A derrota, nestas eleições de 2012, fica com as oposições. Em primeiro lugar, há uma derrota moral. Sem alternativas a propor, desossada do ponto de vista programático, em sua retórica nacional, capitaneada pela mídia conservadora e pelo candidato pessedebista à prefeitura de S. Paulo, tudo o que as oposições apresentaram foi a consigna de “remember Mensalão”.
Flávio Aguiar
De Reykjavik
Ainda não se sabe qual será o resultado do segundo turno. Vamos aguardar. Mas uma coisa já se sabe: a derrota, nestas eleições de 2012, fica com as oposições.
Em primeiro lugar, há uma derrota moral. Sem alternativas a propor, desossada do ponto de vista programático, em sua retórica nacional, capitaneada pela mídia conservadora e pelo candidato pessedebista à prefeitura de S. Paulo, tudo o que as oposições apresentaram foi a consigna de “remember Mensalão”.
Requentaram o prato inventado, nunca provado. Inventaram seu “herói alternativo”, o ministro Joaquim Barbosa, também de origem humilde, como Lula, o arqui-inimigo daquela direita. Ele, de bom, de mau ou de nenhum grado, acabou entrando no papel. Sobretudo, ao enfrentar de modo irado seu rival – o dr. Silvana para a mídia esclerosada – o ministro Lewandovski, que, sendo revisor, teimava em revisar.
Enquanto isso, em S. Paulo, o candidato excelso (pelo menos para ele) do conservadorismo promovia o pastor Silas Malafaia e seu obscurantismo a cabo eleitoral. Para o opositor, o candidato petista, meu colega de FFLCH/USP e amigo Fernando Haddad, a resultante não podia ser melhor. Contra ele pesava, por exemplo, o apoio do ex-menino dos olhos da direita brasileira, Paulo Maluf. Pois Serra veio lembrar que quem tem Malafaia no próprio telhado não joga Maluf no dos outros.
Em segundo lugar, há uma derrota temporal e espacial. Mais uma vez a direita brasileira demonstra seu anacronismo irreversível. No momento, a pensar nas pesquisas (vamos ver, ainda assim, o que sai das urnas no domingo), a sua melhor cartada é o renascimento de um carlismo defasado em Salvador. E, como em S. Paulo, estribado na diferença de classes. Bom, pelo menos isso está mais claro: rico reacionário vota na direita, e quem com isso se identifica também. Pobre, remediado, povo, povão, vota na esquerda. A direita rifou o povão. Este só entra em suas preocupações se for abençoado pelo pastor Malafaia.
Finalmente, em terceiro lugar, há uma derrota política insofismável e intragável para as nossas direitas. Talvez até para alguns setores da esquerda também. Porque a presidenta Dilma sai reforçada da eleição. E o ex-presidente Lula deu um show de bola. Lula sacou, avaliou, compreendeu que o PT, sobretudo em seu setor paulista, precisava de uma renovação. E apostou nisso. E deu certo. Aliás, a renovação deu certo até onde ela não foi planejada, como em Osasco.
Mesmo que não ganhem, Pochmann e Haddad entrarão para a história do partido, de S. Paulo e do Brasil. Dilma já entrou. Agora é a vez deles. Aliás, de Edmilson, em Belém do Pará, PSOL, agora apoiado por Lula e Dilma também. Aos golpes por vezes no fígado de algumas lideranças do PSOL, Lula e Dilma respondem com a generosidade da visão política avançada.
A direita não agüenta. Talvez um dia ela se reerga das próprias cinzas. Então deixará de fazer campanha para derrotar Lula em 2002.
Ou Vargas em 1950 e 1954, ainda quem sabe.
Ainda não se sabe qual será o resultado do segundo turno. Vamos aguardar. Mas uma coisa já se sabe: a derrota, nestas eleições de 2012, fica com as oposições.
Em primeiro lugar, há uma derrota moral. Sem alternativas a propor, desossada do ponto de vista programático, em sua retórica nacional, capitaneada pela mídia conservadora e pelo candidato pessedebista à prefeitura de S. Paulo, tudo o que as oposições apresentaram foi a consigna de “remember Mensalão”.
Requentaram o prato inventado, nunca provado. Inventaram seu “herói alternativo”, o ministro Joaquim Barbosa, também de origem humilde, como Lula, o arqui-inimigo daquela direita. Ele, de bom, de mau ou de nenhum grado, acabou entrando no papel. Sobretudo, ao enfrentar de modo irado seu rival – o dr. Silvana para a mídia esclerosada – o ministro Lewandovski, que, sendo revisor, teimava em revisar.
Enquanto isso, em S. Paulo, o candidato excelso (pelo menos para ele) do conservadorismo promovia o pastor Silas Malafaia e seu obscurantismo a cabo eleitoral. Para o opositor, o candidato petista, meu colega de FFLCH/USP e amigo Fernando Haddad, a resultante não podia ser melhor. Contra ele pesava, por exemplo, o apoio do ex-menino dos olhos da direita brasileira, Paulo Maluf. Pois Serra veio lembrar que quem tem Malafaia no próprio telhado não joga Maluf no dos outros.
Em segundo lugar, há uma derrota temporal e espacial. Mais uma vez a direita brasileira demonstra seu anacronismo irreversível. No momento, a pensar nas pesquisas (vamos ver, ainda assim, o que sai das urnas no domingo), a sua melhor cartada é o renascimento de um carlismo defasado em Salvador. E, como em S. Paulo, estribado na diferença de classes. Bom, pelo menos isso está mais claro: rico reacionário vota na direita, e quem com isso se identifica também. Pobre, remediado, povo, povão, vota na esquerda. A direita rifou o povão. Este só entra em suas preocupações se for abençoado pelo pastor Malafaia.
Finalmente, em terceiro lugar, há uma derrota política insofismável e intragável para as nossas direitas. Talvez até para alguns setores da esquerda também. Porque a presidenta Dilma sai reforçada da eleição. E o ex-presidente Lula deu um show de bola. Lula sacou, avaliou, compreendeu que o PT, sobretudo em seu setor paulista, precisava de uma renovação. E apostou nisso. E deu certo. Aliás, a renovação deu certo até onde ela não foi planejada, como em Osasco.
Mesmo que não ganhem, Pochmann e Haddad entrarão para a história do partido, de S. Paulo e do Brasil. Dilma já entrou. Agora é a vez deles. Aliás, de Edmilson, em Belém do Pará, PSOL, agora apoiado por Lula e Dilma também. Aos golpes por vezes no fígado de algumas lideranças do PSOL, Lula e Dilma respondem com a generosidade da visão política avançada.
A direita não agüenta. Talvez um dia ela se reerga das próprias cinzas. Então deixará de fazer campanha para derrotar Lula em 2002.
Ou Vargas em 1950 e 1954, ainda quem sabe.
Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.
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