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quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
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Nossa terra, nossa gente: a poesia singela do poeta popular Cícero Pereira
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Quem tem medo da revista Veja?
Os momentos de catarse e a mídia
por Luís Nassif
Estilo neocon, política e negócios
O maior fenômeno de anti-jornalismo dos últimos anos foi o que ocorreu com a revista Veja. Gradativamente, o maior semanário brasileiro foi se transformando em um pasquim sem compromisso com o jornalismo, recorrendo a ataques desqualificadores contra quem atravessasse seu caminho, envolvendo-se em guerras comerciais e aceitando que suas páginas e sites abrigassem matérias e colunas do mais puro esgoto jornalístico.
Para entender o que se passou com a revista nesse período, é necessário juntar um conjunto de peças.
O primeiro, são as mudanças estruturais que a mídia vem atravessando em todo mundo.
O segundo, a maneira como esses processos se refletiram na crise política brasileira e nas grandes disputas empresariais, a partir do advento dos banqueiros de negócio que sobem à cena política e econômica na última década..
A terceira, as características específicas da revista Veja, e as mudanças pelas quais passou nos últimos anos.
O estilo neocon
De um lado, há fenômenos gerais, que modificaram profundamente a imprensa mundial nos últimos anos. A linguagem ofensiva, herança dos “neocons” americanos foi adotada por parte da imprensa brasileira, como se fosse a última moda.
Durante todos os anos 90, Veja havia desenvolvido um estilo jornalístico onde campeavam alusões a defeitos físicos, agressões e manipulação de declarações de fonte. Quando o estilo “neocon” ganhou espaço nos EUA, não foi difícil à revista radicalizar seu próprio estilo.
Um segundo fenômeno desse período foi a identificação de uma profunda antipatia da chamada classe média mídiatica em relação ao governo Lula, fruto dos escândalos do “mensalão”, do deslumbramento inicial dos petistas que ascenderam ao poder, agravado por um forte preconceito de classe. Esse sentimento combinava com a catarse proporcionada pelo estilo “neocon”. Outros colunistas utilizaram com talento – como Arnaldo Jabor -, nenhum com a fúria grosseira com que Veja enveredou pelos novos caminhos jornalísticos.
O jornalismo e os negócios
Outro fenômeno recorrente – esse ainda nos anos 90 -- foi o da terceirização das denúncias e o uso de notas como ferramenta para disputas empresariais e jurídicas.
A marketinização da notícia, a falta de estrutura e de talento para a reportagem tornaram muitos jornalistas meros receptadores de dossiês preparados por lobistas.
Ao longo de toda a década, esse tipo de jogo criou uma promiscuidade perigosa entre jornalistas e lobistas. Havia um círculo férreo, que afetou em muitos as revistas semanais. E um personagem que passou a cumprir, nas redações, o papel sujo antes desempenhado pelos repórteres policiais: os chamados repórteres de dossiês.
Consistia no seguinte:
O lobista procurava o repórter com um dossiê que interessava para seus negócios.
O jornalista levava a matéria à direção, e, com a repercussão da denúncia, ganhava status profissional.
Com esse status ele ganhava liberdade para novas denúncias. E aí passava a entrar no mundo de interesses do lobista.
O caso mais exemplar ocorreu na própria Veja, com o lobista APS (Alexandre Paes Santos).

Na edição seguinte, todos os envolvidos na capa enviaram cartas negando os episódios mencionados. As cartas foram publicadas sem que fossem contestadas.
O que a matéria deixou de relatar é que, na agenda do lobista, aparecia o nome de uma editora da revista - a mesma que publicara as maiores denúncias fornecidas por ele. A informação acabou vazando através do Correio Braziliense, em matéria dos repórteres Ugo Brafa e Ricardo Leopoldo.
A editora foi demitida no dia 9 de novembro, mas só após o escândalo ter se tornado público.
Antes disso, em 27 de junho de 2001(clique aqui) Veja produziu uma capa com a transcrição de grampos envolvendo Nelson Tanure. Um dos “grampeados” era o jornalista Ricardo Boechat. O grampo chegou à revista através de lobistas e custou o emprego de Boechat, apesar do grampo não ter revelado nenhuma irregularidade de sua parte.
Graças ao escândalo, o editor responsável pela matéria ganhou prestígio profissional na editora e foi nomeado diretor da revista Exame. Tempos depois foi afastado, após a Abril ter descoberto que a revista passou a ser utilizada para notas que não seguiam critérios estritamente jornalísticos.
Um dos boxes da matéria falava sobre as relações entre jornalismo e judiciário.

O box refletia, com exatidão, as relações que, anos depois, juntariam Dantas e a revista, sob nova direção: notas plantadas servindo como ferramenta para guerras empresariais, policiais e disputas jurídicas.
Publicaremos amanhã a continuação :
QUINTA DA ENTREVISTA
PELÉ
AS CONFISSÕES DO REI PELÉ EM NOVA YORK : O DIA EM QUE O REI SE COMPAROU A BEETHOVEN E MIGUELÂNGELO ( E NÃO É QUE ELE PODE TER RAZÃO ?)
Jornalistas entediados espalharam a versão de que Pelé derrapa quando fala. É mentira. Provocado, nosso monarca é perfeitamente capaz de premiar a curiosidade dos repórteres com confissões surpreendentes, cenas de bastidores, eventuais inconfidências.
Aqui, Édson Arantes do Nascimento, a versão terráquea da entidade Pelé, apontará, por exemplo, quais eram os dois únicos defeitos do Rei do Futebol. Descreverá pressões sofridas para disputar a Copa do Mundo de 1974 pela seleção brasileira. Falará de uma cena inusitada ocorrida nos vestiários do Brasil,no intervalo da final da Copa do Mundo de 1970, no México.
Sociólogos de botequim juram que em algum ponto do inconsciente coletivo brasileiro reluz uma difusa nostalgia da realeza. Quando querem reconhecer os talentos e virtudes de alguém, os habitantes da República Federativa do Brasil tratam de conceder-lhe um título monárquico. Roberto Carlos virou “Rei da Jovem Guarda”. Uma expedição por qualquer cidade brasileira revelará um rol de majestades de todo tipo: Rei da Bateria, Rei do Churrasco, Rei do Mate, Rei dos Pneus. Mas ninguém encarnou tanto a palavra Rei quanto Édson Arantes.
Sessenta e nove anos depois da proclamação da República, o Brasil ganhou, na Copa do Mundo de 1958, um Rei que até hoje não perdeu a majestade (fiz um teste: desafiei Pelé a ir conosco até a Quinta Avenida, para ver por quanto tempo ele poderia andar na rua sem ser reconhecido. Três décadas depois de ter abandonado os gramados, Pelé precisou de apenas dezesseis segundos para ser reconhecido por um africano. Em questão de minutos, o tumulto estava formado: pedidos de autógrafo, espoucar de flashs, assédio de admiradores. Pelé teve de voltar para a van. Tinha passado incólume pelo teste do reconhecimento público – em Nova York). Que outra celebridade seria capaz de criar um alvoroço numa das principais avenidas da cidade que é tida como a capital do planeta?
Agora publicado pela primeira vez na íntegra, sem qualquer corte, o depoimento do Atleta do Século ao Fantástico é um documento sobre uma das pouquíssimas personalidades que, durante um diálogo com um repórter, podem se dar ao desplante de se comparar, a sério, com gênios como Beethoven ou Miguelângelo. Pelé pode. Porque sabe que, no futebol, pode ter sido o que Beethoven foi na música – ou Miguelângelo na pintura.
Que outra celebridade pode se referir a si própria na terceira pessoa, como se Pelé fosse um mito há tempos desvinculado das miudezas do mundo real? Pelé pode.
O encontro foi marcado para o apartamento que Pelé mantém desde os anos setenta em Nova York. O “Rei” chega com o rosto semi-encoberto por um boné. É o truque que usa para tentar esconder uma das fisionomias mais reconhecíveis do mundo. O punho, machucado num jogo de tênis, estava enfaixado. Pelé pede licença para ir “lá dentro”. Volta de camisa trocada. Enquanto o cinegrafista prepara a câmera, ele lembra que, quando morava em Nova York, costumava jogar tênis com o jornalista Lucas Mendes. Confessa uma pequena frustração: não consegue ganhar nunca de Rivelino no tênis. Diz que passou a se policiar para não ficar repetindo a pergunta “entende?” ao final de cada frase:
- “Percebi que sempre falava “entende”, em todas as entrevistas. Depois das gozações, comecei a me policiar. Perdi o hábito. Depois que me chamaram a atenção para esta mania, psicologicamente já eliminei a palavra “entende”. Mas de vez em quando escapa algum”.
A bem da verdade, diga-se que Pelé conseguiu atravessar a entrevista sem emitir um “entende ?” sequer.O “Rei” se confessa, numa gravação preservada no Centro de Documentação da Rede Globo:“Não me lembro de ter passado um dia sequer sem ter dado autógrafo”.
Qual foi o pedido mais absurdo que você já recebeu?
Pelé: “Já recebi tantos pedidos e tantas propostas... A gente recebe, no escritório, cartas com todo tipo de pedidos - desde ajuda financeira até apartamento, casa e carro... Mas o pedido mais complicado que recebi foi feito, na África, por um pai, que me trouxe a filha e pediu para que eu casasse com ela. Era uma garota de 15 anos!”
“Pelé é o mito que não vai morrer. Vai ficar para sempre” Você sempre fala de Pelé como se Pelé fosse outra pessoa. Isso não é delírio de grandeza de um “Rei”?
Pelé: “Talvez seja delírio de grandeza de um ”Rei”, mas, por outro lado, é até uma modéstia do Edson. Porque um novo Pelé, que todo mundo procura desde 1958, não vai aparecer. Dona Celeste e Dondinho, meus pais, fecharam a fábrica. O novo Pelé não vai aparecer, então. Edson Arantes do Nascimento é o que sofre, é a pessoa. Já Pelé é o mito que não vai morrer. Vai ficar para sempre. Édson morre : é uma pessoa normal, alguém que chora, tem sentimentos e sofre pelas coisas erradas. É esta a diferença que sempre tento fazer”.
Pelé: “Não tenho medo de morrer nem de falar sobre a morte. Mas acho que o epitáfio do Pelé seria “o eterno”.“Eu às vezes falava: “Eu poderia ser um Nelson Mandela, um Juscelino Kubitscheck, um artista...”
Sinceramente: você tem inveja de quem?
Pelé: “Inveja não tenho de ninguém. Em todo este tempo em que viajei com o futebol, conheci grandes personalidades: reis, rainhas, políticos, atletas, artistas. Eu às vezes falava: “Eu poderia ser um Nelson Mandela, um Juscelino Kubitscheck, um artista...”. Fui abençoado pelo Papa várias vezes. Mas inveja nunca tive. Quando eu era garoto, o jogador que tentei imitar, porque era minha inspiração na época de minha chegada ao Santos, foi Zizinho. Quando comecei, aos dezesseis, dezessete anos, Zizinho estava terminando a scarreira. Eu achava: “Um dia vou ser igual a Zizinho.....”
Pelé: “Porque, dentro do pouco que a gente conhecia de política, Juscelino chegou com uma proposta avançada e decente para nosso país. A grande mudança do Brasil aconteceu com Brasília e com JK. Eu o admiro muito”..
