DESCONSTRUÇÃO DA EGOLATRIA RUBENIANA
(Luiz Antonio Neto)
"Perdi uma campanha política. A vida é sempre assim: vivemos a perder algo ou alguém. Com o desenrolar de todo esse processo em Alagoinha as pessoas vivem a me perguntar como eu estou e respondo dizendo que estou bem. Já no dia 05/10 ao final da eleição alguns não me entenderam quando indaguei porque eles choravam. Fui mal interpretado, inclusive pela minha mãe que perguntou se eu não sentia pena daquelas pessoas. Esse pito passado pela minha sábia genitora me fez ir até onde se concentrava um grupo pessoas choronas e agradeci a todos pelo empenho e pelo voto dado. Disse-lhes também que esquecessem tudo e procurassem voltar ao cotidiano o mais rápido possível. Recebi em troca uma salva de palmas. Minha mãe não sabe, mas eu não aprecio pessoas que choram fácil."
Não. Uma maioria expressiva, fato inesquecível no município, não quis a você e seu primo para administrar, porque perceberam que Leylton, Maninho e Luis Alves é uma trindade mais que suspeita. Não o foi porque assim é a vida, mas tão somente por uma contingência, diga-se na boca do povo: para Ipaumirim se levantar. Portanto, segundo a teoria da relatividade, Alagoinha está livre do pesado jugo triádico. Acerca do vosso perecimento, acredito que apenas algumas pessoas do círculo lhe fazem perguntas não mais que evidentes. Bem, Jesus Cristo se preocupou com o choro das mulheres de Jerusalém. Elas também não o entendiam, mas beberam o vinho do primeiro milagre histórico por intercessão de sua mãe Maria naquela festa de casamento. E..., por fim, o homem da cruz voltou ao cotidiano do Gólgota e em retribuição à Pax Romana recebera uma salva de chibatadas merecidas. E bem feito. “Maldito aquele pendurado no madeiro” reza a Torah. Doravante bater-se-á em sua porta deputado, senador, autoridade etc. E à porta das pessoas choronas, quem haverá de bater? Para elas bastam: vão em paz que vos acompanho companheiras. Não é?
"No dia 30 de Junho quando da convenção do PT, Leylton chorava como um bezerro desmamado dizendo que tinha sido traído e que não reunia condições emocionais, psicológicas e financeiras para levar a campanha. Ao fazer uso da palavra eu disse para todos ouvirem: “Leylton, eu até admiro os homens que choram, mas prefiro os homens como eu que choram pouco e são como uma pedra de gelo. Se você não quiser ser candidato a prefeito pelo PT eu ofereço meu nome ao partido, mas nunca será dado o golpe branco da candidatura única em Alagoinha. A frase foi forte, Leylton chorou mais um pouco, porém aceitou. O resto todo mundo já sabe."
Aquele choro enganou, comoveu e sensibilizou aos companheiros realistas ingênuos, que acreditam que a realidade é tal qual se apresenta aos seus olhos, mas ao cético Manin, não! Fizeste um uso do poder da fala não para superar uma situação de incerteza, mas para usurpar-se do roçado de Leylton: foi um golpe sutil e presunçoso. No poema de Drummond havia uma pedra no caminho, na via crucis de Cristo havia um cirineu, ao lado de Leylton havia Luiz Antonio e aquele sutil e oportuno golpe não vingou. Viste o teu primo acabrunhado, sob o jugo da cruz e nada o fizeste de solidariedade. Pensastes então em fazer uma ego-história. Copiosamente, quando do choro, eu fitava os teus punhos cerrados e a expansão toráxica parecia contradizer a sua auto-impressão de ser um homem de gelo ante o choro do companheiro em desgraça. Após a minha fala, fiquei sabendo dos seus interesses e possíveis alianças. Mas, tarde demais. Tudo estava consumado. Para os anais do nosso partido o que se projeta dentro e fora dele é o seu ato heróico quando na realidade seria um golpe de situação ante ao infortúnio de Leylton que sempre votou contra Lula, e também, deu um golpe no PT de Ipaumirim.
"Nessa campanha houve mais coisas para me fazer rir do que chorar. Nela descobri que amizade não conta em política e que realmente todo homem tem seu preço, uns são mais caros, outros mais baratos. Um amigo mandou buscar uma bandeira vermelha do PT para colocar na sua casa e disse que faria isso em nome da nossa amizade de aproximadamente 30 anos. Isso teria sido lindo se não fosse cômico. Um dia antes da eleição o mesmo amigo, em troca de alguns reais, mandou-me um recado dizendo que estava precisando da grana e por isso iria trocar a bandeira, mas que eu não me preocupasse, pois seu voto pertencia ao PT. Achei estranho, mas resolvi apostar. No dia 05 meu amigo(?) apareceu todo de verde, as cores do adversário, e certamente votou contra minha pessoa. Perdi seu voto, a eleição e talvez a amizade. Não chorei por isso, pelo contrário, fiquei feliz, pois esse sujeito durante trinta anos poderia ter atentado contra minha vida ou me roubado um bem material de valor. Ele não o fez e apenas traiu-me com seu voto. Então, devo rir ou chorar? Claro que tenho motivos para dar boas gargalhadas. Me livrei de um traidor nato."
