segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Canção

Cecília Meireles

Não te fies do tempo nem da eternidade
que as nuvens me puxam pelos vestidos,
que os ventos me arrastam contra meu desejo!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te vejo!
°°°
Não demores tão longe,
em lugar tão secreto,
nácar de silêncio que o mar comprime,
ó lábio, limite do instante absoluto!
Apressa-te, amor,
que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te escuto!
°°°
Aparece-me agora,
que ainda reconheço
a anêmona aberta na tua face
e em redor dos muros o vento inimigo...
Apressa-te, amor,
que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te digo

Nenhum comentário: