
Por Fábio de Oliveira Ribeiro
Uma das coisas mais interessantes que aprendi lendo "Ab Urbe Condita
Libri", de Tito Lívio, foi justamente sobre o medo. O medo é um
sentimento comum a todos os homens e, sem dúvida alguma, o maior
problema com que se depararam e deparam os comandantes militares. O
medo, que pode ser provocado por alguma coisa real ou imaginária, se
propaga pelos soldados fazendo-os ficar paralisados e, eventualmente,
dar as costas ao inimigo fugindo em desordem. O maior medo de qualquer
comandante deveria ter, portanto, era o de perder o controle de seus
comandados.
Os romanos descobriram que a única maneira de fazer isto era obrigar
os soldados temerem mais seus comandantes do que os inimigos. As
punições impostas aos legionários romanos que agiam como covardes eram
cruéis e quase sempre mortais. Antes de uma investida, houve um
comandante romano que mandou queimar o acampamento na retaguarda para
que os soldados soubessem que se não vencessem os inimigos não teriam
para onde voltar.
Quando uma tropa refugava o combate, o comandante submetia-a à
dizimação (execução aleatório de um em cada dez soldados). Os soldados
acovardados podiam ser enforcados no tronco e vergastados (espancados
com varas como se fossem crianças). A punição mais temida pelos soldados
romanos, porém, era o banimento do acampamento fortificado (caso em que
o soldado ficaria a mercê do inimigo, da fome, do clima e das feras).
Vencer ou vencer era um lema e para tanto os comandantes romanos
sempre colocavam seus soldados entre dois medos: o medo do inimigo e o
medo da punição imposta pelo comandante. Além de controlar o medo entre
seus comandados, os comandantes romanos faziam de tudo para projetar
medo entre os inimigos.
Ao atacar ferozmente os Blogs as empresas de comunicação (que
sofreram perdas econômicas em razão da crescente informatização da
economia e da sociedade brasileira) querem projetar medo num adversário
mais fraco que tem potencial para se tornar mais forte. O que
conseguiram, entretanto, foi exatamente o oposto: quem se sente
suficientemente seguro de si não incomoda um adversário supostamente
mais fraco que sabe poder destruir completamente quando bem entender.
O medo das empresas de comunicação é evidente. Mas ele é apenas a
ponta de um iceberg de medo enterrado em balanços que provavelmente tem
sido maquiados para permitir sua sobrevivência. Seus donos sabem que se
tornaram mais e mais dependentes das verbas estatais de publicidade e
que terão que disputá-las com os Blogs num futuro próximo. Antecipando a
derrota em razão do temerário ataque que revela apenas seu medo, as
empresas de comunicação já se deram por derrotadas.
Fonte:http://jornalggn.com.br/noticia/o-medo-das-empresas-de-comunicacao
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