domingo, 31 de março de 2013

Páscoa

por Pedro Correia                                

 
«E era com grande poder que os Apóstolos davam testemunho da Ressurreição do Senhor Jesus, gozando todos de grande simpatia. Entre eles não havia ninguém necessitado, pois todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas, traziam o produto da venda e depositavam-no aos pés dos Apóstolos. Distribuía-se, então, a cada um, conforme a necessidade que tivesse.» (Actos dos Apóstolos, 4: 34-35)
 
O dia que hoje celebramos no mundo de matriz cristã tem um significado que ultrapassa a letra da liturgia, podendo ser assimilado por todos os seres humanos de boa vontade. Simboliza desde logo a supremacia absoluta da espiritualidade sobre o materialismo. Simboliza o resgate de todos os injustiçados à face da terra - aqueles que, como Jesus, também sobrevivem à traição, à calúnia, à humilhação e à tortura. Simboliza enfim o triunfo dos justos contra a iniquidade política (personificada em Pôncio Pilatos, que sabia estar a permitir a condenação de um inocente) ou religiosa (personificada em Caifás, sumo sacerdote da Judeia). Cristo, ao transcender o plano da morte física após sucumbir sob intenso sofrimento, demonstra que todos os filhos de Deus são revestidos da mesma dignidade essencial. "Nenhum poder terias sobre mim se do Alto te não fosse dado", diz a um perplexo Pilatos, segundo relata o Evangelho de João.
O cristianismo, para não trair a sua raiz nem o seu destino, jamais deve omitir a face humana de Jesus, que nasce numa gruta obscura e morre crucificado entre dois salteadores. Alheado de toda a glória mundana, despojado de todos os bens terrenos, proclama para a eternidade que nem a morte é capaz de travar a indomável essência do espírito.
Reflexão para esta Páscoa. Reflexão para qualquer Páscoa que vier.
 
 
Quadro: Ressurreição, de Marc Chagall (1937)

sábado, 30 de março de 2013


FELIZ PÁSCOA

O coelhinho que não era de Páscoa


Ruth Rocha

Vivinho era um coelhinho. Branco, redondo, fofinho.
Todos os dias Vivinho ia à escola com seus irmãos.
Aprendia a pular, aprendia a correr...
Aprendia qual a melhor couve para se comer.
Os coelhinhos foram crescendo,

chegou a hora de escolherem uma profissão.

Os irmãos de vivinho já tinham resolvido:
- Eu vou ser coelho de Páscoa como meu pai.
- Eu vou ser coelho de Páscoa, como o meu avô.
- Eu vou ser coelho de Páscoa como meu bisavô.
E todos queriam ser coelhos de Páscoa,

como o trisavô, o tataravô, como todos os avôs.
Só Vivinho não dizia nada.

Os pais perguntavam, os irmãos indagavam:
- E você Vivinho, e você?
- Bom – dizia Vivinho – eu não sei o que quero ser.
Mas sei o que não quero: Ser coelho de Páscoa.

O pai de Vivinho se espantou, a mãe se escandalizou e desmaiou:
- OOOOOHHHHH!!!

Vivinho arranjou uma porção de amigos:
O beija-flor Florindo, Julieta a borboleta, e a abelha Melinda.

- Onde é que já se viu coelho brincar com abelha?
- Os irmãos de Vivinho diziam.
Os pais de Vivinho se aborreciam:
- Um coelho tem que ter uma profissão.
Onde é que nós vamos parar com essa vadiação?

- Não se preocupem – Vivinho dizia

– estou aprendendo uma ótima profissão.
- Só se ele está aprendendo a voar – os pais de Vivinho diziam.
- Só se ele está aprendendo a zumbir – os irmãos de Vivinho caçoavam.

Vivinho sorria e saía, pula, pulando

para se encontrar com seus amigos.
O tempo passou. A Páscoa estava chegando.
Papai e Mamãe Coelho foram comprar os ovos para distribuir.
Mas as fábricas tinham muitas encomendas.

Não tinham mais ovinhos para vender.

Em todo lugar a resposta era a mesma:
- Tudo vendido. Não temos mais nada...
O casal Coelho foi a tudo que foi fabrica da floresta.
Do seu Antão, do seu João, do seu Simão, do seu Veloso, do seu Matoso,
do seu Cardoso, do seu Tônio, do seu Petrônio, seu Sinfrônio.
Mas a resposta era sempre a mesma:
- Tudo vendido seu Coelho, tudo vendido...

Os dois voltaram pra casa desanimados.
- Ora essa. Isso nunca aconteceu...
- Não podemos despontar as crianças...
- Mas nós já fomos a todas as fábricas. Não tem jeito, não...

Os irmãos do coelhinho estavam tristes:
- Nossa primeira distribuição... Ai que tristeza no coração!...

Vivinho vinha chegando com Melinda.
- Por que não fazemos os ovos nós mesmos?
- É que nós não sabemos.

Coelho de Páscoa sabe distribuir ovos. Não sabe fazer!

- Pois eu sei – disse Vivinho- Eu sei.
- Será que ele sabe? – disse o Pai?
- Ele disse que sabe – disseram os irmãos.
- Ele sabe, ele sabe – disse a mãe.
- E como você aprendeu? – perguntaram todos.
- Com meus amigos. Eu não disse que estava aprendendo uma profissão?
Pois eu aprendi a tirar o pólen das flores com Julieta e Florindo.
E Melinda é a maior doceira do mundo. Me ensinou a fazer tudo o que é doce...

A casa da família Coelho virou uma verdadeira fábrica.
Todos ajudavam: Papai Coelho, Mamãe Coelha e os coelhinhos...
e os amiguinhos também:florindo o beija-flor, a borboleta Julieta e

a abelha Melinda, a maior doceira do mundo.
E era Vivinho quem comandava o trabalho.
E quando a Páscoa chegou, estavam todos preparados.
As cestas de ovos estavam prontas.

E os pais de Vivinho estavam contentes.
A mãe de vivinho disse:
- Agora, nosso filho tem uma profissão.
E o pai de Vivinho falou:
- Cada um deve seguir a sua vocação...


Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-coelhinho-que-nao-era-de-pascoa-ruth-rocha

quarta-feira, 27 de março de 2013

Da democracia no amor




Hoje, um sabadão ensolarado, esse blogueiro, "especialista em nada" - vai fazer comentários, sobre a "infidelidade conjugal" das celebridades do mundo político brasileiro, só para relembrar um pouco da "hipocrisia da imprensa", no modo de tratar assuntos que envolvam a vida privada das pessoas, como se fosse motivos para "um golpe de estado" trombeteando uma moral, que não é artigo de primeira qualidade na cultura brasileira de modo geral, tão pouco da própria imprensa nacional, salvo as raras exceções de sempre.
Hoje, o jornal Folha de S. Paulo, escancarou o assunto da relação "extra-conjugal" do ex-presidente Lula, não fez chamada de primeira página, para passar a impressão de que "respeita" sua vida privada, porém no caso da infidelidade conjugal de FHC com a jornalista da Globo, Mirian Dutra, a Folha foi o jornal brasileiro, que mais blindou o então presidente, e a Globo, por razões óbvias e ideológicas, também poupou FHC, pois a funcionária da casa, era cacho do pupilo e mandatário máximo da nação e havia interesses em jogo (a conta veio em anúncios institucionais naquela emissora). 


