Desigualdade secular
Clóvis Rossi
Peço licença ao bom ministro Fernando Haddad para discordar de sua avaliação de que o grande nó da educação no Brasil é o ensino médio. É um nó, sim. Mas o grande problema está na desigualdade social e seu reflexo na educação. Pior: a desigualdade, ao contrário do que diz a propaganda oficial, não diminuiu no governo Lula. Em alguns pontos, aliás, até aumentou. Exemplo: a taxa de analfabetismo na população de 15 anos ou mais era, em 2005, de 19,4% entre os 20% mais pobres e de 1,5% entre os 20% mais ricos. No ano seguinte, aumentou o analfabetismo entre os 20% mais pobres (para 20,8%) e aumentou também, mas menos, entre os 20% mais ricos (para 1,8%). Consequência: a desigualdade em pontos percentuais subiu, de um ano para outro, de 17,9 para 19. São dados que surgem do estudo "As Desigualdades na Escolarização no Brasil", preparado pelo Comitê Técnico do Observatório da Equidade, criado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência (não é, portanto, da "mídia golpista"). O número de fevereiro de "Desafios do Desenvolvimento" (editada pelo Ipea, Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) antecipa números, como sempre chocantes. O espaço não permite resgatar a maioria deles, mas vale citar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, elaborado pelo MEC de Haddad, que estabelece a meta de os alunos alcançarem pelo menos 6 pontos (numa escala de 0 a 10) em 2021. Resultado: os alunos de escolas públicas alcançam 3,6 pontos, ao passo que, na escola privada, a média é 5,9, quase na meta. Conclui a revista: "Quem tem condições de pagar uma escola privada já está em 2021". Quem não está, fica no século passado. Como educação é talvez a mais vital alavanca para reduzir desigualdades, tem-se que elas só podem eternizar-se.
Fonte: Folha de S. Paulo27/3/2008
E nós, como estamos no meio desse emaranhado de dados?
Alguém comete a insanidade de pensar que vai sair do lugar com esses índices? No programa de Modernização e Melhoria da Educação Básica do Ceará, Ipaumirim está vinculado ao Núcleo de Icó junto com os municípios de Baixio, Cedro, Icó, Lavras, Umari e Várzea Alegre. O que anda fazendo o programa?
“Em junho 2001, o Governo do Estado do Ceará implementou o Programa de Melhoria da Educação Básica do Estado do Ceará, através da parceria com a Fundação Brava e Fundação de Desenvolvimento Gerencial (FDG), hoje, Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG).
Na primeira fase, o Programa foi implementado em 16 escolas pilotos, distribuídas entre os CREDE 21, 22 e 23 localizados em Fortaleza com o acompanhamento sistemático dos consultores do INDG e técnicos da SEDUC e dos CREDE, ao mesmo tempo, foi estendido para toda a rede estadual com suas 790 escolas. Para esta nova fase, o Programa contará com uma escola piloto por CREDE, somando um total de 23 escolas, que foram escolhidas a partir de critérios elaborados com o objetivo de buscar resultados satisfatórios nas mais diferentes escolas cearenses independentemente de sua modalidade de ensino ou localização. As demais escolas da rede estadual participarão do Programa por meio de adesão, registrada em um Termo de Compromisso, assinado pelo diretor(a) de cada escola.Em 2004, o Programa pretende abranger a rede municipal de educação que irá participar por adesão do município e da escola, buscando assim integrar os dois sistemas com o mesmo objetivo, a melhoria da educação no Ceará.
O Programa visa à participação de alunos, pais, professores, funcionários e especialistas na elaboração de um plano de ação, a partir do Projeto Político Pedagógico (PPP) e do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem, em duas vertentes: a Área Pedagógica e o Programa 5S. Na vertente pedagógica, atividade fim da escola, o Programa se propõe a contribuir para a melhoria dos resultados das taxas de aprovação e abandono garantindo a conquista das competências, atitudes e habilidades contempladas nos Parâmetros Curriculares Nacionais do MEC e nos Referenciais Curriculares Básicos para o Estado do Ceará. As metas globais para 2003 foram aumentar para 90% a taxa de aprovação e reduzir para 7% a taxa de abandono.