Não devemos acreditar que só nessa campanha veio-lhe a lúmen que amizade não conta em política. Ora, há testemunho de amizades em todos os mundos, por que não nesse mundo político de mortais? Traição de amigo de quase três décadas por tostões denota fragilidade ou irrelevância dessa amizade, e, quem sabe, se certamente, ele não acreditou em tu e preferiu “vender-se” a votar contigo. À premissa maior (todo homem tem seu preço) soma-se necessariamente outra menor (Manin é homem). Politicamente, mediante dados que disponibilizo, tenho reservas à sua condução política por ser similar aos modelos mais combatidos por sua esnobe intelectualidade. Um dos candidatos da campanha passada, Francisco Osmar, o tinha como eleitor ímpar e militante, e de contra ponto, Balbino e Cícero o viram num carro com a candidata Leuzete – quando se esperava que você e família estivessem a velar a tia solitária –, a passear em horário nunca costumeiro no Riacho dos Bois. Fazendo o que? Por conta disso, tu me interpelastes, mas por não dispor de fundamentos coloquei o rabo entre as pernas. Hoje me exponho à nova interpelação. Temos mais dados e informações seguras de que fornecestes informações lógicas à campanha de teu prezado íntimo Luiz Alves. Podemos, a partir desses fatos, suscitar que o vosso sufrágio para Francisco Osmar é passível de dúvidas.
"No dia da eleição a candidata a vereadora, minha tia Cineide Vieira foi pega em flagrante com a bolsa cheia de “santinhos” na criminosa propaganda de boca de urna. Achei estranho o policial tirar a propaganda de sua bolsa e não detê-la como manda a Lei. Liguei para o advogado do PT que veio de Fortaleza para ajudar na parte jurídica. Ele me disse que Fabrício filho de Manoel Machado, candidato a vereador que nos apoiava, também tinha sido flagrado cometendo o mesmo crime junto com Sônia Nery candidata a vereadora opositora, e ai o Juiz pediu para ser feito um acordo: os dois lados abririam mão da denuncia e todos seriam liberados. Vejam só: segundo o advogado, que fique bem claro isso, o Juiz propôs um acordo pra Lei não ser cumprida. Isso não é uma piada? Por que então deveria eu chorar? "
Por conseguinte não há autoridade na sua fala em expor a militância de Cineide em tom de criminalidade quando sei que você faz o mesmo e muito mais por menos. Não se resisti uma boca de urna. Na residência de seu pai percebemos que algumas pessoas não afeitas àquele lar mudaram de tonalidade, e quem sabe, de intenção de voto. A suspeita levou a interdição daquele vai-e-vém. E o que dizer disso? O exercício da jurisdição pressupõe uma prévia iniciativa da parte, se não houve demanda nem por Sônia e nem por Fabrício não há motivo para o juiz que não age por ofício – aplicar a lei: as partes acordaram, não há porque duvidar da jurisdição do então juiz. Portanto, nada de Hilário ou de Guimarães.
"Porém, a maior piada da eleição ainda estava por acontecer. Meu lado espiritual é muito pobre, embora não seja um ateu, sou muito cético para algumas coisas. Não gosto muito de certos grupos que pregam uma coisa e fazem outra. No dia da eleição, uma amiga que estava bêbada – aonde será que ela bebeu? Não havia a Lei seca? – disse-me que tinha sido levada até a sacristia da capela do Felizardo e recebido uma proposta de vender seu voto. Ora, a amiga estava bêbada e compra de voto na sacristia da capela era impossível. Ledo engano. Não é que a capela passou o domingo, dia de eleição,o tempo todo aberto. Pois é, quando a policia foi para o lado de lá, por volta de 15:30 h era tarde demais, muitos votos já haviam sido comprados e a eleição perdida e os criminosos saíram pela tangente, ou melhor, pela porta lateral, estrategicamente aberta. Tudo isso sob o olhar cúmplice do Pai Eterno. Por falar nisso, uma garota que chorava muito após o revés político me dizia: “tanto que eu pedi a Deus pra gente vencer”. Ai eu disse a ela: Deus não vota em Alagoinha e apoiou nossos adversários, ele emprestou até sua casa para a negociata do voto. Ora, se Deus era contra nós, quem seria por nós? Soube também que bem antes da eleição houve um café da manhã em Alagoinha realizado pela igreja. Disseram-me que só estava lá o pessoal da oposição, os verdes. Não sei se Leylton foi convidado, eu não fui, mas tudo bem, eu não iria mesmo. Como já escrevi em outras ocasiões alguns membros da igreja católica de Alagoinha pensam que Deus é burro, pois levam uma vida social condenável, mas rezam como se fossem anjos. Eis outra boa piada. Não é pra rir uma história dessa?"
Tinha que sobrar para o Padre Eterno que você o concebe como deista, assim o fazem os racionalistas avessos á revelação histórica. A pessoalidade como trata Deus te faz traidor das categorias deístas. A outra polêmica concepção cepticista que fazes para si não ti permite certezas tais como: nós ganharemos esta eleição. Suas convicções teológica e filosófica estão bem ruídas ou confusas. A casa do Pai é de oração. Um erro do fiel nunca deve comprometer a premissa anterior.
"Como se não bastasse tudo isso, vi comportamento de membros da maçonaria extremamente lastimável. Vi boca de urna, transporte irregular de eleitores e conseqüentemente compra de voto executado por um membro maçom. Meu irmão Leônidas é maçom e vive dizendo que eu deveria entrar pra ordem. Digo que não estou pronto para isso e brinco dizendo que só entrarei um dia se ao invés – como dizem as más línguas - de beber o sangue de um bode preto no ritual, seja possível beber o leite de uma ovelha branca direto de suas tetas,. Porém, mesmo que surgisse a ovelha eu não iria à Loja de Alagoinha. Se lá a galera realmente resolvesse dizer pelo menos quantos são infiéis às suas esposas, certamente seriam expulsos do Templo. Mas tudo bem, eu e a maioria da população sabe quem são os maçons nas suas vidas sociais. Ah, o Arquiteto do Universo também sabe mas ele anda meio sem “moral” com seus filhos falsos e talvez até castigue um filho como eu que sempre estou a destilar verdades carregadas de boas doses de veneno. Alguém tem coragem na Loja de tirar a máscara e mostrar a cara? Duvido muito. Por falar nisso, eis um preceito da Ordem: “exigir de seus membros boa reputação moral, cívica, social e familiar, pugnando pelo aperfeiçoamento dos costumes”. Eis mais um exemplo de teoria sem pratica. Essa não é uma boa piada?"
O problema dos maçons é dos maçons e não do Grande Arquiteto. São deles próprios e acredito que eles têm juízo de razão para discernir o que deve e o que não deve ser feito por esta ou aquela orientação. Toda instituição que espera um enlevar-se do homem já o pressupõe como um ser de contingências. Portanto, não há méritos em descobrir o que já estar em descoberto. O agravo maior que falhas dos maçons é o seu ato: exterminar eticamente toda uma corporação em um texto efêmero. Salvo os maçons e desmereço a sua conduta ética de psicólogo. Dizer verdades dosadas de veneno não é coisa para céptico, porque o céptico mesmo não perde tempo em procurá-las: não as atinge.
"Olha, vou ser bem sincero: foi bom perder, eu não seria o vice-prefeito ideal para nossa terra no momento, quem sabe no futuro. Sou polêmico demais, sou muito intrépido e costumo dizer verdades abertamente e isso não interessa a maior parte da sociedade falso moralista de Alagoinha. Eu não vim ao mundo para aceitar coisas e fatos, eu vim para questioná-los e expô-los a nu. Acorda Alagoinha. "
Foi bom mesmo perder. Você como vice-prefeito, apenas idealmente, é bom, realmente, não. Por poucos réis levastes uma diretora de escola á oitiva policial. Isso foi real. Idealmente queria colocar uma cancela na entrada do distrito para controlar quem entra e sai. Seu primo, Leylton – aproveitador do enquete Lula – quando da vitória passada disse que os adversários deveriam ser tratados com pouca água e pedras de sal, sopa de pedras. Sua hermama prometeu-me soltar uma bomba em minha casa e na casa de Zuca Rolim caso você ganhasse. Isso não é muito grave? Será que tudo isso tem haveres com a briga dos zeca versus rolim? Aí está o grau de humanidade e de alteridade dos candidatos a prefeito de Ipaumirim pelo Partido do Trabalhadores. Costumava ver na estrada de Baixio o carro de Dr. Geraldo em vexames técnicos e muitos em Ipaumirim o submeterem à humilhação pública menosprezando a sua condição, então dizia consigo: ele vencerá e chegará o seu dia. O mérito dessa vitória foi uma vontade coletiva de o ver prefeito de nossa cidade. Ele agora tem o dever-ser do prefeito esperado.
Luiz Antonio 6º dan
Mestre de Karate Uechi-Ryu Shobukai
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