domingo, 12 de outubro de 2008

Tribuna Livre


ASSIMILANDO E RINDO
DO REVÉS POLÍTICO
EM ALAGOINHA

Rubens Dário
Perdi uma campanha política. A vida é sempre assim: vivemos a perder algo ou alguém. Com o desenrolar de todo esse processo em Alagoinha as pessoas vivem a me perguntar como eu estou e respondo dizendo que estou bem. Já no dia 05/10 ao final da eleição alguns não me entenderam quando indaguei porque eles choravam. Fui mal interpretado, inclusive pela minha mãe que perguntou se eu não sentia pena daquelas pessoas. Esse pito passado pela minha sábia genitora me fez ir até onde se concentrava um grupo pessoas choronas e agradeci a todos pelo empenho e pelo voto dado. Disse-lhes também que esquecessem tudo e procurassem voltar ao cotidiano o mais rápido possível. Recebi em troca uma salva de palmas. Minha mãe não sabe, mas eu não aprecio pessoas que choram fácil.

No dia 30 de Junho quando da convenção do PT, Leylton chorava como um bezerro desmamado dizendo que tinha sido traído e que não reunia condições emocionais, psicológicas e financeiras para levar a campanha. Ao fazer uso da palavra eu disse para todos ouvirem: “Leylton, eu até admiro os homens que choram, mas prefiro os homens como eu que choram pouco e são como uma pedra de gelo. Se você não quiser ser candidato a prefeito pelo PT eu ofereço meu nome ao partido, mas nunca será dado o golpe branco da candidatura única em Alagoinha. A frase foi forte, Leylton chorou mais um pouco, porém aceitou”. O resto todo mundo já sabe.

Nessa campanha houve mais coisas para me fazer rir do que chorar. Nela descobri que amizade não conta em política e que realmente todo homem tem seu preço, uns são mais caros, outros mais baratos. Um amigo mandou buscar uma bandeira vermelha do PT para colocar na sua casa e disse que faria isso em nome da nossa amizade de aproximadamente 30 anos. Isso teria sido lindo se não fosse cômico. Um dia antes da eleição o mesmo amigo, em troca de alguns reais, mandou-me um recado dizendo que estava precisando da grana e por isso iria trocar a bandeira, mas que eu não me preocupasse, pois seu voto pertencia ao PT. Achei estranho, mas resolvi apostar. No dia 05 meu amigo(?) apareceu todo de verde, as cores do adversário, e certamente votou contra minha pessoa. Perdi seu voto, a eleição e talvez a amizade. Não chorei por isso, pelo contrário, fiquei feliz, pois esse sujeito durante trinta anos poderia ter atentado contra minha vida ou me roubado um bem material de valor. Ele não o fez e apenas traiu-me com seu voto. Então, devo rir ou chorar? Claro que tenho motivos para dar boas gargalhadas. Me livrei de um traidor nato.

No dia da eleição a candidata a vereadora, minha tia Cineide Vieira foi pega em flagrante com a bolsa cheia de “santinhos” na criminosa propaganda de boca de urna. Achei estranho o policial tirar a propaganda de sua bolsa e não detê-la como manda a Lei. Liguei para o advogado do PT que veio de Fortaleza para ajudar na parte jurídica. Ele me disse que Fabrício filho de Manoel Machado, candidato a vereador que nos apoiava, também tinha sido flagrado cometendo o mesmo crime junto com Sônia Nery candidata a vereadora opositora, e ai o Juiz pediu para ser feito um acordo: os dois lados abririam mão da denuncia e todos seriam liberados. Vejam só: segundo o advogado, que fique bem claro isso, o Juiz propôs um acordo pra Lei não ser cumprida. Isso não é uma piada? Por que então deveria eu chorar?

Porém, a maior piada da eleição ainda estava por acontecer. Meu lado espiritual é muito pobre, embora não seja um ateu, sou muito cético para algumas coisas. Não gosto muito de certos grupos que pregam uma coisa e fazem outra. No dia da eleição, uma amiga que estava bêbada – aonde será que ela bebeu? Não havia a Lei seca? – disse-me que tinha sido levada até a sacristia da capela do Felizardo e recebido uma proposta de vender seu voto. Ora, a amiga estava bêbada e compra de voto na sacristia da capela era impossível. Ledo engano. Não é que a capela passou o domingo, dia de eleição,o tempo todo aberto. Pois é, quando a policia foi para o lado de lá, por volta de 15:30 h era tarde demais, muitos votos já haviam sido comprados e a eleição perdida e os criminosos saíram pela tangente, ou melhor, pela porta lateral, estrategicamente aberta. Tudo isso sob o olhar cúmplice do Pai Eterno. Por falar nisso, uma garota que chorava muito após o revés político me dizia: “tanto que eu pedi a Deus pra gente vencer”. Ai eu disse a ela: Deus não vota em Alagoinha e apoiou nossos adversários, ele emprestou até sua casa para a negociata do voto. Ora, se Deus era contra nós, quem seria por nós? Soube também que bem antes da eleição houve um café da manhã em Alagoinha realizado pela igreja. Disseram-me que só estava lá o pessoal da oposição, os verdes. Não sei se Leylton foi convidado, eu não fui, mas tudo bem, eu não iria mesmo. Como já escrevi em outras ocasiões alguns membros da igreja católica de Alagoinha pensam que Deus é burro, pois levam uma vida social condenável, mas rezam como se fossem anjos. Eis outra boa piada. Não é pra rir uma história dessa?

Como se não bastasse tudo isso, vi comportamento de membros da maçonaria extremamente lastimável. Vi boca de urna, transporte irregular de eleitores e conseqüentemente compra de voto executado por um membro maçom. Meu irmão Leônidas é maçom e vive dizendo que eu deveria entrar pra ordem. Digo que não estou pronto para isso e brinco dizendo que só entrarei um dia se ao invés – como dizem as más línguas - de beber o sangue de um bode preto no ritual, seja possível beber o leite de uma ovelha branca direto de suas tetas,. Porém, mesmo que surgisse a ovelha eu não iria à Loja de Alagoinha. Se lá a galera realmente resolvesse dizer pelo menos quantos são infiéis às suas esposas, certamente seriam expulsos do Templo. Mas tudo bem, eu e a maioria da população sabe quem são os maçons nas suas vidas sociais. Ah, o Arquiteto do Universo também sabe mas ele anda meio sem “moral” com seus filhos falsos e talvez até castigue um filho como eu que sempre estou a destilar verdades carregadas de boas doses de veneno. Alguém tem coragem na Loja de tirar a máscara e mostrar a cara? Duvido muito. Por falar nisso, eis um preceito da Ordem: “exigir de seus membros boa reputação moral, cívica, social e familiar, pugnando pelo aperfeiçoamento dos costumes”. Eis mais um exemplo de teoria sem pratica. Essa não é uma boa piada?

Olha, vou ser bem sincero: foi bom perder, eu não seria o vice-prefeito ideal para nossa terra no momento, quem sabe no futuro. Sou polêmico demais, sou muito intrépido e costumo dizer verdades abertamente e isso não interessa a maior parte da sociedade falso moralista de Alagoinha. Eu não vim ao mundo para aceitar coisas e fatos, eu vim para questioná-los e expô-los a nu. Acorda Alagoinha.

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