quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Nossos vizinhos: homenagem aos 170 anos de Icó

Imagem: Blog de Fabrício Moreira
 
Na minha terra tem um rio...
 
Na minha aldeia tem um rio
Tão salgado como a vida de meu povo
Tão sofrido como as viúvas pobres,
O pai de família desempregado,
O vaqueiro sem boi.

Na minha aldeia tem um rio
Ora manso como um cordeiro
Ora voraz com um leão
Invadindo casas, plantações, gentes
Plantadas em seu vale!

Na minha terra tem um rio
Que leva para o mar o suor de meu povo
O sangue das mulheres paridas
O lixo dos quintais
O suor das lavadeiras!

Na minha terra tem um rio
Com seu cheiro único
Cheiro da minha terra,
Cheiro da minha mãe
E da roupa lavada e secada em seus areais quentes!

Na minha terra tem um rio
Cheio de saudades de recordações
Dos seus seixos, dos seus peixes miúdos
Do boi, da vaca que saciam sua sede!

Na minha terra tem um rio
Que sentei em sua margem
Nas suas areias e chorei...
.

Outra estratégia

por Carla Hilário Quevedo,

 
Por seu lado, o The New York Times anunciou, para 2013, o lançamento de um site de língua portuguesa para o mercado brasileiro. Ainda este ano, a publicação terá uma edição online em chinês. O mesmo princípio adequa-se aos dois sites: uma mistura de artigos originais de colaboradores locais e uma série de artigos traduzidos da edição em inglês. Os motivos são obviamente económicos. O Brasil é uma economia em expansão, mas a concorrência dos media locais será feroz. Ainda assim o NYT aposta no nome bastante conhecido do jornal no Brasil, no número significativo de leitores da edição original para abrir instalações em São Paulo, a par das já existentes no Rio de Janeiro. O investimento no mercado de língua portuguesa compensa porque há consumidores. Há uma parte do mundo que está a começar a poder comprar. É bom saber que há quem possa. Ainda não é por esta zona do globo que vão conseguir vender alguma coisa.

Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 26-10-12
Fonte: http://bomba-inteligente.blogs.sapo.pt/

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Bíblia repaginada



Fonte:http://kibeloco.com.br/page/3/

A justiça julgou, condenou mas....e a reforma política?

 
Passadas as eleições municipais, hora de trazer a lume, uma velha discussão, que vive sempre muito longe do cidadão comum, que é a chamada "reforma política".

Tanto se ouve sobre ela, porém, pouco se explica e os meios de comunicação (a quem não interessa) - aborda o assunto de modo superficial e sempre mais no sentido de confundir que explicar, assim como bradava Abelardo Barbosa, o Chacrinha.

Alguns passos, no sentido de abrir essa discussão com a sociedade já foram dados desde 2011, mas ao que parece, não há pressa em provocar um debate amplo, instar em especial os meios de comunicação a fazer um chamamento à sociedade no sentido de trazer o tema para o centro das atenções.

O julgamento do mensalão por exemplo, (que é matéria de interesse) de divulgação, está na mídia 24hs por dia, porém ninguém quer debater as "mudanças", pois de nada adianta punir, se o sistema que aí está montado, não for alterado no sentido de que se evite que outros fatos voltem a ocorrer. Durante os 7 anos que se discute essa questão, ninguém veio à público propor as mudanças necessárias, para que a isonomia seja aplicada, independente de quem pratica o ilícito, dando sempre a entender que o "esquema" só passou a existir após 2005.

Sobre a Comissão Especial da Reforma Política

Aqui no Brasil, conforme manda a tradição, dizem que quando não se quer resolver um problema, cria-se uma comissão.

A Comissão da Reforma política, foi criada em 08 de fevereiro de 2011, constituída e instalada em 1º de março de 2011, esta Comissão Especial destina-se a efetuar estudo e apresentar propostas em relação à reforma política. O aprimoramento do sistema político brasileiro é uma prioridade da atual Legislatura .

Cabe à Comissão examinar as propostas em discussão na sociedade e no parlamento, especialmente aquelas relativas a sistemas eleitorais, fusão e criação de partidos políticos, financiamento de campanha e partidário, instrumentos de democracia direta (plebiscito, referendo e iniciativa popular), propaganda eleitoral, pesquisa eleitoral, abuso do poder político e econômico, tempo de mandato, reeleição, data de posse, voto obrigatório, cláusula de desempenho partidário, candidatura avulsa, domicílio eleitoral, tempo de filiação e fidelidade partidária.

A Comissão é composta por 40 (quarenta) membros titulares e por igual número de suplentes, mais um titular e um suplente, atendendo ao rodízio entre as bancadas não contempladas. Seu Presidente é o Deputado Almeida Lima (PPS/SE) e seu Relator o Deputado Henrique Fontana (PT-RS) - dados no site da Camara -
leia aqui

A forma como cada partido propõe as modificações:
  1. PT - VOTO: PROPORCIONAL MISTO - FINANCIAMENTO PÚBLICO EXCLUSIVO - (Alguns parlamentares aceitariam o 'distritão' para avançar nas conversas com o PMDB);
  2. PMDB - VOTO: DISTRITÃO - FINANCIAMENTO PRIVADO - (Pouco mais de 20 deputados já aderiram silenciosamente à proposta petista do "proporcional misto");
  3. PSDB - VOTO: DISTRITAL MISTO - FINANCIAMENTO PRIVADO - (A proposta do relator Henrique Fontana (PT) - vai contra tudo o que pensa o PSDB. Convencer os tucanos no Congresso será o maior desafio petista);
  4. DEM - VOTO: LISTA FECHADA - FINANCIAMENTO PÚBLICO - (Os congressistas do DEM ainda estão analisando a proposta do PT. Inicialmente os dois partidos compartilhavam dos mesmos pontos de vista)
Entenda cada uma das formas propostas:

Voto, proporcional misto

Concede ao eleitor o direito de votar duas vezes para a formação do poder Legislativo – Câmara Federal, assembleias legislativas e câmaras de vereadores. No primeiro voto, seria possível escolher o candidato de sua preferência dentre todos os concorrentes do estado, sem distinção de partido político. O segundo voto seria na lista fechada de determinado partido, cuja ordem seria definida por votação interna e secreta dos filiados de cada legenda.

Na apuração, seriam somados os votos conferidos ao partido e aos candidatos da legenda. A exemplo do que ocorre atualmente, a quantidade de sufrágios que cada partido conquistasse definiria a distribuição de cadeiras. A diferença é que, para preencher as vagas de cada legenda, haveria uma disposição alternada: primeiro o candidato com maior número de votos individuais, seguido pelo primeiro nome da lista pré-ordenada e assim por diante.

Voto, Distritão

Os parlamentares mais votados em cada estado seriam os eleitos, independentemente do partido, como nas eleições majoritárias. Esse método acaba com a proporcionalidade partidária, eliminando os casos de políticos eleitos pelos chamados “puxadores de votos”.