Pelé: “Já usei bigode. Uma vez, fui à China. Pus uma peruca afro, além do bigode, para ir a um restaurante. Havia lá um pessoal que falava português. De repente, vi o pessoal da cozinha chegando. Eu disse: “Alguma coisa deu errado....”. Um dos garçons terminou perguntando: “É Pelé? “. O professor Júlio Mazzei – que estava na mesa conosco – perguntou: “Como é que souberam? “. O garçom: “Ah, ele começou a rir. A gente reconheceu”. “Pelé podia ser menos forte num tipo de jogada, mas defeito acho que ele não tinha”
Todo mundo já falou das qualidades do Pelé em campo, mas poucos foram capazes de apontar os defeitos. Para Pelé, qual era o grande defeito de Pelé dentro do campo?
Pelé: “Pergunta difícil ! Você perguntou para Pelé. Se tivesse perguntado para Édson....
Pelé corrigiu um defeito que tinha durante a carreira. Eu me lembro: o meu pai me dizia que jogador que é centroavante ou atacante tem que saber cabecear e chutar de esquerda e direita. Porque a bola – afinal- pode cair de qualquer um dos dois lados. Eu tinha uma dificuldade de esquerda. Mas fiquei treinando e batendo com a perna esquerda. Hoje há até quem ache que sou canhoto! Mas sempre fui destro. E cabecear? Fico triste de ver jogadores profissionais que ganham uma grana danada mas não sabem cabecear, o que é um absurdo!. O garoto não saber cabecear era um absurdo nos tempos do meu pai. Porque cabecear é um principio do futebol. Hoje existem profissionais, centroavantes, que não sabem cabecear. Depois dessa correção, eu, como Edson, não sei se vejo muito defeito no Pelé como jogador. Pelé podia ser menos forte num tipo de jogada, mas defeito acho que ele não tinha”.
Pelé: “Exatamente! Aprendi com meu pai. Aprendi a chutar com a esquerda depois que vim para o Santos. Ficava batendo bola depois dos treinos. Ficava batendo bola contra a parede. Pedia para os jogadores cruzarem a bola para que eu pudesse bater de esquerda. Fui, então, superando esta dificuldade”.
Quanto valeria hoje o passe de Pelé, se Pelé estivesse jogando?
Pelé: “Que pergunta! Hoje, tudo tem um valor, uma comparação. Se fôssemos fazer uma comparação com o que se paga hoje, se fizéssemos uma relação de custo e benefício, Pelé não teria preço. Porque não daria para pagar o tempo que Pelé jogou na Seleção Brasileira e no Santos - quase vinte e cinco anos de carreira, sem parar. Talvez desse para pagar a divída do Brasil....”.
Pelé: “ Se fosse feita uma comparação com os atletas de hoje, Pelé seria acima de qualquer um. O jogador mais caro foi - o quê? - 35, 40 milhões de dólares. Pelo que falei, Pelé deveria valer uns 100 milhões de dólares por ano”.
É verdade que o governo militar quis forçar você a jogar a Copa de 74 pelo Brasil?
Pelé: “´Forçar´ é uma palavra forte, mas eles tentaram me persuadir a voltar a jogar, porque havia um interesse grande em que o Brasil fosse bem na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha. Nós estávamos numa fase política muito difícil, no Brasil.Eu me lembro de que tinha dado uma entrevista para Ziraldo, em que eu dizia que tinha ficado sabendo das barbaridades e das torturas que tinham sido feitas naquele tempo - de 1971 a 1973. Indignado com aquilo, uma das decisões que tomei foi a de não apoiar e não esconder o que estava acontecendo. Porque, cada vez que o Brasil ganha uma Copa do Mundo, esconde tudo: a fome, o desemprego, a saúde, a falta de moradia. O povo se envolve na alegria, naquela coisa de “Brasil” - e esquece de tudo.
Eu não queria aquilo porque eu já tinha conhecimento de muita coisa: já tinha conversado com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Chico Buarque. Já tinha me encontrado com eles; sabia de coisas que estavam acontecendo. Tomei realmente esta decisão. Como eu ainda estava em grande forma – afinal, o Santos foi campeão em 1973 e fui artilheiro do campeonato - , houve uma procura da filha do general Ernesto Geisel, e políticos como Pratini de Moraes e Jarbas Passarinho. Falei com vários políticos na época: todos achavam que eu tinha de jogar. Mas minha decisão foi a de não jogar”.
Você estava em perfeita forma em 1974: poderia ter jogado a Copa do Mundo na Alemanha sem qualquer problema. Você não se arrepende de não ter jogado?
Pelé: “Não. A decisão de me despedir como campeão do mundo foi a mais certa que tomei. Tenho convicção de que, se hoje os garotos de nove, dez anos de idade ficam gritando o nome de Pelé, é porque eles têm Pelé como um campeão. Por isso, não tenho nenhum arrependimento de não ter jogado a Copa de 74”.
É surpreendente ver Pelé dizer que, com a vitória do Brasil numa Copa do Mundo, o povo se esquece de tudo. Você sempre teve esta visão crítica?
Pelé: “Sempre. Sou uma pessoa que o Brasil todo conhece desde 1958. As minhas batalhas pela educação. Tenho procurado passar para o povo minha indignação por não termos um país que dê o mínino de condições para o povo - educação, moradia e saúde. Todo mundo sabe de minhas brigas, desde o milésimo gol que venho falando. Nem sei o que falar. Quando começo a falar, fico emocionado. É uma tristeza saber que o Brasil ainda hoje vive o que vive. Fomos o antepenúltimo país em educação. Isso é triste para quem, como eu, vive viajando - e vê que, em países que não têm a mínima condição, o povo vive melhor que brasileiro”.
