domingo, 3 de agosto de 2008

Revendo 2004 e pensando 2008


Para quem gosta e tem paciência com os números, o site do TSE é um passeio e tanto. As informações que traz, os quadros que apresenta trazem as eleições traduzidas em números. São dados quantitativos que compõem um painel muito interessante para explorar. Como todo dado quantitativo, é uma fonte inesgotável de questionamentos para quem se interessa pelo que existe ou existiu além dos dados computados.
A curiosidade me atiçou a rever os dados das eleições de 2004 e, de uma certa maneira, também a vontade de melhor compreender os movimentos e as contradições do processo eleitoral no contexto de IP.
Comecei observando o registro individual dos candidatos e o valor máximo de gastos declarados por cada um. É claro que você acredita se quiser no que agora transcrevo mas a nossa fonte são os dados publicados no TSE (http://www.tse.gov.br/internet/eleicoes/divulg_cand.htm)

Fonte: TSE





Fonte: TSE

Fonte: TSE


Fonte: TSE

Fonte: TSE


Fonte: TSE

Fonte: TSE

Enquanto isso no andar de baixo...

Pelos dados apresentados, o resto é em off e nós nunca vamos saber, a campanha política de 2004, em IP, teria custado cerca de R$ 646.331,00, considerando apenas o valor máximo declarado. Distribuindo percentualmente pelas coligações, fica explícita a força do poder econômico numa campanha eleitoral que passa longe de ideologias e programas de partido. Se não foi gasto este valor, o que sobra compõe as sobras de campanha e deve aparecer na contabilidade interna dos partidos e aí é outra conversa. Somando este total com os gastos da operacionalização do processo eleitoral, aí a coisa vai pra estratosfera. O eleitor nunca sabe realmente o que acontece mas o duro é que ele é quem paga a conta. Não dá para não exigir uma correta prestação de contas ao credor.
Pergunta que não quer calar é: de onde sai e por onde vem esse dinheiro gasto nas campanhas? Pelas ONG’s, fundações, cuecas, maletas e muitos outros caminhos que só Deus sabe até que um dia estouram no cotidiano da mídia.
Quantas perguntas ficam sem respostas? É bom pensar nelas antes de fazer a sua escolha. Mas, sobretudo é bom pensar por que faltam remédios nos hospitais, qualidade no ensino, política de segurança e um rosário de coisas que o poder público nos deve.
E os partidos? O aluguel de legendas é uma resenha, como dizem os pernambucanos.
O PAN, em 2004, apresenta sete candidatos a vereador, recebe 7, 937% dos votos válidos e desaparece em 2008. Dois remanescentes reaparecem como candidatos a vereador pelo PTB e pelo PT.
O PT que tinha um candidato a vereador em 2004 reaparece em 2008 com um candidato a prefeito que, em 2004, era do PFL, eleito vice-prefeito pela coligação PL/PFL/PAN/PSDB, antagonistas históricos do PT. De brinde, apresenta 04 candidatos a vereador, um deles remanescente do PAN.
O PPS que lançou candidato a prefeito e mais três a vereador, conseguiu 1,775 % dos votos no pleito de 2004, evapora em 2008. Junto com ele some também o PL que com uma única candidata recebe 4,192% dos votos em 2004.
O PTB recebe, em 2004, 7, 698% dos votos com três candidatos a vereador. Em 2008, apresenta cinco candidatos que não participaram do pleito anterior e mais uma candidata remanescente do desaparecido PAN. Uma das suas candidatas a vereadora em 2004 é candidata a vice-prefeita em 2008.
O PMDB, no pleito anterior, tinha 04 candidatos a vereador e recebeu 18,201% dos votos. Em 2008, três permanecem no partido como candidatos a reeleição, e mais seis candidatos são agregados. Incorpora também uma candidatura a prefeito remanescente do PSDC.
O PDT que teve candidato a prefeito e mais três a vereador em 2004, apresenta, em 2008, dois candidatos a vereador sendo um deles seu candidato a prefeito, sem coligação, no pleito anterior.
O PSDB, estrela da campanha de 2004, cuja soma do valor máximo de gastos declarados compreende quase 60% do total declarado para o conjunto do pleito, recebe 43,742 % dos votos, com 14 candidatos a vereador e um a prefeito. Em 2008, apresenta apenas seis candidatos a vereador, sendo que cinco são candidatos a reeleição. O seu candidato a prefeito cuja campanha parece entrar no ocaso sem passar pela aurora, direciona-se para apoiar a chapa do PT.
O PSDC, em 2004, apresentou seis candidatos a vereador e recebeu 14,113% dos votos. Em 2008, apresenta apenas uma candidata.
Surge o PR que apresenta uma candidata a vice-prefeita e dois a vereador sendo um deles remanescente do PL.
Entendeu o samba do crioulo doido?

Depois dessa dança das cabeças, eu me pergunto: quem move as peças do xadrez político em Ipaumirim? Será que mudou alguma coisa?
O interessante mesmo seria a interpretação dessas migrações, às vezes, incompreensíveis e coligações ideologicamente tresloucadas. O que move a política de IP? A ideologia? Com certeza, não. Os interesses legítimos do município? Uma proposta coerente com um programa bem fundamentado? O oportunismo de sempre? Atendo-se exclusivamente aos dados quantitativos você não dá com as motivações que regem as alianças. Apenas pode perceber que o balaio das trocas está bem movimentado no escambo eleitoral.
Outra curiosidade que eu não saberia dizer se é uma tendência porque vi apenas candidatos de 2004 e 2008, é a ocupação dos candidatos, que permitiria alguma inferência em torno dos seus interesses mais próximos.
No pleito de 2004, o Estado do Ceará, teve o mais alto percentual de participação de candidatos entre agricultores (16.761 %) e comerciantes (13.431%). EM IP, a maioria de candidatos declarados são agricultores, seguido da categoria dos servidores públicos incluindo professores.
Em 2008, agricultor continua como a categoria mais expressiva, seguida de comerciantes e servidores públicos incluindo professores.
Observa-se entretanto uma diversificação das categorias onde aquelas mais identificadas o com perfil urbano , em conjunto, são mais representativas no total dos dados. Essa alteração é interessante porque aponta para representações mais voltadas para as preocupações urbanas e suas necessidades. O resultado das eleições vai mostrar as preferencias na composição da Câmara Municipal. Os candidatos ao executivo embora tragam raízes rurais tem um perfil prioritariamente urbano ainda que com todas as idiossincrasias da mistura.
De 2004 para 2008, avançou sensivelmente o Grau de Instrução. O Ensino Médico Completo e o Superior Completo passam a ser as categorias mais expressivas em 2008. Em 2004, era Médio Completo a mais significativa seguida de Fundamental Incompleto no mesmo patamar do Superior Completo.
Agora em agosto deve acontecer a primeira parcial da prestação de contas. Não sei se o TSE seguindo uma política de transparência vai divulgar pela internet. Seria bom se isso acontecesse. Aguardemos.

MLuiza
Recife

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