quinta-feira, 8 de maio de 2008

QUINTA DA ENTREVISTA: alegria e paz.

Hoje, selecionei duas entrevistas leves para refletir e pensar no que vale a pena.
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Na Universidade Harvard (EUA), onde trabalha, o psicólogo social Daniel Gilbert é conhecido como Professor Alegria. Isso porque esse pesquisador de 50 anos de idade comanda um laboratório que estuda a natureza da felicidade humana. Seu livro “Stumbling on Happiness” ("Tropeçando na Felicidade") foi best seller do "New York Times" durante 23 semanas e venceu o Royal Society Prize for Science Books de 2007. Confira abaixo a entrevista com ele."New York Times"
- Como o sr. entrou nessa área de estudo?
Daniel Gilbert - Aconteceu há 13 anos. Passei a primeira década da minha carreira estudando o que os psicólogos chamam de “erro fundamental de atribuição”, ou como as pessoas têm a tendência de ignorar o poder de situações externas sobre a determinação do comportamento humano. Por que alguns acreditam, por exemplo, que pessoas sem instrução são burras?
Eu ficaria feliz em trabalhar nisso por muitos anos ainda, mas algumas coisas aconteceram na minha própria vida. Em um curto período de tempo, meu orientador faleceu, minha mãe também, meu casamento se despedaçou e meu filho passou a ter problemas na escola. Eu logo descobri que, por pior que fosse minha situação, não era algo devastador. E fui em frente.
Um dia, almocei com um amigo que também estava passando por dificuldades. Eu disse a ele: “Se você me perguntasse há um ano como eu lidaria com tudo isso, eu responderia que não ia conseguir nem me levantar da cama pela manhã”. Ele concordou com a cabeça e acrescentou: “Será que somente nós erramos quando tentamos prever como responderíamos a um estresse extremo?”. Isso me fez pensar. Eu me perguntava: Com que precisão as pessoas prevêem suas reações emocionais a eventos futuros?
NYT - O que isso tem a ver com entender a felicidade?
Gilbert - É que, se não podemos prever como reagiríamos no futuro, não podemos estabelecer objetivos realistas para nós mesmos, nem descobrir como alcançá-los. O que observamos repetidamente no meu laboratório é que as pessoas têm uma incapacidade de prever o que as vai deixar felizes –- ou infelizes. Se você não consegue dizer que futuro é melhor que outro, é difícil encontrar a felicidade. A verdade é que coisas ruins não nos afetam tão profundamente quanto nós esperávamos. E isso vale para coisas boas também. Ficamos adaptados muito rápido a ambas as coisas. Então, a boa notícia é que ficar cego não vai te fazer tão infeliz quanto você pensa. A má notícia é que ganhar na loteria não vai te fazer tão feliz quanto você imagina.

NYT - O sr. está dizendo que as pessoas são felizes com o que a vida lhes dá?
Gilbert - Como espécie, temos a tendência de sermos moderadamente felizes, não importa o que ganhamos. Em uma escala de zero a 100, as pessoas geralmente classificam sua felicidade como 75. Continuamos tentando chegar a 100. Às vezes, conseguimos. Mas não dura muito. Certamente, temos medo das coisas que nos levariam a 20 ou 10 – a morte de uma pessoa querida, o fim de um relacionamento, um desafio sério para nossa saúde. Porém, quando essas coisas acontecem, a maioria de nós vai retornar às nossas bases emocionais mais rápido do que imaginamos. Os humanos são incrivelmente resistentes.
NYT - A maioria de nós guarda noções irracionais sobre o que é felicidade?
Gilbert - São idéias errôneas e falhas. Poucos de nós podem avaliar com precisão como iremos nos sentir amanhã ou semana que vem. É por isso que, quando você vai ao supermercado de estômago vazio, compra demais, e se for depois de uma grande refeição, compra de menos. Outro fator que dificulta a previsão da nossa felicidade futura é que a maioria de nós tende a racionalizar as coisas. Esperamos nos sentir devastados se nossa esposa nos deixar ou se não ganharmos uma boa promoção no trabalho. Mas quando coisas assim acontecem, logo dizem “Ela não era para mim”, ou “Eu estava mesmo precisando de mais tempo com a minha família”. As pessoas têm um talento incrível para encontrar formas de suavizar o impacto de eventos negativos. Assim, elas estão enganadas quando imaginam que golpes como esses sejam mais devastadores do que são.

