domingo, 27 de janeiro de 2013

Blog de férias


Estamos de férias até o dia 16 de fevereiro. Eventualmente poderei passar por aqui mas até lá considero-me livre do compromisso diário com o blog. Se vocês quiserem enviar alguma coisa para publicar, mandem para o e-mail luiza_ipaumirim@yahoo.com.br
 Bom carnaval para todos.
Maria Luiza

Festa de São Serbastião 2013



Não estive na Festa de São Sebastião. Para não deixar este momento tão importante, para nós de IP,  passar em branco no blog, selecionei várias imagens do Ipaumirim.com e de um ou outro FB que não lembro agora de quem era porque na hora esqueci de anotar. Se vocês quiserem mais imagens da cobertura geral da festa, visitem o ipaumirim.com.
Para imagens que priorizam pessoas nas festas direcionadas para o público jovem vocês podem visitar o noisdivulga.net.
Sugiro visitar os dois.
Em outros faces também há fotos dispersas.
ML











 
 

 
 
 
 
 

 

 
 
 
 
 
 
 
 

sábado, 26 de janeiro de 2013

Abre as asas sobre mim


Desesperar jamais!

 

'Profetas da chuva' apostam em boas chuvas no Nordeste a partir de março

Encontro anual reúne 'profetas da chuva' em Quixadá, no interior do Ceará. Eles dizem fazer previsão da chuva com base em elementos da natureza.
 

 
Um grupo de 38 "profetas" que se reúne anualmente no Ceará prevê que o ano será de fortes chuvas na região Nordeste, principalmente a partir de março.

“Tudo indica que teremos boas chuvas, mas um pouco tarde, a partir de março. Já tivemos algumas chuvas nesse início de ano, mas pequenas. Chuva boa mesmo ainda vamos ter que esperar”, disse um dos integrantes do grupo, o “profeta” Erasmo Barreira.
A 17ª edição do Encontro dos Profetas da Chuva será realiazada neste sábado (12) em Quixadá, no interior do Ceará, reunindo 38 pessoas que dizem que, com base em elementos da natureza, conseguem fazer a previsão de chuva para o ano.


“Já fiz a previsão na árvore do juazeiro. Se tivesse chuva agora para fevereiro, o fruto já estaria inchado. Na colmeia dos insetos que dão mel ainda tem muita palha, então eu sei que não vai ter seca. Em ano de seca eles fazem reserva de mel para aguentar o período de estiagem já em janeiro”, diz o profeta Erasmo Barreira.
A plateia do evento é formada principalmente por agricultores e empresários de atividades que tiram benefícios da chuva, como o setor de agronegócios. “Além do empresário da agropecuária, que é muito afetado pela seca ou pela chuva, tem todo o comércio do interior. Quanto mais chove, mais forte a agricultura, mais gera compras e mais movimenta o comércio no interior. A chuva afeta a sociedade inteira”, diz Élder dos Santos, idealizador e organizador do evento.
 
Élder explica que os diz que um dos métodos mais comuns de previsão é com o uso do sal de cozinha. Os profetas fazem seis montes de sal, equivalente aos meses de janeiro a julho. Na primeira chuva do ano, se um dos montes de sal absorver muita água significa que o mês referente àquela porção de sal será chuvoso; caso contrário, haverá pouca chuva naquele mesmo mês. Com base no sal, os profetas também preveem um bom ano para a agricultura no Ceará. Para 2013, três profetas consultados pelo G1 apostam em boas chuvas a partir de março. Outro acredita que as chuvas fortes começam em fevereiro.
 
De todos os observadores da natureza, o mais respeitado é José Irismar. Segundo suas previsões o Ceará vai ter um bom inverno. "Vai dar uma chuvinha variada. Teremos chuva em janeiro, fevereiro e a partir de março vai melhorar ainda mais a quadra invernosa. Seca não vai ter", disse.
 
Em 2013, pela primeira vez, o Encontro dos Profetas das Chuvas ocorre durante três dias, de sexta-feira (11) a domingo (13). “Nosso evento principal é no sábado, quando os profetas fazem as previsões. É um evento cultural que atrai toda a gente de Quixadá, cidades e estados vizinhos do Ceará. Todas as pessoas do Nordeste têm interesse em saber se vai chover ou não”, explica Élder.
Para Élder dos Santos, o maior valor do encontro dos profetas é a valorização cultural da “sabedoria popular”. “Em todas as cidades do Ceará nós temos profetas, o que fizemos foi reunir essas profetas, que são os personagens principais do evento, e valorizar as profecias deles”, diz.
O coordenador destaca também que já foram publicados livros, trabalhos de conclusão de curso, teses de mestrados e documentários sobre o encontro anual. “Queríamos mais a participação de professores e alunos das universidades cearenses. Atualmente recebemos mais pesquisadores de outros países do que próprio Ceará”, diz.
 
Visão científica

 A previsão da chuva feita pelos "profetas" não tem respaldo científico de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O órgão estadual deve divulgar em 23 de fevereiro o prognóstico oficial das chuvas no Ceará no ano de 2013.

 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

"Um nome pode ser uma condenação"



Vi no anões em chamas.

Lembrei da frase de José Eduardo Agualusa no livro O vendedor de passados. "Um nome pode ser uma condenação". Recortei apenas esta frase para acompanhar o humor  do vídeo. O parágrafo  completo foge do sentido do vídeo.
"Não me pareceu impossível. Um nome pode ser uma condenação. Alguns arrastam o nomeado, como as águas lamacentas de um rio após as grandes chuvadas, e, por mais que este resista, impõem-lhe um destino. Outros, pelo contrário, são como máscaras: escondem, iludem. A maioria evidentemente não tem poder algum. Recordo sem prazer, sem dor também, o meu nome humano. Não lhe sinto a falta. Não era eu." (O vendedor de passados)

Pensando beeeeemmmmm........


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O encontro de dois gênios: Drummond e Garrincha


Há 30 anos, morria o gênio mais dionisíaco do futebol. O Poeta falou dele


A alegria do povo
A alegria do povo

Em 22 de janeiro de 1983, dois dias depois da morte de Garrincha, o Jornal do Brasil publicava uma crônica do poeta Carlos Drummond de Andrade sobre o jogador. Intitulada “Mané e o sonho”, Drummond fala da “irresponsabilidade amável” do gênio e de como, na própria essência do futebol profissional, “se instalam a ingratidão e a injustiça”. Em homenagem aos 30 anos de morte de um dos maiores jogadores de todos os tempos, eis o encontro de Drummond e Mané Garrincha.