Se Pelé estivesse em campo, o Brasil teria perdido da Holanda em 74?
Pelé: “Talvez não! Mas futebol é detalhe: em questão de segundos um lance pode decidir uma Copa do Mundo. O Brasil foi surpreendido na Copa de 1974 porque a Holanda veio com uma proposta de jogo que ninguém conhecia. Nem digo que o Brasil tenha jogado mal. O que aconteceu é que a surpresa provocada pelo tipo de jogo da Holanda tornou tudo difícil para o Brasil. Não sei se, se eu tivesse jogado, a Holanda jogaria diferente - diante da preocupação de estar diante de um Pelé em campo - ou um Tostão. Porque se estivesse um Pelé, um Tostão ou um Jairzinho em campo, a postura da Holanda seria defensiva. Não iria para o ataque daquele jeito. Mas é dificil dizer se o Brasil, afinal, ganharia ou não”.
Intimamente, em algum momento você se sentiu co-responsável pela derrota do Brasil em 74?
Pelé: “Fiquei triste, sofri. Mas é claro que , durante a Copa, sempre dava aquela “cócega”, aquela vontade: “Puxa, eu poderia estar aí”. Eu, que amo o futebol, vivi realmente esta situação. Houve momentos em que eu disse : “Eu poderia ter jogado, eu poderia estar em campo....”.
Qual foi o argumento que a filha do Presidente Geisel usou pra tentar convencer você a disputar a copa de 74?
Pelé: “ Como faz muitos anos, não me lembro de detalhes. Porque muita gente me ligou. O deputado Athiê Jorge Cury, presidente do Santos na época, me passou o recado de que eu ira ser chamado pela Amália Lucy Geisel , que, na época, uma espécie de secretária do pai. Por telefone, ela me disse que eu deveria pensar bem, porque seria bom para o Brasil. A conversa foi amigável, num tom que chamava a atenção para o benefício que o Brasil poderia ter para o Brasil se eu aceitasse voltar”.
Pelé: “Eu disse exatamente o que vinha dizendo para todo mundo: eu já tinha me despedido em 1972, numa grande festa. Quando ocorreu a festa de despedida, no Maracanã, se o Presidente da CBF na época e se o próprio povo insistisse para eu ficar, talvez eu tivesse mais sensibilidade para ficar. Mas, como todo mundo aceitou a festa, todos acharam, ali, que era um momento bom para a despedida. Não havia, então, razão para eu ficar”.
De todos os nomes que foram citados ao longo dos anos, quem realmente chegou perto de ser o sucessor de Pelé?
Pelé :“Desde que comecei a jogar, nomes vão aparecendo. Apareceram grandes e excelentes jogadores. Eu vi. Por exemplo: Di Stéfano, Beckenbauer, Bob Charlton, Zico, um excelente jogador. Tivemos excelentes jogadores brasileiros,como Ronaldinho, Rivaldo. Há Maradona, Eusébio, Paolo Rossi, Sívoli. Poderia ficar aqui citando vários nomes. Maradona foi a última polêmica de Pelé. Gostei muito de jogadores argentinos. Eu gostei do Sivoli , que jogou na Itália uma vez. Gosto de Di Stéfano, a grande figura do Real Madri. Maradona, primeiro, precisa ser o melhor da Argentina. Porque lá ainda há dúvida sobre se é ele ou o Di Stéfano. Precisaria aprender a chutar de direita e a cabecear, porque ele não cabeceava bem nem chutava bem de direita. Assim, eu poderia compará-lo com Pelé. Mas foi um excelente jogador. Tivemos também no Brasil Dirceu Lopes, Tostão, Garrincha - um jogador diferente- , e Didi.....”
Pelé: “Pela característica de jogo, o que chegou mais perto foi Zico. É aquela história que sempre falo: não adianta você querer procurar um novo Beethoven, um novo Hamlet .(aqui Édson se confunde ao falar de Pelé: certamente, ele queria citar William Shakespeare. Terminou citando Hamlet). Não adianta você querer procurar um novo Frank Sinatra ou Michelângelo, que pintava de cabeça pra baixo. Porque Deus faz mas, depois, quebra a fôrma. Podem até surgir outros melhores e diferentes, em outras épocas. Mas igual ao Pelé vai ser difícil”.
Pelé: “Quando você é um jogador com mais experiência, fica sabendo de coisas. Há um segredo que já é nem segredo, porque até Gerson já comentou. Aconteceu na Copa de 70. Eu tinha dado entrevista dizendo que a Copa de 1970 seria a minha última. Carlos Alberto, Brito, o próprio Gerson, todos nós queríamos ganhar aquela Copa do Mundo. A gente fazia oração, fazia de tudo, porque aquela Copa iria encerrar nossa carreira. Nós sentimos, no intervalo da final contra a Itália, um cheiro de cigarro. Fomos no banheiro - eu e Carlos Alberto. Gérson tinha acendido um cigarro lá, o “desgraçado”! . Acendeu um cigarrinho. Disse: “Ah, eu estou muito nervoso. É para desabafar”. Depois, ouvi dizer que Félix também. Não sei se já foi levado a público. Era um negócio absurdo!. Mas, realmente, aconteceu. Gérson sabe. É um segredo que eu não tinha falado para ninguém, mas, graças a Deus, ganhamos a Copa”.
Pelé: Ali, na hora, quase saímos de porrada em cima de Gérson: “Oh, papagaio desgraçado, a gente aqui querendo ganhar a Copa do Mundo....”. E ele: “Mas estou nervoso....”. Gérson fumava mesmo antes. Nunca escondeu de ninguém”. Gérson terminou fazendo o gol. Deu também o passe para eu fazer aquele outro gol em que matei a bola no peito. A gente não sabia o que aconteceria no segundo tempo. Se soubesse, mandava Gerson fumar em todos os intervalos”.
Pelé: “Isso é uma coisa injusta! . Tudo começou com uma brincadeira com Gérson e Zagallo. Os dois é que são pão-duro, mão de vaca: não abrem a mão nem para o cafezinho. É aquela história de nunca ter dinheiro trocado para o café. Então, estes sim, eram pãos-duros, na seleção brasileira. Sempre reservado: não gasto dinheiro à toa, o que é diferente. Contaminaram até o meu filho, o Edinho, com esta história. Quando conversam com ele, ele diz: “O meu pai é muito pão-duro....”. Mas meu filho tem tudo! Não acredito que eu seja pão-duro. Pelo contrário”.
Em algum momento você já se sentiu discriminado por ser negro?
Pelé: “Graças a Deus, não. Nem em Bauru: o meu pai jogava pelo Bauru Atlético Clube, o clube da elite. Em Bauru, meu irmão chegou a comentar alguma coisa. Mas, durante minha carreira, nunca. Tive uma certa preocupação quando estava para vir para o Cosmos. Naquela época , Muhammad Ali eStava muito bem, ele que tinha sofrido, antes, aquela discriminação. Vir para os Estados Unidos com o futebol era uma coisa nova. Quando chegou a hora de decidir sobre vir ou não vir, pensei: “...Mas será que vou ter problema de racismo ? Vão me usar para alguma coisa?” Graças a Deus, minha vinda foi um grande sucesso - uma vitória do Brasil, porque hoje em dia o futebol é um dos grandes passatempos do jovem nos Estados Unidos. Pelé – acho- é o grande ídolo americano. O know-how que o Brasil vendeu para os Estados Unidos foi o futebol com Pelé. Nem nos Estados Unidos tive problema de racismo, graças a Deus”.
A atenção que Luíza Brunet chamou em Pelé não chegou a se transformar em paixão?.
Pelé :”Não chegou porque, logo em seguida, tive todo o namoro com a Xuxa. Fala-se muito no Brasil: disseram também que fui apaixonado por Vera Fischer- minha amiga. Nunca tivemos nada. Falaram de Gal Costa. Disseram que fui apaixonado por uma menina que foi Miss Brasil, Flávia Cavalcanti. Sou apaixonado pela Assíria”.
Pelé: “Você falou uma coisa certa: nesta terra, conheci quase todas as grandes celebridades. Dos brasileiros, conheci Ayrton Senna, Emérson Fittipaldi, Éder Jofre. Por falar em Éder Jofre: uma das grandes figuras que não conheci ainda é Popó, o lutador. Aproveito para parabenizar o Popó pela garra e pela técnica. Popó é a figura do momento que não tive oportunidade de conhecer ainda”.
Pelé: “Respeito –muito - Xuxa. É um exemplo pela batalha e pelo sucesso. Fico feliz de ter participado deste início. Não acho que Xuxa tenha nada feio”.
Pelé: “A fama de conquistador não é verdade. Sempre respeitei todo mundo. Graças a Deus, até hoje, onde chego as portas estão sempre abertas., o que não quer dizer que eu seja conquistador. O importante é respeitar as pessoas que me admiram, tratar bem as pessoas que me procuram. É o que faço com crianças, gente de idade, jovens , mulheres - bonitas, feias. Não acredito que esta atitude seja nenhum galanteio: é obrigação de qualquer pessoa tratar a outra bem, respeitar os outros. Por essa razão, sou respeitado em todo o mundo”.
Você acabou fugindo da pergunta...
Pelé: “Não estou fugindo. O que estou dizendo é uma coisa real. Além de tudo, não me considero nenhum galã. É respeitar quem me procura, tratar bem os outros e saber que vou morrer - como as outras pessoas : o respeito talvez faça com que as pessoas se aproximem de mim, sejam elas como forem”.
Você aguentaria hoje, passado dos sessenta anos, jogar por quanto tempo uma partida?
Pelé: “Não tenho dúvida de que o futebol de hoje é de muito mais pressão, muito mais corrido do que era antes. O condicionamento físico vem de acordo com a competição. Com cinqüenta anos de idade, joguei na Itália, com a Seleção Brasileira principal. Com sessenta anos, fiz a inauguração do Centro de Treinamento do Santos, com a garotada. Mas, no futebol atual, com este preparo físico que tenho hoje, não dava para fazer nem o aquecimento...”
Pelé: “Sempre tive facilidade para manter o meu peso. Nunca deixei de fazer exercício. Sempre que posso, faço exercício em casa ou na praia. Cuido da minha alimentação. Quanto ao futebol, agora falando sério, é evidente que, se eu jogasse agora, estaria preparado. Por exemplo: com sessenta e dois anos da idade, se eu tivesse de fazer uma partida amistosa como fiz quando completei cinquenta anos, eu iria me preparar por dois, três meses. Jogaria. Com certeza: se conseguisse este tempo para parar e treinar, eu jogaria meio tempo. Mas não seria aquele Pelé que fazia gol de bicicleta. Não se pode exigir tanto: é o Pelé normal”.
Pelé: “ Talvez para acabar definitivamente com uma guerra. Porque parar uma guerra o Santos já parou, nos anos sessenta. Depois, a guerra continuou. Ou para concretizar o desejo de Lula de acabar com a fome no Brasil. Penso que seria excelente fazer um jogo com a assinatura de “acabou a fome no Brasil” “.
Que reação você teria se visse hoje o Maracanã superlotado gritando o nome de Pelé e pedindo que ele entrasse em campo?.