Voto, distrital misto

Também concede o direito de o eleitor votar duas vezes para a formação de todas as instâncias do Legislativo – deputados federais e senadores, deputados estaduais e vereadores. No primeiro voto, o eleitor escolheria o candidato de sua preferência que necessariamente estivesse concorrendo em seu distrito. Para isso, a federação, os estados e os municípios brasileiros seriam divididos em um número de distritos igual ao número de vagas dispostas a serem preenchidas. O segundo voto seria na lista fechada de determinado partido, cuja ordem seria definida por votação interna e secreta pelos filiados de cada legenda.

Voto, em lista fechada ou pré-ordenada

O eleitor votaria apenas uma vez na lista fechada de determinado partido, cuja ordem já estaria previamente definida por votação interna e secreta dos filiados de cada legenda.

Entenda como cada partido propõe o forma de financiamento:

Financiamento público exclusivo

Seria reservada uma quantia do Orçamento Geral da União previamente determinada e repartida entre os partidos políticos, para os mesmos executarem suas campanhas. Caberia a cada partido a divisão entre os deputados que se candidatarem pela legenda. Doações de recursos privados, sejam de pessoas físicas ou jurídicas, são proibidos.

Financiamento privado

Atualmente, vigora um modelo em que cada partido pode arrecadar doações de empresas ou pessoas físicas. Os candidatos também têm autonomia para levantar receitas. Os defensores da medida alegam que se retira do Estado o custeio da campanha. Os detratores enxergam na medida um fator de desequilíbrio do poder econômico.

Os partidos que apoiam a possibilidade defendem uma fiscalização mais efetiva sobre aquilo que é arrecadado e gasto na campanha. Entre as mudanças defendidas pelo PSDB, por exemplo, está a exigência de que os candidatos tenham um período máximo de 48 horas para publicar na internet todas as entradas e saídas de recursos para suas campanhas.

Financiamento misto

Seria reservada uma quantia do Orçamento Geral da União previamente determinada e repartida entre os partidos políticos, para os mesmos executarem suas campanhas. A esses valores, seria possível que cada candidato arrecadasse ainda doações de empresas e de pessoas físicas.

Se nada for efetivamente implementado, no sentido de mudanças concretas, tudo isso terá efeito de um circo, que vem, apresenta seu espetáculo, desarma a lona e vai se apresentar em outra freguesia.

No entando o que a sociedade espera agora é que, se jurisprudências foram criadas, que daqui prá frente sejam de fato aplicadas, e se mudanças no sistema politico não houveram, tudo de fato, não terá passado de um circo.


Fonte: http://bogdopaulinho.blogspot.com.br/#!/2012/10/a-justica-julgou-condenou-mase-reforma.html

Todo mundo quer saber


Fonte:http://180cartazesprasairdafossa.tumblr.com/

O voto que realmente vale


Sistema eleitoral brasileiro hoje é modelo de eficiência e democracia
 
 
CLAUDIA IZIQUE 
 Edição 200 -
Outubro de 2012
No dia 7 de outubro 138,5 milhões de brasileiros com mais de 16 anos estavam alistados para participar do processo de escolha de novos prefeitos e vereadores de 5.564 municípios. O voto é obrigatório e os que não compareceram às urnas têm prazo de 60 dias para justificar a ausência, sob pena de multa. Neste pleito, 15.601 candidatos de 30 partidos – muitos deles em coligação – disputaram o cargo de prefeito e cerca de 450 mil, o de vereador, segundo estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Todos estavam inscritos desde o dia 30 de junho e, ao longo de 43 dias antes do pleito, partidos e coligações puderam divulgar suas candidaturas em horário gratuito na TV. Poucas horas após o encerramento das eleições, a maioria das cidades já conhecia o nome dos futuros prefeitos e vereadores e aquelas com mais de 200 mil eleitores, onde nenhum candidato obteve metade dos votos válidos (50%+1), iniciaram os preparativos para o 2º turno, agendado para o dia 28 de outubro.
Quando forem proclamados os resultados finais, o Brasil certamente terá mais uma vez dado provas da eficiência de seu sistema eleitoral. “Temos um modelo dos mais bem-sucedidos na promoção da justiça política”, avalia Fernando Limongi, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e da Universidade de São Paulo (USP). O voto universal e obrigatório, o sistema de alistamento de eleitores, as urnas eletrônicas e até mesmo o horário eleitoral gratuito – que, em sua opinião, deve ser creditado na conta do financiamento público da campanha – contribuem de forma inequívoca para subtrair força de grupos de interesses e ampliar a participação política e, nos últimos 30 anos, ajudaram a consolidar a democracia no país. “A Justiça Eleitoral e as decisões do Congresso têm facilitado o acesso às urnas, permitindo que o eleitor se manifeste”, completa Argelina Maria Cheibub Figueiredo, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
A evolução do sistema eleitoral brasileiro é tema de estudo do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) financiados pela FAPESP, com a colaboração de pesquisadores ligados ao Projeto Temático Instituições políticas, padrões de interação Executivo-legislativo e capacidade governativa, coordenado por Limongi e Argelina, igualmente apoiado pela Fundação. “O nosso objetivo é analisar o sistema eleitoral brasileiro com um olhar menos comprometido com modelos de democracias mais avançadas ou com a ideia de que, no Brasil, há sempre uma catástrofe iminente”, ela explica.
Essa mesma perspectiva pautou a pesquisa de Jairo Nicolau, também da UFRJ, recentemente publicada no livro Eleições no Brasil – Do Império aos dias atuais, publicado pela Editora Zahar. “O Brasil tem uma das mais duradouras experiências com eleições no mundo, iniciada há 190 anos, e um sistema eleitoral dos mais eficientes, que dispensa a necessidade de observadores internacionais”, sublinha Nicolau. “Hoje temos eleições limpas, sem risco de fraudes. Há um ambiente democrático de liberdade. O eleitor decide e seu voto não é adulterado, o que permite criar um ambiente realmente competitivo.”
A experiência eleitoral brasileira teve início ainda no Império. Por meio de escolhas indiretas, homens católicos, com mais de 25 anos, proprietários de terra, entre outros requisitos das Ordenações do Reino, elegiam entre seus pares os eleitores que escolhiam os juízes, vereadores e procuradores. Na Primeira República, definidas as bases institucionais do novo regime – presidencialismo, federalismo e sistema bicameral –, foi instituído o voto direto de eleitores alfabetizados para a escolha de nomes para cargos executivos, ainda sem a exigência de inscrição prévia de candidatos ou partidos. As primeiras eleições competitivas e efetivamente democráticas, no entanto, só aconteceram em 1945, quando o Brasil emergiu do Estado Novo, de acordo com Limongi. “Eleição, por si só, não é suficiente para qualificar o regime nascente como democrático. A criação da Justiça Eleitoral, por exemplo, é parte deste amplo processo de transformação estrutural da sociedade”, ele diz. Mas o pleito que elegeu Eurico Gaspar Dutra presidente da República, deputados e senadores ocorreu em circunstâncias excepcionais, ele sublinha. O país estava sob o comando do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), José Linhares, que assumiu o cargo após a queda de Getúlio Vargas, afastou os interventores nos estados e determinou que os prefeitos vinculados a partidos políticos fossem substituídos por membros do Poder Judiciário. Com isso neutralizou o poder das oligarquias locais. Adicionalmente, naquela eleição a legislação limitou a inscrição a candidatos registrados por partidos políticos credenciados no TSE, o que dependia do apoio de 10 mil eleitores em cinco circunscrições eleitorais. Vinte partidos participaram da eleição em que se sagrou vitorioso o candidato do Partido Social Democrático (PSD), Dutra.
 
