BENDITOS FRUTOS
(Paulo Santana)
Pensei muito antes de oferecer aos meus leitores minha conclusão sobre o caso de filhos do presidente do Paraguai gerados, espuriamente, enquanto ele vestia o manto episcopal.
As mães foram amantes de Lugo antes do seu desligamento do vínculo canônico, ou seja, antes de ele abandonar a Igreja.
E o interessante é que, enquanto Fernando Lugo foi bispo, nenhuma das suas amantes denunciou-o pelas práticas profanas.
Só foram denunciá-lo depois que ele envergou a faixa presidencial.
Em suma, essas três mulheres que têm filhos com Lugo, mais outras três que ameaçam botar a boca no trombone, enfim, dezenas que ainda podem vir a denunciar o presidente por sua prolífica concupiscência enquanto clérigo, indubitavelmente comungaram voto de silêncio sobre a trama lúbrica.
Mal o bispo se tornou presidente, passaram a assanhar-se para apontá-lo como pai de seus filhos.
Antes, elas se envergonhavam de ter tido conúbio com um bispo – o que diriam seus parentes e conhecidos?
Agora que Fernando Lugo foi sagrado presidente da República, passaram a se orgulhar de terem se abrigado sob sua batina.
Hipócritas, cevaram em sigilo o corpo do bispo ardiloso durante todo o seu mandato clerical.
Saíram correndo no rumo dos holofotes da imprensa logo que o bispo se livrou das ordens sacras e se tornou o primeiro mandatário nacional.
Aproveitadoras. Pode até ter-lhes passado pela cabeça o sonho delirante de reviverem a paixão proibida e virem a se tornar primeira-dama.
Última dama escondida enquanto se refestelavam na escuridão da Cúria, primeira-dama ostensiva, declarada e presunçosa no palácio presidencial.
Mas se o ex-bispo era assim tão envolvente e sedutor, como elas só agora ousam confessar, na presidência da República terá muito mais condições de dar vazão às suas afrodisíacas pretensões.
Se o presidente do Paraguai se inspirar nas farras mordômicas a que julgam ter direito determinados estamentos públicos, há de dar um jeito para que o erário federal pague as dezenas de pensões alimentícias que seu destemperado furor lascivo tenha acarretado.
Na verdade, a proibição sacerdotal, a julgar pelos bilhões de dólares que a Igreja Católica pagou de indenização no mundo pelos excessos de pedofilia de muitos de seus membros, encerra apenas um vedação matrimonial, o exercício sexual fica veladamente liberado.
Porque é muito mais fácil proibir o vínculo matrimonial aos sacerdotes quanto é quase impossível proibir a demência erótica.
Quando o bispo Fernando Lugo iniciava seu sermões com a expressão “meus filhos”, como Galvão Bueno saúda no seu “bem, amigos”, pensava-se que se tratava de uma força de expressão.
Nada disso, a saudação era, vê-se agora, dirigida a um público bem definido e certo, os frutos múltiplos de suas aventurescas estripulias sensuais.