“A necessidade brasileira de esquecer os problemas agudos do país, difíceis de encarar, ou pelo menos de suavizá-los com uma cota de despreocupação e alegria, fez com que o futebol se tornasse a felicidade do povo. Pobres e ricos param de pensar para se encantar com ele. E os grandes jogadores convertem-se numa espécie de irmãos da gente, que detestamos ou amamos na medida em que nos frustram ou nos proporcionam o prazer de um espetáculo de 90 minutos, prolongado indefinidamente nas conversas e mesmo na solidão da lembrança.
Mané Garrincha foi um desses ídolos providenciais com que o acaso veio ao encontro das massas populares e até dos figurões responsáveis periódicos pela sorte do Brasil, ofertando-lhes o jogador que contrariava todos os princípios sacramentais do jogo, e que no entanto alcançava os mais deliciosos resultados. Não seria mesmo uma indicação de que o país, despreparado para o destino glorioso que ambicionamos, também conseguiria vencer suas limitações e deficiências e chegar ao ponto de grandeza que nos daria individualmente o maior orgulho, pela extinção de antigos complexos nacionais? Interrogação que certamente não aflorava ao nível da consciência, mas que podia muito bem instalar-se no subterrâneo do espírito de cada patrício inquieto e insatisfeito consigo mesmo, e mais ainda com o geral da vida.
Garrincha, em sua irresponsabilidade amável, poderia, quem sabe?, fornecer-nos a chave de um segredo de que era possuidor e que ele mesmo não decifrava, inocente que era da origem do poder mágico de seus músculos e pés. Divertido, espontâneo, inconsequente, com uma inocência que não excluía espertezas instintivas de Macunaíma — nenhum modelo seria mais adequado do que esse, para seduzir um povo que, olhando em redor, não encontrava os sérios heróis, os santos miraculosos de que necessita no dia-a-dia.



A identificação da sociedade com ele fazia-se naturalmente. Garrincha não pedia nada a seus admiradores; não lhes exigia sacrifícios ou esforços mentais para admirá-lo e segui-lo, pois de resto não queria que ninguém o seguisse. Carregava nas costas um peso alegre, dispensando-nos de fazer o mesmo. Sua ambição ou projeto de vida (se é que, em matéria de Garrincha, se pode falar em projeto) consistia no papo de botequim, nos prazeres da cama, de que resultasse o prazer de novos filhos, no descompromisso, afinal, com os valores burgueses da vida.
Não sou dos que acusam dirigentes do esporte, clubes, autoridades civis e torcedores em geral, de ingratidão para com Garrincha. Na própria essência do futebol profissional se instalam a ingratidão e a injustiça. O jogador só vale enquanto joga, e se jogar o fino. Não lhe perdoam a hora sem inspiração, a traiçoeira indecisão de um segundo, a influência de problemas pessoais sobre o comportamento na partida. É pago para deslumbrar a arquibancada e a cadeira importante, para nos desanuviar a alma, para nos consolar dos nossos malogros, para encobrir as amarguras da Nação. Ele julga que entrou em campo a fim de defender o seu sustento, mas seu negócio principal será defender milhões de angustiados presentes e ausentes contra seus fantasmas particulares ou coletivos. Garrincha foi um entre muitos desses infelizes, dos quais só se salva um ou outro predestinado, de estrela na testa, como Pelé.

Com Elza Soares
Com Elza Soares

A simpatia nacional envolveu Mané em todos os lances de sua vida, por mais desajustada que fosse, e isso já é alguma coisa que nos livra de ter remorso pelo seu final triste. A criança grande que ele não deixou de ser foi vitimada pelo germe de autodestruição que trazia consigo: faltavam-lhe defesas psicológicas que acudissem ao apelo de amigos e fãs. Garrincha, o encantador, era folha ao vento. Resta a maravilhosa lembrança de suas incríveis habilidades, que farão sempre sorrir a quem as recordar. Basta ver um filme dos jogos que ele disputou: sente-se logo como o corpo humano pode ser instrumento das mais graciosas criações no espaço, rápidas como o relâmpago e duradouras na memória. Quem viu Garrincha atuar não pode levar a sério teorias científicas que prevêem a parábola inevitável de uma bola e asseguram a vitória — que não acontece.
Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho.”

Fonte: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-encontro-de-dois-genios-drummond-e-garrincha/

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Cine Ipaumirim: Décimo segundo




No décimo segundo, o silêncio passa a ser ensurdecedor.
Com Irandhir Santos e Rita Carelli
Direção e Roteiro: Leonardo Lacca
Fotografia: Marcelo Lordello
Produção: Laura Pronto, Maria Lira, Rita Angeiras
Som: Dukah Hollanda, Moabe Filho
Arte: Diogo Balbino
Figurino: Ana Cecília Drumond
Montagem: João Maria
Montagem de Som: Kleber Mendonça Filho

trincheirafilmes.com

sábado, 19 de janeiro de 2013

Cobertura fotográfica da inauguração do Villa's Clube

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Ipaumirim-CE: Secretarias Municipais disponibilizam estrutura de apoio aos romeiros de São Sebastião

 
A Romaria de São Sebastião, em Ipaumirim, atrai milhares de fiéis ao nosso município. A equipe do Noisdivulga.net  obteve as seguintes  informações sobre a estrutura de apoio que será disponibilizada aos romeiros.
  • A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania vai disponibilizar água para beber no trajeto da romaria durante todo o dia 20, e ainda, velas durante a procissão para que seja representada a fé e a devoção, simbolizando o ano da luz.
  • A Secretaria Municipal de Cultura vai trabalhar  em parceria com a  Juventude Socialista do PDT, Ordem DeMolay e Léo Clube na organização da Romaria, além de disponibilizar palco e sistema de som.
Da Redação
Com Informações de Raonir Abreu (Secretário de Cultura) e Maria Lourenço (Secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania).
 
Fonte: http://noisdivulga.net/2013/01/16/ipaumirim-secretarias-em-parceria-com-a-prefeitura-municipal-dao-apoio-aos-romeiros-de-sao-sebastiao/

ATT. ESTE ANO - 2013 -  NÃO ESTAREI EM IP E PORTANTO O NOSSO BLOG DIVULGA A COBERTURA DAS FESTAS A PARTIR DE INFORMAÇÕES  COLETADAS NA INTERNET , NATURALMENTE EXPLICITANDO O CRÉDITO DA FONTE.   SE ALGUÉM QUISER ENVIAR ALGUMA INFORMAÇÃO SOBRE A COBERTURA DA FESTA, MANDE E-MAIL PARA luiza_ipaumirim@yahoo.com.br 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Adeus Rio, Olá Recife: Um Gostinho do Melhor Carnaval Escondido do Brasil




(O melhor Carnaval é o de Pernambuco!
Há um ano rolou um texto na MTV Iggy sobre o assunto. E nas vésperas da folia, o texto voltou a circular.
Abaixo, a traduzida!
Pra esquentar, uma playlist > https://soundcloud.com/olinda)