O então senador por São Paulo e depois presidente da República Fernando Henrique Cardoso, PSDB, manteve um romance secreto com a jornalista da Rede Globo, Mirian Dutra.  Durante esse relacionamento extra-conjugal nasceu Tomás Dutra Schmidt, cuja gestação foi devidamente ocultada e filiação reconhecida apenas em 2009 - leia aqui. Quem deu detalhes, foi o ex-global Eliakim Araújo em seu site, (cuja matéria foi deletada) no site Direto da Redação -  http://www.blogger.com/www.diretodaredacao.com.
Foi aí então, que a Folha de S. Paulo, que "blindou FHC", por mais de 10 anos, teve que publicar matéria (25/06/2011) - dando conta que Tomás Dutra Schmidt, não era filho de Fernando Henrique com a jornalista Mirian Dutra, mesmo assim com um título que tirava a "grandeza do fato jornalístico" - (uma verdadeira bomba), o jornal publicou assim matéria: "Filho de repórter da Globo não é de FHC, revela DNA" - leia aqui - ou seja, o ex-presidente, foi traído duas vezes - e emenda, ficou pior que o soneto - e o jornal "amaciou de novo".

Petistas esbravejavam nas redes sociais, todos os dias, uma posição da imprensa em geral, sobre o assunto (FHC), uma vez que a postura não foi essa em 1989, quando Leopoldo Collor, irmão do então candidato Fernando Collor, que era opositor de Lula, na disputa pela presidência da República, apresentou Mirian Cordeiro, ex namorada de Lula, com quem teve a filha Lurian, fruto de um namoro passageiro.  Embora Lula tivesse assumido a filha legítima, registrado dando seu sobrenome, e em sua ficha como Deputado Federal (na época), constasse o nome de Lurian como filha legítima, nada disso pesou, no sentido de barrar a sanha "moralista", que a imprensa propagou, e ali, foi a derrocada de Lula, que perdeu aquela eleição, para Collor.

O jornalista Ricardo Kotscho, em seu blog Balaio ontem, escreveu uma matéria prá lá de esclarecedora sobre o assunto, com o título: "A hora da verdade para Lula e o PT" - leia aqui - e com muito propriedade, o que só aumenta minha admiração por ele, assim escreveu:  "É preciso ter a grandeza de vir a público para tratar francamente tanto do caso do mensalão como do esquema de corrupção denunciado pela Operação Porto Seguro, a partir do escritório da Presidência da República em São Paulo, pois não podemos eternamente apenas culpar os adversários pelos males que nos afligem. Isso não resolve."



Casos de infidelidade conjugal de políticos  *(e a hipocrisia geral)
Não é apenas por infidelidade partidária que os políticos ganham destaque nos noticiários do Brasil e do mundo. Muitos deles estamparam os jornais por causa de traição conjugal. E como mulher traída dificilmente consegue guardar a mágoa da traição, muitas delas resolvem soltar a língua e espalhar para todos os cantos o que sabem para prejudicar o garanhão. Nos últimos anos, casos de políticos que resolveram pular a cerca e acabaram sendo prejudicados pelas esposas ganharam destaque na mídia brasileira e internacional.





Por isso, políticos que têm telhado de vidro devem pensar duas vezes antes de manter um caso extraconjugal (ou contar para ela segredos que podem prejudicá-lo no futuro) para evitar qualquer tipo de constrangimento. O mais recente dele foi o relacionamento extra-conjugal que o senador Renan Calheiros teve com a jornalista Mônica Veloso. Após o escândalo, ela posou nua para uma revista masculina e o ex-presidente do Senado perdeu o cargo após ser acusado de usar um lobista para pagar as despesas da amante.
Quem também dormia com o inimigo e não sabia era o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta. Após descobrir que estava sendo traída pela secretária do marido, Nicéa Pitta soltou o verbo e contou tudo o que sabia sobre o esquema de corrupção que envolvia o político na prefeitura paulista. Pitta acabou sendo afastado do cargo e conseguiu, em uma separação litigiosa, fugir do veneno da mulher traída.
Outro caso que agitou o mercado da fofoca e movimentou o cenário político paulista foi a ameaça da ex-mulher do então deputado Valdemar Costa Neto.  Maria Cristina Mendes Caldeira fez um maior estardalhaço nas eleições para a prefeitura do município de Mogi após dizer que tinha gravações comprometedoras contra o ex-marido.



Além de tantos casos extraconjugais, é impossível não citar o suposto romance que o ex-presidente Fernando Collor de Melo mantinha com a cunhada, Teresa Collor, uma morena que estampou as páginas de jornais e revista, e fez com que o marido, Pedro Collor, contasse o esquema de corrupção que terminou no primeiro impeachment da história brasileira.



Mas não são apenas as mulheres que se armam para se vingar do marido traído. Em 2002, o falecido senador Antônio Carlos Magalhães, resolveu grampear os telefones da Secretaria de Segurança Pública da Bahia para bisbilhotar o casal Plácido Faria e Adriana Barreto.
Suspeito de manter um relacionamento com Adriana e ser abandonado por ela, ACM vestiu a armadura de marido traído e passou a escutar todas as ligações do algoz. Além disso, na época, pesava sobre o ex-senador a acusação de acompanhar diuturnamente os passos da amada. ACM não poupou nem a família de Plácido, que também teve os telefones grampeados.
Fazendo uma pesquisa mais minuciosa, é possível encontrar ainda um escândalo que derrubou o ministro da Justiça Bernardo Cabral. Na época, a ministra Zélia Cardoso de Melo, que ficou conhecida como a ministra que confiscou a poupança dos brasileiros, também estampou os noticiários após ser divulgado o relacionamento que mantinha com o todo poderoso da Justiça.
Na época, a imprensa já desconfiava do caso e o relacionamento, que era mantido às escondidas, ganhou notoriedade após uma tórrida dança entre Zélia e Bernardo, ao som de 'Besame Mucho', que durou 15 minutos durante o aniversário da ministra.


