Obra: Libertad
de Zenós Frudakis
"Sou um sonhador, mas não sou o único".
(...I
am a dreamer, but not only one).
John Lennon
Até algum
tempo atrás não sabíamos sequer se existia algum documento que delineasse uma
proposta de trabalho e o compromisso do candidato com a comunidade. Um avanço
que a internet nos trouxe e que é da maior importância para todos embora uma maioria
expressiva não se interesse pela coletividade porque o horizonte pessoal é, no
máximo, do tamanho da sua sombra. A sua compreensão não vai além. Por esta
razão se negocia votos com tanta facilidade.
Não
podemos esquecer que a exploração é grande. Telhas, tijolos, óculos, cimento,
viagens e tudo que se imaginar pode valer voto. Até chapinha. Tem uma coisa
mais bizarra que trocar voto por uma chapinha no cabelo?
O
político não faz este pacto sozinho. A comunidade também pauta as regras e os
métodos. O eleitor muda de candidato porque não se sentiu contemplado nos seus
próprios interesses. A disposição para sugar os candidatos é inesgotável. O
explorador nunca está saciado, sempre falta algo. Deu o tijolo? Tem que dar a
telha. Deu a telha? Falta a cerâmica. Deu a cerâmica? Falta a mão de obra.
Entra e sai eleição e os que rodam a bolsa não arredam o pé. Firmes e fortes. Coitados. A turma do andar de baixo ainda não descobriu que sem ela não há liderança que se sustente.
Após
as eleições, entram as equipes da primeira divisão. O passe é mais alto. As
negociações ficam mais caras e complexas. Saímos do território das chapinhas e dos tijolos para a distribuição de recursos, cargos e espaços privilegiados. Entra a turma que vai
compor a burocracia da gestão. É também a hora de recompensar quem financiou a
campanha. Decidem-se contratos de serviço. E a roda vai girando. Faltam verbas
para o que realmente necessita: educação, saúde, segurança, cultura, melhorias
na infraestrutura, etc.
O elenco da esperteza tem muitas categorias. Acredito que o mais barato ainda seja o eleitor. Neste, a esperteza reflete a ignorância, a incapacidade de se reconhecer enquanto cidadão. Ainda teremos muitas luas antes que mude a nossa mentalidade e a nossa vocação para a insignificância. É lamentável que os jovens se deixem aprisionar com tanta naturalidade por tão poucas migalhas. É uma pena deixar esse carma para as próximas gerações.
ML
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