 
Participação

O processo de participação eleitoral avançou em 1950, quando o Congresso promulgou o novo Código Eleitoral, adotando a representação proporcional para a Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais e a regra majoritária para a eleição de presidente, governadores e prefeitos, e seus respectivos vices. As cédulas eleitorais, porém, ainda eram impressas pelos partidos. “O eleitor recebia o ’santinho’. Antes de ele entrar na cabine era preciso verificar se não estava levando um maço de cédulas, o que envolvia coação e controle do eleitor”, conta Limongi. O problema só seria resolvido a partir da década de 1960, quando as eleições majoritárias e proporcionais passaram a utilizar cédulas oficiais. “Foi um avanço, já que reduziu a possibilidade de impugnação do voto e o controle sobre o eleitor”, ele comenta.
Votar, no entanto, era empreitada difícil para o eleitor de baixa qualificação diante da “complicação” de escolher ou registrar o nome de candidatos na cédula eleitoral. Assim, apesar de ampliada a participação, cresceu o número de votos brancos e nulos nas eleições. “O custo de votar era muito alto, muita gente acabava excluída”, diz Limongi. O problema foi “atenuado” pelo bipartidarismo imposto pelo regime militar – já que facilitou o registro do nome de candidatos da cédula oficial, ampliando, paradoxalmente, o direito de voto. “No caso dos candidatos a deputados estadual e federal, o eleitor escrevia o nome ou o número do candidato ou marcava um x no lugar do partido.” O número de votos brancos e nulos caiu até as eleições de 1986, quando foram eleitos os deputados e senadores que seriam responsáveis pela elaboração da nova Constituição, já com o voto dos eleitores analfabetos, autorizado em maio de 1985 pela Emenda Constitucional nº 25. Essa restrição, aliás, já havia perdido importância eleitoral durante o regime militar, período em que caiu o índice de analfabetismo no país. “Quando a restrição caiu, cerca de 80% dos brasileiros já estavam aptos a votar”, contabiliza Limongi.
Voto eletrônico
A nova Carta adotou o sistema de maioria absoluta em dois turnos para a escolha dos chefes do Executivo – presidente, governadores e prefeitos de cidades com mais de 200 mil eleitores – se um dos candidatos não obtivesse mais de 50% dos votos válidos no primeiro turno. Em 15 de novembro de 1989 foram realizadas eleições diretas para a Presidência, depois de quase três décadas.
Ocorre que a Constituição estabeleceu também que o mandato do presidente seria de cinco anos. Assim, em 1994, houve coincidência nas eleições presidenciais, do Congresso Nacional e dos cargos estaduais. “Foram duas cédulas eleitorais: uma para as eleições majoritárias e outra para as proporcionais. A taxa de votos brancos e nulos explodiu”, lembra Limongi. Mais grave ainda foram as fraudes registradas em algumas zonas eleitorais do Rio de Janeiro e que resultou na anulação dos resultados do pleito para deputado estadual e federal no estado. “Era preciso mudar a forma de apuração dos votos e a saída foi a urna eletrônica”, afirma Limongi.
O sistema eletrônico de voto já vinha sendo testado desde 1990 em alguns municípios brasileiros, conta Nicolau. Em 1996 substituiu as cédulas de papel em 37 cidades – capitais e municípios com mais de 200 mil eleitores e, em 1998, foi utilizada pela primeira vez em eleições nacionais, em quatro estados e no Distrito Federal, até ser definitivamente adotada em todo o país em 2000. Desde então a variação de votos brancos e nulos estabilizou-se em torno de 10%, o risco de fraude desapareceu e as taxas de abstenção nas eleições estacionaram em 20%. “O próximo passo será a urna com identificação biométrica”, diz Nicolau.
O sucesso do sistema de representação no Brasil está na possibilidade de todas as forças políticas relevantes estarem representadas nas eleições. E contarem com algum espaço no horário eleitoral gratuito. “Não temos no país um partido político de extrema direita, tampouco partidos hiperliberais ou nacionalistas. Mas, se existissem, certamente seriam generosamente acolhidos”, afirma Nicolau.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cine Ipaumirim: Luiz Poeta



Informações sobre o filme

Sinopse / Sinopsis
Luiz Beltrame de Castro, aos 103 anos, é poeta e revolucionário ativo. Símbolo da luta pela terra, já marchou pelo MST e narrou em versos sua história. Do amor pela viola à conquista de sua própria terra, esse curta mostra a vida do poeta contada por meio de sua poesia.
Ficha Técnica / Ficha Técnica

Título / Título: Luiz Poeta
Diretor / Director: Bruno Benedetti, Fábio Eitelberg, Patrick Torres, Pedro Biava e Rafael Stedile.
Roteirista / Guionista: Bruno Benedetti, Fábio Eitelberg, Patrick Torres, Pedro Biava e Rafael Stedile.
Diretor de fotografia / Director de Fotografía: Bruno Benedetti, Patrick Torres, Pedro Biava
Editor / Editor: Bruno Benedetti
Ano de Produção / Año de producción:: 2012
País/ País: Brasil

Histórico da obra / Histórico de la obra
Lançado em sessão na Casa das Rosas em São Paulo. Participou do Festival de Cinema "Cine Ipoema" em Itabira/ Minas Gerais.
Vencedor do Concurso Caja  de Curtas na categoria documentário.
Fonte:http://www.tal.tv/cajadecortos/video/documentario/luiz-poeta 

domingo, 28 de outubro de 2012

A FALTA DA VOZ BRASILEIRA NA GLOBO

(Urariano Mota)

Recife (PE) - Mais de uma vez eu já havia notado que os apresentadores de telejornalismo têm uma língua diferente da falada no Brasil. Mas a coisa se tornou mais séria quando percebi que, mesmo fora do trator absoluto do Jornal Nacional, os apresentadores locais, de cada região, também falavam uma outra língua. O que me despertou foi uma reportagem sobre o trânsito na Avenida Beberibe, no bairro de Água Fria, que tão bem conheço. E não sei se foi um despertar ou um escândalo. Olhem

Na ocasião, o repórter, o apresentador, as chamadas, somente chamavam Beberibe de Bê-Bê-ribe. O que era aquilo? É histórico, desde a mais tenra infância, que essa avenida sempre tenha sido chamada de Bibiribe, ainda que se escrevesse e se escreva Beberibe.

Ligo para a redação da Globo Nordeste. Um jornalista me atende. Falo, na minha forma errada de falar, como aprenderia depois:

- Amigo, por que vocês falam bê-bê-ribe, em vez de bibiribe?

- Porque é o certo, senhor. Bé-Bé é Bebê.

- Sério? Quem ensina isso é algum mestre da língua portuguesa?

- Não, senhor. O certo quem nos ensina é uma fonoaudióloga.

