sábado, 13 de outubro de 2007

DOMINGO MEMORIOSO

Um dia, conversando com meu pai, Vicente Gomes, perguntei pra ele a razão do nome de minha sobrinha, filha de Haroldo, ser Gesilda. Ele me respondeu: “- porque essa é minha última mensagem ao patrão.” Patrão que soube se fazer amigo. Zé Macedo era a referência do meu pai. Ele era capaz de lembrar-se de cada gosto, cada palavra, cada gesto, cada conselho do velho patrão e quase pai. Nunca o vi mencionar o seu nome sem reverência e respeito. Em minha em casa, em Recife, acometido de Parkinson, com dificuldades na fala, fazia questão de me contar passagens de sua vida junto ao amigo. Parecia querer deixar gravado em algum lugar que fosse além dele, a sua eterna gratidão e infinito carinho. Suas vitórias, dores, alegrias eram vividas pelo meu pai como se fossem próprias. E eu, às vezes, ficava me perguntando como se constrói um amor assim incondicional, profundo e infinito. Quando Genilda estava doente, ele já tão castigado de seqüelas do Parkinson que lhe privava do convívio saudável e o condenava a observar o mundo porque já lhe era difícil falar, me chama e diz: “Não seria bom Genilda vir passar uns dias aqui com a gente? Quem sabe ela melhorava um pouco passando uns dias por aqui ?”. Para aproximar Zé Macedo dos mais jovens que não o conheceram, eu poderia dizer que ele era o pai de Bosco e Giseldina, avô de Irma, que a maioria conhece. Para os mais antigos, eu poderia lembrá-lo como o dono da Loja Macedo que ficava na esquina da Rua Coronel Gustavo Lima com o Largo da Feira, atualmente descaracterizado como Praça São Sebastião. Poderia dizer ainda que foi o chefe da família que morou na casa que atualmente é de Dr. Anchieta. Mas eu prefiro dizer que estou falando da mais cara lembrança do meu pai.

(Esta carta eu encontrei guardada no cofre da loja. Foi um presente de Bosco para o meu pai. Tentei, de certa maneira, acompanhar as épocas a que se refere, ora com fotografias, ora com informações complementares na coluna ao lado. Mais que uma carta, é um legado que repassa com detalhes as dificuldades do princípio do século. O conteúdo é muito longo para um blog e será subdivido em capítulos publicados, aos domingos, na seqüência do Domingo Memorioso. O capítulo de hoje trata do período de 1899 a 1920.)
Construirás os labirintos impermanentes / que sucessivamente habitarás.
(Cecília Meireles, "Desenho", in O Estudante Empírico).

AUTOBIOGRAFIA E REMINISCÊNCIAS
(José Macedo)