NYT - Então, se não tivéssemos esses mecanismos, estaríamos deprimidos demais para seguir adiante?
Gilbert - Parece que sim. Pessoas clinicamente depressivas muitas vezes parecem não ter a capacidade de se recompor. Isso sugere que, se o resto de nós também não tivesse essa capacidade, estaríamos todos depressivos também.
NYT - Como autor de um best seller sobre felicidade, o sr. tem algum conselho sobre como as pessoas podem alcançá-la?
Gilbert - Sabemos que o melhor indicador para a felicidade humana são os relacionamentos e a quantidade de tempo que as pessoas passam com sua família e amigos. Sabemos que isso é significantemente mais importante que dinheiro e um pouco mais importante que saúde. Isso é o que mostram os dados. O interessante é que as pessoas sacrificam seus relacionamentos sociais para conseguir outras coisas que não vão deixá-las felizes – como dinheiro. Outra coisa que sabemos através de estudos é que as pessoas tendem a obter mais prazer de experiências do que de coisas. Então, se você tem dinheiro para gastar nas férias ou em bons filmes e restaurantes, isso vai lhe trazer mais felicidade do que um bem durável ou um objeto. Uma razão para isso é que as experiências tendem a ser compartilhadas com outras pessoas, e os objetos, não.
NYT - O sr. não acaba de expressar uma idéia muito antiamericana?
Gilbert - Ah, você pode gastar muito dinheiro com experiências. As pessoas pensam que um carro vai durar e que por isso vai lhes trazer felicidade. Mas não vai. Ele fica velho e acabado. Mas as experiências, não. Você “sempre terá Paris” – e é exatamente isso que Bogart quis dizer quando falou essa frase para Ingrid Bergman em "Casablanca". Mas você sempre terá uma máquina de lavar? Não. Hoje, eu vou para Dallas para encontrar minha esposa e viajo de primeira classe, que é ridiculamente mais cara. Mas a experiência será mais prazerosa do que um terno novo. Outro jeito de seguir o que aprendi com os dados do estudo é que eu não corro mais atrás de dinheiro, agora que tenho o suficiente, pois sei que será necessária uma enorme quantidade de dinheiro para aumentar só um pouco a minha felicidade. Eu não perderia uma brincadeira com minhas netas nem por 100 mil dólares. E não é porque sou rico. É porque sei que essa grana não vai me trazer mais felicidade do que curtir minhas netas.
NYT - Então, você defende a idéia de que “dinheiro não traz felicidade”?
Gilbert - Eu não diria isso. Os dados mostram que, no caso dos mais pobres, um pouco de dinheiro pode comprar muitas alegrias. Se você é rico, um monte de dinheiro pode comprar só um pouco mais de felicidade. Mas em ambos os casos, o dinheiro faz isso.
NYT - Você, Dan Gilbert, é uma pessoa feliz?
Gilbert - Sou. Coisas boas estão acontecendo comigo e acredito que vão continuar assim. Não sou otimista com relação ao resto da espécie, mas sou tão abençoado que quase chega a dar medo. Desculpe desapontá-la, mas tenho uma disposição incrível. Adoro rir. Meu livro é cheio de piadinhas.
(Eu tirei a entrevista - acho que - do portal UOL mas não tenho certeza. Esqueci de gravar o link. )
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Entrevista com Lama Padma Samten
Revista Bem-Estar
São José do Rio Preto, 13 de abril de 2008


Rita Fernandes

O Meditar pelo amor universal é renascer espiritualmente

O mestre do budismo tibetano Lama Padma Samten volta a Rio Preto em maio (depois de nove meses) para ministrar a palestra "Mente, Saúde e Qualidade de Vida", organizada pelo Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB) do município. Em entrevista à Revista Bem-Estar, o Lama ensina quatro passos a serem dados rumo à felicidade: motivação, evitar ações negativas, ser capaz de trazer benefícios aos outros seres e alcançar a capacidade de dirigir a própria mente. Segundo ele, é a mente positiva que trilha a felicidade e, conseqüentemente, a saúde e a qualidade de vida. Lama Padma ainda ensina a forma correta da meditação metabavana (a meditação do amor universal), o que ele define como um renascimento espiritual. Leia a entrevista abaixo:
Bem-Estar - Qual é a relação entre mente e saúde para ter qualidade de vida?