Pelé: “Teria a mesma reação que tive na despedida, diante do Maracanã lotado, dentro daquela emoção: iria me despedir porque aprendi com seu Dondinho que parar no melhor da carreira é a coisa mais inteligente”. (N:Pelé se despediu da seleção brasileira em jogo no Maracanã, no dia 18 de julho de 1971, contra a seleção da Iugoslávia. O jogo terminou empatado: 2 a 2. Pelé deixou o gramado – chorando – sob o coro da torcida que pedia “fica, fica, fica” ).
Qual foi a grande mudança na vida de Pelé nestes últimos trinta anos?
Pelé: “ Tive mudanças, graças a Deus, para melhor. A vinda aqui para os Estados Unidos, a parte de educação e cultura. Amadureci como ser humano. Aprendi muito. Posso até dizer, por exemplo, que peguei o “Fantástico” no colo. O Fantástico era uma criança quando conheci o programa ( a primeira edição do Fantástico foi ao ar em agosto de 1973). Eu melhorei muito, aprendi muitas coisas : não parei. Há coisas que falo com o orgulho. Fernando Henrique Cardoso disse que Pelé foi o Brasil que deu certo. Tenho muito ainda o que aprender”.
Por quanto tempo você pode andar nas ruas de Nova York sem ser reconhecido?
Pelé: “ Depende do lugar. Sem disfarce, é difícil. Em qualquer lugar, sempre vem um ou outro. Quando vou sair - por exemplo, para a Igreja Saint Patrick, para rezar - ponho óculos ou bonezinho. Dizem que vou disfarçado de Milton Nascimento. Mas quando saio de cara limpa, basta descer do carro: vai ter sempre alguém chamando”.
Pelé: “Nunca me preocupei muito em parar para contar. Quem pára para contar perde dinheiro - a coisa material. E a coisa material nunca foi muito importante em minha vida. Já a marca “Pelé” é uma das mais valiosas no mundo, sem dúvida nenhuma”.
Você tem idéia do valor desta marca?
Pelé: “Não tenho idéia do valor. Mas a marca “Pelé” hoje é de um valor inestimável”.
Você conhece um ator de cinema pior que Pelé?
Qual foi, afinal, o gol mais bonito que você já fez ?
Pelé: “O gol mais bonito foi contra o Juventus, na Rua Javari. (N: o jogo Santos 2 x 1 Juventus, pelo campeonato paulista, foi disputado no dia dois de agosto de 1959). Todo mundo fala. A descrição feita pelos jogadores que estiveram no dia do jogo, tanto do Juventus quanto do Santos, é maravilhosa. Infelizmente a equipe de Aníbal Massaíni não conseguiu achar imagens deste gol , depois de quatro anos de pesquisas sobre jogadas e momentos importantes da vida de Pelé para o filme “Pelé Eterno”. Há também o “gol de placa” , lindo ( marcado contra o Fluminense, no Maracanã, pelo Torneio Rio-São Paulo de 1961. Pelé driblou sete jogadores do Fluminense antes de marcar o gol). “Quando fiz este gol, fui para a torcida, desabafei, falei palavrão. Dei, então, um soco no ar”
Quanto ao gol da Rua Javari, eu me lembro de que três jogadores do Juventus foram “chapelados”. Quando Mão de Onça, o goleiro, veio na bola, também levou um chapéu. Fiz o gol de cabeça. Todo mundo diz que criei o soco no ar na comemoração do gol. Não foi nada disso. O que aconteceu foi que, neste jogo em que fiz o gol, a torcida estava me perturbando. O Santos não estava jogando bem. Eu também não. Já o Juventus estava numa tarde boa. A torcida, então, ficou vaiando, vaiando, vaiando. Quando fiz este gol, fui para a torcida, desabafei, falei palavrão. Dei, então, um soco no ar. Porque tinha feito o gol mais bonito da minha vida”.
Quer dizer então que a origem do soco no ar na comemoração do gol foi um desabafo por este gol?
Pelé: “Exatamente! É esta a origem do soco no ar. Há quem diga que Pelé é tão pão-duro que até para comemorar o gol ele fica com a mão fechada.... Mas não é assim. O soco no ar, na verdade, foi para comemorar um gol que foi uma coisa maravilhosa. Se pudéssemos reconstituir este gol para os mais jovens, para que a nova geração não tenha nenhuma dúvida, seria maravilhoso”.
Aqui da varanda você tem esta bela vista de Nova York. Quanto tempo você passa aqui por ano?
Pelé: “Passo três meses por ano. Quando eu jogava com o Cosmos, tinha contrato com a Warner: ficava seis meses, a duração de uma temporada de esporte. A vista aqui é maravilhosa. Do topo do prédio, você vê o East River. Tive muita sorte de conseguir este lugar aqui no tempo que estava jogando no Cosmos. Agora, estou aqui para sempre”.
Pelé: “Viajei na noite anterior. quando cheguei ao Brasil, pela manhã, soube do atentado pela televisão. Meu irmão, “Zoca”, tinha ficado aqui em Nova Iorque. Meu assessor também. Uma loucura: fiquei apavorado porque minha filha, que mora aqui, vivia perto do World Trade Center. Fiquei procurando saber e querendo me comunicar, mas, graças a Deus, com a família não aconteceu nada”.
Do que é que você mais gosta aqui em Nova York?
Pelé: “Tenho liberdade em Nova York. Vou ao supermercado, vou ao Central Park. Em algum lugar dá para ficar, especialmente se é dia de semana. Porque se é domingo ou feriado os lugares ficam cheios. O pessoal me descobre logo. A liberdade, esta coisa mais respeitosa do americano, é o que mais me cativa em Nova York”.