(...)
A meta estabelecida para 2003 foi de implementar este sistema em 90% das escolas da rede pública estadual do Ceará, via web, independente de sua localização geográfica e possibilitará o acompanhamento dos indicadores de desempenho dos alunos e o andamento do Programa 5S. De forma presencial, através de visitas periódicas às escolas pilotos e aleatórias às não pilotos, reuniões periódicas com as equipes do Programa dos CREDE/Escolas e do Sistema de Acompanhamento Pedagógico.”
(http://www.indg.com.br/escolasdoceara/descricao.asp)
“Em junho 2001, o Governo do Estado do Ceará implementou o Programa de Melhoria da Educação Básica do Estado do Ceará, através da parceria com a Fundação Brava e Fundação de Desenvolvimento Gerencial (FDG), hoje, Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG).
Na primeira fase, o Programa foi implementado em 16 escolas pilotos, distribuídas entre os CREDE 21, 22 e 23 localizados em Fortaleza com o acompanhamento sistemático dos consultores do INDG e técnicos da SEDUC e dos CREDE, ao mesmo tempo, foi estendido para toda a rede estadual com suas 790 escolas. Para esta nova fase, o Programa contará com uma escola piloto por CREDE, somando um total de 23 escolas, que foram escolhidas a partir de critérios elaborados com o objetivo de buscar resultados satisfatórios nas mais diferentes escolas cearenses independentemente de sua modalidade de ensino ou localização. As demais escolas da rede estadual participarão do Programa por meio de adesão, registrada em um Termo de Compromisso, assinado pelo diretor(a) de cada escola.Em 2004, o Programa pretende abranger a rede municipal de educação que irá participar por adesão do município e da escola, buscando assim integrar os dois sistemas com o mesmo objetivo, a melhoria da educação no Ceará.
O Programa visa à participação de alunos, pais, professores, funcionários e especialistas na elaboração de um plano de ação, a partir do Projeto Político Pedagógico (PPP) e do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem, em duas vertentes: a Área Pedagógica e o Programa 5S. Na vertente pedagógica, atividade fim da escola, o Programa se propõe a contribuir para a melhoria dos resultados das taxas de aprovação e abandono garantindo a conquista das competências, atitudes e habilidades contempladas nos Parâmetros Curriculares Nacionais do MEC e nos Referenciais Curriculares Básicos para o Estado do Ceará. As metas globais para 2003 foram aumentar para 90% a taxa de aprovação e reduzir para 7% a taxa de abandono.
(...)
A meta estabelecida para 2003 foi de implementar este sistema em 90% das escolas da rede pública estadual do Ceará, via web, independente de sua localização geográfica e possibilitará o acompanhamento dos indicadores de desempenho dos alunos e o andamento do Programa 5S. De forma presencial, através de visitas periódicas às escolas pilotos e aleatórias às não pilotos, reuniões periódicas com as equipes do Programa dos CREDE/Escolas e do Sistema de Acompanhamento Pedagógico.”
(http://www.indg.com.br/escolasdoceara/descricao.asp)
Quem quiser saber detalhes, objetivos, metas, metodologia, sistemas de avaliação entra no site acima.
Pergunta que não quer calar:
Estamos em 2008. O programa atua mesmo em Ip? Como? Onde? Resultados? Os resultados do Ideb confrontados com os objetivos e metas do programa são uma piada.
"Dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador que avalia a qualidade de ensino no País, revelam que nenhum dos municípios cearenses atingiu a nota 5 nos anos iniciais do ensino fundamental, em uma escala de 0 a 10.O Ceará obteve 3,2 como média, a mesma nota de Fortaleza. O bloco das cidades com o pior resultado é formado por Monsenhor Tabosa (1,7), Salitre(1,8), Ipu (2,2), Lavras da Mangabeira (2,2), Tamboril (2,2), Ipaumirim (2,3), Mauriti (2,3) e Umari (2,3). Entre os problemas enfrentados pelos gestores educacionais destes municípios, destacam-se os altos índices de analfabetismo, a baixa escolaridade dos pais e a falta de infra-estrutura adequada.(...)
Por dia, mais de 1,1 mil alunos do ensino médio e fundamental abandonam os estudos em todo o Estado. Em quatro anos (2001-2005), as taxas de aprovação caíram de 82,1% (fundamental) e 80,9% (médio) para 79% e 72,5%, respectivamente. Entre 2001 e 2006, 692 escolas da rede privada de ensino fecharam suas portas. Na rede pública de ensino, a queda no número de matrículas foi de 2,2%, entre os anos de 2005 e 2006. A maior diminuição foi registrada na educação infantil (-7,2%). 1,6 milhão de cearenses não sabe ler nem escrever. 4,8 mil alunos estão matriculados em escolas indígenas.
Por dia, mais de 1,1 mil alunos do ensino médio e fundamental abandonam os estudos em todo o Estado. Em quatro anos (2001-2005), as taxas de aprovação caíram de 82,1% (fundamental) e 80,9% (médio) para 79% e 72,5%, respectivamente. Entre 2001 e 2006, 692 escolas da rede privada de ensino fecharam suas portas. Na rede pública de ensino, a queda no número de matrículas foi de 2,2%, entre os anos de 2005 e 2006. A maior diminuição foi registrada na educação infantil (-7,2%). 1,6 milhão de cearenses não sabe ler nem escrever. 4,8 mil alunos estão matriculados em escolas indígenas.
Fontes: Censo Escolar, Pnad 2006 e Anuário Estatístico do Ceará.
ENQUANTO ISSO, EM IP........
E a próxima prefeitura de Ip, que pensará sobre o assunto? Será que a politicagem sabe, pelo menos, que educação é assunto sério?
A gente só escuta falar do conversê sobre os conchavos possíveis, as traições, descrenças, interesses impublicáveis mas programa de governo, metas etc... isso não existe?
Na maioria dos municípios sintonizados com o século XXI, essas discussões já estão na praça. Que coisa! Pelamor de Deus, os políticos precisam respeitar o eleitor. É obrigação. Cidadania. Pelo menos, aqueles que não vendem o voto pensam assim. Os que vivem do escambo eleitoral podem até nem se importar mas tem gente que já botou o pé no século XXI.
Daqui a pouco vamos sair cantando hinos e marchando ao som dos dobrados das bandas de música, como nos mediados do século passado.
A gente só escuta falar do conversê sobre os conchavos possíveis, as traições, descrenças, interesses impublicáveis mas programa de governo, metas etc... isso não existe?
Na maioria dos municípios sintonizados com o século XXI, essas discussões já estão na praça. Que coisa! Pelamor de Deus, os políticos precisam respeitar o eleitor. É obrigação. Cidadania. Pelo menos, aqueles que não vendem o voto pensam assim. Os que vivem do escambo eleitoral podem até nem se importar mas tem gente que já botou o pé no século XXI.
Daqui a pouco vamos sair cantando hinos e marchando ao som dos dobrados das bandas de música, como nos mediados do século passado.
Ai, ai. Vou buscar no meu baú a minha vestimenta de gala: saia plissada de nycron e blusa de "volta ao mundo". Mamitas, engomem os vestidos de cambraia bordada das garotas. Meninos! Tirem a calça de tergal e a camisa banlon da gaveta. Mulheres! Resgatem as suas perucas kanekalon que está começando tudo de novo.
ACORDA ALAGOINHA!
ACORDA ALAGOINHA!
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