quarta-feira, 16 de novembro de 2011



Sofro, Lídia, do medo do destino.
A leve pedra que um momento ergue
As lisas rodas do meu carro, aterra

Meu coração.

Tudo quanto me ameace de mudar-me

Para melhor que seja, odeio e fujo.

Deixem-me os deuses minha vida sempre
Sem renovar

Meus dias, mas que um passe e outro passe

Ficando eu sempre quase o mesmo, indo
Para a velhice como um dia entra
No anoitecer.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa


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