Prefeitura Municipal de Ipaumirim
Posse de novos governantes municipais em quase todas as
cidades brasileiras. As grandes cidades são
desafiadoras. As demandas e a diversidade de problemas convivem num arranjo
complexo que parecem soberanos a qualquer circunstancia ou governo. Além dos
problemas concretos que precisam de soluções para ontem, ainda é preciso
encarar a costura política entre os partidos aliados. Para atender a voracidade
contida é preciso habilidade, competência e muita grana para fazer acontecer o
milagre da multiplicação dos peixes. E haja esquartejamento da administração
pública para atender aos partidos e aos financiadores das campanhas. Esse é
outro que não entra de graça. Sem eles não há campanha nem eleitos. Se você
conseguir identificar de onde vem o dinheiro da campanha, já sabe para onde vão
os investimentos.
Em qualquer circunstância, basta seguir o dinheiro para
descobrir ligeirinho os misteriosos caminhos da administração pública.
Isto não é privilégio de grandes cidades com os seus
conglomerados financeiros à espreita de retorno. Nas cidades minúsculas, como
IP, a lógica perversa não foge à regra geral. A diferença está na distribuição dos
recursos públicos. O que fica concentrado e o que se pulveriza funcionam conforme
os contratos indizíveis com suas normas implícitas que norteiam as relações de
poder no contexto da política.
Isto não é novidade, tá no kit. Novidade seria romper com
essa lógica. Mas vamos reconhecer que não somos capazes de ir além das típicas histerias
eleitoreiras, dos insultos pessoais, da baixaria contumaz e dos barracos
populares que fazem a rotina das campanhas.
E nem vou falar de oposição, seja de que lado for. Sabemos
que as oposições locais nunca exerceram a função que deve ter uma oposição
diante de um governo. Elas historicamente se comportaram como os “contrariados
do poder”. Não deu pra mim, já virei.
E porque falta organização e foco nas oposições, os prefeitos sempre
reinaram. Aliás, reinaram mais que governaram. Não informam, não explicam, não
dão satisfação.
A Câmara de Vereadores se apega à pequenez das discordâncias partidárias
e no que realmente interessa compõe uma cena muda. Depois, acha ruim quando se
expõe ao ridículo como naquela invasão recente dos populares num momento vergonhoso
de desrespeito às instituições.
Se quisermos algo melhor para Ip, precisamos mudar o nosso
comportamento: prefeito, vereadores e comunidade. O prefeito precisa ter
liberdade para propor, a Câmara para aprovar e o povo para discutir.
Para governar não é preciso unanimidade. É preciso competência,
transparência, descentralização. Oposição competente, comunidade organizada e
uma desobstrução geral dos canais de informação podem influir no processo.
Sem comparar, mas olhando em volta e observando os avanços de
Cajazeiras e de nosso entorno na região centro-sul do Ceará para onde se
encaminham recursos e programas de importância na dinâmica regional, percebemos
que estamos cada dia mais isolados.
IP precisa de um destino. Se continuarmos onde estamos, estaremos sempre de volta ao começo. Ou pior, vamos ladeira abaixo na contramão do século.
ML
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