Ah, bom. Para o certo erram de mestre. Mas daí pude ver que a fonoaudióloga como autoridade da língua portuguesa é uma ignorância que vem da matriz, lá no Rio. Ou seja, assim me falou a pesquisa:

“Em 1974, a Rede Globo iniciou um treinamento dos repórteres de vídeo... Nesse período a fonoaudióloga Glorinha Beuttenmüller começou a trabalhar na Globo. Como conta Alice-Maria, uma das idealizadoras do Jornal Nacional: “sentimos a necessidade de alguém que orientasse sua formação para que falassem com naturalidade”.

Foi nesta época, que Beuttenmüller, começou a uniformizar a fala dos repórteres e locutores espalhados pelo país, amenizando os sotaques regionais. No seu trabalho de definição de um padrão nacional, a fonoaudióloga se pautou nas decisões de um congresso de filologia realizado em Salvador, em 1956
, no qual ficou acertado que a pronúncia-padrão do português falado no Brasil seria do Rio de Janeiro”. (Destaque meu.)

Mas isso é a morte da língua. É um extermínio das falas regionais, na voz dos repórteres e apresentadores. Os falares diversos, certos/errados aos quais Manuel Bandeira já se referia no verso “Vinha da boca do povo na língua errada do povo/ Língua certa do povo”,ganha aqui um status de anulação da identidade, em que os apresentadores nativos se envergonham da própria fala. Assim, repórteres locais, “nativos”, se referem ao pequi do Ceará como “pê-qui”, enquanto os agricultores respondem com um piqui.

De um modo geral, as vogais abertas, uma característica do Nordeste, passaram a se pronunciar fechadas: nosso é, de “E”, virou ê. E defunto (difunto, em nossa fala “errada”) se transformou em dê-funto. Coração não é mais córa-ção, é côra-ção. Olinda, que o prefeito da cidade e todo olindense chamam de Ó-linda, nos telejornais virou Ô-linda. Diabo, falar Ó-linda é histórico, desde Duarte Coelho. Coisa mais bela não há que a juventude gritando no carnaval “Ó-linda, quero cantar a ti esta canção”. Já Ô-linda é de uma língua artificial, que nem é do sudeste nem, muito menos, do Nordeste. É uma outra coisa, um ridículo sem fim, tão risível quanto os nordestinos de telenovela, com os sotaques caricaturais em tipos de físicos europeus.

Esse ar “civilizado”de apresentadores regionais mereceria um Molière. Enunciam, sempre sob orientação do fonoaudiólogo, “mê-ninô”, “bô-necÔ”, enquanto o povo, na história viva da língua, continua com miní-nu e buneco. O que antes era uma transformação do sotaque, pois na telinha da sala os apresentadores falariam o português “correto”, atingiu algo mais grave: na sua imensa e inesgotável ignorância, eles passaram a mudar os nomes dos lugares naturais da região.

O tão natural Pernambuco, que dizemos Pér-nambuco, se pronuncia agora como Pêr-nambuco. E Petrolina, Pé-tró-lina, uma cidade de referência do desenvolvimento local, virou outra coisa: Pê-trô-lina. E mais este “Nóbel” da ortoépia televisiva: de tal maneira mudaram e mudam até os nomes das cidades nordestinas, que, acreditem, amigos, eu vi: sabedores que são da tendência regional de transformar o “o” em “u”, um repórter rebatizou a cidade de Juazeiro na Bahia. Virou JÔ-azeiro! O que tem lá a sua lógica: se o povo fala jUazeiro, só podia mesmo ser Jô-azeiro.
Fonte:http://bogdopaulinho.blogspot.com.br/#!/2012/02/falta-da-voz-brasileira-na-globo.html

A supremacia das finanças: uma usina de pobres

 
Existe um traço comum entre a rastejante recuperação norte-americana sob a batuta de Obama, a etapa aguda da crise que a antecedeu -- capitaneada por Bush Jr-- e, antes ainda, o período de apogeu que originou tudo, composto pelo desmonte regulatório nas mãos de Reagan (1981-1989), seguido da consolidação rentista, sob a batuta do democrata amigo de FHC, Bill Clinton (1993-2001).

O fio que interliga o enredo é a persistente disseminação da pobreza na maior potencia capitalista da terra, antes, durante e depois do colapso de 2008.

A caminho do quinto ano, a crise mantém os pobres no limbo dos renegados; ao contrário do que se viu nos anos 30, subordina seu resgate à salvação das finanças, como criticou a Presidenta Dilma Rousseff, na ONU, nesta 3ª feira.

A prioridade ortodoxa justifica jogar novas cargas ao mar e ofusca a questão política central dos dias que correm: turbinado organicamente pelas finanças, o capitalismo atravessou o Rubicão despindo-se de qualquer compromisso com o presente e o futuro da sociedade; nos EUA, bem antes da crise, em pleno ciclo de expansão dos lucros e da produtividade, a engrenagem passou a cuspir regressividade e pobreza, gerando uma massa crescente de renegados. A esses, como sentenciou Mitt Romney, o mercado não tem o que dizer.

Os salários da força de trabalho nos EUA encontram-se em queda ou estagnados, desde 1999. No ano passado a renda média caiu em 18 estados, segundo o censo de 2011, divulgado agora em setembro; no anterior havia recuado em 35 das 50 unidades da federação.

Na ensolarada Califórnia, 335,7 mil pessoas atravessaram a linha pobreza em 2011, elevando o contingente de pobres do estado a 16,6% do total.

Desde 2000, a classe média americana dotada de diploma universitário, não tem reajuste salarial.

Não é um privilégio local. Também na Europa, um número crescente de famílias da chamada classe média vive o pior cenário de aperto financeiro desde a II Grande Guerra. Sem a perspectiva de um novo 'Plano Marshall', começam a afluir em direção aos parlamentos para exigir soberania popular, contra a agenda conservadora que renega os pobres para salvar os bancos.

Relatório recente da OCDE, não propriamente uma trincheira progressista — sugestivamente intitulado “Divididos estamos: porque aumenta a desigualdade--, indica que “a renda média de 10% das pessoas mais ricas equivale a nove vezes a renda dos 10% mais pobres” (nos países que integram a organização).

Nos EUA, quase 47 milhões de norte-americanos dependem do Food Stamps para comer. Em termos absolutos, é o maior contingente desde que o Census Bureau começou a elaborar as estatísticas, há 52 anos.


São as entranhas da 'turma dos 47%' pela qual Mitt Romney manifestou um rotundo descompromisso em recente jantar de arrecadação de fundos. "São pessoas', avaliou o magnata que paga 14% de imposto, contra média superior a 20% dos assalariados,"que dependem do governo, que acreditam que são vítimas, que acreditam que o governo tem a responsabilidade de cuidar delas, que acreditam que tem direito à saúde, a comida, à moradia.Que isso é um direito. E que o governo (o Estado) deveria dar isso a elas".

O ocaso dos deserdados norte-americanos não decorre apenas da peculiar visão de sociedade dos republicanos. Fosse assim, seu contingente não persistiria em alta após quatro anos de Obama e, sobretudo, sua arrancada vigorosa não seria anterior à própria crise.

