Depois de ler, o domingo memorioso do blog http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com/, resolvi colocar no papel a história da minha família.
Em especial, resolvi falar da minha mãe e do meu pai, pois para a época em que viviam sua juventude, foram exemplo de amor, coragem e bravura, e para ficarem juntos e serem felizes, tiveram que ultrapassar barreiras que foram impostas para que eles não vivessem seu amor.
Minha mãe uma, jovem muito bonita e ainda de uma família de classe social bem superior a do meu pai, filha mais velha de uma família de muitos irmãos, um pai dono de muitas terras e próspero agricultor de algodão, que, na época, era o meio de sobrevivência da nossa cidade de Ipaumirim.
Meu pai um jovem de família muito pobre, eram moradores do Sr. Ademar Barbosa, e neto da parteira da cidade, Maria Petronilia mais conhecida como Mãe Veia.
Os dois se conheceram quando foi construída ali, na Vila São José, a Usina do Sr. José Sarmento, instalada nas terras do meu avô, vizinho da sua residência .
Meu pai, trabalhava como motorista na Usina do Sr. José Sarmento, e dali em diante iniciou-se um namoro que não foi aceito pelos pais de minha mãe, o meu avô Raimundo Leandro e minha avó Maria Ribeiro da Silva, filha do Sr. José Ribeiro mais conhecido como Casé Ribeiro.A partir daí, os dois não puderam viver seu namoro como os outros jovens, cada passo que minha mãe dava era rigorosamente acompanhada de alguém para que não se encontrasse com meu pai.
Como se amavam realmente, resolveram enfrentar tudo e todos para viverem seu amor. Combinaram que iriam fugir para se casarem.
Esperaram a grande festa da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição, e no dia 08 de dezembro, minha mãe fugiu de casa com meu pai. Aproveitou que poderia sair usando como desculpa que iria para a procissão e de lá não voltou mais.
Ela conta que meu pai a levou para casa do Sr. José Henrique e quando lá chegaram o mesmo e a esposa ainda não haviam voltado da igreja. (foto)
O meu pai a levou então para a casa do Sr. Hugo Victor até que o Sr. José Henrique (foto) voltasse para a casa com a dona Ivone , assim que o casal voltou da procissão meu pai a levou para lá. Naquela mesma noite, nasceu Gisele, filha do casal.
A cidade de Ipaumirim ficou em polvorosa onde já se viu uma moça de família fugir de casa com o namorado?! Foi a notícia mais comentada de todos os tempos, minha mãe e meu pai se casaram na sacristia da igreja do Olho d’água do Melão. (foto ao lado)
A roupa do seu casamento foi dada de presente pela sua madrinha de casamento Blandina, irmã do Sr. José Henrique, ela e seu esposo foram os padrinhos, o outro casal de padrinhos foi o Sr. Felizardo e sua esposa Adalva.
Com o passar dos anos percebeu que meu pai era um homem responsável e o aceitou de coração chegando a falar que não era um genro e sim um filho.
Convivi muito com meu avô, um homem muito íntegro e bom, sempre dando do que tinha para seu próximo, os amigos passavam na frente de sua casa, ele chamava para tomar um café, daí ficava para o almoço.
Seguindo a tradição da família, o meu avô deu a cada filho uma casa. Quando não, dava o terreno para que fosse construída, e assim o fez com minha mãe também, apesar de toda a relutância do meu pai, pois cansado de pagar aluguel teve que aceitar para que tivéssemos mais tranqüilidade.
Cresci ali ao lado da família de minha mãe, com o passar dos anos, a família foi crescendo mais sempre percebi que eu era a neta que mais recebia sua atenção, tinha uma preocupação especial comigo, sempre perguntava sobre o meu material escolar se já tinha todos os cadernos, e quando não tinha ele me dava o dinheiro para comprar.
O meu primeiro emprego veio através dele, pois ele era cliente da loja do Sr. Vicente Macedo, e lá ele conseguiu um emprego para mim, foi meu primeiro trabalho, como estudava durante a semana, todos os sábados ia trabalhar na loja do Sr. Vicente, como vendedora, cortando tecido. Comecei tomar gosto pelo trabalho e a partir daí não parei mais de trabalhar.
Quando foi para vir embora para São Paulo ele não queria que viesse, mas falou se é isso que você quer, vá, mas tome muito cuidado aquele lugar é perigoso.
Dei meu último beijo no meu avô e vim embora, e nos comunicávamos por cartas, ele me escrevia sempre e eu respondia contando tudo que havia dado certo. Numa de suas cartas, ele me mandou uma miniatura do Padre Cícero, e aquilo me emocionou muito, pois sabia da importância daquela imagem para ele, chorei muito e agradeci pelo presente, e assim pouco tempo depois ele veio ficar doente e faleceu.
Quando recebi a notícia aqui em São Paulo , foi duro suportar o baque, mais tive que continuar minha vida aqui mesmo.Teria muito o que falar deste homem tão generoso para com os outros, que cedia suas terras para que os ciganos ocupassem ali, o quanto quisessem, mas farei isso em outro momento, porque a intenção agora é falar do amor do meu pai e da minha mãe que foram os personagens principais desse texto.
Meu pai foi valente e bom até o final de sua vida, ele e minha mãe se completavam, aquele amor era visível para todos nós, filhos que compartilhavam com eles até o fim.
Morando aqui com a gente, em São Paulo, ele sempre deixou claro, que quando falecesse queria que seu corpo fosse levado para sua terra querida, Ipaumirim, e sua vontade foi feita, minha mãe levou seus restos mortais para junto dos seus familiares, ele foi colocado junto do meu avô e da minha avó.
Minha mãe, com a falta do meu pai foi se transformando, nunca mais foi a mesma, ficou doente, muito doente obteve mal de Parkinson, e hoje luta com dificuldades contra essa doença terrível. Alguns pesquisadores definem o mal de Parkinson como a doença do sofrimento e eu creio que seja verdade pois foi depois da morte do meu pai que minha mãe adquiriu a doença, talvez de saudades dele foi ficando cada dia pior.
Foi difícil conseguir tirar dela tantas lembranças ,mas somente assim conseguiria lhe prestar essa homenagem.
Procurei através desse texto homenagear meus pais que sempre foram exemplo de amor e luta para mim e meus irmãos, também meu avô que para mim foi a base de tudo, pois soube perdoar e percebeu que havia errado e consertou suas falhas. Tivemos no final de tudo, um bom relacionamento familiar.
Minha mãe amava tanto meu avô que homenageou o mesmo dando a dois de seus filhos seu nome.
Ela e meu pai tiveram os fihos:
José Hermano Filho
Raimunda Gildaci
Raimundo Leandro de Lima Neto
José Odilon Leandro Santana.
José Edinaldo leandro santana
Reginaldo José Santana
Geila Márcia Leandro Santana.
Cícero Adriano Leandro Santana
Paulo André Santana
João Paulo Leandro Santana.
E nossa mascotinha, filha do meu irmão Hermano Filho, que ele criou como filha.
Hermacia Santana
Um beijo a todos meus irmãos e amigos.
Raimunda Gildaci da Silva Carvalho.
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