quarta-feira, 30 de julho de 2008

QUARTA VIA


MST cria sua própria estrutura de ensino
Escola financiada por Chávez forma pedagogos técnicos em agroecologia

A educação é hoje uma das principais preocupações do MST. Além de pressionar o Incra para a criação de mais vagas para os assentados em universidades públicas, o movimento também monta aos poucos sua própria estrutura de escolas. São exemplos disso a Escola Latino-Americana de Agroecologia e a Escola Nacional Florestan Fernandes, que ministram cursos de especialização de nível superior.
A Escola Latino-Americana, montada com recursos oferecidos pelo presidente Hugo Chávez, da Venezuela, funciona no município de Lapa, região metropolitana de Curitiba, e forma pedagogos especializados em agroecologia. Segundo seus diretores, defende uma nova matriz de produção rural, que leve mais em conta questões políticas e ambientais.
A Florestan Fernandes, situada no município de Guararema, interior de São Paulo, tem um leque mais amplo de cursos e atua como parceira de algumas universidades. É o caso da Fundação Santo André, instituição municipal da região do ABC paulista.
Em 2005, quando a fundação e o Pronera firmaram um convênio para a criação do curso de bacharelado em gestão de organizações sociais e cooperativas, ficou combinado que parte do curso seria ministrada na Escola Nacional.
As escolas do MST também oferecem cursos de formação política para seus militantes. Uma das maiores dificuldades enfrentadas hoje nos assentamento está relacionada ao ensino médio. Em algumas regiões fala-se em envelhecimento da população da reforma, devido ao fato de a grande maioria dos jovens mudar para a cidade, para cursar o ensino médio. Essa não é uma dificuldade só dos assentamentos: atinge outros setores da zona rural.
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União financia universidade para quadros do Movimento dos Sem-Terra

Em 2003, eram 13 cursos de pedagogia para 922 assentados; hoje são 49 para 3.649 e vão da agronomia ao direito
Roldão Arruda


Na sexta-feira, um grupo de 54 estudantes da Universidade Federal de Sergipe vai festejar a conclusão do curso de engenharia agronômica. Até aí não há de nada de novo, uma vez que o Brasil tem formado agrônomos há mais de 100 anos. A novidade está no fato de ser a primeira turma de agronomia no País em que todos os formandos são originários de assentamentos da reforma agrária, a maioria deles ligados ao Movimento dos Sem-Terra (MST).
Mas isso não é tudo. A formatura é apenas um indicador de um movimento muito mais amplo que vem ocorrendo nas universidades públicas brasileiras: a rápida expansão de cursos especiais para jovens e adultos de assentamentos.
Essa mudança começou a ganhar força em 2003 - o início do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele ano o Brasil dispunha de um conjunto de 13 cursos universitários para assentados - todos na área pedagógica - e 922 alunos matriculados. Hoje são 49 cursos, com 3.649 estudantes, divididos em diferentes áreas: da pedagogia ao direito, passando por ciências sociais, agronomia, geografia e outros.
O motor da mudança não está no Ministério da Educação, mas no próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mais exatamente numa de suas divisões, o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). Ele foi criado em 1998, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, com a missão de "ampliar os níveis de escolarização formal dos trabalhadores rurais assentados", e voltou-se nos primeiros anos sobretudo à solução de problemas nas áreas de alfabetização, ensino fundamental e profissionalizante.
No governo Lula o programa ficou mais rechonchudo, em termos de verbas, e mais atento à área universitária. É o que indicam seus números.
Em 2003, o Pronera dispôs de R$ 9 milhões para executar suas tarefas. Neste ano o valor é seis vezes maior, chegando a R$ 54 milhões. Mais da metade - R$ 29 milhões - é destinada ao ensino universitário. Devem ser somados a isso cerca de R$ 4 milhões usados para bolsas de pesquisa para os alunos do último semestre do curso.Os cursos para assentados podem ser considerados especiais por vários motivos. Em primeiro lugar, as vagas só podem ser preenchidas por candidatos indicados pelas comunidades rurais de origem e desde que eles apresentem um atestado do Incra, comprovando sua ligação com a reforma agrária.
Em segundo lugar, não enfrentam os vestibulares comuns: fazem um concurso à parte, para escolher os mais capacitados entre eles. Além disso, as turmas funcionam com um calendário escolar próprio, que permite aos estudantes alternar atividades acadêmicas com trabalhos no campo. Por fim, a maioria deles conta com alojamentos especiais e ajuda de custo, no valor de R$ 300.
Na opinião do professor Givaldo Hipólito, da coordenação pedagógica do chamado Projeto de Qualificação em Engenharia Agronômica para Jovens e Adultos da Reforma Agrária (Proquera), da Federal de Sergipe, o investimento vale a pena. Ele observa que, dos 60 aprovados inicialmente para o curso, apenas 6 desistiram - o que representa 10%, taxa menor que a média universitária, de 30%. "São alunos esforçados, que enfrentaram o currículo e a carga horária comuns aos outros estudantes, submeteram-se a todos os exames e provas e saíram-se bem, com boas notas", comemora Hipólito.
Mas esse esforço do Estado para dar formação aos estudantes da reforma agrária também enfrenta críticas e até ações judiciais destinadas a barrar sua expansão. Elas envolvem conselhos e associações profissionais, procuradores de Justiça, professores e até estudantes.
Uma das críticas freqüentes é que não existe nenhuma garantia de que o estudante, após dispor de condições especiais, retorne à comunidade de origem, contribuindo para seu desenvolvimento. O estudante indicado ao curso exclusivo para assentados na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás pode, ao receber o diploma, ir para a cidade e trabalhar num grande escritório de advocacia. Da mesma forma o agrônomo de Sergipe pode empregar-se numa empresa do agronegócio.
A coordenadora do Pronera, Clarice Aparecida dos Santos, considera a crítica preconceituosa: "Por que não perguntam se o filho do grande proprietário rural que estuda numa universidade pública vai voltar para a zona rural?"
Segundo Clarice, as críticas recrudesceram depois que os sem-terra passaram a reivindicar cursos que vão além da área de pedagogia, destinado à formação de professores. "Há muito de preconceito nas ações destinadas a barrar cursos diferentes, como agronomia e direito. Por quê? Camponês não pode estudar direito? Nós atendemos à demanda que vem de baixo para cima. Se os assentados pedem cursos de direito é porque estão precisando de advogados. E se as universidades fazem convênios com o Pronera é porque seus professores vêem sentido nessa atividade."
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30.7.2008


O deputado Paulo Maluf (PP-SP) disse hoje a propósito da lista de candidatos com ficha suja divulgada pela Associação dos Magistrados Brasileiros:
- Acho que o Gilberto Kassab tem ficha limpa, a Marta [Suplicy] tem ficha limpa e eu tenho ficha limpa. Quem tem ficha suja é juiz que se mete em política, quando deveria se meter só nos autos.
Kassab, Marta e Maluf fazem parte da lista. Ao defender Kassab e Marta, Maluf tenta passar a idéia de que é tão inocente quanto eles. Ou que Kassab e Marta são tão culpados quanto ele.
Maluf é "hours concours" - e ele sabe disso. E ele sabe que sabemos. Então por que disse o que disse?
Disse porque também sabe que a maioria do distinto público acaba acreditando em qualquer coisa - até nas mais absurdas. Ou acaba perdendo o interesse por assuntos que se repetem ou por histórias que nunca acabam.
Bush repete até hoje que invadiu o Iraque porque o governo de Sadam Hussein apoiava a organização terrorista comandada por Bin Laden. E armazenava armas de destruição em massa.
Duas mentiras mais do que comprovadas.
Mas faça uma pesquisa nos Estados Unidos. É assustador o número de pessoas que ainda acredita no que disse Bush.
Os governos mentem, mentem muito e não param de mentir porque dispõem de máquinas poderosas de propaganda para sustentar suas mentiras. Porque contam com a boa vontade da midia ou de parte dela. Porque a oposição quando foi governo procedeu da mesma forma. E porque a maioria do povo tende a acreditar no que os governos dizem.
Dificilmente haveria guerras no mundo se elas fossem transmitidas ao vivo e sem censura pela televisão.
Os parlamentos não seriam casas de negócios que são se seus canais internos de televisão pudessem transmitir o que se passa no escurinho dos gabinetes ou nos corredores acarpetados.
Para enfrentar a violência, as cidades se enchem de câmeras. Em certos prédios você só entra depois de ser fotografado e apresentar documento de identidade.
Por que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário também não são vigiados por câmeras?
O mundo virou um gigantesco Big Brother. Falta pôr dentro quem manda no mundo.
do blog de Noblat, enviada por Flávio Lúcio

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