O desmanche que gerou os deserdados de Romney decolou durante o reinado conservador de Ronald Wilson Reagan; propagou-se no festejado período de Bill Clinton na Casa Branca e assumiu contornos variados que esticaram a linha da exclusão até os nossos dia. Declínio do emprego, precarização do trabalho, queda dos salários reais, aumento da desigualdade, ampliação da jornada, perda de direitos e regressão sindical formam a trama dessa travessia.

É esse desmonte sólido e contínuo que emerge do estudo ' The State of Working America', uma radiografia da situação da classe trabalhadora nos EUA, publicada agora pelo Economic Policy Institute’s (http://stateofworkingamerica.org/).

A análise reúne evidencias de uma deriva social decorrente da mudança estrutural nas relações de trabalho, cuja dinâmica antecedente alinha-se muito mais entre as causas da crise, do que entre as suas consequências, ainda que faça parte delas também.

O conjunto desautoriza ilusões de retorno a uma zona de conforto que não existe mais e enfraquece a aposta política de quem continua a insistir numa solução incremental, dentro das mesmas regras do jogo. Uma parte apreciável da esquerda encontra-se congelada nesse botijão de nitrogênio histórico.

Se foi a pobreza que gerou a crise e não o seu inverso, cabe ir além das aparências na formulação de um programa que responda ao cerne do impasse --tarefa da qual Mitt Romney, compreensivelmente, se esquiva.

Os dados da edição de 2011 do " The State of Working America" cobrem a gênese do esfarelamento do trabalho no capitalismo americano. A comparação entre os anos 80, a década de 90 e o limbo atual corrobora idéia de que esta não é uma crise como outra qualquer, mas sim, um ponto de mutação do capitalismo. Razão pela qual exige mais do que esparadrapos para ser superada, como mostram os dados abaixo:

1) os ganhos salariais significativos dos anos 80 sofreram forte desgaste na década de 90;

2) o valor da hora trabalho estagnou ou caiu para 60% dos trabalhadores;

3) em 1996 a renda média familiar já era inferior a de 1986 (uma corrosão persistente);

4) uma família típica assalariada trabalhou 247 horas adicionais em 1996 para obter a mesma renda de 1989, apesar do crescimento de 8% da produtividade no período;

5) o emprego estável esfarelou; a fatia dos trabalhadores com cerca de 10 anos no mesmo emprego caiu de 41% em 1979 para 35,4% em 1996 (e certamente embicou nos anos mais recentes);

6) a desigualdade se acentuou: a renda de uma família de classe média padrão encolheu 3% entre 1989 e 1997, apesar da borbulhante expansão dos investimentos especulativos; em compensação 10% dos lares abocanharam 85% dos ganhos propiciados pela festa financeira;

7) a explosão de rentabilidade das corporações se fez, em parte, em detrimento do ganho das famílias assalariadas; se o grau de exploração tivesse se mantido dentro do padrão médio, a remuneração dos trabalhadores poderia ter ficado 7% acima do que foi;

8) a organização sindical dos trabalhadores regrediu drasticamente: de 1973 a 2011, a fatia da força de trabalho filiada a uniões e sindicatos recuou de 26,7% para
13%; esse fator explica 1/3 da desigualdade na evolução da renda entre homens e cerca de 50% das disparidades entre as mulheres;

9) o trabalho se degradou: os desempregados ao conquistarem uma nova vaga ganhavam,em média, 13% menos que no trabalho anterior; 30% dos empregos em 1997 não eram de tempo integral;

10) enquanto a fatia da renda apropriada pelos lares mais ricos (1% do total) cresceu de 37,4% para 39% entre 1989 e 1997, o universo de lares sem ingressos ou com rendimento negativos saltou de 15,5% para 18,5% no período; na população negra, 31% dos lares tinham renda zero ou negativa em 1995 e 39,9% das crianças negras viviam na pobreza então.

Repita-se: tudo isso já ocorria antes do colapso da subprime, enquanto o emprego escalava os níveis mais elevados em 30 anos, os salários, em tese, recuperavam-se e tinham tudo para ascender, uma vez que a produtividade alcançava picos na economia.

Esse paradoxo feito de exploração extrema e festa rentista só não explodiu antes, graças à válvula de escape do endividamento maciço de governos e famílias, cujo ponto de ruptura foi o esgotamento da bolha imobiliária norte-americana, espoleta da crise mundial de 2008.

Foi então que o criativo edifício de uma supremacia financeira baseada no crédito sem poupança (porque sem empregos decentes, sem distribuição de renda e sem receita fiscal compatível) veio abaixo.

Os antecedentes mostram que a tentativa de ‘limpar o rescaldo’ removendo apenas seu entulho financeiro — ou seja, salvando os bancos e arrochando ainda mais os assalariados e os pobres — aprofunda a origem da crise, em vez de enfrentar as suas causas originais.

O buraco no qual se debatem os 47% renegados por Romney é mais amplo e fundo. Controlar as finanças desreguladas é um pilar da ponte necessária para resgatá-los. Mas o retrospecto feito pelo 'The State of Working America' indica que é preciso ir além para alterar a redistribuição do excedente econômico, ferozmente concentrado nas últimas décadas, na base do morde e assopra – -arrocho de um lado, crédito do outro.

Preservar o mesmo modelo, vitaminado agora de um arrocho no crédito, como se tenta, implica uma operação de viabilidade social em aberto.

Trata-se de abandonar a extração da mais valia relativa (exaurida no ciclo de abundancia dos anos 90) e partir para a expropriação in bruto dos assalariados.

É sobre isso que falam as ruas na Europa, e falam cada vez mais alto. Portugal ofereceu-se como boi de piranha dessa travessia gulosamente cogitada pela comitiva conservadora urbi et orbi. O governo austericida de Passos Coelho tentou confiscar 7% ao mês dos trabalhadores, que afluíram em massa às ruas e derrubaram a medida. Outros laboratórios, como é o caso da Grécia, operam experimentos da mesma envergadura com aposentados e aspirantes, cortando a pensão de uns, esticando a corda no pescoço de outros,ademais de regredir aos primórdios da Revolução Industrial, com a revogação da semana de cinco dias, do descanso semanal remunerado e a extinção do salário mínimo. A coisa vai por aí, mas a conversa está em aberto; falta a esquerda apresentar as suas propostas. A ver.

sábado, 27 de outubro de 2012

"Sobre o mundo cai o véu"



Linda música. Linda cena com José Wilker ao final de Gabriela.

Feliz aniversário Lula!


1945
Nasce em 27 de outubro Luiz Inácio da Silva, em Vargem Comprida, localidade de Caetés, no interior de Pernambuco - na época um distrito do município de Garanhuns. O bebê é o sétimo filho de Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Melo, a "dona Lindu". É registrado, porém, sete anos mais tarde e com data de nascimento diferente: 6 de outubro. Apesar da certidão, Lula comemorava o seu aniversário no dia 27.
 
1952
A mãe de Lula e os filhos se mudam para o litoral de São Paulo, para onde o marido já havia se transferido a fim de tentar a vida como estivador no porto de Santos. Aos 7 anos, Lula se alfabetiza no Grupo Escolar Marcílio Dias e vende laranjas no cais.
 
1956
Se muda para a capital paulista, com a mãe e os irmãos. O pai fica no litoral, após formar uma segunda família com uma prima de dona Lindu.
 
1957
 Começa a trabalhar em uma tinturaria de São Paulo, aos 12 anos. Atua também como engraxate e auxiliar de escritório.
 
1959
 Tem a carteira assinada pela primeira vez, aos 14 anos. É transferido para a Fábrica de Parafusos Marte e começa o curso técnico de torneiro-mecânico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
 
1963

Forma-se no Senai e é admitido em uma metalúrgica, onde tem o dedo mínimo da mão esquerda esmagado por uma prensa hidráulica. Recebe uma indenização e compra um terreno para a mãe. Troca de emprego, mas é demitido por se negar a trabalhar aos sábados.
 
1968
 Filia-se ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, por influência do irmão José Ferreira de Melo, o Frei Chico.
 
 
1969
Casa-se com a operária mineira Maria de Lourdes da Silva. Dois anos depois, ela engravida, mas contrai hepatite no oitavo mês de gestação. Mãe e bebê morrem durante uma cesariana.
 
 
1974
 Nasce Lurian, sua primeira filha. A mãe é a enfermeira Miriam Cordeiro, namorada de Lula na época. No mesmo ano, casa-se com a então viúva Marisa Letícia da Silva e adota Marcos Cláudio, fruto do casamento anterior da mulher. O novo casal teria três filhos: Fábio Luís, Sandro Luís e Luís Cláudio.
 
 
1975
 É eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, com 92% dos votos.
 
1978
 É reeleito para a presidência do sindicato, desta vez com 98% dos votos, após liderar um movimento de reivindicação salarial que se transformou em greve.
 
 
1980
 Junta-se a sindicalistas, intelectuais, católicos militantes da Teologia da Libertação e artistas para fundar, em 10 de fevereiro, o Partido dos Trabalhadores (PT). Mais tarde, o sindicato sofre intervenção devido a uma greve, e Lula fica detido nas instalações do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) paulista por 31 dias. No mesmo ano, inclui Lula em seu nome, uma vez que a legislação da época não permitia o uso de apelidos em campanhas.
 
 
1981
 É condenado pela Justiça Militar a três anos e meio de prisão por incitação à desordem coletiva. Recorre e é absolvido no ano seguinte.
 
 
1982
 Tenta pela primeira vez, sem sucesso, um cargo eletivo: governador de São Paulo. A eleição é vencida por Franco Montoro, do PMDB.
 
 
1984
 Ao lado Ulysses Guimarães, reforça a campanha das Diretas Já.
 
 
1986 É eleito deputado federal com a maior votação do País para a Assembleia Nacional Constituinte.
 
 
1989 Candidata-se na primeira eleição direta para presidente depois do golpe militar de 1964. Perde no segundo turno paraFernando Collor de Melo, do PRN.
 
 
1994
 Tenta pela segunda vez a Presidência da República, mas perde ainda no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.
 
 
1998
 Perde a terceira eleição para presidente. No pleito, FHC foi reeleito no primeiro turno.
 
2002

Vence a eleição presidencial ao derrotar o tucano José Serra, candidato da situação. O segundo turno coincidiu com o aniversário de Lula: 27 de outubro. Ao ser diplomado, em dezembro, disse: "E eu, que durante tantas vezes fui acusado de não ter um diploma superior, ganho o meu primeiro diploma, o diploma de presidente da República do meu país."
 
 
2003No dia 1º de janeiro, toma posse o primeiro operário a alcançar a presidência da República.
 
 
2006

É reeleito no segundo turno, ao derrotar o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, do PSDB.
 
2010

Elege sua sucessora e primeira mulher presidente do Brasil: a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que tentava pela primeira vez um cargo eletivo. Chamado de "o cara" pelo presidente americano Barack Obama, encerra o segundo mandato com aprovação pessoal recorde de 87%.
 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Agenda emocional 2012

 
Ainda bem que  estou quase entrando na fase de resignação saudável.
 
Fonte: El espiritu de los cinicos.

Só a luz salva!

                                                                  Recife no escuro (Imagem do FB de Juliana Karla)
 
Quando tudo escureceu, eu pensei e tremi: começa agora a revolução das muriçocas. Dito e feito. Elas tocaram o terror e literalmente reinaram. Já nem picavam, mordiam. Zoavam sem o menor constrangimento.
A cachorrada da rua resolveu comemorar. Todos os cachorros do meu prédio latiram inclusive a minha cadelinha que depois de velha está ranheta e deu pra uivar feito lobo.
A vizinhança resolveu botar a conversa em dia e quanto mais a luz demorava a chegar, o papo aumentava o volume. Apareceram vozes de criança. Mais do que a falta de energia, o calor acelerou a noite de todos.
Naquele breu todo,  não fui atrás de vela. Fui atrás de uma rede para salvar a noite. Mas não deu pra dormir. Fui para o terraço. O céu estava lindo, estampadinho de estrelas. Eu tinha esquecido como elas são lindas quando a noite é delas. Pensei nas noites do sertão com aquele céu com tantas estrelas que parece que vão cair no colo da gente. Minha filha comentou que céu assim a gente também via quando não tinha medo de assalto e viajava de noite. Fez o comentário e foi deitar.
Tem alguém na vizinhança que tem um laser e sempre aproveita os apagões para riscar os prédios com seus traços irregulares e efêmeros. Deve ter adorado a noite.
Fiquei pensando no penúltimo capítulo de Gabriela. Teria Mundinho salvado a donzela das garras das freiras e da obstinação maluca do Coronel Ramiro?
O tempo inteiro passavam carros na rua. De onde vem e para onde vai tanta gente naquele escuro? Um dos carros que estacionam na rua disparou o alarme. Seria assalto? Acho que não. Quem ia assaltar naquela escuridão inconveniente? Desde quando os ladrões dos tempos modernos dispensam o mínimo conforto na hora do assalto? Com certeza não foi assalto, o carro ficou disparando várias vezes e ninguém quis sair para desligar o alarme.

Fui tomar banho pra melhorar o calor. Tomei dois e nada resolveu. Resolvi ficar na rede com ou sem sono. Pelo menos me embalava para afastar as muriçocas.

De repente, ouvi gritos na vizinhança. Pensei, de repente, que podiam ser torcedores de futebol envergonhados aproveitando o escuro para comemorar o péssimo desempenho dos clubes locais. Apurei o ouvido e a gritaria era uma só: Voltou! Voltou! Acendi as luzes, liguei o ar condicionado e fui finalmente dormir.
Detalhe: mamãe dormiu a noite inteira e não viu e nem ouviu nada.

ML

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A derrota das oposições

A derrota, nestas eleições de 2012, fica com as oposições. Em primeiro lugar, há uma derrota moral. Sem alternativas a propor, desossada do ponto de vista programático, em sua retórica nacional, capitaneada pela mídia conservadora e pelo candidato pessedebista à prefeitura de S. Paulo, tudo o que as oposições apresentaram foi a consigna de “remember Mensalão”.