Lama Padma Samten - Quando nós olhamos profundamente o que somos, freqüentemente não temos uma clareza e mencionamos nossos apegos e fixações. Porém esses apegos e fixações não revelam diretamente a natureza de liberdade da nossa mente. As tradições religiosas (e também a tradição psicanalítica) falam da oportunidade de mudarmos. Se podemos mudar é porque não somos aquilo que nos caracteriza. O ponto mais importante apontado no budismo é que temos uma liberdade natural de nos apresentar - seja na forma como nos apresentamos hoje ou pelas características que tivemos no passado. O ponto importante é assim: a forma emocional como nos apresentamos hoje (a emoção que a gente manifesta eventualmente é a forma que nos caracteriza) tem um reflexo sobre o corpo e sobre a qualidade de vida. Por exemplo, a nossa qualidade de vida de um jeito ou de outro está relacionada à noção de felicidade.
Bem-Estar - Então quando estamos feliz o corpo reage de um jeito e quando estamos infeliz, reage de outro?
Samten - Exatamente. Todos nós aspiramos felicidade e queremos nos livrar do sofrimento. Isso está ligado à qualidade de vida. Agora, como essa qualidade de vida se reflete nas nossas condições de saúde? Nós dizemos assim: quando temos uma condição de lucidez, temos equilíbrio, então temos emoções mais favoráveis. Segundo ponto é que, com emoções mais favoráveis, a nossa respiração funciona melhor. Quando nossa respiração funciona melhor, o calor do corpo (energia) é distribuído melhor sobre todo o corpo. Quando isso acontece, nós temos uma capacidade de mobilização. O nosso corpo se mobiliza melhor (sem regiões de rigidez, de tensão) e, quando se mobiliza melhor, nós temos força, temos tônus no corpo todo. Isso inclui não só os músculos, as articulações etc., mas todos os sistemas que operam dentro do corpo e todos os órgãos.
Bem-Estar - E do contrário?
Samten - Do contrário. se estamos infelizes e fixados em emoções, essa fixação produz uma dificuldade de respiração adequada, o que dificulta o próprio calor (energia) fluir de forma adequada pelo corpo. Naturalmente, isso vai impedir a mobilidade. Nós vamos ficar com regiões mais rígidas. o que afetará o tônus, a energia de movimento e a força. O budismo vem no sentido de que ultrapassemos as fixações da própria mente para desenvolver relações melhores consigo e com outras pessoas, seja autoridades, estruturas de poder ou a própria natureza. Quando olhamos em volta de forma mais equilibrada, nossas emoções melhoram, nossa respiração melhora, nossa felicidade melhora, nossa energia melhora e o corpo todo melhora também.
Bem-Estar - Então a felicidade depende da responsabilidade universal, ou seja, precisa de todo mundo e um depende do outro?
Samten - Isso. De uma forma muito, muito íntima, porque quando olhamos o outro, as relações já se estabelecem. Quando pensamos sobre o outro ou imaginamos o outro, o nosso corpo responde. A imaginação traz emoções associadas - temos perturbação de respiração e assim por diante. Então é necessário que, na nossa própria mente (quando a gente simplesmente aponta o outro mentalmente) já surja isso de forma positiva. O budismo ensina como desenvolver essa relação de forma positiva.
Bem-Estar - Isso que é responsabilidade universal?
Samten - Responsabilidade universal significa que. mesmo muito distante de alguém, a forma como construímos a imagem de uma pessoa nos afeta. Então não há nada dentro do universo que não tenha um reflexo direto sobre a nossa saúde e o nosso bem-estar, mesmo em grande distância. Nesse sentido, não se trata de dizer que "os átomos se conectam", que "a energia física se conecta" ou "a vida tem uma relação física entre os diversos seres", mas, muito sutilmente, nós temos essa interconexão. O fato de termos uma interconexão nos torna dependentes dos nossos pensamentos e da forma como vemos os outros. E a compreensão dessa complexidade é chamada de responsabilidade universal.
Bem-Estar - Quer dizer que é importante sempre manter a mente sã e positiva?
Samten - Positiva. Exatamente. Nos vários tipos de relação. Na visão budista, nos construímos através do que somos. E o que nós somos é definido através dos processos que estabelecemos das relações com todos os outros, incluindo a natureza, as pessoas de dentro da nossa casa e as pessoas que estão muito distantes.
