(Marco Antonio Araujo)
Como bem disse o encantador de multidões Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Então, não custa tornar a idolatria por Avenida Brasil um pouco inteligente e discordar da comoção nacional.
Gostar das obviedades dessa novela e tomá-las por algo revolucionário é como torcer para Corinthians ou Flamengo: popular, mas inexplicável. Lotar estádios tem sido cada vez mais raro, eis o porquê de essas torcidas merecerem algum respeito.
Trazer o povo, o pobre, a alma brasileira, a velha nova classe média para a telinha foi feito com maior primor e talento por Dias Gomes e Janete Clair. Rainha da Sucata também pode ser lembrada, não custa.
O que João Emanuel Carneiro trouxe para frente do sofá foi o mau gosto, a gritaria e a repetição sem fim de uma história de vingança e sordidez. Isso não é uma crítica, mas uma constatação.
Tirando o maior corno de todos os tempos, os demais personagens, sem exceção, são mesquinhos, sujos, inúteis, estridentes, deselegantes, infames. Ou simplesmente trouxas. O Brasil gosta de se ver assim. E torce pelo bandido.
Tem nome o que explica esse fenômeno de sucesso: Adriana Esteves. Com todo respeito ao esforço de Debora Falabella, mas não assistimos a um duelo de talentos: o que houve foi uma execução. É assombroso, assustador e inesquecível o que essa atriz fez por Carminha. Evoé.
Mas a decepção com Avenida Brasil já está desenhada nesses últimos e constrangedores capítulos. Nem vale a pena perder tempo enumerando as dezenas de falhas e incongruências nos desfechos.
Basta a vilania de última hora, aleijada e desagradável, do Gepeto interpretado por Juca de Oliveira. Jamais houve vilão mais fracassado. E incompetente. Morrer é o mínimo que ele merece.
Se a novela tivesse acabado uma semana antes, sem essa lambança toda, seria uma coisa. Mas está escrito: não existe novela boa com final ruim.
Fonte:http://noticias.r7.com/blogs/o-provocador/
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