domingo, 14 de outubro de 2012

O vale-tudo da política em IP


Richard Nixon tem uma frase emblemática: “Vencer na política não é tudo: é a única coisa”. A políticagem menos lustrosa diz que “feio é perder”. Os dois se referem ao popular vale-tudo. Quanto mais se acredita que cidadania vale nada, mais desavergonhado é o resvalar-se por todo e qualquer tipo de atalhos no contexto das campanhas eleitorais.

E como nossa classe política local padece da falta de lideranças que tenham feitos significativos a contar e onde muitos costumam frequentar listas pouco recomendáveis nos tribunais quando o assunto é dinheiro público, fica fácil conseguir votos mas fica complicado conduzir uma campanha que seja mais  criativa e menos rançosa.

E como não temos discursos nem políticos que se diferenciam, a política se constrói em torno de pequenos guetos sem propósitos, sem programas e sem objetivos que arrastam multidões inconsequentes. No fim, além das mazelas partidárias já pautadas pela hipocrisia da classe política ainda temos espetáculos particularizados de agressão, desaforo, preconceito, entre tantas outras atitudes e comportamentos deploráveis.

Ninguém se salva dessa sanha destrutiva. E tome preconceito! Contra tudo e todos. Contra enfermidades, idade, opção sexual e tudo aquilo que o despeito e a inveja guardados e cultivados rancorosamente aguardam o momento da política para em nome dela se expressar. O que se chama atualmente de baixaria é o que desde sempre se denominou falta de educação. Não digo nem respeito porque seria esperar demais. E falta de educação não quer dizer falta de instrução. Eu diria que vai além da falta de educação, vai às raias  da falta de caráter que caracteriza a vocação para canalhice. E isso não é privilégio de pobre.

Todo mundo sabe que a grande maioria dos votos do interior tem origem em três vertentes: na lealdade, fruto de amizades sólidas; na gratidão por favores prestados caracterizando-se, neste caso, como uma forma de reconhecimento e no dinheiro. Com exceção da lealdade que representa um contingente praticamente inexpressivo, o dinheiro pode reinar soberano. A lógica que move o voto a favor de X ou Y pode ser - grosso modo -  assim resumida.

O voto contra também obedece a um raciocínio muito elementar: não fui contemplado na minha demanda pessoal, estou aborrecido porque fui preterido. Geralmente pode ser explicado pela fulanização. Fulano não me deu assento na ceia larga da distribuição das benesses. Não deu dinheiro, não deu carro, não deu emprego, não contratou meus serviços,  não pagou o colégio do meu filho, não emprestou a ambulância e por aí vai. É o voto do ranço, da mágoa, do despeito.

Não há basicamente no nosso interior o que se chama voto de opinião. Até mesmo porque os poucos que assim pretendem se posicionar não têm em quem votar desde que os candidatos principais já abortaram qualquer iniciativa nesta direção. Qualquer um pequeno que ouse querer aparecer, é logo submetido à pílula do dia seguinte. Como, por que e com quais métodos só os envolvidos no processo podem responder.

Quem ganha, ganha. Quem perde, perde. Tem que respeitar todos os contextos.

Mas não é o que acontece: enfrenta-se pelas ruas  uma multidão de tolos de coligações diversas a se agredirem em praça pública. Os candidatos querem de vocês apenas o voto. No more. Por favor, não briguem. Com certeza daqui a dois anos é muito provável que eles estejam juntos. Daqui a quatro anos, quem serão os próximos companheiros inseparáveis?Nem eles mesmos sabem. Você já conhece a trajetória da política local.  Sempre há surpresas inesperadas. Recolha-se, eleitor querido, você já votou, a glória não te pertence mais. Ninguém mais está interessado em te usar.

Não vai adiantar você ficar ofendendo as pessoas. Nem na rua, nem no pequeno espaço do mural do blog alagoinha.ipaumirim. Não vou excluir o mural  por conta de ofensas e provocações. Não vou privar os demais  de se comunicarem com os amigos por conta de intrigas fortuitas.  Quando esculhambaram com o blog, deixei lá. Foi um desabafo, um insulto, um desespero, sei lá. Mas quem se importa com anônimo se ele mesmo tem vergonha de se anunciar?

Daqui a pouco tudo passa, a vida continua até que voltemos aos paus, pedras e canalhices que caracterizam o nosso jeito de fazer política, de celebrar vitórias e destilar despeitos.
ML

Nenhum comentário: