No vestibular 2009.1 da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos — Fafidam, unidade descentralizada da Uece em Limoeiro do Norte —, dos 1.134 candidatos que disputavam 220 vagas, 193 conseguiram ser classificados para o curso que escolheram. Outras 27 vagas ficaram ociosas, porque os candidatos não atingiram o mínimo considerável para classificação. Zerar uma das provas do vestibular é um dos pré-requisitos para desqualificação do novo aluno.
Os casos preocupantes aconteceram para os cursos de Letras com habilitação em Inglês e Física. Neste último, 70 candidatos disputavam 25 vagas — média de 2,8 pessoas por vaga — mas somente 11 atingiram o perfil mínimo. Em Letras/Inglês, foram 89 candidatos disputando 40 cagas — média de 2,2 pessoas por vaga — e apenas 27 se classificaram. Como essa situação inviabiliza a existência de classificáveis, foi necessário convocar remanescentes do vestibular de Pedagogia, curso que preencheu as próprias vagas, mas de 295 candidatos, tão somente 15 classificáveis, além dos 40 classificados, atingiram o perfil mínimo para a Universidade.
“Isso não é bom, pois mexe com a questão da qualidade dos estudantes da faculdade. É preciso repensar, com urgência, o vestibular ou a formação básica, para mudar esse quadro preocupante”, explica Hidelbrando dos Santos, diretor da Fafidam, em Limoeiro.
Sertão Central
Em outra unidade da Uece no Interior, a Faculdade de Ciências e Letras do Sertão Central, em Quixadá, convocou todos os classificáveis possíveis e ainda sobraram cinco vagas no curso de Letras/Inglês e três vagas para Física. A direção da faculdade convocou classificáveis do curso de Ciências Biológicas para preencher as vagas. “Entre física e biologia há muita diferença”, admite Ana Lúcia, coordenadora do Controle Acadêmico daquela unidade. No vestibular 2008.2, realizado no segundo semestre do ano passado, sobraram, pelas mesmas condições, sete vagas em Matemática e 12 em Química.
Vagas remanescentes
As vagas remanescentes de outros cursos podem ser causadas por dois fatores principais: desistência dos candidatos classificados, geralmente por terem sido aprovados em outro vestibular impreterível, ou, nos casos evidenciados acima, por não atingir a pontuação mínima nas provas que garantisse a ocupação da vaga. Conforme a professora Jane Elisabete, diretora do Departamento de Ensino e Graduação da Uece, em Fortaleza, a ociosidade de vagas por candidatos não atingirem o perfil mínimo é um problema exclusivo do Interior. “Pelo bem maior número de concorrentes, essa situação não ocorre em Fortaleza, em que quando um candidato desiste geralmente é porque foi aprovado na UFC, e acabam escolhendo ir para lá”, afirma Jane Elisabete.
Mais informações:
Universidade Federal do Ceará (Uece)
Av. Paranjana - Fortaleza
Fone: (085) 3101.9622
http://www.uece.br/
MELQUÍADES JÚNIOR
MELQUÍADES JÚNIOR
Colaborador
NÍVEL SUPERIOR
Ensino Médio de qualidade é decisivo no vestibularLimoeiro do Norte. O questionamento mais imediato para a situação crítica de parte dos vestibulandos do Interior do Estado é sobre que tipo de estudantes o Ensino Médio está formando. A maioria dos candidatos da Universidade Estadual do Ceará (Uece) no Interior é egressa do ensino público estadual — atualmente, as escolas públicas do País respondem por 90% das matrículas de Ensino Médio.
Em maio do ano passado, o Diário do Nordeste tratou do problema da crise nesse estágio de ensino. Professores e estudantes da Escola Lauro Rebouças de Oliveira, em Limoeiro do Norte, reclamavam a falta de material básico para as aulas, e admitiam que os estudantes das escolas particulares próximas tinham mais chances de passar no vestibular, ainda que, em muitos casos, os vestibulandos das escolas privadas escolham cursos mais concorridos nas Capitais. Desta forma, gera um tipo de concorrência “desleal” entre os candidatos ao vestibular da escola particular e da pública.
Desigualdade
Muitos alunos entrevistados apenas aguardavam concluir o Ensino Médio para considerar que “terminaram os estudos”. A situação não muda no resto do Brasil. De acordo com Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007, o acesso dos alunos ao Ensino Médio é marcado pela desigualdade.
Consideradas as pessoas com idade de 15 e 17 anos, entre os 20% mais pobres, apenas 24,9% estavam matriculadas, sendo que entre os 20% mais ricos, 76,3% frequentavam esta etapa do ensino.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de estudantes da rede privada foi de 5.6, enquanto o da rede pública foi 3.1. A média nacional foi de 3.4, que é considerada insatisfatória, tendo como parâmetro a escala de 0 a 10 do indicador. O ano de 2007 ainda registrou um índice de 13,3% de abandono — evasão escolar — somente no Ensino Médio.
O Ministério da Educação (MEC) pretende aumentar os investimentos na área. Somando os valores direcionados à educação no ano passado e mais a previsão para 2009, estima-se que sejam investidos R$ 7 bilhões a mais no ensino público. Dentre outros objetivos, a intenção é melhorar o índice do Sistema de Educaçao da Avaliaçao Básica (Saeb) e, então, diminuir o quadro de ociosidade de vagas nas universidades públicas.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado pelo Instituto Nacional de Estudos e de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em 2007, como parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Ele é calculado com base na taxa de rendimento escolar — aprovação e evasão — e no desempenho dos alunos no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e na Prova Brasil. Quanto maior a nota da instituição no teste e menor as repetências e desistências, melhor será a sua classificação.
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/