 
De Reykjavik

Ainda não se sabe qual será o resultado do segundo turno. Vamos aguardar. Mas uma coisa já se sabe: a derrota, nestas eleições de 2012, fica com as oposições.

Em primeiro lugar, há uma derrota moral. Sem alternativas a propor, desossada do ponto de vista programático, em sua retórica nacional, capitaneada pela mídia conservadora e pelo candidato pessedebista à prefeitura de S. Paulo, tudo o que as oposições apresentaram foi a consigna de “remember Mensalão”.

Requentaram o prato inventado, nunca provado. Inventaram seu “herói alternativo”, o ministro Joaquim Barbosa, também de origem humilde, como Lula, o arqui-inimigo daquela direita. Ele, de bom, de mau ou de nenhum grado, acabou entrando no papel. Sobretudo, ao enfrentar de modo irado seu rival – o dr. Silvana para a mídia esclerosada – o ministro Lewandovski, que, sendo revisor, teimava em revisar.

Enquanto isso, em S. Paulo, o candidato excelso (pelo menos para ele) do conservadorismo promovia o pastor Silas Malafaia e seu obscurantismo a cabo eleitoral. Para o opositor, o candidato petista, meu colega de FFLCH/USP e amigo Fernando Haddad, a resultante não podia ser melhor. Contra ele pesava, por exemplo, o apoio do ex-menino dos olhos da direita brasileira, Paulo Maluf. Pois Serra veio lembrar que quem tem Malafaia no próprio telhado não joga Maluf no dos outros.

Em segundo lugar, há uma derrota temporal e espacial. Mais uma vez a direita brasileira demonstra seu anacronismo irreversível. No momento, a pensar nas pesquisas (vamos ver, ainda assim, o que sai das urnas no domingo), a sua melhor cartada é o renascimento de um carlismo defasado em Salvador. E, como em S. Paulo, estribado na diferença de classes. Bom, pelo menos isso está mais claro: rico reacionário vota na direita, e quem com isso se identifica também. Pobre, remediado, povo, povão, vota na esquerda. A direita rifou o povão. Este só entra em suas preocupações se for abençoado pelo pastor Malafaia.

Finalmente, em terceiro lugar, há uma derrota política insofismável e intragável para as nossas direitas. Talvez até para alguns setores da esquerda também. Porque a presidenta Dilma sai reforçada da eleição. E o ex-presidente Lula deu um show de bola. Lula sacou, avaliou, compreendeu que o PT, sobretudo em seu setor paulista, precisava de uma renovação. E apostou nisso. E deu certo. Aliás, a renovação deu certo até onde ela não foi planejada, como em Osasco.

Mesmo que não ganhem, Pochmann e Haddad entrarão para a história do partido, de S. Paulo e do Brasil. Dilma já entrou. Agora é a vez deles. Aliás, de Edmilson, em Belém do Pará, PSOL, agora apoiado por Lula e Dilma também. Aos golpes por vezes no fígado de algumas lideranças do PSOL, Lula e Dilma respondem com a generosidade da visão política avançada.

A direita não agüenta. Talvez um dia ela se reerga das próprias cinzas. Então deixará de fazer campanha para derrotar Lula em 2002.

Ou Vargas em 1950 e 1954, ainda quem sabe.


Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.

Todo beijo faz sentido

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Há quem cante diferente

 
 
(Por Osvaldo Ferreira)
 
Pouco importa que o tal "mensalão" tenha produzido renovação no PT. O que importa é que este julgamento foi viciado pelas pressões midiáticas, adotou doutrinas externas que pegaram a defesa dos acusados de calças curtas, ignorou preceitos fundamentais da constituição federal e do código de processo penal dela derivado e mais, serviu ao aparato midiático partidarizado para influenciar as eleições de 2012. Nesta semana em que se encerram as eleições serão prolatadas as sentenças dos acusados. Jamais presenciei na história do meu país tamanho apequenamento e aviltamento do judiciário. Ocorreram crimes graves praticados pelo PT, mas todos na órbita da Justiça Eleitoral e o caixa-dois é o mais evidente e grave!
Um tribunal que quer ser constitucional e corte máxima, com figuras pusilânimes como Marco Aurélio, que defendeu nesta semana a ditadura militar (fora em outro país perderia seu cargo de imediato, ou renunciaria), Gilmar Mendes, juiz gângster, associado ao que há de mais podre no Brasil, por isso nomeado por FHC ( autor de dois HCs gangurus a Dantas), Barbosa, juiz que não é juiz, mas promotor raivoso que não se investiu de suas responsabilidades constitucionais e se vende ao aparato midiático representante do que há de mais criminoso que é a Veja, cá prá nós, merece respeito de quem?
Uma Procuradoria Geral da República que recebeu documentos à disposição do público há mais de um ano sobre a privataria tucana e que se cala, de forma desonrada, anti republicana e prevaricadora, após se sentar bundosamente, fétidamente, sobre investigações da PF da operação Monte Carlo, espera o que do brasileiro muito bem informado sobre esta república?
Nós aguardamos ansiosos as palavras do Ministro da Justiça, que ainda está a dizer a que veio nesta república, Senhor José Eduardo Martins Cardozo. Aguardamos ansiosos as manifestações dos senhores parlamentares do Partido dos Trabalhadores, pois deputados tem pela CF liberdade absoluta de manifestação, já que estamos cansados de receber a pecha como eleitores do PT, atuantes do PT, defensores do PT e aqui em São Paulo de defensores da candidatura de Haddad, de mensaleiros, corruptos, trambiqueiros, etc. Exigimos a manifestação dos deputados e senadores do PT sobre o julgamento absurdo, sem provas, casuístico, colado ao calendário eleitoral de 2012 do STF, e demais provocações de Ministros do STF, como Marco Aurélio defendendo a ditadura militar ou Gilmar Mendes que participou de ato de lançamento de mais um livro de jornalista da Revista Veja vilipendiando petistas, militantes, Lula e os senhores mesmos. Não aceitamos mais acovardamento. É bom ser deputados, é bom ser senadores, mas saibam que isso depende de nossos votos!!!! Deixem de se acovardar e respondam à altura à nossa indignação! Exigimos a manifestação de vocês! Já!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mandem sua indignação aos senadores do PT:
ana.rita@senadora.gov.br, angela.portela@senadora.gov.br, anibal.diniz@senador.gov.br,gab.josepimentel@senado.gov.br, lindbergh.farias@senador.gov.br, pinheiro@senador.gov.br,
wellington.dias@senador.gov.br, humberto.costa@senador.gov.br, jorgeviana.acre@senador.gov.br,gab.josepimentel@senado.gov.br, lindbergh.farias@senador.gov.br, humberto.costa@senador.gov.br,paulopaim@senador.gov.br, eduardo.suplicy@senador.gov.br,

Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/as-criticas-ao-julgamento-do-mensalao

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Fado para quem é de fado

 
"Talvez não saibas que o amor,
 Apesar das suas leis,
Desnorteia os corações:
- Complicadíssima teia
Onde se perde o bom senso
E as mais sagradas razões"
 