Outro escândalo, dessa vez de proporções internacionais, aconteceu dentro dos salões da Casa Branca. O então presidente norte-americano Bill Clinton se encontrava com a estagiária Monica Monica Lewinsky. A mulher, Hillary Clinton, na época foi condenada pelas feministas de plantão após perdoar a traição do marido.
Recentemente o governador de Nova Iorque, Eliot Spitzer, renunciou ao cargo após ter sido deletado pela cafetina capixaba Andréia Schwartz, acusado de envolvimento em uma rede de prostituição comandada pela capixaba. Andréia continua detida nos Estados Unidos e a chegada dela ao Brasil é aguardada por toda a imprensa nacional.
Governantes que amaram demais
Dom Pedro I - Mulherengo, suspirava pela voluntariosa marquesa de Santos, mãe de quatro de seus filhos. Já Pedro II fez sofrer a sofisticada condessa de Barral, mestra de suas filhas Isabel e Leopoldina Augusta.
Washington Luís levou um tiro da amante italiana Elvira Vishi Maurich em 1928, no Copacabana Palace. Ela se matou dias depois.
Getúlio Vargas deu a Virgínia Lane, atriz do teatro de revista, o título de vedete do Brasil. Ela dizia que a barriguinha dele atrapalhava, mas que tudo se resolvia na horizontal.
Juscelino Kubitscheck - Entre muitas, a mulher que o marcou foi Maria Lúcia, casada com o deputado José Pedroso. JK disse em seu diário nunca ter amado alguém como a amou. O caso durou 18 anos, até a morte dele.
João Goulart viveu uma paixão pela vedete Angelita Martinez. Ela o trocou pelo craque de futebol Mané Garrincha.
João Figueiredo teria um filho, David, com Edine Corrêa. A amante deu à luz aos 15 anos.
Tancredo Neves teria se aventurado com Maria Cecília Serran, dona da Confeitaria Colombo, no Rio, e mantido uma cobertura em Copacabana para encontro de políticos… e de beldades.
Fernando Collor teve Fernando James fora de casa, enquanto era prefeito de Maceió e casado com Lilibeth Monteiro de Carvalho. Dizem tembém que dirigiu gracejos à cunhada Thereza, casada com o irmão caçula, Pedro Collor.
Fonte: http://bogdopaulinho.blogspot.com.br/2012/12/a-infidelidade-conjugal-de-lula-e.html

terça-feira, 26 de março de 2013

A arte da cruz


(Por Rejane Borges)

O cristianismo adotou a cruz como seu símbolo máximo e, desse modo, percorreu a história, influenciando as culturas por meio de sua imagem icônica e de sua mensagem redentora. A cruz, por meio da religião, se tornou num dos mais recorrentes, poderosos e importantes temas da história da arte.

Por temer retaliações, quando os primeiros cristãos surgiram, ainda na era pagã, desenvolveram uma comunicação própria, por meio de figuras e referências visuais que professavam a sua crença e lhes permitiam identificar-se entre eles. O principal destes símbolos era a cruz – um símbolo que aliás precedeu o cristianismo e também foi usada em outras religiões.

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© Cruz Celta na erã pagã e cristã (Wikicommons, J. Romilly Allen).


Relíquias arqueológicas provam que a cruz é ilustrada pelo homem há muito tempo. Nas culturas celtas de países como o País de Gales, Escócia e Irlanda, são encontradas as cruzes de pedra celtas, datadas do século IX. Essas cruzes, com o tempo, tomaram adereços e detalhes complexos e nunca retratavam nenhuma figura humana. Alguns historiadores acreditam que isso se deve ao fato de que as sociedades celtas relutavam em esculpir imagens para adoração. As cruzes ainda podem ainda ser vistas em alguns locais desses países.
Antes do cristianismo, a cruz já significava sofrimento e dor, pois antigamente os criminosos eram condenados à crucificação. Com a religião cristã a salientar o episódio bíblico, o tema ganhou força e foi aí que muitos artistas começaram a inspirar sua arte. Neste sentido, uma das maiores e mais perturbadoras obras é a pintura da Crucificação (1512-1516), de Matthias Grünewald, que se encontra no antigo mosteiro da cidade francesa de Colmar. A retratação do fato bíblico, feita por Grünewald em pleno Renascimento, parece uma obra da Idade Média, com influência gótica. É uma retratação brutal de um Cristo terrível, que reflete luto, agonia e aflição. O imenso quadro foi um marco na história da arte.

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© "Crucificação" de Matthias Grünewald (Wikicommons).



Ao longo do tempo, a figura da cruz se desenvolveu com a mesma tendência entre diversos artistas. A ilustração de Cimabue, datada do século 13, foi o primeiro passo para a arte moderna. O Cristo de Cimabue, que se encontra em Arezzo, Itália, enfatizava a simplicidade, envolto em dor e devoção. Já um dos trabalhos que foram plataforma do Renascimento é a obra de Giotto, na Capella degli Scrovegni, em Pádua. A Capela é inteira adornada de afrescos que enfatizam a emoção humana ao pé da cruz. São vários painéis que retratam a paixão de Cristo com uma admirável força dramática

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© "Cristo" de Cimabue (Wikicommons).




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© "A Lamentação" de Giotto di Bondone (Wikicommons).




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© "A Crucificação" de Giotto di Bondone (Wikicommons).




A cidade de Florença acolheu as principais obras que retratavam a temática da cruz. E foi lá que o pintor Masaccio, com sua versão da Santíssima Trindade, de 1427, para a igreja de Santa Maria Novella, em Florença, introduziu a perspectiva. Essa obra é uma das pinturas mais influentes da história da arte, influenciando nomes como Michelangelo e Leonardo Da Vinci. Considerado o primeiro grande pintor do Renascimento, Masaccio foi muito influenciado por Giotto e, do mesmo modo, seus afrescos aludiam à emoção humana de Cristo na cruz. Masaccio, por sua vez, inspirou o monge dominicano Fra Angelico. Para estudiosos da arte, sua obra “A anunciação”,1437-1446, é uma luta evidente na qual tenta se distanciar do estilo gótico e medieval para dar lugar às ideias inovadoras do Renascimento. Mas seu principal trabalho com a temática da cruz foi em sua releitura da crucificação, 1441, na qual podemos verificar que as tradicionais figuras humanas foram substituídas por membros da ordem dominicana.


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© "A Adoração da Santíssima Trindade" de Masaccio (Wikicommons).




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© "A Anunciação" de Fra Angelico (Wikicommons).




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© "A Crucificação" de Fra Angelico (Wikicommons).



Uma das maiores contribuições para o Renascimento foi a técnica da pintura a óleo, a qual proporcionou uma maior ênfase no interior, dando uma melhor precisão de detalhes. Rogier van der Weyden, em Bruxelas, foi pioneiro em seus “Sete Sacramentos”, 1445. A crucificação ocupa o painel central e a obra idealiza a igreja como o centro da vida. Seu outro quadro, “A Descida da Cruz”, 1435 – 1438, é a maior pintura de Rogier – considerada realista e de extrema força emocional, como evidenciam as cores e detalhes. A obra é considerada um ponto alto do Renascimento.


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© "Sete Sacramentos" de Rogier Van Der Weyden (Wikicommons).




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© "A Descida da Cruz" de Rogier Van Der Weyden (Wikicommons).



O ilustrador Albrecht Dürer também criou várias versões da crucificação e deu novo tratamento ao tema no que se refere à luz e às cores da temática, como pode ser verificado em seus quadros “A Adoração da Santíssima Trindade”, 1511, e “Mantegna”, 1456-60. Essa nova estética veio de Veneza. Neste contexto está um dos artistas mais poderosos da arte sacra de república italiana: Tintoretto. Ele pintou enormes frescos na escola de São Roque – hoje um santuário artístico e ponto turístico. Sua versão da paixão de Cristo é colossal e lança um novo olhar sobre o episódio bíblico, caracterizado pela intensidade barroca. Foi considerado o responsável por uma nova era da pintura sacra.