Nasci no dia 8 de setembro de 1899, em uma sexta feira, às 6 ½ horas da noite no Sítio Baixa Grande, município de Mulungu (1), na Serra de Baturité, meus pais Antonio Joaquim de Jesus Macedo e Edeltrudes Camelina de Macedo.
Meu pai antes sua morte, em 8 de outubro de 1914, na Fazenda Veados, município de Canindé (2), deixou para cada filho uma caderneta escrita de próprio punho com seus dados biográficos e úteis conselhos que depois de 50 anos observo-os e guardo em minha memória. Foi esta caderneta a única herança que nos legou e que muito proveitosa tem sido para mim.
Desde muito tempo que meus filhos mais velhos vinham insistindo para que eu descrevesse algo de minha vida, afim de conhecerem a trajetória de minha existência desde a infância até a data presente em que conto 64 anos de idade.
Sobre este ponto de vista eu vinha vacilando, não por inércia e sim por faltar-me a instrução precisa para este mister, pois os meus conhecimentos adquiridos naquela época, são inferiores ao atual curso primário.
Meu saudoso pai, foi pequeno proprietário na Serra de Baturité, porém, arruinando os tempos e faltando a safra de café, a principal fonte de renda daquela região foi obrigado a hipotecar os imóveis e mais tarde ficar sem eles. Como não tinha outra fonte de renda, resolveu fixar residência em Canindé e, como era homem que havia cursado o seminário de Fortaleza, tendo feito o 3º (terceiro) ano de Teologia, colocou-se como professor no colégio dos frades, naquela cidade, ganhando a importância de 100$000 mensais (cem cruzeiros , moeda atual) com essa importância sustentava uma família de 13 pessoas. Tudo em casa era racionado e a situação melhorava um pouco, quando meus dois irmãos, Moisés e Isaias que se encontravam no Amazonas mandavam algum dinheiro.
Minha irmã mais velha, Ester, que hoje conta com 80 anos, havia estudado com meu pai e adquirido alguns conhecimentos, portanto estava habilitada a alfabetizar as crianças. Botou uma escola para ensinar os meninos da vizinhança cobrando 2$000 mensais (dois cruzeiros) por cada menino.
Naquele tempo por falta de conhecimentos pedagógicos usavam fazer medo às crianças ameaçando aos que não estudassem de botá-los na marinha, o bicho papão, o terror das crianças. Era o tempo da palmatória, do piparote e outros castigos. Eu, que era um pouco inteligente, e o medo da marinha, dedicava-me de corpo e alma aos estudos, dentro de uma semana aprendi a carta do ABC, passei para o primeiro livro e a tabuada.
Nos dias de sexta-feira, tínhamos argumentos de tabuada e soletrar nomes. A professora colocava a meninada em roda, todos de pé, e começava: 5 e 6 noves fora vezes 2, quase todos erravam, então chegava a minha vez, logo respondia 4, pegava a palmatória e dava um bolo em cada um; a mesma coisa acontecia com o soletrar dos nomes, cabendo-me sempre o primeiro lugar, e assim passei 4 anos estudando com minha boa e dedicada irmã que nunca me deu um bolo e tratou-me com especial carinho. Quando ela não sabia mais para ensinar-me, meu pai que já havia deixado o colégio dos frades, empregava-se nas fazendas de homens ricos para ensinar-lhe aos filhos, então eu o acompanhava viajando na garupa dos animais que conduzia.
Foi assim que adquiri os conhecimentos com os quais estou escrevendo estas memórias, pois só estudei até a idade de doze anos. Como não tínhamos residência fixa, fomos morar no Sítio Monte Alegre, de propriedade de uma grande amiga e benfeitora de nossa família, D. Amelina Barbosa Cordeiro. Enquanto a família ali morava, eu fui para Riachão, hoje Capistrano de Abreu (3), como empregado de Francisco Nunes, ordenado de 25$000 (vinte e cinco cruzeiros). Naqueles tempos, eu contava com meus quinze a dezesseis anos. Em todos esses empregos, eu era sempre tratado com certo desprezo não tendo direito a sentar-me na roda da família do patrão. Em Riachão, o patrão tinha uma fábrica debeneficiar algodão e temendo algum sonho eu ia dormir dentro dela, junto aos fardos de algodão no meio de terrível imundície a fim de defendê-la de algum gatuno. Muitas vezes, depois de deitado, ouvia alguma pancada. Levanta-me e saia vigiando todos os compartimentos reparando as portas se estavam trancadas, etc e etc.
Em Riachão, sonhei com um mundo melhor, consegui juntar 100,00 e resolvi
conhecer a capital do meu Estado: Fortaleza. Tomei o trem da R.V.C. e ali chegando hospedei-me na primeira pensão que encontrei:, a Pensão Machado que, naquele tempo, ficava na Praça General Sampaio, perto da estação da R.V.C. Pagava uma diária de 5$000 (cinco mil réis ou seja cinco cruzeiros) . Era uma época de frio porém o hoteleiro não botou lençol e eu acanhei-me de pedir. Embrulhava-me com a própria rede e fazia travesseiro da roupa.
Em Fortaleza, eu não tinha conhecidos portanto ninguém me orientava. Muitas vezes, perdi-me bem perto da pensão e tinha que dar 200 réis a um garoto para ensinar-me. Como a minha hospedagem ficava perto da estação da via férrea, certa noite encontrei-me na Praça do Ferreira, o ponto mais central da capital. Quis voltar para dormir e fui ao ponto esperar um bonde, olhei para um que se aproximava e vi a placa – Estação, paguei um tostão de passagem, sentei-me no banco, o veículo moveu-se a seguir. Adiante, notei que tomava um rumo diferente da minha hospedagem, mesmo assim segui ao ponto terminal que era justamente a estação de bonde e o veículo ia recolher-se, um tanto acanhado perguntei ao motorista qual o bonde que me conduziria a estação da via férrea, respondeu-me que tomasse na praça o bonde que tinha esse nome. Assim, tive que voltar e fiz como me foi ensinado, neste vai e vem foram gastos 300 réis (valor atual de 30 centavos).

