sobre os dias trabalhados para pagar tributos, divulgado nesta quinta-feira, 20, pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Segundo o estudo, hoje os brasileiros trabalham quase o dobro do que trabalhavam na década de 1970 (76 dias) apenas para os fiscos.
Os brasileiros estão entre os que mais pagam tributos no mundo, ficando atrás apenas para os suecos (185 dias) e os franceses (149 dias). Os espanhóis (137), os norte-americanos (102), os argentinos (97), os chilenos (92) e os mexicanos (91) trabalham menos do que os brasileiros para pagarem os impostos.
O Impostômetro (painel na capital paulista que registra, em tempo real, a carga tributária no país), marcava nesta quinta-feira mais de R$ 460 bilhões.
Os 148 dias foram calculados para o rendimento médio mensal. Para a baixa renda (até R$ 3.000), são 141 dias trabalho (de 1º de janeiro até hoje). Para a média renda (R$ 3.000 a R$ 10 mil), são 157 dias, ou seja, até 6 de junho. Para a renda alta (mais de R$ 10 mil), serão 152 dias - até 1º de junho.

Redação O Povo Online com informações da Folha Online
Fonte:
http://opovo.uol.com.br/negocios/
E ainda tem quem esquece que somos nós que pagamos a conta e acha ruim quando a gente dá pitaco!!!

Municipios recebem parabólicas e TV's do Canal Saúde


Ipaumirim figura na lista dos municípios que irão receber parabólicas e tevês do Canal Saúde. As cidades vizinhas de Baixio, Icó e Aurora também estão na relação.
Televisão de 32 polegadas, antena parabólica, decodificador e aparelho de fax. São esses os equipamentos do kit Canal Saúde que 67 municípios cearenses irão receber segunda-feira, 24 de maio, durante a Oficina Estadual de Acompanhamento, Monitoramento e Avaliação dos Programa de Inclusão Digital dos Conselhos de Saúde (PID). As doações do Ministério da Saúde também contemplarão o Conselho Estadual de Saúde (Cesau) com um netbook e um projetor multimídia. A oficina será realizada no Auditório Ciro Gomes da Escola de Saúde Pública (ESP/CE), das 8h30min às 17 horas.
O PID é uma parceira entre o Ministério da Saúde, por meio da SGEP, CNS e o DataSUS, e tem por objetivo o fortalecimento da Política Nacional de Comunicação, Informação e Informática em Saúde para o exercício do controle social, por meio da informatização dos Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde, que contribuem para a qualidade de vida da população.
O Canal Saúde produz, difunde e promove a troca de conhecimento, no âmbito da saúde pública e ciência e tecnologia, utilizando recursos audiovisuais e meios complementares.

Fonte: http://ipaumirim.net/colunas//blog2.php

Cá pra nós: se o caso é comprar equipamentos, está comprado. Governo adora comprar. Agora vamos ver o uso que se vai fazer e os benefícios que virão. Aguardemos ...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Enfim... humor argentno




IIa. parte


"Saúde alerta sobre risco de resultado falso positivo em testes de HIV de pessoas que tomaram vacina contra H1N1