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© "Adoração da Santíssima Trindade" de Dürer (Wikicommons).




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© "Crucificação - Mantegna" de Dürer (Wikicommons).



Em El Greco (1541-1614), a arte da cruz lembra o peso da espiritualidade severa de outrora, como na arte medieval. No entanto, o pintor rompe com a tradicional forma de perspectiva renascentista. Rembrandt (1606-1669) chega com força no movimento artístico e, como protestante, discretamente prenuncia o início de novos olhares sobre a temática. O pintor abusa do contraste entre luzes e sombras como uma metáfora acerca da luta entre a morte e a vida na cruz.


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© "Crucificação" de El Greco (Wikicommons).



Com o passar dos anos, o Cristo representado nas cruzes tornou-se diferente – e de forma radical, com a ausência do Cristo na cruz. A Reforma Protestante, no século XVI, veio retratar uma cruz vazia – já que não adoravam um Cristo pregado a ela e sim um Cristo ressurreto, que venceu a morte na cruz. Este fato providenciou uma retaliação pela Contra-Reforma, que tem no espanhol Diego Velázquez (1599-1660) um dos grandes mestres. Ele ajudou a reativar a noção do Cristo pregado na cruz, de forma incisiva. Sua versão da crucificação de 1632 é solitária e intensa e, ainda hoje, é uma das mais conhecidas imagens de devoção do universo católico.


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© "Crucificação" de Diego Velázquez (Wikicommons).



Com o modernismo, a arte sacra ganhava olhares mais sutis do que a profundidade da contrição que algumas pinturas evocavam. Um dos principais expoentes da nova concepção da cruz na arte foi o modernista Marc Chagall (1887-1985). Ele fundiu os relatos bíblicos com os episódios antissemitas que viveu, em plena Segunda Guerra Mundial. A crucificação de Chagall não enfatizava a devoção e a contrição espiritual, mas a luta de um povo transgredido, como em “Crucificação Branca”, 1938. A cruz, em Chagall, era seu luto a favor dos judeus.


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© "Crucificação Branca" de Marc Chagall (Wikicommons).



Desde sempre, o cristianismo tomou frente dos costumes, dos comportamentos e da arte da sociedade ocidental. E a crucificação inspirou as várias interpretações da cruz de Cristo que influenciaram toda a estética cultural - muito para além da história da arte ocidental. A cruz se tornou - e é ainda hoje - um dos mais poderosos símbolos culturais de todos os tempos.

Fonte:: http://obviousmag.org/archives/2012/03/a_arte_da_cruz.html#ixzz2OgmQ7F7H

segunda-feira, 25 de março de 2013

Cine Ipaumirim: Simone de Beauvoir, uma mulher atual



Documentário dirigido por Dominique Gros. Emitido pela Radio Televisión Portuguesa. Legendadp em, português.
  • Título Original: SIMONE DE BEAUVOIR, UNE FEMME ACTUELLE
  • Ano: 2007
  • Duração: 52 minutos

Simone de Beauvoir, grande filósofa e escritora do século XX  nasceu em Paris, em 1908. Formou-se em filosofia, em 1929, com uma tese sobre Leibniz. É nessa época que conhece o filósofo Jean-Paul Sartre, que seria o seu companheiro de toda a vida. 

Escritora e feminista, Simone de Beauvoir fez parte de um grupo de filósofos-escritores associados ao existencialismo, um movimento que teria uma enorme influência na cultura europeia do século XX, com repercussões no mundo inteiro. 

domingo, 24 de março de 2013

CAÇA AOS DESVIANTES

 




 Do que  adianta fazerem uma bela mostra de Samuel Fuller e todo mundo comentar?
A caça aos desviantes está em pleno vigor.
Vigor ditatorial, eu diria.
Vejamos o caso mais recente: um aluno, fazendo exame do Enem, escrevendo a respeito de imigração (quase nunca isso é dito), resolveu fazer uma pausa, para amenizar, e enfiou lá uma receita de miojo.
Foi o bastante para começar um bullying contra o rapaz, contra os examinadores, contra não sei mais quem, comandado, é claro, pelos jornalistas e professores de português.
Com todo respeito, conheci professores de português que eram umas bestas quadradas. Nem todos, há os geniais também. Esses tornam os seus alunos interessados na leitura, por exemplo, e na cultura.
Os outros… Bem, os outros reprimem, exigem respeito à autoridade, esse tipo de coisa.
Volto ao caso. Para mim, o menino da receita de miojo é um sopro de alegria, de criatividade, de liberdade nesse exame chato (como todos os exames).
Se fosse eu o examinador levava nota máxima. Mas eu sou um outro desviante… Minoritário à beça. Nada feito…
Ora, só um tapado não percebe a relevância do miojo na imigração japonesa. É uma marca. Claro, há outras. Há os pintores, os filmes da Liberdade, o suchi (ou suxí?, ou çuchi?), por exemplo.
Um bom professor, acho eu, é o que sustentar e der força a esse menino. Porque é preciso irreverência, é preciso um tanto de desrespeito nesse mundo sacal.
Então vêm os jornalistas, que caem em cima porque são massacrados com esse papo de “norma culta” desde que acabaram os revisores. Fazem erros, não sabem verbos, nem vírgulas. Então precisam aprender tudo de uma hora pra outra. Aprendem mais ou menos, apanham e querem bater nos outros. Eu mesmo, que não sou tão ignorante assim, aprendi um monte quando o Pasquale veio dar aulas na Folha. Foi ótimo. Aprendi, por exemplo, que a gente não mete vírgula quando respira. Não é isso, há uma lógica na coisa. Eu desconhecia isso. E, caramba, sou leitor desde que nasci praticamente. Eu não sabia falar direito e minha mãe já me tinha feito decorar uma poesia do Machado.
Quando eu era copy desk, meu Deus, corrigi textos de sumidades nacionais (e mesmo internacionais) com erros que dariam medo em muito semi-analfabeto. Não tira o mérito da pessoa. Estavam em outro lugar (os méritos). Se caíssem nas mãos desses professores estava lá: reprovado!!!!!!!
A marcha da repressão hoje é quase incontrolável. Não vem dos militares, do governo, da oposição: a palavra de ordem vem dos ex-juízes de futebol na Globo, sobretudo o Wright: tem que punir, tem que expulsar, tem que dar cartão, tem que impor respeito.
Tudo é punição. Respeito. Ordem e progresso. Crime e castigo. Mundo apertado, besta.
Viva o menino do miojo. O do hino do Palmeiras também. Menos. Mas futebol é o que passa na cabeça desses garotos. E o Palmeiras é imigração italiana, não é, então qual o galho?
O pior de tudo é o que o Enem (ou o MEC, ou lá quem seja), apertado pela inquisição, em vez de mandar plantar batatas, já prometeu que vai mudar os critérios, que vai dar nota zero a quem fizer brincadeira na prova e tal e coisa.
Em suma: cartão vermelho. Expulsa. Respeito! Fora da classe! Pra diretoria!
Vigiar e punir.
Nenhuma chance para a alegria, que é a prova dos nove, dizia Oswald.
E onde está Oswald? Cai na prova? Está esquecido.
Gostei do Xico Sá-ience falando da Nicole Puzzi. Era a mais linda atriz do cinema brasileiro, sem dúvida, embora uma má atriz. Tinha muitas mágoas do cinema (e dos produtores), isso a tornou uma atriz dura, como se diz. Mas era um espanto, uma graça.
Voltando ao assunto principal, mas não muito: a nossa língua é difícil, cheia de meandros.
“Dominar a norma culta” é diferente de “erro zero”, como reivindicam os professores e os colegas jornalistas.
A norma culta é uma abstração. Um conjunto de leis perfeitamente modificáveis. Não é a Tábua da Lei. Entram e saem palavras nela. Entram e saem formulações. Para isso existem a escrita e os escritores. Os escritores não os escreventes, como bem dizia Barthes. Deles vamos esperando a contribuição milionária dos erros, contra a miséria dos acertos estéreis.
Vi no FB de Diogo Max
 