(Estação Central de Fortaleza)

Era minha intenção arranjar um emprego no comércio, não trazia nenhuma carta de recomendação, portanto não era portador de credenciais que me recomendassem. Mesmo assim, fui bater à porta da firma J. Lopes & Cia, estabelecidos com o comércio de tecidos, armazém de miudezas e artigos de exportação. Dirigi-me ao chefe da firma, Sr. João Lopes, homem de cara dura e autoritário, falei o emprego, fez-me algumas perguntas, se sabia ler e escrever, mandou assinar o nome, etc. Depois de minucioso interrogatório, disse que ia colocar-me e que me apresentasse ao gerente, Sr. Plínio, no armazém da praia, de compras de osso, crina de animais, chifres, etc. e as refeições seriam em sua casa residencial. Conforme as instruções recebidas apresentei-me ao gerente, assumi o emprego e para o almoço este disse-me que chegasse em casa do patrão 11 1/2horas. Como eu tinha um relógio Roscópia que me havia custado 5$000 réis (cinco cruzeiros) cheguei em cima da hora pois sempre gostei de ser pontual e cumprir ordens. Quando fui chegando em casa do patrão, o pessoal estava terminando o almoço e o chefe foi logo passando um áspero carão por eu ter chegado atrasado. Finalmente, mandaram que eu entrasse, com muito acanhamento, vestido de trajes humildes, com meus sapatos de couro de bode, saí pisando os tapetes do Sr. João Lopes. Sentei-me e pouco comi, dado o acanhamento que me encontrava.
Depois de um mês trabalhando na praia, fui transferido para o armazém de miudezas, na Rua Major Facundo. Como na época eu tinha uma boa letra e pouco se usava máquina de escrever, fui designado para o serviço do borrador, cálculo e extrair fatura que era escrita com tinta de cópia.
Naquele tempo, não havia Ministério do Trabalho, o empregado trabalhava as horas que o patrão quisesse, sem direito a qualquer extraordinário. Assim, entrávamos no armazém às 6 horas da manhã e saíamos às 7 da noite, muitas vezes ia até às 9 horas.
Eu atravessava uma das fases mais difíceis da existência humana que era o tempo da adolescência o excesso de trabalho físico e mental e a alimentação deficiente, pois alimentava-me duas vezes por dia em horas retardadas, causou-me um grande esgotamento nervoso que, apesar de ter tomado muito remédio, ainda hoje sofro as conseqüências.
Existe um adágio que diz: mal de muitos, consolo é. No mesmo armazém que eu trabalhava, tinha um rapazinho da minha idade por nome Raimundo Ribeiro, filho de um velho carpinteiro carregado de família, este era mais humilde do que eu, nosso ordenado era o mesmo com a diferença que eu tinha bóia e ele à sua própria custa. Muitas vezes, quando o armazém fechava para o almoço, ele não ia em casa e depois dizia-me , o meu almoço hoje foi um pão de tostão. O pobre rapaz vinha trabalhar com roupa remendada. Certa ocasião, o patrão reclamou que o traje dele não estava decente, respondeu ser o ordenado insuficiente para comprar roupas.
Mas seu Ribeiro era persistente e trabalhador, cursou a Fênix Caixeiral (4) e diplomou-se em perito contador. Deixou o emprego, conseguiu algum crédito, foi negociar por conta própria, casou-se e fez uma certa independência financeira, porém de tanto passar fome na sua adolescência terminou bem moço morrendo de tuberculose.
Cerca de um ano durou minha via crucis em Casa de J. Lopes & Cia. Toda sorte de humilhação me era imposta, algumas vezes encontrava cédulas de dinheiro entre as folhas do borrador, experimentando a minha honestidade porém a tentação do vil metal não me seduziu.Corria o ano de 1918 quando vem do Amazonas (5) meu irmão mais velho por nome Isaías, eram quatro os que se destinaram ao inferno verde. Moisés e Natal lá ficaram sepultados, regressaram Joel e Isaías, este último trouxe um pequeno capital e convidou-me para seu auxiliar no comércio, estabelecendo-se na cidade de Aurora onde fomos todos residir.
