Cientistas mapeiam a enzima responsável pela multiplicação do cancêr
Jornal do Brasil
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FILADÉLFIA - Cientistas deram nesta segunda-feira um grande passo para a criação de novos remédios para o tratamento do câncer. Segundo a mais recente edição da revista Nature, uma equipe do Wistar Institute, na Filadélfia, Estados Unidos, conseguiu mapear a enzima responsável pela reprodução “infinita” das células cancerosas. Trata-se da parte mais ativa da telomerase, que, quando ativa, ajuda as células a se reproduzir. Em pleno funcionamento, esta enzima aparece em nove a cada 10 tipos de tumor. A descoberta pode levar à criação de remédios que bloqueiem a sua ação.
Todas as células do corpo têm esse relógio natural, os telômeros, que diminuem cada vez que as células se dividem. Depois de um determinado número de divisões, os telômeros diminuem de tamanho, chegando a um ponto em que não se dividem mais. O processo é responsável pelas mudanças no corpo durante o envelhecimento, quando a divisão das células diminui. No entanto, algumas células, como células-tronco embrionárias, usam a enzima telomerase para manter o comprimento dos telômeros, e muitos tumores “seqüestram” a enzima para alimentar seu crescimento indeterminado.
O pesquisador Emmanuel Skordalakes disse que o mapa detalhado ajudaria a identificar alvos moleculares para os remédios.
– A telomerase é um alvo ideal para o tratamento de quimioterapia, porque está ativa em quase todos os tumores humanos, mas inativa na maioria das células normais – explica. – Isso quer dizer que um remédio que desative a telomerase provavelmente funcionaria contra todos os tipos de câncer, com poucos efeitos colaterais.
O professor Rob Newbold, da Brunel University, em Uxbridge, acrescentou que a “telomerase controla a evolução dos cânceres e é uma característica chave das células cancerosas humanas”:
– A idéia é que, desta maneira, você pode transformar células cancerosas imortais em mortais, bloqueando a telomerase.
Segundo o cientista, a descoberta da estrutura é “muito importante” e certamente ajudará na fabricação de novos remédios.
Usando a técnica de cristalografia em raios-X, os pesquisadores conseguiram determinar em que ponto da estrutura tridimensional da telomerase ocorre a atividade.
– Foi muito animador – contou Skordalakes. – Pela primeira vez conseguimos ver como a telomerase acontece no fim do cromossomo para iniciar a replicação dos telômeros.
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