Definitivamente, eu sou incorrigível na minha simpatia pelos desviantes e irreverentes bem humorados.
ML 

sexta-feira, 22 de março de 2013

Necessidade de novas leis com garantias a pessoas com síndrome de Down divide opiniões


Da Agência Brasil
Karine Melo
Repórter da Agência Brasil



Brasília – Pelo menos seis propostas que asseguram direitos a portadores da síndrome de Down tramitam atualmente no Congresso Nacional: uma no Senado e cinco na Câmara dos Deputados, de acordo com levantamento feito pela Agência Brasil. Quando o assunto diz respeito à legislação para pessoas com a alteração genética, as opiniões são divergentes.
As propostas vão desde a reserva de vagas em concursos públicos para esse grupo à isenção de Imposto de Renda. Há também uma proposta que prevê o pagamento de pensão por morte no caso de pessoas com a síndrome e outra que estabelece a realização de ecocardiograma para recém-nascidos portadores da alteração. Além desses projetos, há outras mais abrangentes que tratam da questão, como o Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Segundo o deputado federal Romário (PSB-RJ), pessoas com a síndrome de Down têm os mesmos direitos das portadoras de deficiência. “Acredito que um dos maiores problemas, ainda hoje, é o preconceito. Por isso, faço campanha para mostrar como o estímulo correto pode garantir a essas pessoas uma vida normal. Elas podem trabalhar, estudar, namorar e tudo mais que uma pessoa faz”, disse.  Romário tem uma filha de 7 anos com a síndrome.
Para o deputado, um dos problemas graves é a resistência das escolas em aceitar alunos com a síndrome de Down. “Temos de fiscalizar: a lei garante a plena inclusão dessas pessoas no ensino regular, embora algumas famílias prefiram o ensino especial”. Para Romário, a consequência, é a judicialização do problema: pais e mães recorrem ao Ministério Público para terem o direito garantido.
O senador Wellington Dias (PT-PI) defende que é preciso um marco legal mais unificado para a síndrome de Down, a exemplo do Estatuto do Idoso e da Criança e do Adolescente. O senador é favorável à aprovação do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Ele explicou que a norma, se aprovada, vai unificar a legislação. A proposta já foi aprovada no Senado, mas há sete anos está parada na Câmara, pronta para ir a plenário (PL 7.699/2006).
Segundo Wellington Dias, a dificuldade de aprovação na Câmara tem a ver com divergências geradas por conflitos de concepção. Um exemplo, de acorco com ele, é a questão de surdos e autistas. Para o senador, antes de frequentar a escola regular, essas pessoas precisam passar por uma preparação específica. Há quem defenda que essa preparação é desnecessária.
Na visão da consultora jurídica do Movimento Down, Ana Cláudia Corrêa, o maior avanço nos últimos anos em termos de legislação foi a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Promulgada em 2009, pelo Senado, ela deu status de emenda constitucional à Convenção Internacional sobre o tema e seu protocolo facultativo, firmados pelo Brasil em Nova Iorque, em março de 2007.
“Ela (a convenção) conseguiu reunir em um documento tudo o que havia sobre o direito de pessoas com deficiência. A convenção é a nossa bíblia, nosso norte a seguir”, explicou. Apesar disso, Ana Cláudia ressalta que apesar de a norma ser completa, a falta de regulamentação de alguns artigos acaba inviabilizando a aplicação da lei.
“Educação é um dos temas complicados. Você sabe que as pessoas não podem negar matrícula, podem e devem estudar em escola regular e que as escolas têm de fornecer os meios necessários para que essas crianças possam estudar, mas não há uma lei que diga que o não cumprimento é crime. Não há uma lei que regulamente como isso vai se dar. Aí vem o discurso de que a escola não está preparada”, argumenta.  
Ela destaca que na legislação em debate há um projeto (PLS 112/2006) do senador José Sarney (PMDB-AP), desarquivado pela Casa, que considera polêmico. O texto pretende alterar as regras sobre a reserva de vagas no mercado de trabalho para pessoas com deficiência, previstas no Artigo 93 da Lei 8.213/91. A proposta diz que deve ser observada, entre outros aspectos, a ideia de compatibilidade da deficiência em relação à educação e às funções a serem exercidas.

O desarquivamento da proposta foi alvo, nesta semana, de uma nota de repúdio divulgada pela Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down. O documento diz que o projeto é um retrocesso político e está em desacordo com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
 
Na opinião da advogada do Movimento Down, o Brasil tem o que comemorar no avanço das leis de proteção às pessoas com a síndrome, especialmente no que diz respeito à educação. “Pouco se sabe sobre o universo das pessoas com deficiência". Para Ana Cláudia Corrêa, o Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado nesta quinta-feira (21), é importante para que as pessoas possam parar, conhecer e reconhecer as pessoas que têm a alteração genética com seus direitos, ou seja, o de ter uma vida normal.

Edição: José Romildo
Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-debate-sobre-os-direitos-a-portadores-da-sindrome-de-down

quinta-feira, 21 de março de 2013

Quem é Eduardo Fernandez, chefe de missão dos EUA que financiou opositores venezuelanos


DAI buscava unificar oposição através de financiamentos; truculência e machismo atrapalharam empreitada

 

Eduardo Fernandez é um nome comum. Tão comum que é impossível encontrar informações sobre um determinado Eduardo dentre milhares deles em dezenas de países da América Latina. Mas o argentino-americano Eduardo Fernandez não é um homem nada comum.

Leia a matéria original na Agência Pública

Leia aqui sobre a estratégia da Usaid

Entre 2004 e 2009, era ele quem dirigia o DAI (Development Alternatives) em Caracas, que recebia milhões de dólares da Usaid para seguir o plano estabelecido pelo Departamento de Estado dos EUA para a Venezuela: fortalecer grupos de oposição, dividir o chavismo e isolar Hugo Chávez internacionalmente.(Leia mais sobre a estratégia da Usaid).

