quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Dor de cabeça: incentivo à emigração


O secretário de Estado do Desporto e Juventude afirmou em São Paulo, a uma plateia de representantes da comunidade portuguesa e jovens luso-brasileiros, que «se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras». Alexandre Miguel Mestre acrescentou que emigrar pode ser benéfico para o jovem que regresse à sua pátria, visto que «depois de conhecer as boas práticas» do país onde esteve, poderá «replicar o que viu» com o objectivo de «dinamizar, inovar e empreender». Mas a emigração, segundo o secretário de estado, também é boa no caso de o jovem português se fixar no país onde se fixou, pois assim poderá «dignificar o nome de Portugal e levar know-how daquilo que Portugal sabe fazer bem». Tenho dois comentários a fazer à mensagem do secretário de Estado. Primeiro, é difícil perceber como é que um governo que tem tido um cuidado particular com o que diz, aparece agora com este incentivo descarado à emigração. Não cabe ao governo dar conselhos aos contribuintes sobre decisões pessoais de deixar ou não o País, nem sequer num contexto em que se falava de intercâmbios estudantis e estágios no estrangeiro. Prometo não ir ao ponto de acusar o secretário de Estado de anti-patriotismo, mas é importante perceber que um apelo à emigração neste momento não dá esperança a ninguém. O que fica é a ideia de que o País não tem nada para oferecer àqueles em cuja educação investiu. É desolador para o presente e para o futuro. Segundo, o desemprego é o problema mais grave que o País enfrenta, e está longe de ser uma «zona de conforto» para quem o sofre na pele. As pessoas emigram por terem melhores oportunidades noutros sítios para melhorar a sua vida. Não precisam dos conselhos de nenhum governante. Precisam, isso sim, de perceber que existem condições para aplicarem as suas capacidades e o seu conhecimento e, deste modo, contribuírem para o desenvolvimento do País. Se não há condições, quem governa tem o dever de as saber criar. E se não as cria, então é porque os governantes simplesmente não servem.

Fonte:http://bomba-inteligente.blogs.sapo.pt/

É bom pensar sobre o tema "geração de empregos". Ações episódicas são vitrines temporárias. Vale o que fica e efetivamente implica em melhorias que se perpetuam de geração a geração. Este sempre foi o nosso problema. Caiar a casa foi sempre a solução aplicada. No more. Quem quer melhorar, migre. Eita modelão perverso.
ML

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