TRANSPOSIÇÃO, IBGE E ALAGOINHA. (Rubens Dário Vieira)
Acompanhei com atenção o patético Bispo Dom Luiz Cappio em sua inglória greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco, conhecido como o “velho Chico”. Ante a isso, cheguei à conclusão que Dom Cappio é covarde e fraco, pois só agüentou 24 dias tomando soro caseiro feito com água tratada. Agora, como diria o Euclides da Cunha, “o sertanejo é antes de tudo um forte”, pois é capaz de tomar água barrenta e insalubre durante vários meses enquanto volta a chover numa atitude de coragem e desafio aos ditames da vida.
Dom Luiz Cappio faz lembrar-me um pouco a história da abolição da escravatura no Brasil. Na época existiam os “não abolicionistas”, eles defendiam a tese que os negros eram pessoas inferiores e certamente não saberiam viver livres, não conseguiriam progredir e nunca chegariam a uma posição de destaque. Será que Pelé concordaria com isso? E o Milton Nascimento, o que diria? E a talentosa, bonita (e gostosa)Taís Araújo, estará de acordo com essa história feia? Pois é, também existem aqueles que não querem ver os pobres progredirem.
Os que são contrários a Transposição do São Francisco, como Dom Luiz Cappio, estão cheios de argumentos estatísticos técnicos e científicos. Mas eu duvido que eles tenham e divulguem os dados de quantos nordestinos durante séculos já morreram e morrem de subnutrição ou diarréia pelo simples fato de não ter água boa para beber e produzir alimentos. Fico a imaginar ainda se Dom Luiz Cappio morasse nos Estados Unidos e tivesse conseguido impedir o desvio do Rio Colorado ou residisse no Egito para barrar a transposição do Rio Nilo. O que seria hoje da superpotência americana? Como estaria vivendo o milenar povo do deserto Egípcio? É, mas infelizmente o Bispo mora no Brasil.
Com relação à Alagoinha, é necessário que a Transposição do Velho Chico venha logo para poder mudar uma estatística deprimente. O último Censo Demográfico, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que em sete anos a população de Ipaumirim aumentou exatamente 52 pessoas. Passou de 11.539 habitantes em 2000 para 11.591 em 2007. Isso dá menos de 0,5%(meio ponto percentual) contra 10,15 % de crescimento do Ceará no mesmo período. O que está acontecendo com Alagoinha? Como um município não consegue aumentar nem em 1% sua população em sete anos? De quem será a culpa? Boas perguntas essas, não? Melhor ainda devem ser as respostas que os leitores têm em mente. E eu também. Um dia ainda escreverei sobre culpa e culpados.
Ainda bem que uma das metas da Transposição do Velho Chico é fazer permanecer no campo 400 mil pessoas evitando assim o êxodo rural para grandes centros urbanos. Essa medida por si só já ajudaria em muito o povo de Alagoinha que teria aqui possibilidades de viver trabalhando e ajudando a melhorar os péssimos e vergonhosos índices sociais do município, levando ainda a máxima bíblico-divina do “crescei e multiplicai” à prática, e o melhor, no seu torrão natal. Que Deus esteja pelos ipaumirinenses e por todos os sertanejos famintos, sedentos e sofredores e também pela Transposição do Velho Chico, e claro, esteja contra Dom Luis Cappio e as estatísticas científicas, principalmente as do IBGE. Vixe Maria!
Até mais. Vou logo ali verificar se o Rio já chegou para tomar um banho nas águas puras do velho Chico. Espero que a Letícia Sabatella esteja lá tomando banho nua e linda, exatamente o contrário de sua posição feia contra a transposição. E se ela estiver lá, não precisa o Ciro Gomes bater boca com ela, deixa que eu dou um trato na morena. Valei-me, São Francisco!
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DA INFÂNCIA
(Leticia Wierzchowski )
Dia lindo de verão, e meu filho de seis anos vem correndo pela areia e diz: "Mãe, estou com um psicólogo no pescoço." Dá vontade de tascar um beijo nesse rosto bronzeado e vivaz, mas eu apenas respondo sorrindo: "Psicólogo, não, meu filho. Você está é com um torcicolo."
"E o que é psicólogo então?", ele quer saber depressa. "Psicólogo é um médico que ajuda as pessoas a resolverem seus problemas e medos." Ao que ele retruca: "Ah, mas por que elas não falam essas coisas com os pais delas?"
No exato momento em que você lê esse texto, imagino que milhares de consultas terapêuticas estejam sendo pagas por pacientes ávidos em resolver seus traumas com os progenitores.
Mas, aos seis anos, essa é a lógica da vida: apertou, chame o pai ou a mãe. E que delícia viver isso, equilibrar essa responsabilidade nos ombros, com seus momentos difíceis e suas glórias. Neste final de férias, os problemas do meu filho se resumem à temperatura da água, ou à falta do picolé predileto.