O papel de Fernandez talvez passasse despercebido como o nome comum, não fosse o seu temperamento explosivo, desbragadamente machista e indiscreto – o que o levou a ser investigado por comportamento impróprio na empresa em que trabalhava – e que desapareceu da noite para o dia da Venezuela.

Como relataram seus ex-funcionários, ele era do tipo que se referia às mulheres colocando as mãos sobre os próprios peitos, para sugerir seios fartos, e chegou a dizer que o escritório da DAI em El Rosal, Caracas, era “ineficiente como um bordel”.

Diante do caso de uma funcionária grávida, reagiu: “Se vocês conseguissem segurar uma pílula entre os joelhos, eu não teria que gastar dinheiro pagando por licença-maternidade”. Outra funcionária ficou tão desconcertada com os olhares sedentos do chefe à sua saia, que resolveu fechar a fenda com um clipes de papel. Dias depois Fernandez perguntou quando ela iria usar “aquela saia com o clipes” de novo.

Agência Efe

O candidato à Presidência Henrique Capriles concorre pela MUD, coligação que conseguiu unificar a oposição à Chávez

Mas Fernandez é assim mesmo e não pretende mudar, como afirmou durante a investigação interna da DAI. Foi ele quem deixou o rastro das atividades da DAI na Venezuela, três anos depois de sua equipe ter se retirado às pressas do país, em 2009.

Graças e ele uma longa lista de documentos que revelam em detalhes o trabalho da DAI pode ser consultada na internet, no processo de 600 mil dólares que a ex-diretora Heather Rome move contra a empresa por não ter tomado nenhuma atitude contra Fernandez apesar de suas repetidas reclamações. Os documentos da justiça de Maryland, nos EUA, foram vazados pelo jornalista norte-americano Tracey Eaton, do blog Along the Malecón.

São mais de 300 páginas de documentos sobre o diretor da empresa que atuou num dos principais QGs anti-Chávez plantados pelos EUA em Caracas. “As reclamações que eu recebia das funcionárias venezuelanas iam ao ponto de elas virem chorar em meu escritório, o que reduzia a produtividade”, conta Heather no seu depoimento. “Várias pessoas falavam que seu sentimento era: ‘temos orgulho de estar trabalhando neste projeto, nós preenchemos os cheques e sabemos quanto dinheiro está sendo gasto.

O governo dos EUA está trabalhando muito duro, e a DAI está nos ajudando a mudar a situação do nosso país para torná-lo mais democrático do que Chávez quer. Mas não entendemos como eles podem fortalecer a sociedade civil quando temos nosso próprio mini-Chávez aqui no escritório, e eles não ligam’”.

Alan Gross e a DAI

Entre 2002 e 2009 a Usaid distribuiu cerca 95,7 milhões de dólares a organizações de oposição venezuelana através do seu Escritório de Iniciativas de Transição (OTI, em inglês), aberto no país dois meses após o fracassado golpe de estado contra Hugo Chavéz.




Simultaneamente, instalou-se no país a empresa Development Alternatives, uma das maiores contratistas da Usaid para gerenciar fundos de assistência no exterior, o que desde o governo Bush vem sendo feito pela iniciativa privada. A empresa, que costuma atuar nos bastidores, passou a ser conhecida no cenário latinoamericano em dezembro de 2009, quando Alan Gross, um de seus funcionários, foi preso em Cuba ao distribuir celulares e equipamentos de comunicação via satélite à dissidência cubana. Gross foi condenado a 15 anos de prisão por atos “contra a segurança nacional” de Cuba.

Na Venezuela, a DAI, cujo slogan é “moldando um mundo mais habitável”, foi a principal responsável pela distribuição de pequenos financiamentos da Usaid a diversas organizações da sociedade civil, seguindo a estratégia traçada pelo Departamento de Estado e pela missão diplomática no país de dividir o chavismo, infiltrar-se na sua base política e isolar Chávez internacionalmente.

No escritório em Caracas, situado entre a rua Guaicaipuro e a Mohedano, trabalhavam 18 venezuelanos de tendência anti-chavista e dois diretores americanos – Eduardo Fernandez era um deles e passou a dirigir o escritório em 2004. O currículo de Heather Rome, anexado ao processo, explica que a diretora assistente, também americana, chegou ao país em julho de 2005 para supervisionar a administração das doações a ONGs em um programa de US$ 18 milhões de dólares. Segundo seu currículo, Heather, que era subalterna a Fernandezn trabalhava “em colaboração com o embaixador americano William Brownfield”. Brownfield ocupou o cargo entre 2004 e 2007 e elaborou uma sucinta estratégia de 5 pontos para acabar com o governo Chávez em médio prazo.

Os programas mantidos pelas doações destinavam-se principalmente a “facilitar o diálogo entre segmentos da sociedade que dificilmente se sentariam juntos para discutir temas de interesse mútuo”, segundo um documento diplomático enviado ao Departamento de Estado em 13 de julho de 2004. Ou seja, unir a oposição. Um dos principais projetos era o "Venezuela Convive" que, segundo o documento diplomático, buscava "encorajar o conceito de convivência pacífica entre indivíduos e organizações com fortes opiniões contrastantes – um valor que a maioria dos venezuelanos respeita e que é considerado sob ataque no atual clima de intolerância política" – promovida pelo governo Chávez, segundo a embaixada.

Em 24 de fevereiro de 2006, em outro despacho diplomático, o ex-embaixador Brownfield explica que os financiamentos da DAI “apoiam instituições democráticas, incentivam o debate público, e demonstram o engajamento dos EUA na luta contra a pobreza na Venezuela”. Para William Brownfield, fortalecer a sociedade civil era essencial para isolar Chávez internacionalmente, levando para a arena internacional “os sérios problemas de direitos humanos no país”. Dois exemplos neste sentido, que receberam financiamento através da DAI, são o Centro de Direitos Humanos da Universidade Central da Venezuela e os projetos do IPYS, Instituto Prensa y Sociedad de jornalismo investigativo e de uma Lei de Acesso à Informação venezuelana.

Machismo

O temperamental Eduardo Fernandez era uma peça fundamental nessa engrenagem, e contava com o apoio incondicional da Usaid. Tanto é que, mesmo depois de uma investigação interna da DAI em 2008 ter comprovado que Fernandez, no mínimo, assediava moralmente seus funcionários, gritando com eles, e que “destrataria um homem tão rapidamente quando uma mulher”, a DAI resolveu mantê-lo no cargo. E demitir Heather Rome. “A última coisa que eu preciso é ter de novo caos e desobediência no escritório”, escreveu Fernandez em um email à gerência da empresa.