Adeus Rio, Olá Recife: Um Gostinho do Melhor Carnaval Escondido do Brasil

Largue seu amante e festeje com Pac-Man


Por Marlon Bishop
Traduzido por Gustavo Maia


Esqueça o Rio, seus enormes carros alegóricos e plumas, suas dançarinas peitudas vestidas com pedaços de tecido pequenos e estrategicamente posicionados, seu Sambódromo exclusivo e sua estrondosa bateria de samba. É um carnaval para as câmeras, para panfletos de agências de viagem, para turistas acima do peso do Arkansas (EUA). Pergunte a quem sabe o que é bom e eles lhe dirão: o Carnaval mais real do Brasil é o do Recife.
Recife é uma das grandes cidades do Nordeste do Brasil, um município antigo, originalmente construído por plantadores de açúcar da Holanda na saliência mais oriental da América do Sul, a parte que encaixa como uma peça de quebra-cabeça no canto do Leste da África. Carnaval no Recife – e em Olinda, sua cidade-irmã colonial – é um carnaval de rua. Não há áreas exclusivas separadas por cordas ou ingressos caros, apenas um monumental caos humano, milhões de pessoas enlouquecendo juntas ao pôr do sol. Velhos e novos, ricos e pobres, hippies e playboys, negros e brancos, todos se misturam nas ruas de pedra – bebendo cerveja direto da garrafa, beijando desconhecidos e dançando até que suas sandálias Havaianas se partam.
“Nos últimos 40 anos o Carnaval do Rio tem sido uma janela para vender uma imagem pobre e até racista do Brasil no exterior. Tudo sobre aquela celebração é calcado nos interesses da televisão comercial. Já na Bahia, o Carnaval é repleto de segregação causada por razões econômicas e socais”, afirma o administrador de rádio e DJ de tecnobrega do Recife, Patrick Torquato. “Mas o Carnaval do Recife é rico com uma mágica inexplicável, você só tem entende se experimentar. Os sons, as cores. É o Carnaval mais multicultural, o que melhor representa a mistura cultural do Brasil.
Primeiro vamos desmistificar um pouco toda a “coisa” do Carnaval. Sim, ele é relacionado com a tradição celebração católica da Quaresma nos dias que antecedem a Quarta-Feira de Cinzas e blá, blá, blá. Mas a verdade é que o Carnaval é um Halloween de quatro dias que não para no abafado calor tropical, sem a parte do “doces ou travessuras” (trick-or-treating), com bandas gigantes de marchinha e percussão. Algumas pessoas vestem fantasias tradicionais de Carnaval que envolvem pequenas sombrinhas multicoloridas, mas a maioria se veste de personagens como Batman, Pac-Man, Capitão América, Princesa Toadstool (aquela do Super Mario), o M&M verde e Osama Bin Laden.
A festa começa cedo, com os primeiros blocos ou troças carnavalescas invadindo as ruas lá pelas 8h da manhã. Durante o dia, o lugar para se estar é Olinda – a pitoresca cidade colonial com becos sinuosos e casas coloridas. Vendedores ambulantes vendem cerveja, copos gigantes de Red Bull e Whisky e cocos gelados para a essencial hidratação do meio da festa. Já que as ruas ficam lotadas além da capacidade, saiba: se entrar na multidão, você não terá nenhuma escolha a não ser seguir o fluxo, esmagado contra pelo menos mais um milhão de pessoas. Quando os blocos passam, tocando frevo em tubas e trombones ou maracatu em enormes tambores de madeira, quem estiver no meio da festa será levado na “procissão”, quer queira quer não.
Festas de dança improvisada menores brotam em qualquer lugar em que haja alguém com um tamborim ou um megafone e uma música para cantar. Enquanto isso, crianças pequenas nos terraços te ensopam com armas de água, desconhecidos de melam de tinta e pelo menos um indivíduo com mau gosto te ataca com um vibrador preso a uma vara de pescar. Aqueles que não acabam seus namoros imediatamente antes do Carnaval, uma tradição brasileira, se agarram aos seus parceiros até serem afastados por um homem vestido de crocodilo. Em um canto, Barack Obama e a Mulher Maravilha juntam os lábios de forma selvagem atrás de uma barraca de empanada.
Quando a noite cai, Olinda fica mais vazia e dá lugar ao Recife Antigo, que recebe multidões para enormes shows a céu aberto. A programação varia de grandes nomes da música brasileira, como Ney Matogrosso e Lenine, a atrações estrangeiras como Angelique Kidjo, ou ainda nomes ascendente como o rapper paulista Criolo. Mas nada supera a energia de quando o Nação Zumbi toca. Nação Zumbi é a antiga banda de apoio do já falecido Chico Science, uma lenda local que misturou hard rock e hip-hop com maracatu tradicional e mudou para sempre o curso da música brasileira. Quando clássicos dos anos 90 explodem nas caixas de som, as “rodas-punk” se espalham pelo horizonte e os dreadlocks (penteado rastafári) giram no ar.
Em palcos menores espalhados pela cidade, novos e inovadores artistas se apresentam, também de graça. Da “cena amazônica” de tecnobrega, Waldo Squash e sua Gang do Electro se apresentaram enquanto adolescentes gays pintados com tintas fluorescentes mostravam suas danças coreografadas. O grupo colombiano de hip hop-cumbia Sistema Solar “botou pra torar” e o Bixiga 70 “abalou as estruturas” ao revisitar músicas de Afro-funk brasileiro.
“Gerações mais novas precisam tanto ser educadas na traição e empurradas para frente pela vanguarda musical. Manter a relação entre o tradicional e o inovador é o poder da música brasileira em geral”, diz o DJ Patrick Torquato. “E os recifenses fazem isso muito bem.”
Um dia de Carnaval parece uma semana e a coisa toda parece uma vida inteira. No final, seu corpo e mente estão destroçados, implorando por descanso. Mas em todo o hedonismo, excesso e celebração existe uma sensação de renascimento coletivo, de recomeço. Isso é, até a festa do ano seguinte.

(Todas as fotos são de Beto Figueiroa. Para ver mais das suas incríveis fotografias de Carnaval, visite a página do Flickr dele)

Fonte: http://donttouchmymoleskine.com/

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Podes crer!



«Não aprendemos nada com os pedagogos. Os verdadeiros educadores são os aventureiros e os caminheiros, os homens que mergulham no plasma vivo da história, da lenda, do mito.»
Henry Miller (1891-1980)

Foto: Tom Griggs

FHC, o reacionário

(Paulo Nogueira)

Fernando Henrique Cardoso tem que tomar cuidado para não repetir a trajetória de Carlos Lacerda

FHC
FHC

Fernando Henrique Cardoso está diminuindo com o correr dos anos. Não na mesma velocidade de José Serra, é certo, mas com constância.
Dona Rute faz falta? É possível. Talvez ela mitigasse o rancor com que a vaidade de FHC enfrenta a vantagem que Lula vai levando no duelo pelo tamanho na história do Brasil diante da posteridade.
A despeito da mídia em seu ultraconservadorismo, forma-se um consenso segundo o qual entre FHC e Lula foi este último quem realmente inovou no combate ao que é claramente o maior mal do Brasil: a miséria, decorrente da abjeta distribuição de renda.
FHC acabou com a inflação, e isso é uma conquista gigantesca. Mas em políticas sociais suas realizações foram pequenas, até porque ele estava cercado de economistas que as desprezavam.
Eram economistas profundamente influenciados pela Universidade de Chicago, dominada pelas ideias do Nobel Milton Friedman, um economista de grande influência mundial entre os anos 1970 e 2000.
Friedman demonizava as políticas sociais como esmolas, e defendia um Estado mínimo e desregulamentado. Reagan, nos Estados Unidos, e Thatcher, na Inglaterra, foram os maiores propagandistas do ideário de Friedman.
Vista na época de FHC como uma receita infalível para fortalecer economias, a doutrina friedmaniana se revelaria, com os anos, um fracasso colossal. Ela está na origem da crise econômica mundial que castiga a humanidade desde 2007.
Um pequeno grupo se beneficiou do friedmanismo, o chamado 1%, para usar a memorável expressão do movimento Ocupe Wall St. Mas os 99% restantes, como dizia meu Tio Lau, se estreparam.
FHC é filho de seu tempo. Ele estava engaiolado, como era tão comum nos dias em que foi presidente, dentro da crença de que o friedmanismo era o melhor caminho. Na verdade, o único. Nem os trabalhistas britânicos sob Tony Blair ousaram contestar os mandamentos Friedman, e consequentemente se movimentaram para a direita como se fossem discípulos de Thatcher.Só recentemente, sob a liderança renovadora de Ed Milliband, os trabalhistas voltaram para o centro-esquerda.
Lula chegou em outro momento. No início da década de 2 000 o modelo de Friedman começava já a estertorar. A iniquidade social se revelou insustentável. A maioria pilhada começou a protestar de forma cada vez mais intensa.
FHC não pecou lá para trás, porque o cenário era muito diferente. Seu governo seguiu placas que pareciam confiáveis. FHC fez, essencialmente, o que Reagan e Thatcher fizeram antes dele. Ele retomou, a rigor, o que Collor iniciara canhestramente. FHC teria que ser um gênio ou um profeta para enxergar, em sua presidência, os abismos para os quais o friedmanismo afinal conduziria.
Mas peca hoje, ao não entender – ou ao fingir não entender – o mundo que está aí. E então ele parece querer ser maior que Lula no grito. Alinha-se ao conservadorismo nacional para tentar recriar o cínico “Mar de Lama” que tanto contribuiu para o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954.
FHC fala agora em “crise moral”, como se não tivesse feito coisas como se outorgar por meios obscuros um segundo mandato não previsto na Constituição.
A direita gosta, naturalmente. Mas isso não impede que FHC vá se aproximando de Carlos Lacerda, o mentor celerado do “Mar de Lama”, e mais tarde um personagem central no golpe militar de 1964.
Lacerda foi para a lata de lixo da história, merecidamente. Faça uma estátua para ele e ela será prontamente esculachada.
FHC ainda tem chance de não repetir a trajetória de Lacerda. Mas tem que se mexer.
Fonte: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/fhc-x-fhc/

