Como exemplo de pleitos passados no Interior, o poeta popular, Pompílio Diniz, fez versos que mostram uma época marcada pelo chamado ´voto de cabresto´. Era um tempo em que predominava a falta de liberdade política na decisão do eleitor, especialmente entre votantes da zona rural. Nesse contexto, políticos costumavam determinar a escolha dos candidatos, comprando o voto dos eleitores, ou simplesmente trocando por alimentos.
Seu dotô, pras nossas banda,
Quando é tempo de inleição
Os candidatos é quem manda
Dá comida e condução...
E todos que vão votar
Come inté arripuná
Carne de porco e pirão.
°°°
Aqui só tem dois partido
O governo e a opusição
O resto é desconhecido
Que o cabra queira ou qui não
Tem qui iscuiê um dos dois
Pra puder votar, dispois
No dia da inleição.
°°°
Porém nenhum deles presta
Nem se conhece esses home.
Também nós vamo é pra festa
Tira a barriga da fome.
Dispois, votá pru votá
Do voto que a gente dá
Só se aproveita o que come.
°°°
Foi purisso qui Vicente
Nesta última inleição
Cumeu de ficar doente
Carne de porco e pirão
Sarapaté e chouriço
E depois cum sacrifiço
Foi votar na opusição.
°°°
E quando chego na hora
Dele ir pras urna votar
O pobe quis ir lá fora
Pra puder se aliviar
Mas o tá do presidente,
Começou a chama Vicente
E mandou logo ele entra.
°°°
E dixe pra ele: assine
Seu nome nesse papé
Dispois entre na cabine
E vote lá em quem quisé
Num percisa afobamento
Mas num demore lá dento
Pru que os ôto também qué.
°°°
Aí Vicente assinô
O qui tinha de assiná
E se torcendo de dor
Sem puder mais nem falá
Mostra o tito se privine
Fecha a porta da cabine
E, aí, começa a votá.
°°°
Lá na mesa o presidente
Mandando o povo calá.
Toca a esperá pru Vicente
Toca Vicente a custá
Já fazia meia hora
E o pessoá lá de fora
Se danô a reclamar.
°°°
Diz um fazendo chacota
Seu fiscá, oi a demora
Esse home vota ou num vota
Diz ôto. Vamo imbora
A urna é só pra Vicente
O peste do presidente
Num bote o homem pra fora.
°°°
E pra num havê revorta
Foi de pressa o presidente
Batê cum força na porta
Da cabine do Vicente
Dispois de muitas batida
Uma voz grossa, isprimida
Falô de dento: - Tem gente´.
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/
Seu dotô, pras nossas banda,
Quando é tempo de inleição
Os candidatos é quem manda
Dá comida e condução...
E todos que vão votar
Come inté arripuná
Carne de porco e pirão.
°°°
Aqui só tem dois partido
O governo e a opusição
O resto é desconhecido
Que o cabra queira ou qui não
Tem qui iscuiê um dos dois
Pra puder votar, dispois
No dia da inleição.
°°°
Porém nenhum deles presta
Nem se conhece esses home.
Também nós vamo é pra festa
Tira a barriga da fome.
Dispois, votá pru votá
Do voto que a gente dá
Só se aproveita o que come.
°°°
Foi purisso qui Vicente
Nesta última inleição
Cumeu de ficar doente
Carne de porco e pirão
Sarapaté e chouriço
E depois cum sacrifiço
Foi votar na opusição.
°°°
E quando chego na hora
Dele ir pras urna votar
O pobe quis ir lá fora
Pra puder se aliviar
Mas o tá do presidente,
Começou a chama Vicente
E mandou logo ele entra.
°°°
E dixe pra ele: assine
Seu nome nesse papé
Dispois entre na cabine
E vote lá em quem quisé
Num percisa afobamento
Mas num demore lá dento
Pru que os ôto também qué.
°°°
Aí Vicente assinô
O qui tinha de assiná
E se torcendo de dor
Sem puder mais nem falá
Mostra o tito se privine
Fecha a porta da cabine
E, aí, começa a votá.
°°°
Lá na mesa o presidente
Mandando o povo calá.
Toca a esperá pru Vicente
Toca Vicente a custá
Já fazia meia hora
E o pessoá lá de fora
Se danô a reclamar.
°°°
Diz um fazendo chacota
Seu fiscá, oi a demora
Esse home vota ou num vota
Diz ôto. Vamo imbora
A urna é só pra Vicente
O peste do presidente
Num bote o homem pra fora.
°°°
E pra num havê revorta
Foi de pressa o presidente
Batê cum força na porta
Da cabine do Vicente
Dispois de muitas batida
Uma voz grossa, isprimida
Falô de dento: - Tem gente´.
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário