sexta-feira, 9 de maio de 2008

Sábado em queda livre


Padre Djacir lança os 10 mandamentos do eleitor

O Padre Djacir Brasileiro, pároco do município de Santa Cruz, no sertão da Paraíba, lançou na noite da última quarta-feira(07) na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Cajazeiras -FAFIC , os "10 Mandamentos dos Eleitores Sertanejos" onde condena a compra de votos e faz outras observações, aconselhando os eleitores a escolher bem seus candidatos.

Um grande número de alunos participou da Palestra de lançamento de mais uma edição dos 10 mandamentos dos Eleitores Sertanejos. Na oportunidade, o Padre Djacir Brasileiro, em seu discurso inicial, disse que seu convivo com um povo sofrido, humilhado, injustiçado e excluído dos seus direitos inalienáveis, o motivou a tomar a iniciativa de alertar o eleitor sobre os erros que cometemos quando fazemos uma escolha errada para alguém nos representar nas diversas esferas de governo . E o pior, é que sabemos que no país ainda temos pessoas extremamente despolitizadas, para a felicidade da elite política.

Ao concluir a palestra, o Padre Djacir foi bastante aplaudido por todos os presentes que se propuseram a encabeçar através do DCE da FAFIC e da Rádio Oeste da Paraíba um debate ainda mais amplo para discutir as eleições municipais e como votar bem.

OS DEZ MANDAMENTOS DOS ELEITORES SERTANEJOS

1. Só votamos em candidatos comprometidos e identificados com o nosso sertão, nossa história, nossos sofrimentos; e que não nos tratem como meros eleitores ou massa de manobra;

02. No sertão de cabra macho e da mulher trabalhadora, nós, sertanejos, de tanto sermos enganados, esquecidos e maltratados, não votamos mais em políticos mentirosos, corruptos, fracos, oportunistas, elitistas, que visam unicamente o poder, o dinheiro e mordomias à custa de nossos dramas;

03. Da nossa fome, sede, miséria, abandono; sofrimento e dor, politiqueiros não tiram mais proveito, feito urubus em cima de carniça. Só votamos em candidatos que tenham projetos políticos voltados para o nosso sertão;

04. Não aceitamos mais políticas assistencialistas: consultas médicas, cestas básicas, cirurgias, viagens, prótese dentária... Afinal, o Estado tem a obrigação de nos dar assistência necessária e estamos tomando consciência de nossa cidadania. Dependência ou subserviência aos politiqueiros, jamais!

05. Fomos, por muito tempo, tratados pelos grandes políticos, com espírito de indiferença, insensibilidade e preconceito. Passou o tempo dos "cassacos"* e do "buga"**. Agora, exigimos tratamentos dignos, respeitosos e sérios. Somos cidadãos. Abrimos nossos olhos!

06. Como sertanejos declaramos: acabou o tempo da alienação política, do comodismo, da ingenuidade e da enganação. Votar consciente e depois cobrar é nossa missão.

07. Sofrendo com os horrores da seca, fome, miséria, desemprego e do atraso generalizado; abandonados pelos poderes públicos, mas sustentados pela fé e esperança cristãs, faremos da política instrumento de transformação votando com maturidade e responsabilidade.

08. Sertanejos sérios e conscientes não votam em políticos relâmpagos, bonitões (marketing político) e endinheirados com cara de santos e discursos de salvação (promessas populistas).

09. No sertão da fé cristã, libertos da alienação religiosa, não votamos em políticos que usam a religião como meio de enganar-nos e chegar ao poder: "Não usar o nome de Deus em vão"

.10. Adeus, curral eleitoral! Tempo de coronelismo! Não venha político, com jeitão de "coronel", obrigar os sertanejos pobres, sofridos e humilhados a votar nos seus candidatos. Voto de cabresto é coisa do passado.

OBSERVAÇÔES:• Conheça a lei n9.840/99 - contra a corrupção eleitoral

• O artigo 1° desta lei condena expressamente a compra de votos, tratando-a como crime;

• Caso tenha conhecimento e provas cabais desse tipo de conduta (compra de votos), denuncie automaticamente ao Ministério Público eleitoral.

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NOTAS

* Na década dos anos setenta, o sertanejo, vítima da seca, que trabalha em construções de açudes, rodagens, eram tratados de forma pejorativa por "cassacos" (hoje, são tratados por emergenciados".

** "Buga" era um tipo de arroz, que o governo mandava como alimento para os "cassacos". Era a pior comida que podia existir na face da terra.

Fonte: Da redação do Diário do Sertão/ http://diariodosertao.com.br/artigo.php?id

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