Amanhã, Hemoce realiza coleta externa em Ipaumirim



Na próxima quinta-feira [17], entre 8h e 15h, a população ipaumirinense poderá fazer a diferença e doar-se ao próximo.

Trata-se da Campanha de Doação de Sangue que será realizada no Sindicato Rural dos Trabalhadores daquele Município. Na ocasião, também haverá cadastro de medula óssea.

A captação será realizada pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará [Hemoce] Regional de Iguatu, e a coleta é utilizada por estabelecimentos hospitalares de toda as regiões Centro Sul e Vale do Salgado.

De acordo com o Hemoce, o estoque de sangue de sangue de A-, B- e AB- estão abaixo do ideal no Hemoce de Iguatu e a necessidade é maior para repor o estoque de bolsas de sangue.


PARA SER DOADOR DE SANGUE É PRECISO:

- Estar bem de saúde.
- Apresentar um documento com foto, emitido por órgão oficial e válido em todo o território nacional.
- Ter entre 16 e 67 anos. Os candidatos à doação de sangue com idade de 16 e 17 anos, devem ter consentimento formal do responsável legal.
- Ter mais de 50kg.
- Estar bem alimentado.
- Não ter comportamento de risco para doenças sexualmente transmissíveis.

Vi no Icó é notícia

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A crise econômica e a crise de meia-idade










Isto está tudo ligado – já lá dizia o outro – é o sistema!


Há uns tempos – os das vacas gordas – os homens, do alto das suas crises de meia-idade, adquiriam um descapotável, uma loira escultural na casa dos vinte e começavam a fumar charuto. Não que tivessem mãozinhas para o bólide, nem para a loira, mas enfim. Isto tudo porque, como se sabe, só há sangue para uma cabeça de cada vez e com o passar dos anos, a contagem dos glóbulos vermelhos vai sendo mais escassa. “Ok, não o consigo levantar, mas pelo menos tenho um coupé vermelho e uma loira com metade da minha idade”. A parte do charuto é que era sempre mais complicada, porque exige algum savoir faire que não assiste a todos os patos bravos.

Ora com a crise económica, já não há orçamento para carros desportivos e muito menos para loiras de alta cilindrada. Mas um gajo tem de continuar a mostrar a todo o mundo a sua disfunção eréctil. E eis que surgem os aparelhos dentários. A ortodontia passou a ser a melhor amiga dos homens de meia-idade em tempos de crise.

Quantos de nós não encontrámos nos últimos tempos homens com idade para terem juízo com um sorriso metálico? Ele é nos bancos, nos elevadores das empresas, na garrafeira do El Corte Inglés ou a deixar os putos à porta dos colégios. De fato, gravata e aparelho nos dentes.

Oh meus senhores, poupem dinheiro e dores. Porque essa preocupação oral só atrapalha. 

Um homem crescido com brackets tem a mesma credibilidade de um político que se diz honesto.
Quando um homem crescido mostra o seu sorriso metálico, na verdade, está a dizer que a pila dele já conheceu melhores dias.
E, desportivamente falando, um homem crescido com aparelho nos dentes tem ainda menos credibilidade que um treinador do Sporting.



Fonte: http://internofeminino.blogs.sapo.pt/#ixzz2I55sWH3X

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Cine Ipaumirim: De Amor se Vive



“De Amor se Vive” é um filme de Silvano Agosti que faz uma investigação sobre amor, ternura e sensualidade. No trecho acima, um garoto de 9 anos (ou um pouco mais que isso, não fica tão claro) fala sobre as primeiras experiências sexuais, a chatice que é o colégio, o que seria uma vida boa de verdade e como os adultos são bobos e maliciosos ao não tratarem os bambinos de igual pra igual.


Fonte: http://donttouchmymoleskine.com/de-amor-se-vive/

De amor se vive integra o projeto Narrativas de fuga. Conversaciones en torno a la construcción de discursos en el arte contemporáneo del programa Universidad Internacional de Andalucia.NIA arteypensamiento. Você encontra mais detalhes sobre o programa no seguinte endereço: http://ayp.unia.es/

Temporada de faxina


Ao que me parece as cidades brasileiras estão em fase de faxina. Pelo menos, é o que diz a imprensa e as redes sociais principalmente nos municípios onde as coligações capitaneadas pelo prefeito anterior perderam as eleições.   
          
Em Recife, a faxina do dia, conforme os jornais,  diz respeito à limpeza e desratização dos canais e das habitações em volta deles. Em IP, estamos em fase de varrição de ruas, becos e vielas. Falo apenas nestes dois municípios que são, para mim, os mais próximos. Mas a lista é grande.

Abandonar as cidades e os seus habitantes quando se perdem as eleições faz parte da personalidade dos políticos brasileiros. Exagerar no que se está fazendo também faz parte dos ganhadores. É uma questão de valorização dos feitos ainda que eles tenham razão de ser.

Há toda uma questão política atrás de tudo isto. Rei morto, rei posto. Quem sai, perde os holofotes que agora dão espaço aos que entram. Supervalorizar as falhas dos gestores que saíram, além da euforia da vitória, faz parte do esquema de desconstrução e enfraquecimento da oposição. O modelo consiste em ressaltar o negativo e esquecer o positivo. Há questões negativas e positivas, é claro,  mas uma coisa não anula outra. Por conseguinte, antes de tudo, é preciso ter consciência do jogo do desmonte da imagem pública dos derrotados.
 
Isto sempre aconteceu, não há novidades. A repercussão deste procedimento conta, atualmente,  com a disponibilidade das redes sociais. Fora esta novidade tecnológica,   não há nenhuma criatividade no que  diz respeito ao conteúdo.
 
O  equilíbrio na apreciação precisa estar atrelado à capacidade  de avaliar o conjunto da gestão e aí, sim, emitir uma opinião confiável e sem sensacionalismo.
 