O que não posso resolver (quem sou eu pra ter alguma incidência sobre a temperatura da água nessas paragens?), eu driblo. O mar está ruim, vamos jogar frescobol. Haverá certamente um tempo em que serei apenas observadora dos problemas do meu menino, e provavelmente meus conselhos nem serão levados em consideração.
Mas, por enquanto, massageio o seu pescoço dolorido, e vamos juntos comer um picolé de morango, que não há dor infantil que resista a tal delícia.
Faz algum tempo, pensando numa personagem que eu queria compor, cheguei em casa com dois baralhos de tarô novos em folha.
Sentada no chão do meu quarto, comecei a mexer naquelas cartas grandes e bonitas, brincando de adivinhar o futuro nos seus signos, de olho fixo num pouco confiável manual que acompanhava o baralho.
Meu filho entrou no quarto e interessou-se imediatamente pela função. Perguntou-me que jogo era aquele, e respondi que eram cartas muito antigas que adivinhavam coisas. A gente fazia uma pergunta, cortava o baralho assim e assado, e lá vinha a resposta que queríamos.
Ele quis jogar. Embaralhei as cartas, e pedi que cortasse o bolo em três e se concentrasse numa pergunta. Nada de dúvidas profundas nem curiosidades transcendentais.
Meu filho fechou os olhinhos, respirou fundo e, cortando o baralho conforme a minha indicação, perguntou aos Arcanos em voz alta e expectante: "Baralho, eu queria saber quantas sementes têm uma laranja." Veio um oito de paus e ele deu-se por satisfeito. E depois eu me pergunto por que a gente cresce.
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Secretaria tenta melhorar ensino
A Semana Pedagógica de Iguatu teve como tema central Direito de Aprender. Outros temas também foram debatidos De olho nos indicadores educacionais que são insuficientes, a Secretaria de Educação deste município, antes do ano letivo começar, promoveu um ciclo de palestras com os professores da rede municipal. A idéia é motivar os docentes para tentar melhorar a qualidade do ensino na escola pública. O foco do debate são os fatores que contribuem para o desempenho dos alunos. O ano letivo na rede municipal começou no último dia 13.
A julgar pelos dados que se repetem todos os anos, a melhoria da qualidade de ensino na rede pública não é tarefa fácil. Exige-se do docente planejamento, dedicação e compromisso. Exemplos de outros países são apresentados e debatidos. Há até apelos para que os professores tratem os alunos como filhos. São fórmulas que buscam vencer o desafio de tornar o processo de ensino e aprendizagem na escola municipal com relativa qualidade.
A secretária de Educação, Marlene Amâncio, enfrenta esse desafio. “Apesar dos indicadores mostrarem baixo rendimento das crianças, acredito que estamos no caminho certo. É possível oferecermos uma escola pública de qualidade”. Ela reafirmou que as ações do setor passam pela valorização do professor a partir da implantação do Plano de Cargo e Salário do Magistério em 2007, melhoria da infra-estrutura das escolas, apoio à gestão escolar e a implantação do Plano Municipal de Educação.
De acordo com dados da Secretaria, o rendimento médio dos alunos da 1ª a 4ª série, é de 3,3 e para os estudantes do 5º ao 9º ano, é de 2,8. O mínimo aceitável é um rendimento com média 6. O índice de evasão é em torno de 15%. “Os indicadores não são bons e, por isso, optamos, num primeiro momento, em investir na valorização dos professores, sem esquecer equipamentos e melhoria das escolas”, disse o prefeito, Agenor Neto.
A professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Eloísa Maia Vidal, participou da Semana Pedagógica e apresentou uma série de fatores que influenciam no desempenho das escolas e propôs a implantação de um sistema municipal de avaliação dos alunos e dos docentes. “No Brasil, houve descentralização e ampliação do acesso à escola pública, mas houve também uma queda na qualidade da educação. Um dos piores fatores é a perda de tempo em sala de aula”.
Aprendizagem
Com base em dados de relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma instituição internacional, Eloísa apresentou um conjunto de fatores que interferem na aprendizagem e na qualidade da escola. Observou a dificuldade de se fazer intervenção para melhorar o quadro atual em face da falta de critérios de avaliação. “Sem identificar o porquê do aluno não ter aprendido, há uma permanência da dificuldade e do caminho errado”. O evento teve como tema central “Direito de Aprender”. Outros temas foram debatidos. O professor adjunto da Universidade Federal do Ceará, Wagner Andriola, falou sobre a avaliação da aprendizagem no dia-a-dia da escola.
Mais informações:Secretaria de Educação do município de Iguatu(88) 3581. 6002
Fonte: Diário do Nordeste, 21.02.2008PELO MENOS, TEM ALGUÉM TENTANDO DAR UMA SATISFAÇÃO EM RELAÇÃO AOS BAIXOS ÍNDICES DE EDUCAÇÃO E BUSCANDO COMPREENDER O PROBLEMA.
E IPAUMIRIM?
ACORDA, ALAGOINHA!!!!!!!!!!!!!!!
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