Bem-Estar - O senhor acha que hoje os problemas do mundo são conseqüência da falta de ações com lucidez e compaixão, como defende Sua Santidade Dalai Lama?
Samten - Eu acredito que é exatamente isso. Quando nós nos construímos uns aos outros de forma negativa, isso é um problema. Hoje, Sua Santidade Dalai Lama enfrenta essa situação no Tibete (dominado pelo governo chinês). Uma das práticas principais do Dalai Lama é justamente não olhar os chineses como negativos. Sua Santidade olha de uma forma que sempre espera e reconhece nos chineses a possibilidade de fazer algo melhor. E também nos tibetanos. Essa é a base do pensamento budista. Nós não construímos as pessoas através de suas ações ou emoções. A gente acredita sempre que elas podem manifestar a natureza búdica, a natureza divina dentro delas. E isso seria muito bom para eles e para todos.
Bem-Estar - No nosso dia-a-dia, sempre temos conflitos de relacionamentos. Nesse sentido, a gente sempre tem de esperar dessas pessoas e pensar que elas têm uma natureza positiva e são capazes de melhorar?
Samten - Isso. Porque elas não são aquilo que apresentam. Elas são uma liberdade de apresentar aquilo também. Mas elas podem apresentar outras emoções. No passado apresentaram outras configurações emocionais e outras certezas, e hoje apresentam a atual configuração. Mas as pessoas são livres, elas têm uma natureza livre dentro delas. Por menos que vejam isso, elas têm essa natureza livre, tanto que na passagem do tempo elas mudam.
Bem-Estar - Pensar dessa forma ajuda a enfrentar os problemas de uma maneira melhor?
Samten - Eu acredito que sim, porque nós não fixamos a situação. Nós olhamos a situação como ampla. Nós olhamos o mundo como algo que está em permanente construção e a gente aspira que essa construção seja a mais favorável. Só essa disposição mental já melhora nossa felicidade, nossa qualidade de vida e nossa saúde também.
Bem-Estar - O que é sabedoria espiritual?
Samten - Sabedoria espiritual diz respeito a isso também, mas em especial à compreensão ao que no budismo é chamado de "darmata". Darmata significa compreendermos o âmbito de realidade onde não há nascimento nem morte. Nós entendemos que a vida toda é como manifestação permanente de um grande oceano. É permanente. Então quando nós conseguimos viver os aspectos transitórios e ao mesmo tempo nós percebemos essa vida incessante, que produz a aparência transitória da vida como nós vemos visualmente, quando nós percebemos isso, é a visão espiritual mais elevada. A visão espiritual mais elevada, portanto, não abandona a visão do mundo. Ela integra a visão do mundo com a visão mais profunda. Então nós vamos reconhecer que a visão do que está na nossa frente tem um reflexo natural da realidade espiritural.
Bem-Estar - No começo dessa entrevista, o senhor disse que é possível mudar. Como perceber a necessidade de mudança e chegar a ela?
Samten - A percepção da necessidade de mudança pode ser muito simples. Basta olhar como você se caracterizava há 10 ou 20 anos. E você vê que agora se caracteriza de uma forma diferente. Logo uma mudança é possível. A questão é como produzir uma mudança positiva de modo consciente, de modo deliberado, e como encontrar meios para que essa mudança se acelere e seja real, efetiva. Então esse é o objetivo não só das tradições espiriturais (inclusive do budismo), mas das tradições da psicologia.
Bem-Estar - Mas quais são os caminhos?
Samten - O budismo usa a meditação como um dos métodos, mas usa isso também que eu estou falando, que é estabelecer relações apropriadas com as outras pessoas - ou seja, o ensinamento sobre responsabilidade universal. Esses ensinamentos são muito úteis numa prática social, onde nós ajudamos as populações a desenvolverem uma melhor relação interna e também com o mundo ao seu redor. O budismo desenvolve uma visão social da realidade - isso está ligado à responsabilidade universal e tem muitos resultados.
Bem-Estar - Então é possível dizer que a mente constrói a nossa realidade? A partir da mente podemos ser felizes ou infelizes?