É notório que os perdedores - por despeito, decepção e/ou irresponsabilidade -  também contribuem para o desgaste da sua imagem ao abandonarem as cidades como se a partir do resultado desfavorável nas eleições nada mais fosse problema deles.
 
Se os gestores estão faxinando as cidades, nada mais justo. Estão cumprindo a obrigação do cargo que é inclusive corrigir as falhas e pagar as contas deixadas pelos outros e que são contas do poder público pelo qual ele passa a ser o responsável quando assume a gestão do município. É louvável cumprir as obrigações mas não é extraordinário.
 
Fazer faxina é uma rotina obrigatória dos responsáveis pela limpeza e conservação urbana que, aliás, custa muito caro ao contribuinte. Basta observar o valor dos contratos no setor.
 
Qualquer sujeito minimamente inteligente sabe que governar é muito mais do que fazer faxina. Ainda estamos na fase da euforia que é sempre curta. Algumas prefeituras já estão saindo desta etapa  para o momento seguinte que é a hora de apresentar suas metas  à sociedade principalmente aos que pagam impostos.
 
Este é o momento aguardado, o mais significativo: caracterizar a intenção e o ritmo das realizações de uma gestão. Quem vai fazer o que, como  e quando vai fazê-lo é o que interessa principalmente nos municípios como o nosso em que os registros do passado costumam não ir além da boataria popular das  campanhas eleitorais e ninguém quer mexer com ele. Talvez, porque este tipo de lixo venha de muito longe, o cheiro pode incomodar indiscriminadamente. Pena que - nesse caso -  uma faxina não resolve. O que resolve é uma auditoria. Aí, sim, com os resultados produzidos através de uma auditoria realizada por uma empresa reconhecidamente idônea, podemos fazer uma avaliação equilibrada das gestões sem receio de cometer injustiças e se comportar como um incauto inconsequente.
 
Eu sei que uma auditoria idônea custa muito caro. Às vezes bem mais caro que o valor cobrado.
 
O nosso lixinho cotidiano é mais barato. De repente, reciclá-lo pode ser interessante. Já é alguma coisa.  
ML

Não sei se serve mas aí está a receita

 
REPELENTE EFICAZ E BARATO
MUITO UTILIZADO POR PESCADORES

INGREDIENTES:
1/2 litro de alcool
...
1 pacote de cravo da Índia (100g)
1 vidro e óleo para nenéns (100ml)

 MODO DE FAZER:
Deixe o cravo curtindo no álcool uns 4 dias agitando , de manhã e a tarde. Depois coloque o óleo corporal (pode ser de amêndoas, camomila, erva doce, lavanda, aloe vera).

 MODO DE USAR:
Passe uma gota no braço e nas pernas e o mosquito foge do cômodo.
O cravo espanta formigas da cozinha e dos eletrônicos, e espanta as pulgas dos animais.
O repelente evita que o mosquito sugue o sangue, assim, ele não consegue maturar ovos e atrapalha a postura. Vai diminuindo a proliferação.
A comunidade toda tem que usar, como num multirão.
Não forneça sangue para o aedes aegyty! Ioshiko Nobuni, sobrevivente da dengue hemorrágica.

Estação baú

PROGRAMAÇÃO GERAL DAS FESTAS DE JANEIRO 2013 EM IPAUMIRIM


ENVIADO POR JOÃO PAULO FREITAS


FONTE: IPAUMIRIM.COM

domingo, 13 de janeiro de 2013

sábado, 12 de janeiro de 2013

Raul: a metamorfose que será da Lei

por luís pereira 

“Maluco Beleza” ou, simplesmente, “Raulzito”. Raul Seixas é, com frequência, considerado um dos pioneiros do rock brasileiro que, em nome de uma “sociedade alternativa”, apelava a que se fizesse tudo o que se quisesse, porque “há de ser tudo da Lei”… ou não fosse ele um símbolo da contracultura. Controverso para uns, instável para outros, alternativo para os restantes. Entre altos e baixos, só foi igual na diferença.

Universo Alternativo (Wikicommons, André Koehne).

“Mosca na sopa”

Raul Santos Seixas nasceu em São Salvador da Bahia em 1945, a poucos meses do termo da II Guerra Mundial. Com o findar de uma guerra, o seu nascimento provocaria outros impactos, a longo prazo, com choques e embates num Brasil governado, durante a vida dele, com os indícios e os resquícios da ditadura. A sua relação com as barreiras politico-sociais começou por dar-se logo ao nascer: veio ao mundo a poucos meses da queda do “Estado Novo” de Getúlio Vargas. Nascer em período ditatorial talvez fosse prenúncio dos futuros problemas que Seixas e o seu futuro amigo e reconhecido escritor contemporâneo, Paulo Coelho, viriam a ter com o governo do Regime Militar (1964-1985). 


Memorial Getulio Vargas, Rio de janeiro, Brasil (Wikicommons, Eugénio Hansen, OFS).

Ainda assim, Raul Seixas não deixou de viver e de formar uma sua futura identidade “anarquista”, que não limitasse a sua forma imprevisível de estar na sociedade. A sua juventude também teve mudanças repentinas, daquelas que nunca se sabe, no momento, o que querem justificar. De uma família baiana de classe média, chegou a reprovar por faltas por preferir o “rock'n’roll” a estar na escola. Ainda jovem, funda o “Elvis Rock Club” com um amigo, aproximando-se do estilo “rockabilly”. Mas o clube caiu para a desordem de rua, desde brigas até furtos e vandalismo. Seixas deixava-se ir, sem gostar muito. Rapidamente, os pais matricularam-no num colégio religioso.
Em 1973, lança a música, “Mosca na sopa” - mas, desde cedo, já o era. Saído da classe média, o seu gosto pelo rock ainda era algo que essa sociedade estranhava mais do que entranhava. Só a partir dos anos 60 é que a “sopa” uniforme e fluída que era o panorama social do Brasil passou a ter mais do que uma “mosca chata” a voar e a trazer novidades “esquisitas” para a sociedade. Talvez o gosto dessa luta o tenha transformado numa futura “metamorfose” constante.

“Metamorfose ambulante”

É nos anos 70 que se dá o auge da carreira de Raul. Esse reconhecimento, aliado à sua história de vida, lhe viriam a dar uma aura de símbolo da contra-cultura, ou da “cultura do desbunde”, emergida no Brasil nessa altura, segundo Emília Saraiva Nery no seu estudo sobre o músico. Entretanto, foi experimentando o rock, dando largas à sua veia de escritor, o que lhe garantiu outra imagem e credibilidade. Gostava de ser como Jorge Amado mas conseguiu trazer para a linguagem falada e escrita, a “metamorfose ambulante” à qual, afinal, a sua identidade passou a associar-se. 


A música com o mesmo nome foi um sucesso mas foi mais do que isso. Sob a ideologia, que se expandiu mais nos anos 70, do “mudar de vida”, do “mudar-se” e do submergir no sonho em busca do desejo e da realização pessoal, essa “metamorfose ambulante” foi como que um grito suave em prol de uma mudança que não deveríamos ter receio de realizar, pois o que se fizer, “há-de ser da Lei”. Raul preferiu assumir essa mudança como a sua identidade, e as que fossem necessárias, em que momento fossem, em nome de uma “terra do nunca e dos seus moinhos de vento”, como o próprio dizia.
Daí a “Sociedade Alternativa” que pretendeu criar - que não passava de uma utopia baseada em metáforas, sem regras estipuladas mas com um manifesto escrito, livre e cuja principal contribuição para essa sociedade seria a revolução interna, feita no interior de cada indivíduo, por cada indivíduo. Só com essas “metamorfoses” é que a “Sociedade Alternativa” se tornaria a oficial. Quanto mais regras fossem estabelecidas, menos oportunidades haveria de as pessoas mudarem. Com controlo, não há “metamorfose”.
Em consequência, para Raul este foi também o período da projecção das “cidades alternativas”. Nas suas canções, propunha cidades como a “das Estrelas”, idealizada para o campo, em Minas Gerais. Um sonho e um local projectado para cumprir as máximas da sua sociedade. Não passou de um estado de espírito que não construíu cidades, mas gerou comunidades “saídas da Lei para que fossem da Lei”.