Com que frequência você vai à catedral rezar?
Pelé: “Sempre que estou em Nova Iork. Quando fiz o contrato com o Cosmos, eu cheguei aqui nos Estados Unidos; pedi a ela que me ajudasse, iluminasse meu caminho. Deu tudo certo, porque foi uma grande vitória. Agora, já me acostumei. Vou à Saint Patrick, para agradecer”.
Qual é o santo de devoção de Pelé?
Pelé: “Meu santo é Nossa Senhora Aparecida. Minha mãe sempre diz uma coisa engraçada: quando criAnça, em Bauru, eu era tão levado que ela me entregou a São Benedito. Minha mãe pediu: “São Benedito, tome conta deste garoto!”.
São Benedito tomou conta bem”.
*Publicado no Livro das Grandes Reportagens ( Editora Globo, 2006)
FONTE: http://www.geneton.com.br/archives/000267.html
QUARTA VIA
Virou moda dizer que “Lula não entende das coisas”. Ou “confundiu isso com aquilo”. É a linguagem do preconceito, adotada até mesmo por jornalistas ilustres e escritores consagrados.
Bernardo Kucinski
Um dia encontrei Lula, ainda no Instituto Cidadania , empolgado por um livro de Câmara Cascudo sobre os hábitos alimentares dos nordestinos. Lula saboreava cada prato mencionado, cada fruta, cada ingrediente. Lembrei-me desse episódio ao ler a coluna recente do João Ubaldo Ribeiro, “De caju em caju”, em que ele goza o presidente por falar do caju, “sem conhecer bem o caju.” Dias antes, Lula havia feito um elogio apaixonado ao caju, no lançamento do Projeto Caju, que procura valorizar o uso da fruta na dieta do brasileiro.
Bernardo Kucinski, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é colaborador da Carta Maior e autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000).
O número de professores que se formam no país não está acompanhando o número de matrículas da Educação Básica. O relatório "Escassez de Professores no Ensino Médio: Soluções Estruturais e Emergenciais", feito pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), aponta que faltam hoje 246 mil professores nas disciplinas exatas -- física, química, matemática e biologia -- de 5ª a 8ª séries e nos três anos do ensino médio.
Em 2007, havia 8,3 milhões de alunos matriculados no ensino médio, e 32 milhões no ensino fundamental, de um total de quase 53 milhões de alunos (ensino infantil, médio, de jovens e adultos e especial). A maioria -- 46,6 milhões -- está em escolas públicas.
O problema não é novo. Há mais de 20 anos a falta de professores já vem sendo sentida. Um outro levantamento, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), de 2003, confirma que os baixos salários são o principal motivo que afasta o jovem da opção pelo magistério, além da violência e das más condições de trabalho dentro das escolas. Problemas que também afetam quem já está em sala de aula: por causa da baixa remuneração, o professor busca mais de um emprego e encara jornadas de até 40 horas semanais. Uma rotina que o impede de melhorar sua qualificação, degrada sua saúde, provoca faltas ou até o faz abandonar a carreira, o que contribui também para o déficit. A situação está se agravando porque mais da metade dos docentes estão perto da idade para se aposentar.
O relatório do CNE propõe algumas medidas -- nenhuma de longo prazo -- para combater agora esse problema: a contratação de professores já aposentados com benefícios adicionais, o adiamento de aposentadorias de professores dessas disciplinas problemáticas e até a contratação de alunos universitários que ainda não se formaram.
Melhorando a formação docente
A má qualidade do ensino público brasileiro é problema histórico. E começa ainda na formação do professor. Há pelo menos 10 anos, o Ministério da Educação vem tentando mudar esse quadro: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), de 1996, tornou obrigatório o diploma universitário para professores de 5a a 8a séries e do ensino médio, e o magistério (antigo normal, de nível médio) para professores da pré-escola e da educação infantil. Mas ainda existem em média 20% dos 2,6 milhões de docentes em atividade que não possuem o certificado.
O MEC mantém uma Rede Nacional de Formação Continuada de Professores de Educação Básica, que reúne 19 universidades voltadas para a melhoria da qualificação profissional de professores, diretores e equipes pedagógicas. O trabalho, feito em parceria com governos estaduais e municipais, envolve a produção de pesquisa, material didático-pedagógico e cursos de atualização em serviço.
A criação do Fundef -- Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, em 1996, e seu substituto, o atual Fundeb (que amplia o atendimento à educação infantil e ao ensino médio), condicionam 60% dos recursos para a remuneração do docente, o que ajudou a melhorar um pouco a situação. Mas ainda não é o bastante.
Remuneração insuficiente
Estudo realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 38 países, coloca o Brasil como um dos três países que paga pior aos seus professores -- o piso salarial chega, em média, a R$ 500.
O projeto de lei que fixa o piso nacional para o professor entre R$ 900 (com nível médio e jornada de 25 horas semanais) e R$ 1.100 (com curso superior e mesma jornada) está parado no Congresso Nacional desde agosto do ano passado. Os governos municipais defendem um piso único de R$ 850, incluindo gratificação, com 40 horas semanais. Se essa proposta vencer, ficará mais difícil ainda para o país conseguir combater o déficit no magistério que, neste ritmo, pode se tornar profissão extinta em 2021.
Patrícia Costa - editora de jornalismo do programa Nós da Escola, da Multirio.
Fonte: http://www.opiniaoenoticia.com.br
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
TERÇA POESIA E PROSA
São as formas sem forma
SEGUNDA BEM HUMORADA
Em um concerto do U2 em Lisboa, Portugal, Bono pediu silêncio ao público e começou a bater palmas compassadamente.
Olhando para as pessoas, que estavam em silêncio, ele disse no microfone:
- Eu quero que vocês pensem em algo muito sério. A cada batida de minhas mãos, uma criança morre na África.
Nesse momento uma voz das arquibancadas grita:
- Então para de bater as mãos, ó filho da puta!...
Um padre recebeu um chamado urgente para uma extrema-unção e como não podia deixar o confessionário vazio, pediu ao rabino vizinho, seu amigo, que ficasse em seu lugar.
Vai tomar banho
O guarda vê um homem estacionando seu carro em local proibido e pede:
Na sala de aula...
Professora da 6ª série perguntou para a turma:
- Qual é a parte do corpo humano que aumenta quase em dez vezes seu tamanho quando é estimulada?
Ninguém respondeu, até que a Natasha levantou, furiosa, e disse:
- Você não deveria fazer uma pergunta dessas para crianças da 6ª série!
Eu vou contar para meus pais, e eles vão falar com o diretor, e ele vai demitir você!
Então, ela sentou-se murmurando:
Para o espanto da Natasha, a professora não apenas a ignorou, como fez a pergunta novamente.
- Qual é a parte do corpo que aumenta em dez vezes seu tamanho quando é estimulada? Alguém sabe?
Finalmente, Rodrigo levantou-se, olhou em redor , e disse:
- A parte do corpo que aumenta dez vezes seu tamanho quando é estimulada é a pupila do olho.
A professora disse:
- Muito bem, Rodrigo! Então, voltou-se para a Natasha e continuou:
- E quanto a você, mocinha, tenho três coisas para lhe dizer:
A primeira é que você tem uma mente muito suja para sua idade.
A segunda: você não leu a sua lição de casa.
E a terceira:...
- DEZ VEZES ??? hahaha......
Um dia você vai ficar muito, mas muuuito desapontada,viu? .
O marido do ano
O cara tinha dois ingressos para a final da Copa do Mundo, no melhor camarote do estádio. Quando ele estava sentado no seu lugar, aguardando o inicio do jogo,um torcedor nota que o lugar ao lado do homem estava vago. O torcedor pergunta então se o assento está ocupado.
domingo, 27 de janeiro de 2008
Quem promete, deve

Conversando com o pároco, líderes e pessoas da comunidade, observamos um clima favorável que permite ousar mais na próxima festa. Precisamos profissionalizar este evento, colocá-lo no calendário dos eventos culturais, procurar inscrevê-lo no registro Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, trabalharmos com o conceito de turismo religioso que é mais amplo e encontra canais de financiamento nos programas de governo.
Como todo blog tem essa natureza autoral, as minhas observações são apenas minhas. Não são únicas, não pretendem ser a verdade universal e nem excluem outras formas de perceber as coisas. Vale dizer que não tenho pretensões políticas, não sou candidata a nada, não tenho preferências partidárias ou eleitorais. Transferi meu título há muitos anos porque me cansei da mesmice mas, pessoalmente, gosto de todo mundo embora não me conforme com o fiasco da política local e dos seus métodos que, de resto, são bastante antiquados. Apenas não perdi a utopia de que no dia que a comunidade quiser, as coisas podem melhorar. Basta não vender o voto.
O blog estará sempre aberto às opiniões diferentes das minhas. Criticar pode, ofender não. Com artigos assinados, linguagem civilizada e sem ofensas pessoais a quem quer que seja, você terá espaço garantido em nosso blog. Afinal http://www.alagoinhaipaumirim.blogspot.com/ é a nossa praça virtual e, para animar uma praça, nada melhor que uma saudável discussão sobre um tema de interesse coletivo.
ATIVIDADES RELIGIOSAS
As novenas e missas estão cada vez mais concorridas e, acredito eu, se não fosse o calor insuportável dentro da igreja, muito mais gente participaria. Da calçada, pode-se observar a movimentação dos que entram, fazem suas orações mas não esperam pela cerimônia religiosa. Uma medida muito boa foi proibir o estacionamento no largo da igreja na hora da procissão.
Outro ângulo da romaria na Pedra de São Sebastião
(Fonte: Site da Paróquia)
Aquela área precisa ser transformada num ambiente mais agradável para o turista. Construção de quiosques, galpões, alguma coisa que permita o visitante ser tratado decentemente. Um local de pausa na caminhada onde se pode ficar um pouco à sombra para seguir adiante. Quem sabe aí abrir um espaço para exposições de artesanato, barracas organizadas com comidas regionais aproveitando a chance de propiciar além da divulgação de produtos regionais, abrir mercados para estimular novas atividades.
Seria interessante urbanizar e ordenar aquele espaço buscando outro lugar para o comércio e o parque que dificultam a entrada no corredor que dá acesso à Pedra.
Por acaso, eu viajei com um cidadão de Ipaumirim, oficial da Aeronáutica, residente em Manaus que veio para a festa. Ele elogiou bastante e chamou-me a atenção para a importância da distribuição de água no trajeto. Valeu a observação. Parabéns a Aucy e a quem mais teve essa idéia. São pequenas iniciativas que contribuem para melhorar a festa. É claro que com o aumento da visitação, elas precisam tomar outra dimensão para atender a demanda mas, por enquanto, já mostram que aos poucos nos damos conta de pequenas ações que podem ter um resultado positivo.
Já melhoramos bastante com a instalação dos banheiros químicos, com o atendimento emergencial de saúde mas ainda estamos longe dos equipamentos básicos que podem dar sustentação a eventos dessa amplitude.
Uma festa tão grande não se organiza na véspera, a improvisação é o pior cartão de visitas. As lideranças da comunidade precisam se entender, refletir e buscar alternativas se quiserem entrar por algumas possibilidades de financiamento que demandam planejamento, ações e avaliação, naturalmente acompanhados de uma convincente prestação de contas.