sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Falar é fôlego...

Mais do que insolência, incitação à violência
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Assim classifico as palavras do Presidente da República proferidas num palanque no interior do Ceará. Ele não se limitou a ofender com palavra de baixíssimo calão os estudantes brasileiros. Ele espalhou, pela enésima vez, o veneno da discórdia entre nós.
Lula tem o hábito de lançar pobres contra ricos, assim como de lançar negros contra brancos. Ele nos dá o direito de pensar que gosta de nos ver desunidos, pois assim pensa que ficamos mais fracos e seu governo mais forte.
A maior prova de que o Brasil não é como ele descreve, é ele mesmo. Pobre, muito pobre, e mestiço, hoje é Presidente da República. O mérito é seu. A insensatez é nossa, de permitir que ele se dirija a nós com esse palavreado.
Ainda estamos esperando pela revolução na Educação prometida pelo Lula nas duas vezes em que tomou posse do Planalto. Não há de ser com a sopa de letrinhas que ele cita como a maior maravilha do mundo. Não é pelo telhado que se começa uma casa, mas pelos alicerces.
A Educação Infantil, que compreende creches, escolas maternais, jardins de infância, e a Classe de Alfabetização, ocupa os 6 primeiros anos da criança. Todas as crianças brasileiras nascidas no ano 2000, por exemplo, se houvesse política educacional séria, já estariam inteiramente alfabetizadas e cursando a primeira série do ensino fundamental. Em 2015, poderíamos comemorar a primeira geração de brasileiros com o Ensino Fundamental completo.
Mas não. Primeiro foram cuidar dos doutores em potencial, para poder dizer nos palanques que não é só filho de rico que estuda em universidades, o que é uma falácia. E de que adianta formar doutores com o nível indigente de hoje? Advogados, médicos, engenheiros, até jornalistas, que afinal lidam com a palavra em seu dia a dia, mal sabem escrever! E há faculdades de medicina onde a anatomia é aprendida em livros ou na Internet...
Antes de ser doutor, é preciso saber ler, escrever, ser fluente, saber falar, e ter o direito de desenvolver um talento com o qual se tenha nascido. Em um país musical como o nosso, já pensaram se as escolas públicas oferecessem aulas de música, como em países civilizados acontece? Ou os belos resultados que teríamos nas Olimpíadas, se em cada escola houvesse ao menos uma quadra de esportes e uma piscina?
Não me venham dizer que a culpa não é só do Lula. É sim. Os outros, segundo Lula, desde Cabral, só cuidaram da educação dos ricos. Cabia a ele, como chefe do Partido dos Trabalhadores, cuidar dos pobres, não é? E ele o que fez? Deu à Grande Indústria Universitária Brasileira uma chance e tanto de seus donos ficarem bilionários. Essa foi a grande reforma educacional da Era Lula.
Nos últimos meses, parece que finalmente chegaram à conclusão de que a Escola Técnica é imprescindível. Em maio deste ano, o ministro Haddad declarou que “até 2010, estaremos inaugurando 150 escolas técnicas”. Reparem bem: o Ministro da Educação utiliza linguagem marqueteira. “Estaremos inaugurando”. “Inauguraremos”, para ele, com certeza pega mal, é linguagem de &*&*&*.
A linguagem do Lula ofende a ele e aos seus. É prova de que faz parte de seu vocabulário diário essa palavrinha. Está tão habituado, que provavelmente nem se dá conta do que disse. O que nos incomoda, ou o que deveria nos incomodar, é esse seu péssimo hábito de jogar brasileiros contra brasileiros. Isso é maldade em estado puro.
Seus defensores, diria mais, seus seguidores, dirão que ele é bom, generoso, e que está defendendo os humildes. Não é o que parece. Nem o que está sendo feito no Brasil.
Dirão também que ele não teve tempo. Curioso... JK em 5 anos (uma lástima, a meu ver), construiu uma cidade. Londres, bombardeada sem piedade pela Luftwaffe, em 1950 já não mostrava as cicatrizes da guerra nas ruas. Mao aniquilou todo e qualquer resquício da cultura ocidental na China, inclusive proibindo o estudo dos grandes mestres da música clássica, como Bach ou Beethoven. Em menos de vinte anos, a China recuperou o tempo perdido e além de orquestras sinfônicas de peso, seus instrumentistas andam abiscoitando os primeiros lugares nos grandes concursos internacionais.
Não pensem que é com alegria que escrevo este texto. Ao contrário, é com muita tristeza. Saber que ainda vamos esperar não sei quanto tempo para ter uma geração completamente alfabetizada, é dorido. E ver o presidente estimular o aparecimento de um fosso instransponível entre nossos jovens, é pior ainda.

Um comentário:

Unknown disse...

Oi, gostei muito do seu blog.

Parabéns!

Um abraço