Inicialmente, a coisa não correu muito bem para nós. Com o comércio de tecidos meu irmão era um homem desambientado devido ao longo tempo que passou no Amazonas, não conhecia o ramo do negócio que abraçou e quando ia à praça fazer compras era sempre enganado pelos tubarões.
Distante de Aurora trinta quilômetros, achava-se a povoação de Boa Esperança, reduto do célebre caudilho José Inácio de Souza, grande chefe político e protetor de cangaceiros. Aquela povoação tinha seu nome na história pois lá que os célebres Viriatos, em anos remotos, se estabeleceram com vários bandidos que saquearam as cidades vizinhas, inclusive o estado da Paraíba que fica nos limites. Como Boa Esperança, oferecia certa vantagem comercial, resolvemos transferir a casa comercial para lá onde fomos residir com a família. Efetivamente fazíamos mais negócio porém o meio social era o pior possível. Os habitantes da localidade eram pessoas rudes e bem poucos sabiam ler e escrever, não havia escola para alfabetização das crianças e nem sequer tinha uma agência de correio. A cidade de Milagres era a sede do município onde residia o Cel. Domingos Furtado, poderoso chefe político e adversário de José Inácio. Na época das eleições, este juntava seu pessoal, botava à frente 20 ou 30 cangaceiros e lá ia votar. O adversário, por sua vez, armava outro tanto de cangaceiros e desta maneira dava-se o pleito que aliás era a bico de pena, naquela época não havia voto secreto.
Oriundos dos sertões de Pernambuco, existia um grupo de cangaceiros chefiados por Luiz Padre e Sebastião Pereira, (6) estes quando se viam acossados pela polícia daquele estado, refugiavam-se na proteção de Major José Inácio, no Sítio Barros, onde estavam garantidos. Os bandidos que usavam duas a três cartucheiras, um grande punhal e rifle, vinham sempre fazer feira em Boa Esperança. Muitas vezes, entravam em nosso estabelecimento 20 a 30 bandoleiros, pediam apenas cigarros, lenços e outras coisas de pequeno valor. Naquele tempo, não havia facilidade de crédito e se bem que procurássemos desenvolver outros ramos de negócios como fosse algodão e peles, pouco lucro tínhamos.
Ao terminar o ano de 1918, apareceu, em todo Brasil, uma grande epidemia que recebeu o nome de Bailarina ou Febre Espanhola(7) por ter sido oriunda da Espanha e alastrou-se pelo mundo inteiro. No Rio de Janeiro, os carroceiros saíam pelas ruas gritando de porta em porta – tem cadáveres? Tem cadáveres? – e os que iam encontrando colocavam nas carroças e jogavam nos valados pois nos cemitérios não haviam cômodos para sepulturas separadas. Naquele tempo, minha família estava residindo em Aurora e eu encontrava-me só em Boa Esperança. Perto da casa que eu residia era a igreja e o surto epidêmico tomou conta da vila e do campo em geral. Nisto, fui acometido do terrível mal e mais dois vizinhos, um do lado esquerdo e outro do lado direito. O sino passava quase todo dia dobrando sinal anunciando a morte daqueles que foram contagiados pela doença.
Como encontrava-me sem ninguém para tratar-me a não ser uma velha quase caduca, por nome Perpétua, que algumas vezes trazia uma xícara de chá ou um caldo salgado, minha boa irmã Ester sabendo da minha situação foi dar-me assistência. Tanto tratava de mim quanto dos dois vizinhos e mais pessoas que pudesse. Certa noite, eu acordei e ouvi uma exortação: “Jesus, Maria, José, minha alma vossa é, eu vou com Jesus, Jesus vai comigo” pois eram os meus dois vizinhos que estavam morrendo, avalie o leitor minha situação naquele momento.