“A Panela do Diabo”

Casou-se várias vezes e teve descendência, mas também teve problemas de saúde e vícios. Raul já não era só uma promessa enquanto compositor e músico mas, sim, uma certeza no sentido da mudança social, quando a sua vida começou a dar-se entre “os altos e os baixos”. A instabilidade consolidou-se com o alcoolismo, as drogas e a depressão, como se d’ ”a panela do Diabo” estivesse a comer. Morreu sem assistir ao lançamento do seu último disco, com o mesmo nome, mas viveu tempo suficiente para mostrar que a mudança de que os outros falam não se procura. Torna-se, como Raul Seixas se tornou.

Festival Raul Seixas (Wikicommons, Samuel Aguiar).

Fonte: http://obviousmag.org/archives/2013/01/raul_a_metamorfose_que_sera_da_lei.html#ixzz2Hlun27i

Portugal & Brasil. Tá tudo dominado. Lá e lô.


Um genocídio mental
por Ana Vidal

Uma destas manhãs fui "obrigada" a ver parte do programa da manhã da TVI. No espaço de pouco mais de meia hora registei as seguintes pérolas:
1. Uma florista de bouquets para noivas que se inspira em Confúcio para as suas criações artísticas, explicando: "é um senhor chinês antigo que está agora a vir à tona". Muitas palmas do público.
2. Uma blogger fashionist (ainda estou para perceber o fenómeno, mas o defeito deve ser meu) que se refere às "tendências 2013" em shorts e mini-saias com a gravidade e a reverência com que Vítor Gaspar anuncia outras reduções, bem menos apetitosas. Muitas palmas do público.
3. Um anunciante de produtos naturais de emagrecimento e saúde que oferece como brinde, para compras acima de x euros, "a Bíblia Sagrada, um livro de auto-ajuda". Muitas palmas do público.
Acabar com o serviço público de televisão, por muito insuficiente e criticável que ele seja, é reduzir a esta estupidificação colectiva a oferta televisiva nacional. Ainda tenho esperança - mas eu sou uma optimista, já se vê - de que os responsáveis pelos destinos da RTP2 percebam isto.
Fonte: http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/

Quem lembra?

Eita sol inclemente!

Gif Sol veraniego

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Devaneios em torno do decote


1º Torneio de São Sebastião de Futebol de Campo


  • Data: dia 19 de Janeiro de 2013
  • Local: Campo Municipal
  • Horário: Início as 8h da manhã e encerramento as 18h
  • Premiação:
  • CAMPEÃO: R$ 500 e troféu.
  • VICE CAMPEÃO: R$ 300 e troféu.
  • Inscrições Grátis
  • Observação: O Torneio será sealizado apenas com à participação de equipes do municipio de Ipaumirim
  • Realização: Secretaria de Esportes Turismo e Lazer da Prefeitura Municipal de Ipaumirim
  • Secretário: Francisco Alves de Melo
  • Mais Informações: (88) 9606-6691 Falar com Teté.
Fonte: Ipaumirim.com

Relaxe....


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Guerrilheiro Heroico: A história por trás da fotografia mais famosa do século 20


Por Nilva de Souza
Do Catacra Livre

Como um clique de sorte se tornou um dos ícones mais conhecidos e reproduzidos do mundo.


Todo dia 1º de janeiro comemora-se o aniversário da Revolução Cubana. Seja para homenagear, seja para criticar, o certo é que muitas pessoas relembram a data. O que nem todos sabem, contudo, é a história por trás da foto que registra um de seus personagens principais: Ernesto “Che” Guevara.

Che11_Foto_Original
Guerrilhero Heroico, a fotografia original de Alberto Korda foi desconhecida por muitos anos.

No dia 5 de março de 1960, durante uma cerimônia fúnebre que homenageava vítimas da explosão de um barco em Havana, Cuba, o fotógrafo cubano Alberto Korda registrou uma imagem de Che em um momento de concentração, parado, em pé, com um olhar compenetrado. A foto ganharia, mais tarde, o nome de Guerrillero Heroico.
Enquanto Fidel Castro discursava, Korda, que registrava o evento a cargo do jornal Revolución, percebeu Che parando por alguns segundos atrás do palanque e prestando atenção. Antes que ele fosse embora, o cubano clicou duas fotos do revolucionário argentino, uma na horizontal e outra na vertical. Como nenhuma das duas foi usada pelo jornal, o fotógrafo apenas as manteve em seu arquivo pessoal.
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O desenho em alto contraste de Fitzpatrick, um dos mais reproduzidos da atualidade.

Ganhando o mundo

Em 1967, enquanto Che combatia o exército boliviano na tentativa de levar os ideais da Revolução Cubana para toda a América Latina, o editor italiano Gianfranco Feltrinelli o contatou em busca de retratos do guerrilheiro. Korda o presenteou com duas cópias da fotografia, que foram editadas e espalhadas em cartazes poucos meses depois, em outubro, quando as autoridades bolivianas anunciaram a morte do combatente.
Um ano mais tarde, em 1968, o artista irlandês Jim Fitzpatrick usou essa foto para criar uma imagem em alto contraste e a registrou em domínio público. O desenho se tornaria, a partir de então, um dos ícones mais famosos e uma das imagens mais reproduzidas do mundo.

Um comunista

Alberto Korda nasceu em Havana, em 1928. Começou a carreira como assistente de fotografia e passou a registrar as habaneras, mulheres de sua cidade natal. Pelo bom trato com elas, acabou se tornando o primeiro fotógrafo de moda de Cuba. Quando a Revolução estourou, foi convidado para trabalhar no jornal Revolución, principal publicação do Movimento 26 de Julho, do qual faziam parte Fidel, Che, Raul Castro, Camilo Cienfuegos e os outros “guerrilheiros históricos” de Sierra Maestra.

Korda_Alberto01_Foto_Che
Korda segura o filme com os registros originais do dia 5 de março de 1960.

Comunista convicto, Korda nunca se preocupou com os royalties de sua foto. Apenas em 2000, quando uma empresa de bebidas usou a imagem para vender vodka, o cubano entrou com uma ação legal e saiu vitorioso. Na ocasião, ele disse: “Usar a imagem de Che Guevara para vender vodka é manchar seu nome e sua memória. Ele nunca bebeu, ele não era um bêbado. Como um defensor dos ideais pelos quais Che morreu, eu não sou avesso a sua reprodução por aqueles que desejam propagar sua memória e a causa da justiça social em todo o mundo.”

Clique aqui para ver mais algumas fotos de Korda que foram feitas enquanto ele cobria a Revolução Cubana.