Samten - Com certeza. É importante entender que a operação da mente que produz isso nem sempre é uma operação consciente. Nós construímos as realidades e as realidades alteram de modo que nem sempre temos uma clareza de como está se dando. Então faz parte da tradição budista clarificar isso, mesmo num nível sutil, no nível que não é totalmente aparente, daí a importância da observação, que a gente começa a desenvolver sobre as nossas próprias ações, pensamentos e emoções. E também a importância da meditação, que nos permite olhar isso com maior profundidade.
Bem-Estar - Qual é o caminho da felicidade?
Samten - O caminho da felicidade seria, em primeiro lugar, não aspirarmos ser grandes, bonitos, musculosos ou vitoriosos, mas pensar que gostaríamos de ser felizes. E aspirar isso para nossos filhos e para as pessoas que estão ao nosso redor. Aspirar que sejam felizes, que se libertem do sofrimento, que encontrem as verdadeiras causas de felicidade e que se libertem das verdadeiras causas de sofrimento. Eu digo verdadeira causa porque às vezes as pessoas dizem que a causa do sofrimento é o fato do time de futebol ter perdido, por exemplo. Essa não é a verdadeira causa de sofrimento. A verdadeira causa do sofrimento é que a pessoa se vincula a coisas que sobem e descem. Enquanto a pessoa estiver vinculada a esses processos que não têm garantia nenhuma, às vezes se alegrará e às vezes se entristecerá.
Bem-Estar - Por isso que às vezes a pessoa tem tudo para ser feliz, mas não consegue?
Samten - Isso. As pessoas estão vinculadas a um processo que não tem controle. Não é que a pessoa perdeu alguém querido, mas é que depende das coisas ao redor para se sentir feliz. Portanto, não está triste porque o time perdeu, mas porque a sua alegria hoje depende do resultado do time de futebol. No budismo a gente busca desenvolver uma atitude positiva em relação às pessoas, que é justamente isso: aspirar que as pessoas se libertem do sofrimento, se libertem das causas de sofrimento e encontrem as causas da felicidade. Essa é uma atitude positiva, que pode ter em qualquer circunstância. Se essa atitude preenche nossos corações e nos dá energia, aí conseguimos avançar. Então o primeiro ponto é esse: conseguir a motivação. O segundo ponto é evitar ações negativas, porque caso contrário ficará aflito. O terceiro aspecto é ser capaz de trazer benefícios aos outros seres. Essa habilidade de cria uma satisfação interior - é como os pais cuidando dos filhos e os professores cuidando dos alunos - eles desenvolvem um sorriso interno, uma energia inexplicável que começa a tomar conta deles. O último ponto é a capacidade de dirigir a própria mente. A capacidade de tomar decisões e cumprir essas decisões positivas.
Bem-Estar -O senhor pode nos ensinar a meditação do amor universal (metabavana)?
Samten - Você senta numa posição confortável (pode ser em cadeira) com a motivação de ultrapassar os problemas e ajudar verdadeiramente os outros seres. Você inspira e expira, se acalma e produz o pensamento e a emoção positivos. Depois vê essa energia se espalhar pela própria respiração, que se transforma num leve calor no corpo (um leve aquecimento que vai de uma extremidade a outra do nosso corpo, dos pés à cabeça). Sinta o corpo com vitalidade. Sinta a forma. Então vai gerar uma condição de felicidade de modo autônomo, sem precisar de mais nada. Você aspira e começa a meditação metabavana. Então você diz: "Que os seres sejam felizes. Que eles ultrapassem os sofrimentos. Que encontrem as verdadeiras causas da felicidade. Que eles ultrapassem as verdadeiras causas de sofrimento". Essas quatro frases caracterizam a meditação metabavana. Podemos acrescentar outras quatro frases: "Que os seres todos, inclusive nós, se libertem de todas as prisões cármicas. Que a gente tenha lucidez instantânea quando olharmos as coisas. Que a gente desenvolva a verdadeira capacidade de ajudar os seres. Que nesses pensamentos e ações anteriores, a gente encontre o nosso eixo de vida e a nossa alegria". Isso nos permite um nascimento espiritual, independente da tradição religiosa.
Serviço:Palestra Mente, Saúde e Qualidade de Vida, com Lama Padma Samten. Dia 6 de maio, às 19 horas, na Acirp (avenida Bady Bassitt, 4.052)

Raio XLama Padma Samten é brasileiro, criador e presidente do Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB), em Porto Alegre. Antes de se tornar discípulo por Sua Eminência Chagdud Tulku Rinpoche, foi professor do departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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