Complicadíssima teia,
de Antonio Botto

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Paradigmas do século XXI


CAFÉ FILOSÓFICO: ENCONTROS, PERDAS E REENCONTROS





Flávio Gikovate analisa que na cultura ocidental, o sexo sempre esteve associado à agressividade, ao jogo de poder, à competição, ao consumismo e à guerra dos sexos e não ao amor. Para Gikovate, a raiva puxa o desejo e está presente nas escolhas afetivas. Seu livro A Libertação Sexual fundamenta-se na ideea de que esta associação precisa ser desfeita em dois fenômenos distintos. Para ele, amor é uma sensação de paz e aconchego que se experimenta com o outro e sexo é uma sensação física de excitação que pode se experimentar sozinho.
Flávio Gikovate: médico psicoterapeuta formado pela USP em 1966, foi assistente clínico no モInstitute of Psychiatryヤ da Universidade de Londres. Colaborador de diversas revistas e jornais, autor de mais de 20 livros sobre os principais aspectos dos conflitos íntimos, especialmente os relacionados com a vida afetiva e sexual.
Fonte: http://www.cpflcultura.com.br/2008/12/26/sexualidade/

domingo, 21 de outubro de 2012

A nova oposição

(Luis Nassif)

A provável derrota de José Serra, para a prefeitura de São Paulo, derrotado pelo adversário Fernando Haddad e pelos seus próprios índices de rejeição, marca simbolicamente o fim de uma era, a dele e de seu padrinho FHC.
A grande questão pela frente é sobre quais bases se sustentará a política brasileira, o partido da situação e a oposição.
 
***
Nenhum partido que se pretende hegemônico, disputando o poder, se constrói a partir do vazio de propostas. Os alicerces, a base central são um conjunto de ideias sobre as quais se assentarão as primeiras lideranças, os primeiros quadros, as primeiras bases sociais para depois se expandir pelo país.
 
***
Desde o século passado, na política brasileira, a formação de ideias políticas se dava a partir dos grandes movimentos ocidentais, as grandes ondas ora pendendo para o liberalismo financeiro, ora para a maior participação do Estado.
Competia aos líderes políticos nacionais farejar os ventos externos e adaptá-los aos movimentos internos, geradores de um pensamento autônomo.
Embora fundamentalmente intuitivo, JK não prescindia do arcabouço teórico dos nacionalistas do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros).
No final dos anos 80, Fernando Collor assimilou os conceitos do tatcherismo, trouxe um discurso liberalizante mas temperado com conceitos desenvolvidos internamente – desde a teoria da “integração competitiva”, de Júlio Mourão, aos princípios de gestão e inovação.
 
***
Quando FHC assumiu o poder, o PSDB dispunha dos seus isebianos, um conjunto de pensadores capazes de dar racionalidade aos rumos da liberalização.
Tudo foi deixado de lado pela falta de vontade crônica de FHC de costurar um pensamento autônomo sequer, de adaptar os princípios do neoliberalismo às condições brasileiras, de perceber os ventos que sopravam os coqueiros daqui, não as nogueiras de lá.
Tivesse um mínimo de sensibilidade em relação ao mundo real brasileiro, teria percebido a importância da inclusão social, não apenas como objetivo de governo mas como projeto de país.
 
***

Nos próximos anos, o PT continuará surfando nas ondas da inclusão e da redução das desigualdades. Como lembrou André Singer, em seus estudos sobre o lulismo, trata-se de uma tendência irreversível, duradoura, a ser abraçada por qualquer partido que ambicione o poder, seja o PT ou outro que vier.
Com Dilma Rousseff, à bandeira da inclusão somaram-se as da gestão e do desenvolvimentismo – mais duas bandeiras deixadas de lado pelo PSDB, preso ao discurso monocórdico das privatizações de FHC.

***
Qual será o desenho, então, da oposição? Nos últimos anos, FHC e especialmente Serra, limitaram-se a entrar na onda do rancor, do negativismo, refletindo a posição de alguns articulistas.
É bem provável que, depois da radicalização liberalizante de FHC, o pêndulo da economia volte-se cada vez mais para o intervencionismo estatal da nova era. Como em todo movimento pendular, no início obedece a demandas racionais e legítimas. Depois, cria sua própria lógica e vira o fio.
É possível que em um futuro distante, uma das bandeiras da oposição possa voltar a ser a redução do papel do Estado.
No entanto, a discussão sobre o papel do Estado não pode estar divorciada da discussão maior: a busca do bem estar dos cidadãos e a ampliação da inclusão social.

O neoconservadorismo - 1

Os conservadores autênticos sempre amarraram o tema redução do Estado ao da promoção da igualdade de oportunidades. Ocorre que a crítica ao Estado – formulada pelo pensamento neoconservador que se apossou da mídia – vem acompanhada de um discurso deplorável contra qualquer forma de inclusão social, de políticas igualitárias. Com isso tirou toda a legitimidade, restringiu o discurso no cercadinho da intolerância.

O neoconservadorismo – 2

Políticas sociais brasileiras – Bolsa Família, Prouni, Luz para Todos – são incensadas internacionalmente. Tornaram-se um contraponto à falta de sensibilidade social do neoliberalismo. Principalmente porque deixam a opção de gastar o dinheiro (ou escolher a Faculdade) para o próprio beneficiário, sem interferência do Estado. Esse tipo de política sempre foi bandeira liberal. Não por aqui, com trogloditas políticos.

O neoconservadorismo – 3

No novo quadro político brasileiro haverá espaço para um partido conservador, mas que não ambicione disputar poder. E esse partido não será o PSDB. Ao longo de sua história política, a atual cara mais visível do PSDB – Serra – comportou-se com um oportunismo que o tornou alvo de desconfianças gerais, à esquerda e à direita, e afastou do partido toda uma nova geração de intelectuais.

O neoconservadorismo – 4

Dias atrás FHC criticou-o por supostamente ter jogado o PSDB no conservadorismo do pastor Malafaia e companhia. Na fase inicial da intolerância religiosa e política, o próprio FHC estimulou essa radicalização. Serra nunca teve fôlego intelectual para montar um conjunto articulado de princípios-guia. Essa tarefa cabia a FHC. Mas seu tempo político passou.

A nova oposição

Agora, há duas lideranças despontando, Aécio Neves e Eduardo Campos, governador de Pernambuco. Aécio não disse a que veio, sequer demonstra vontade política de abdicar dos prazeres da vida. Campos tem se mostrado o melhor governador da atual safra. Em caso de desgaste na agenda petista, seria uma alternativa presidencial (provavelmente em 2020), mas preservando os princípios originais do lulismo.

Ventos externos

Restaria aguardar por ventos externos. Mas internacionalmente assiste-se aos estertores do neoliberalismo, com políticas antipopulares, economicamente desastrosas, sendo impostas goela abaixo dos países europeus. Para a falta de ideias de FHC, não haverá 7o de Cavalaria que o salve dos ataques indígenas. Assim, só restará o esperneio da intolerância reiterada e politicamente suicida.

Fonte:http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-nova-oposicao