FONTE: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-historia-da-famosa-foto-de-che

Por uma outra globalização – Milton Santos





Introdução geral

É preciso perceber três espécies de globalização se queremos escapar à crença de que este mundo, assim como nos é apresentado, é a única opção verdadeira:

há o mundo tal como nos fazem vê-lo, com a globalização como fábula; o segundo é o mundo como ele é, com a globalização como perversidade; e o terceiro, o do mundo como ele pode ser, o da outra globalização.

A globalização tem três faces, portanto: é uma fábula, na medida em que fantasia-se acerca de mitos como a comunicação universal, o fim do Estado e a aldeia global.

O outro lado é a globalização perversa, que ataca a maioria dos países pobres, trazendo miséria, fome e doenças. Mas as mesmas técnicas que permitem em países ricos a proliferação da ideologia perversa permitirão aos países pobres um movimento de baixo para cima, que imporá uma nova ideologia mais humana.

A produção da globalização

Como só se pensa na crise financeira, a crise política, a crise social e a crise moral ficam em segundo plano e se aprofundam mais.

A globalização é produzida com uma série de ferramentas, como a unicidade da técnica, que faz com que todo o mundo tenha acesso às últimas novidades técnicas. A informação é outro expediente que permite a técnica única e que leva à convergência de momentos, ou seja, à ocorrência em todos os grandes centros dos efeitos das mudanças no resto do mundo. Mas essa informação é deturpada e também gera efeitos.

A unicidade da técnica e a convergência de momentos fazem com que a o único motor do mundo seja a mais-valia. Tudo se faz para aumentá-la e, em conseqüência, a competitividade aumenta.

O motor único também é possível graças ao conhecimento do planeta, à medida que é possível escolher lugares e materiais mais lucrativos.

Tudo isso leva a crer que o período por que passamos é uma crise, que requer uma mudança estrutural.

Uma globalização perversa

A globalização perversa é baseada em fábulas como a da comunicação global, do espaço e tempo contraídos, da desterritorialização e da morte do Estado. São fábulas porque a informação é centralizada e manipulada no interesse das grandes empresas. A diminuição de espaço e tempo pregada só acontece para poucos. A globalização perversa precisa dos territórios e dos governos internos para se manter e a morte do Estado, por sua vez, só aproveita às poucas empresas hegemônicas.

Todas essas fábulas são inculcadas nos cidadãos antes mesmo de qualquer ação.

A busca incessante pelo dinheiro leva à competitividade que gera individualismos e violência. O discurso hegemônico, por sua vez, faz isso parecer inevitável. Sai de cena então a solidariedade e cresce o desemprego e a miséria.

Os homens não são mais cidadãos, mas meros consumidores, comandados pelas técnicas de marketing e design, impostas pela suposta “informação”.

A ciência (e aí se incluem as pesquisas eleitorais) é ideologizada e também cai num círculo vicioso para legitimar a própria ideologia de que é vítima.

Nascem daí a violências estrutural e a perversidade sistêmica, onde a competitividade e a potência (falta de solidariedade ou prevalência sobre os outros) puras, unidas à ideologia neoliberal, fazem parecer normais as exclusões sociais. Fala-se muito em violência da sociedade de nosso tempo, mas esquece-se que as violências que mais percebemos são apenas derivadas. A violência estrutural resulta da presença, em estado puro, da competitividade, da potência e do dinheiro. A essência da perversidade é a competitividade, uma guerra em que tudo vale para conquistar melhores espaços no mercado.

Na evolução das sociedades o progresso da ciência caminhava em direção ao da humanidade. A revolução industrial quebrou esse ritmo, mas as idéias filosóficas e morais da época conseguiram manter um contrapeso. O resultado foi o alcance do Estado Social. A globalização perversa ainda consegue quebrar esse processo e faz o homem retornar ao estado primitivo do cada um por si. Milton Santos entende, portanto, que o homem caminha para o progresso, mas há algumas falhas nessa caminhada.

Além disso, os avanços tecnológicos apenas servem aos interesses do mercado, sem consideração com os da humanidade.

Por outro lado, as grandes empresas passam a dominar o cenário político e chantageam governos para que concedam incentivos fiscais na instalação.

De todo esse processo advém a pobreza estrutural, excludente, que a ideologia neoliberal (Hayek) insiste ser necessária, inevitável e natural e que, por isso, deve-se em alguma medida estimulá-la. Se a crise é estrutural, não são possíveis soluções não-estruturais. A ruptura como o sistema da globalização perversa há de ser total.

Nesse quadro, o papel dos intelectuais é quebrar o pensamento único, fazendo a dialética, porque o globalitarismo só é forte se encontra contrapartida interna. Quer dizer, depende de cada país o modo com vai se inserir na globalização.

O território do dinheiro e da fragmentação

Antigamente as diferentes velocidades entre os Estados não separavam os agentes, pois a política compensava a diversidade, assegurando a soberania de grandes diferenças e conduzia ao enriquecimento dos direitos sociais.

A globalização traz a ideologia de que a fluidez é um bem comum, quando na verdade apenas alguns agentes podem utilizá-la. Imponto o ritmo, o mercado controlado pelas grandes empresas busca apenas expansão e não união. O mundo é forçado a se amoldar às vontades e necessidades das empresas.

Como conseqüência, fragmenta-se o território, com as empresas hegemônicas criando ordem para si e desordem para o resto. Em reação a esse fenômeno criam-se novas soberanias, como o país basco.

Na agricultura, por exemplo, há uma demanda externa de racionalidade, que leva à militarização do trabalho: deve-se seguir as regras hegemônicas da produção (soja, por exemplo). Isso leva à servidão e ao desemprego.

Por isso, diz-se que o campo é o lugar da vulnerabilidade e a cidade o da resistência. Esta característica da cidade pode ser explicada porque nela as racionalidades da globalização se difundem mais extensivamente, ainda mais quando paralelamente há produção de pobreza. Mas ambos estão subordinados às lógicas das empresas globais, que impedem as regulações locais. O que vale é a norma global. Daí criarem-se regionalismos exacerbados que ameaçam a integridade nacional. A vida acaba obedecendo às lógicas exógenas.

Milton Santos percebe a necessidade de uma federação de lugares, a partir de células locais, uma regionalização não fragmentada para que se possa atuar na federação.

Outra dado que pode ser reunido é o das metamorfoses dos conceitos de território e dinheiro. O território passa a ser a identidade de determinado lugar, ao passo que o dinheiro não representa mais apenas elemento de troca, mas fator de avaliação das características de dado território. Como exemplo dessa constatação lembro os avaliadores de riscos dos países, que se especializaram em estudar o valor que determinados lugares tem na mercado internacional.

O domínio do dinheiro acaba tendendo a homogeneizações, que são contrariadas aos poucos pelas resistências locais. Na América Latina esse processo se dá através do macrocrescimento de algumas empresas. Esse crescimento satisfaz a busca dos governos neoliberais pelo aumento do PIB. Por isso, é necessária a decisão das minorias de participar ativamente do processo, decisão que fortalece todos os entes da federação.

O autor apresenta a teoria das verticalidades e horizontalidades. As verticalidades seria forças de ordens externas e superiores que atendem a interesses corporativos – pontos que formam “o espaço de fluxos”. O poder assim exercido leva o processo organizacional a se dar no ritmo dos macroagentes que não dão espaço aos pequenos. Esse modelo tem a característica de ser construído para ser indiferente ao seu entorno. Suga-se até não dar mais, depois, adiós!

