Richard Nixon tem uma frase
emblemática: “Vencer na política não é tudo: é a única coisa”. A políticagem menos
lustrosa diz que “feio é perder”. Os dois se referem ao popular vale-tudo. Quanto
mais se acredita que cidadania vale nada, mais desavergonhado é o resvalar-se
por todo e qualquer tipo de atalhos no contexto das campanhas eleitorais.
E como nossa classe política
local padece da falta de lideranças que tenham feitos significativos a contar e
onde muitos costumam frequentar listas pouco recomendáveis nos tribunais quando
o assunto é dinheiro público, fica fácil conseguir votos mas fica complicado conduzir
uma campanha que seja mais criativa e
menos rançosa.
E como não temos discursos
nem políticos que se diferenciam, a política se constrói em torno de pequenos
guetos sem propósitos, sem programas e sem objetivos que arrastam multidões
inconsequentes. No fim, além das mazelas partidárias já pautadas pela
hipocrisia da classe política ainda temos espetáculos particularizados de agressão,
desaforo, preconceito, entre tantas outras atitudes e comportamentos
deploráveis.
Ninguém se salva dessa sanha
destrutiva. E tome preconceito! Contra tudo e todos. Contra enfermidades,
idade, opção sexual e tudo aquilo que o despeito e a inveja guardados e
cultivados rancorosamente aguardam o momento da política para em nome dela se
expressar. O que se chama atualmente de baixaria é o que desde sempre se
denominou falta de educação. Não digo nem respeito porque seria esperar demais.
E falta de educação não quer dizer falta de instrução. Eu diria que vai além da falta de educação, vai às raias da falta de caráter que caracteriza a vocação para canalhice. E isso não é privilégio de pobre.
Todo mundo sabe que a grande
maioria dos votos do interior tem origem em três vertentes: na lealdade, fruto
de amizades sólidas; na gratidão por favores prestados caracterizando-se, neste
caso, como uma forma de reconhecimento e no dinheiro. Com exceção da lealdade que
representa um contingente praticamente inexpressivo, o dinheiro pode reinar
soberano. A lógica que move o voto a favor de X ou Y pode ser - grosso modo - assim
resumida.
O voto contra também obedece
a um raciocínio muito elementar: não fui contemplado na minha demanda pessoal,
estou aborrecido porque fui preterido. Geralmente pode ser explicado pela
fulanização. Fulano não me deu assento na ceia larga da distribuição das
benesses. Não deu dinheiro, não deu carro, não deu emprego, não contratou meus
serviços, não pagou o colégio do meu
filho, não emprestou a ambulância e por aí vai. É o voto do ranço, da mágoa, do
despeito.
Não há basicamente no nosso
interior o que se chama voto de opinião. Até mesmo porque os poucos que assim
pretendem se posicionar não têm em quem votar desde que os candidatos
principais já abortaram qualquer iniciativa nesta direção. Qualquer um pequeno
que ouse querer aparecer, é logo submetido à pílula do dia seguinte. Como, por
que e com quais métodos só os envolvidos no processo podem responder.
Quem ganha, ganha. Quem perde, perde. Tem que respeitar todos os contextos.
Mas não é o que acontece:
enfrenta-se pelas ruas uma multidão de tolos de
coligações diversas a se agredirem em praça pública. Os candidatos querem de vocês apenas
o voto. No more. Por favor, não briguem. Com certeza daqui a dois anos é muito
provável que eles estejam juntos. Daqui a quatro anos, quem serão os próximos
companheiros inseparáveis?Nem eles mesmos sabem. Você já conhece a trajetória da política local. Sempre há surpresas inesperadas. Recolha-se, eleitor
querido, você já votou, a glória não te pertence mais. Ninguém mais está
interessado em te usar.
Não vai adiantar você ficar
ofendendo as pessoas. Nem na rua, nem no pequeno espaço do mural do blog
alagoinha.ipaumirim. Não vou excluir o mural por conta de ofensas e
provocações. Não vou privar os demais de se comunicarem com os
amigos por conta de intrigas fortuitas. Quando esculhambaram com o blog, deixei lá. Foi
um desabafo, um insulto, um desespero, sei lá. Mas quem se importa com anônimo se ele mesmo
tem vergonha de se anunciar?
Daqui a pouco tudo passa, a vida continua até que voltemos
aos paus, pedras e canalhices que caracterizam o nosso jeito de fazer política,
de celebrar vitórias e destilar despeitos.
ML
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