No final de abril de 2008, o supervisor da Usaid para o programa da Venezuela, Russel Porter, ligou pessoalmente para o diretor da DAI, Mike Godfrey, para congratulá-lo pelo trabalho na Venezuela. Godfrey descreve, em um email constante no processo, que Porter voltara de uma visita ao país bastante satisfeito. “Russel queria especificamente relatar sua satisfação com o time sênior em Caracas – Erin Upton-Cosulich e Eduardo Fernandez. Fez questão de destacar que eles trabalham bem juntos, que o ambiente está mais harmonioso e que os dois conseguiram engajar toda a equipe de modo mais eficiente. Ele tem esperanças que isso continue”.

Eduardo Fernandez, portanto, seguiu sendo o chefe.

Um ano depois, porém, as coisas não estavam tão “harmoniosas” no escritório. O governo venezuelano acabava da abrir uma investigação contra empresa e contra seu diretor. No dia 27 de agosto de 2009, um consternado Eduardo Fernandez se reuniu com o pessoal da embaixada americana para pedir socorro.

A polícia bate à porta

No dia anterior, uma quarta-feira, policiais venezuelanos bateram à porta da DAI com intimações para que Eduardo Fernandez e Heather Rome prestassem depoimento na semana seguinte perante a divisão de CICPC (Crimes Contra a Riqueza Nacional do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas).

Os policiais – que foram “profissionais” e “educados” segundo Fernandez – disseram que a investigação fora iniciada pela Superintêndencia de Bancos após a detecção de “transferências incomumente grandes” de dinheiro em 2007 e 2008, conforme o despacho diplomático do embaixador dos EUA na Venezuela durante o governo Bush, Patrick Duddy, que já havia sido embaixador antes de Brownfield, mas fora expulso do país por Hugo Chávez antes de voltar como enviado de Obama.

“Isso [as grandes transferências de dinheiro] coincidiu com o referendo constitucional de 2007 e com as eleições nacionais, estaduais e locais em 2008”, escreveu Duddy.

O foco da investigação venezuelana era a origem dos fundos, os objetivos da DAI no país, seu status fiscal e o destino do dinheiro. Segundo os policiais, a investigação seria “longa e profunda” e envolveria também as autoridades fiscal e imigratória do governo venezuelano.

Fernandez estava em Caracas com um visto oficial cedido a pedido da diplomacia americana, porém vencido desde março de 2009. A embaixada pedira sua renovação, mas o passaporte foi retido sem explicações pelo Ministério de Relações Exteriores até o final de agosto. “Fernandez não tem outra forma de identidade venezuelana. Ele continua com seus passaportes americano e argentino”, escreveu o embaixador, pedindo orientações sobre o caso ao Departamento de Estado americano, então comandado por Hillary Clinton.

E explicava: “Como parte dos seus acordos de financiamento, a DAI se compromete a proteger a identidade de todos os beneficiários. Os arquivos da DAI são estruturados de maneira que a informação financeira pode ser liberada sem comprometer as identidades”, detalhava Duddy. “Dito isso, a DAI tem 50 caixas de arquivos no seu escritório que contêm informações sensíveis e que podem ser apreendidas”, alertava.

“As ruas estão quentes”

Fernandez acreditava que o objetivo da investigação era coletar informações sobre as organizações financiadas pela DAI e, ao mesmo tempo, interromper o fluxo de recursos para elas. “As ruas estão quentes”, disse ele ao pessoal da embaixada, sobre crescentes protestos anti-Chávez. “Todas essas pessoas (organizando os protestos) são nossos financiados”. E afirmava que não queria abandonar o time, deixando o país, avisando que iriam pedir uma extensão de prazo para se apresentar à polícia.

No seu despacho, o embaixador pede orientações bem específicas a Washington, perguntando se Fernandez tinha “alguma imunidade baseada em seu passaporte oficial e em seu visto, ou se ele deveria comparecer ao CICP ou diante de outras autoridades venezuelanas”; e “se o Sr. Fernandez deveria revelar alguma informação, e se sim, qual”.

Duddy também queria saber “o que a DAI deveria fazer com suas 50 caixas de documentos, alguns dos quais contém nomes das pessoas que dirigem as organizações financiadas pela DAI”. E, por fim, pergunta se a embaixada deveria ajudar Fernandez a fugir: “Se o Sr. Fernandez é considerado alguém que trabalha em nome dos EUA, ele deve permanecer no país ou tentar sair da Venezuela antes da entrevista com a polícia em 1 de setembro?”.

Onde anda Eduardo?

Não há registro da resposta de Hillary Clinton nos documentos do Wikileaks nem no site da DAI. Mas, no processo movido por Rome, a advogada da empresa não poderia ter sido mais clara a respeito da final da missão de Fernandez na Venezuela. No final de agosto do ano passado, em uma audiência em Maryland, nos Estados Unidos, onde o caso se desenrola, Kathleen M. Williams alegou que por se tratar “de um cliente novo” seria muito difícil levantar documentos relativos a seu período de trabalho na Venezuela: “A DAI abandonou o local muito apressadamente em 2009. Muitos arquivos não estão mais lá.” E volta a insistir no assunto, na conversa com o advogado de acusação: “Não sei se esses documentos existem. Não sei se eles foram abandonados da Venezuela. Eu sei que eles abandonaram um montão de informação na Venezuela”.

No mesmo diálogo, transcrito no processo, o advogado da acusação diz que o maior problema é que “Fernandez desapareceu”. Kathleen interrompe: “Não é verdade. Ele está neste país. Ele vive em Maryland”. A advogada, no entanto, nega estar em contato com ele e recusa uma intimação em seu nome.

É a ultima menção oficial da DAI a Eduardo Fernandez, o homem incomum de nome comum que tinha papel tão relevante nas tentativas dos EUA de desestabilizar o governo venezuelano. Outro Eduardo Fernandez foi contratado pela DAI, em março de 2012, para seu escritório no México. O homônimo, ex-ministro de finanças da Colômbia, herdou o email oficial do argentino-americano Fernandez que atuou na Venezuela até o escritório fechar: deste não há nenhuma notícia no site da DAI que, contatada pela Pública, não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

Também não há menção a ele nos sites da Usaid ou da OTI. O mesmo nome, Eduardo Fernandez, porém, figurou no site de outra empresa que faz trabalho semelhante à DAI – a Casals & Associates -, principal contratista da Usaid no Paraguai, encarregada deadministrar mais de US$ 30 milhões em doações antes da destituição de Fernando Lugo. Fundada por uma dissidente cubana, a Casals já havia distribuído mais de US$ 13 milhões para projetos que fortaleciam a oposição a Evo Morales na Bolívia.

No site da Casals o nome Eduardo Fernandez aparece em janeiro de 2012 e some em junho de 2012 – mês em que foi decretado o impeachment de Lugo no Paraguai. Um mês depois foi a vez da própria Casals desaparecer do bonito casarão que ocupava na rua Bernardino Caballero 168, em Assunção, aparentemente com a mesma pressa que a DAI desocupou suas instalações na Venezuela.


Fonte: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/27939/quem+e+eduardo+fernandez+chefe+de+missao+dos+eua+que+financiou+opositores+venezuelanos.shtml

E ainda tem quem acredite em papai Noel!

O judiciário: "Da vanguarda ao atraso"



Está na pauta do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) a proposta para a criação do auxílio-moradia e o pagamento de verbas indenizatórias em relação ao auxílio-saúde recebido pelos membros do Ministério Público da União e dos estados.


Aprovado, o benefício alcançará cerca de 20 mil procuradores e, por discutível isonomia, beneficiará os juízes em número igual ou superior. Esse privilégio se soma ao vale-alimentação e ao plano de saúde já existentes.
A criação do auxílio-moradia, no valor aproximado de 3 mil reais mensais, trará embutido o princípio da retroatividade de cinco anos.
Quem estiver interessado faça as contas. Antes, porém, sente-se para suportar o susto provocado por essa retroatividade: 3 mil reais por mês viram 36 mil anuais; multiplicado pelos 60 meses referentes aos cinco anos retroativos, o resultado se transforma em 180 mil, sem contar a correção. Agora basta multiplicar pelos integrantes do MP. E não se pode esquecer, posteriormente, de fazer a mesma conta para a Magistratura. Esse princípio de equiparação, segundo a ministra Eliana Calmon, foi estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Justiça, neste caso, em causa própria.
A enaltecida ministra, vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), recebeu, em setembro, 84 mil reais do citado auxílio-alimentação. Naquele mês, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que o contracheque dela registrou salário de R$ 113.009,50.
Com a mesma coragem com que denunciou juízes corruptos ou, segundo ela, “bandidos de toga”, a ministra respondeu publicamente ao jornal: “O Ministério Público já recebe esse vale-alimentação sem questionamento algum. O Conselho Nacional de Justiça entendeu o processo de equiparação e isso levou ao pagamento”.
Data venia, a magistrada não se saiu bem quanto a esse privilégio. Sobre esse ganho, cerca de mil reais por mês, não incide Imposto de Renda. O Leão é manso. Não ruge nem morde essa gente.
O procurador-geral da República paga vale-alimentação a todos os membros do Ministério Público da União, sem que haja lei prevendo tal benefício. A Constituição fixa a remuneração dos integrantes do MP como “parcela única”, o subsídio. O pagamento seria, portanto, ilegal.
Tudo indica que isso se transformou numa artimanha para contornar as decisões da Presidência e do Congresso. Ou seja, inconformados com o aumento oficial que recebem, articulam aumento sobre o aumento. Tudo em causa própria.
A ministra Eliana Calmon errou também quando disse que o MP vem recebendo o vale, isso sem questionamento algum. Há quem questione, sim.
Luiz Moreira Lima, conselheiro do CNMP, que travou e venceu, praticamente isolado, a luta com Gurgel e asseclas para ser reconduzido à função, tenta fazer prevalecer a lei. Ele pediu vista e, ao avaliar a instituição auxílio-moradia, desmontou esse sistema alternativo criado para driblar o aumento oficial.
Essa situação mostra mais um retrocesso nos princípios republicanos. O Ministério Público ganhou vida nova com a Constituição de 1988. Tornou-se uma instituição de vanguarda do Estado brasileiro na luta contra velhos vícios da República. Há exceções, mas a regra não durou muito.
O corporativismo renasce recrudescido numa das mais importantes instituições da República.
Mauricio Dias
No CartaCapital - via Contexto Livre
Fonte: http://blogdopaulinho.blogspot.com.br/

quarta-feira, 20 de março de 2013

Chega de papa, queremos mamma!


(Mauro Donato)

Por que a Igreja Católica precisa de uma mulher para liderar seu rebanho.

papisa

Se Jorge Bergoglio aguentará o tranco na pele de Francisco até o final da vida é algo a se acompanhar. Mas independentemente da razão do fim de seu papado (se por falecimento ou por assombração da ditadura portenha) que o próximo eleito seja uma mulher. Uma papisa. É disso que a igreja católica precisa. Uma mulher.
A escolha do argentino parece ter sido uma atitude acertada perante os fiéis e se tivesse recaído sobre o cardeal ganense Peter Turkson o efeito haveria de ser ainda melhor. A igreja foi tímida, os católicos estão ávidos por reformas, ficou evidente. Ter demonstrado preocupação com descentralizar o poder europeu também foi uma boa estratégia para transmitir “ares de revolução” embora a centralização seja algo mais atual do que se imagina. Anteriormente à era da comunicação veloz, as paróquias possuiam uma maior autonomia sobre seus costumes.
E esses oásis ainda existem.
É isso que é praticado na Igreja Católica suíça onde, por carência de padres, mulheres preenchem os cargos mais importantes nas paróquias. É consenso entre os católicos suiços que sem a participação das mulheres a igreja estaria extinta por lá. E que contribuição! Aquelas líderes religiosas são profundamente reformistas, permitem que divorciados comunguem, questionam doutrinas, agem de maneira a adequar a igreja aos dias atuais. Inteligente, não?
Que venha uma papisa o quanto antes. Se puder ser suíça, tanto melhor.
Nunca antes na história desse planeta as mulheres estiveram tão a frente dos mais variados setores. Na esfera familiar, no ambiente profissional, são as novas líderes e vistas com bons olhos. Por que não no Vaticano?
Não há motivo científico, obviamente, mas a “lógica” é de simples compreensão: Mulheres não podem se tornar papa por não poderem, antes, tornarem-se padres; E não podem se tornar padres pois Jesus escolheu apenas homens para serem seus apóstolos e estes, por sua vez, também elegeram outros homens e assim sucessivamente. Resumindo, os católicos acreditam que se Jesus quisesse que mulheres se tornassem padres, elas teriam sido escolhidas para serem apóstolas (de posse de meu agnosticismo, consegui entender o seguinte: não pode porque não pode).
Como este tema vez ou outra incomodava, em 1994 João Paulo II veio com uma carta apostólica (Ordinatio Sacerdotalis), algo equivalente a um Ato Institucional, e fechou questão:
Com o fim de afastar toda dúvida sobre uma questão de grande importância, que diz respeito à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar na fé aos irmãos, declaro que a Igreja não tem, de forma alguma, a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que este ditame deve ser considerado como definitivo por todos os fiéis da Igreja”.
É de um machismo paleolítico. Então que venha uma papisa, suíça e sintonizada com os dias atuais. Pelo amor de Deus.
Há uma lenda sobre a existência de uma papisa. Joana, lá pelo ano 1090. Mas mesmo sendo lenda e com suas variações (são no mínimo 3 versões), em todas ela teria se passado por homem com o nome de João para chegar lá (de posse de meu agnosticismo, acredito que João é que era meio Joana, e essa tenha sido a primeira tentativa de despistar o homossexualismo na igreja).
Então que venha uma papisa, suíça, bonita, sintonizada com os dias atuais. Preferencialmente negra e favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo para que nenhuma Joana precise mais se passar por João ou vice-versa.
Sua santidade, a Mamma.

Fonte: http://diariodocentrodomundo.com.br/chega-de-papa-queremos-mamma/