Ao passo que se pode caracterizar as verticalidades como forças centrífugas, as horizontalidades são centrípetas; são forças que não são criadas por políticas estabelecidas, pois são fruto da adaptação a situações que exigem dos atores permanente estado de alerta.

São a contra-racionalidade, que contraria as racionalidades hegemônicas mesmo sem uma política uniforme. É o entendimento difuso de que as verticalidades não são boas. Por apresentarem essa característica, são propícias a formar solidariedades.

Essa luta de verticalidades e horizontalidades resulta num processo dialético que impede que o espaço de todos – o espaço banal – seja sufocado. Junto ao conceito de espaço Milton Santos dá o conceito de lugar: espaço em que se exerce a cidadania e se pode existir (p. 114).

A geografia revela que as aglomerações e as situações de vizinhança fazem com que as pessoas não se subordinem à racionalidade hegemônica, se entregando com mais facilidade às manifestações contra-hegemônicas, num movimento de baixo para cima. É a dialética da contra-racionalidade.

Limites à globalização perversa

A escassez de recursos e a incitação ao consumismo fazem com que os mais pobres percebam sua posição e desvendem a mentira do discurso, permitindo o surgimento de variáveis ascendentes (que se impõem) e levando à desobediência. Assim, são postos limites à racionalidade dominante.

Desvendada a mentira, percebe-se que a imperatividade e unicidade da técnica não existem e não são possíveis porque as técnicas têm que guardar relação com o lugar que serão aplicadas. A política, no entanto, pode ser imperativa e até permitir a técnica única.

A vida cotidiana se opõe à técnica do just-in-time, porque respeita as diferenças e cresce com elas. As múltiplas formas do cotidiano são uma heterogeneidade criadora.

Com a produção hegemônica de necessidades e a incorporação de modos de vida também hegemônicos são criadas duas situações distintas: a escassez dos ricos, que quanto mais consomem, mais sentem necessidade de consumir, ficando em permanente estado de escassez. Cria-se a rotina da falta de satisfação – comprar um bom vídeo cassete não basta, então compra-se um DVD, que também não basta, e compra-se um home theater, que acaba sendo grande demais para a sala; então, faz-se uma sala maior e aí por diante.

A escassez dos pobres é diferente, mas tem melhores frutos. Como não conseguem e talvez nunca conseguirão consumir, por esse mesmo sentimento de escassez passam a buscar bens imateriais e infinitos, como a solidariedade, por exemplo. A escassez do pobre leva a novas descobertas e ao entendimento do mundo.

Mas a pobreza não pode chegar à miséria, que aniquila. A pobreza é ativadora de lutas e leva à tomada de consciência. Elabora-se assim a política dos de baixo, alimentada pela necessidade de existir e pela desilusão das demandas não satisfeitas. Parte-se para a rebeldia.

Os movimentos organizados, por sua vez, devem imitar o cotidiano dessas pessoas para se tornarem perceptíveis. Os partidos devem ser o espelho de seus eleitores.

A questão da classe média também é interessante. Ela teve seu apogeu e agora sente de perto a crise: antes era a maior beneficiária do crescimento econômico, mas agora não tem a força política de antigamente e sente a escassez e a insegurança de perto. Num primeiro plano começa a lutar por vantagens individuais que, com a tomada de consciência, tornam-se sociais e se identificam com os clamores dos pobres. Passam a ter a função de implantar a democracia forçando o ideário e as práticas políticas.

A transição em marcha

Milton Santos observa duas conseqüências da evolução causada pela escassez: a primeira é a nova significação da cultura popular e a outra é a produção de condições empíricas para a emergência das massas populares.

Nota-se uma contraposição entre a cultura de massas e a cultura popular. A primeira tenta se impor mas é obstada pela cultura popular, que se difunde à medida que a escassez faz nascer os regionalismos. Como o povo não dispõe dos meios para participar da cultura de massas (turismo, por exemplo), cria no trabalho e no cotidiano sua cultura popular, numa aliança da espontaneidade à ingenuidade.

Como condições empíricas, ressalta-se a mudança da divisão do trabalho por cima e por baixo. A primeira é a da globalização perversa e obedece a técnicas de racionalidade hegemônica. A divisão por baixo produz solidariedade dependente unicamente dos vetores horizontais do território e da cultura local.

Na transição para a globalização includente, o homem passa a ser o centro; relega-se a um segundo plano a importância do mercado e do dinheiro em estado puro. Busca-se garantir o mínimo para a satisfação das necessidades de uma vida digna, abolindo a regra de competitividade e adotando a da solidariedade.

O povo perceberá também que os mercados comuns são representativos apenas dos interesses das grandes potências. A “cooperação” (Alca e Mercosul) é interesseira. Tomará consciência de que é terceiro mundo e vai rever os pactos globalitários.

Outro dado é a crescente desordem da vida social, que permite antever a queda do modelo econômico globalitário. Apesar de as potências perceberem esta desordem e buscarem contorná-la, a sociedade ainda assim se mantém desordenada, porque o modelo é insustentável. A solução acaba sendo simples: as populações que não podem consumir o ocidente globalizado recusam a globalização.

Milton Santos dá um conceito de nação ativa e passiva: a primeira seria, na visão globalizante, a nação que obedece aos desígnios externos produzindo ideologia. A passiva é residual, é o que não é ativa. Trabalha com o intelectual público que vive uma contradição: é obrigado a se conformar em suas atividades com a racionalidade hegemônica, mesmo estando insatisfeitos e inconformados. A vantagem é que a nação passiva é fortemente ligada ao cotidiano, tendo base mais sólida, de modo que, com a maioria a seu lado, é possível pôr em prática seus projetos de nação.

O papel dos intelectuais nesse processo é mostrar analiticamente as manifestações de luta e de resistência à hegemonia dominante, permitindo que essa visão seja utilizada pela sociedade como elemento de postulação de uma outra política social (p. 158). O choque das realidades tem papel importante na mudança.

A globalização atual não é irreversível e, aliás, já se mostra presente uma dissolução das ideologias, levada a cabo pelo choque das realidades com as ideologias. (p. 159)

O futuro se dará de acordo com as escolhas feitas sobre dois valores: os essenciais ao homem, como a liberdade e a dignidade; e os valores contingentes (incertos), ou seja, eventuais da história de determinado momento. Da conjugação entre essas duas classes de valores é que nascerá a sociedade futura.

A mudança já é visível porque a ideologia perde a sustentação, já que ninguém consegue consumir o que existe em oferta. É preciso uma nova ideologia, que dê valor ao trabalho de baixo, verdadeiro motor para o alcance do futuro.

O computador acaba sendo uma boa ferramenta para a mudança, porque não requer grande investimento e se dissemina rapidamente no corpo social.

A aglomerações humanas permitirão maior identificação das situações e observarão o peso da cultura popular. A própria mídia atentará para o fato de que a população não é homogênea e, portanto, será obrigada a deixar de representar o senso comum imposto pelo pensamento único.

Para formar um novo mundo, é preciso também consciência individual, que inicia com a descoberta, passa pela visão sistêmica e culmina com a discussão interior e o debate público, que permite enxergar os porquês. Essa consciência do “ser mundo” permite superar o endeusamento do dinheiro e enfrentar uma nova trajetória.

A política terá também grande papel, mas deve aproveitar as atuais técnicas hegemônicas e dar a elas novo uso e nova significação.

Resumo: SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 5. ed. Rio de Janeiro : Record, 2001.


Fonte: http://assisprocura.blogspot.com.br/