O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, através do Ministério da Saúde, orientou aos serviços de saúde sobre a possibilidade de obtenção de resultado falso positivo em testes imunienzimáticos, realizados para detectar anticorpos contra o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) do tipo 1.
De acordo com a Nota Técnica nº 02/2010 - GGSTO/DIDBB/ANVISA, de 08 de março de 2010, devido à forma acelerada de produção industrial da vacina contra do vírus da Influenza A (H1N1), com a utilização de novas tecnologias de produção e adjuvantes, não há no momento dados disponíveis sobre todos os efeitos adversos, porém foi observado que pessoas que tomaram a vacina, ao fazer o teste de HIV-1 apresentaram resultado falso positivo, ou seja, os resultados indicam que o vírus está presente, quando, na verdade, não está.
Isso ocorre porque ao tomar a vacina, o corpo começou a produzir anticorpos Imunoglobina M (IgM), que é produzido diante da primeira exposição à um antígeno. E reações não específicas ou a presença de anticorpos dirigidos a outros agentes infecciosos que podem ser antigenicamente similares ao HIV podem produzir resultados falso positivo no teste.
Segundo a orientação, em caso de amostras reagentes nos testes de HIV-1, é recomendada a realização de outro teste para verificado o resultado, sendo que este segundo não deve ser reagente em caso de reação cruzada com anticorpos produzidos em resposta à vacina contra o vírus Influenza A.
Porém, o resultado negativo nestes testes, não descarta a infecção pelo HIV, já que o paciente pode estar no estado de soro conversão, ou ainda, estar com outra enfermidade que interfira nos resultados do teste de HIV.
Nestes casos, a investigação deve ser realizada até o resultado final do diagnóstico para o vírus, ou até que a reatividade cruzada da IgM produzida contra a vacina seja desfeita em relação aos testes de HIV-1.
Os profissionais de saúde ficam responsáveis pelo diagnóstico sorológico do HIV-1, e devem informar aos pacientes que receberam a vacina contra o vírus H1N1, sobre a possibilidade de resultado falso-positivo nos testes que detectam o vírus da Aids. Caso necessário, também devem convocar os pacientes para a realização de nova coleta após 30 dias, até que o diagnóstico seja definitivo".

» Nota divulgada pelo Ministério da Saúde
A nota também está disponível no site do Ministério da Saúde, nos links documentos e publicações, lista completa. Basta fazer a busca pelo número da nota: 128/2010
Fonte: http://jc.uol.com.br/canal/cotidiano/saude/noticia/2010/05/21/nota-do-ministerio-da-saude-alerta-sobre-falso-resultado-positivo-de-hiv-apos-vacina-h1n1-222578.php

quinta-feira, 20 de maio de 2010


"(...) Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos. (...)" ( Livro, O Pequeno Príncipe)

Lula Alá e a ira do Irã


Os velhos olhos azuis estão de volta. Com sua arrogância histórica, os EUA refrescam nossa memória e nos lembram por que os ianques enfileiram tantos inimigos. Império do Mal não é um apelido que se ganhe impunemente. É preciso fazer por merecer.
Movidos pelos mais mesquinhos interesses, os americanos reuniram a patotinha para colocar lenha na fogueira do fundamentalismo. Eles não admitem perder a liderança mundial, nem que isso lhes custe mais um confronto nefasto entre as forças das trevas.
Não há mocinhos nessa história. Os iranianos são barra pesada. Um bom motivo para não atiçar a fogueira deles. Mas não. O governo de Barack Obama é mais do mesmo. Beligerante, imperialista e presunçoso.
Aceitar a proposta turco-brasileira seria a confissão de que é possível uma saída pacífica e negociada. Mas os donos do universo não admitem intermediários. Só negociam se o interlocutor estiver ajoelhado. Acordo, para eles, é rendição.
Aqui no Brasil, a euforia de alguns políticos para desqualificar o esforço diplomático soa como um ranger de dentes. Estão trincando de inveja. Vão acabar mordendo a língua de tanta raiva.
Como nunca antes na história deste país, temos um presidente que de fato participa do cenário internacional. Como protagonista. Contra todas as expectativas, não fez papel ridículo. Nem ele acreditou.
O Lula Alá também conseguiu a proeza de colocar do mesmo lado Hillary Clinton e Arthur Virgílio. Que capacidade de aglutinação fantástica. Um estadista. Quem sabe agora o Obama não se filia ao PSDB?
Não sou vidente para saber quem no mundo vai produzir bomba atômica. O Irã, com sua ira, irá? As grandes potências já têm seu paiol de mísseis e tacapes. Bom motivo para conversar, não é?
Os EUA não admitem que um país emergente assuma alguma importância. Mas nenhuma noite é eterna. Uma hora o sol sempre surge. Assim será o dia de amanhã.

Fonte: http://noticias.r7.com/blogs/o-provocador/