Dias depois eu melhorava e minha irmã foi atacada pela doença e teve que voltar para Aurora, tanto ela como Juventude, outra irmã, estiveram às portas da morte.
Iniciando o ano de 1919, a epidemia continuava e por onde se passava via-se o luto, a orfandade, e a viuvez. Os sertanejos que sobreviviam ao terrível flagelo, ansiosos aguardavam a vinda do inverno. Passou-se o mês de janeiro, e veio fevereiro, nem uma gota de água caiu das nuvens. Teve início o mês de março e o homem do sertão com os olhos fitos no nascente procurava divisar um relâmpago que prenunciasse a vinda de uma chuva, tudo em vão. Ainda restava a última esperança, era o dia 19 de março, dia de São José, promessas e fervorosas preces foram elevadas aos céus, mas as benfazejas chuvas não chegavam e, assim, mais um flagelo caiu sobre a terra mártir e o povo pobre foi lutar conta a fome e a nudez.
Ondas de retirantes esmolambados e famintos perambulavam pelas estradas sem rumo certo implorando uma esmola pelo amor de deus. . Os criadores, depois de esgotarem os últimos recursos de rama de juazeiro, xiquexique e mandacaru, saíam com seus rebanhos por estrada afora com reses magras à procura de forragem. Aqui, ali, acolá caía uma rês extasiada que servia de pasto aos urubus. Conheci um criador por nome José Tavares, proprietário de dois sítios, um denominado Algodões e outro no Riacha de Cuncas que possuía 280 reses, quando iniciou a seca, e 17 bois mansos. Lutou, gastou suas economias no tratamento dq criação e ao terminar a seca disse que havia escapado apenas 9 bois mansos, o restante do gado morreu todo.
O inverno de 1920, apesar de ter começado tarde e terminado cedo, deixou alguma fartura.
Dando um passo atrás, quero falar sobre nossas atividades comerciais de 1919 a 1920. Existia naquele tempo o prolongamento da Estrada de Ferro Baturité, cujos trabalhos começavam de Aurora à região do Cariri, (8) como o comércio de tecidos estava fraco, fomos fornecer aos operários daquela ferrovia em Ingazeiras onde demoramos cerca de um ano, como os pagamentos eram muito retardados pouco lucro tivemos.
Quero agora citar um caso que me ocorreu como fornecedor. Eu fornecia a um operário por nome Luiz Domingos, adiantei-lhe uma rede no valor de 25,00, deu 5,00 por conta e ficou devendo o restante e deixou o fornecimento. Mandei-lhe um recado pedindo que viesse pagar o restante. Certa noite, por volta de 2 horas da madrugada, uma pessoa bate á porta. Vou atender com certa precaução, mesmo sem acender a lamparina, abro apenas a parte superior da porta e noto á minha frente o Luiz Domingos com a rede enrolada que vinha me entregar e pedir os 5,00 que me havia dado. Recebi o embrulho e disse que somente pela manhã poderia restituir-lhe aquela importância, logo que o homem saiu acendi a luz e verifiquei que a rede estava toda rasgada de faca.
Pelas 7 horas da manhã, abri o fornecimento onde eu dormia e momentos depois aparece o operário que vinha receber os 5,00. Neste momento, chegam outros operários para se fornecerem. O Domingos com seu grande punhal à cinta começou a insistir para receber o dinheiro que me havia dado, por último, começou a injuriar-me com palavras de baixo calão. Apesar de minha inferioridade física e de arma, pois apenas uma pequena faca enferrujada que estava sobre uma banca que pus à mão, e fazendo da fraqueza, força, pus o homem para correr.

(continua no próximo domingo.......)

Nenhum comentário: