sábado, 15 de março de 2008

Crônica

Inverno em Ip
- do orkut de Wescley -



QUANDO CAEM AS CHUVAS
Por Cairo Arruda (Membro da ACI)


Esse tema lembra-me o comentário de autoria do meu saudoso pai - Miguel V. Arruda, veiculado no jornal Correio do Ceará, dos Diários e Rádios Associados, de Fortaleza, propriedade do Jornalista Assis Chateaubriand.


Na época – décadas de 50 e 60, ele residia na pequena Vila de São Pedro, distrito de Milagres, município da região do cariri cearense, povoado este, que mais tarde emancipou-se, por sinal, com a valiosa ajuda dele, passando a denominar-se de Abaiara, por sugestão do Padre José Leite Sampaio (Duza), filho daquela terra.

Ali, passei boa parte da minha juventude: tendo as primeiras aventuras amorosas; praticando o futebol (meu esporte predileto), ao lado de amigos, como: Zé e Pedro de Assis, Antonio de Belo, Evangelista Moreira, Nias Sampaio, e tantos outros, defendendo o time local.
Mas, vou falar mesmo é de inverno no nosso sertão do Ceará.

Quando as chuvas caem de forma equilibrada, a natureza se transforma. O verde toma conta do matagal, já tão rasteiro, por força da ação do homem do campo, que, em busca da sobrevivência, sente-se obrigado a cultivar a terra, ao modo a seu alcance, com queimadas (brocas) ano a ano, para fazer o seu roçado, de milho, feijão, arroz, etc, a chamada agricultura de subsistência.

Por causa delas, o resultado positivo das plantações, está garantido – os frutos do inverno em abundância. E começam a aparecer, nos mercados, nas feiras-livres e por tudo quanto é canto, para satisfação de todos, principalmente, dos que labutam no campo.

É quando mais lamento em estar ausente desse ambiente gostoso e alegre do nosso interior cearense, onde passei a maior parte da minha vida, desfrutando da coalhada fresquinha, do feijão verde, do milho verde assado e cozido, da canjica e pamonha, da maxixada, do cuscuz, do bolo de milho feito pela minha mãe Fransquinha, sogra Joaninha e pela quase irmã Luizinha, todas, de saudosa memória.

Plagiando o grande Roberto Carlos, eu digo: Velhos tempos, velhos dias...

Como é bom, contar com espaço, como este, para recordar as coisas boas da nossa existência; dilacerar o coração já safenado e aguçar a gula de sertanejo autêntico, que não esquece a comidinha do sertão nordestino, mormente, as guloseimas típicas de inverno!
Que as chuvas continuem a cair regularmente em todo o Nordeste!

E-Mail: cairomiri@yahoo.com.br

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