A proposta compreende treze páginas e está dividida por setores. Ocupa-se um espaço significativo com proselitismo no melhor estilo água com açúcar, não faz mal a ninguém mas nada acrescenta. São informações absolutamente genéricas , daquele tipo que cabe em qualquer programa e se for excluído não faz a menor diferença. Algumas delas, recorrentes, repetem determinações das políticas e programas dos governos estadual e federal como se fossem de iniciativa local. É saudável explicitar que estas determinações são obrigações da gestão municipal que se já vem sendo cumpridas, devem ser mantidas e se não vinham, precisam oferecer garantias de que serão.Portanto não são opcionais, são obrigatórias a qualquer um que assuma a prefeitura.
Embora o item EDUCAÇÂO esteja permeado
por propostas desta natureza, uma questão vale salientar. Mesmo questionando alguns
aspectos da proposta é justo ressaltar que a educação como primeiro ponto de um
programa revela sensibilidade com o problema e impõe compromissos, o que não é
pouca coisa. Vamos por etapas:
De concreto, existe a promessa de
construir ou reformar um Centro de Educação Infantil nos distritos de Felizardo
e outro em Canauna. Decorrente disto,
haverá um aumento da oferta de vagas. Não são coisas diferentes, é um
desdobramento. A partir de que informações essa proposta foi formulada, o texto
não diz. As estatísticas da educação no município não são explicitadas para
mostrar a necessidade e a importância da ação proposta. Construção sem
amarração nas necessidades e nas projeções a médio e longo prazo é maquiagem. A
prefeitura tem acesso a esses dados e pecou por não fundamentar.
Conforme dados do IPECE, no ano de
2010, o município registrou 3.008
matrículas, sendo 2.123 em escolas municipais.Para atender esta demanda o
município tinha 129 professores. É provável que estes dados apresentem alguma diferença em relação a 2012 mas não
acredito que sejam significativas.
Se observarmos os dados de 2004 e
2010, registramos que há uma queda no percentual de professores de nível
superior atendendo a educação infantil no município. Neste segmento, em 2004, o
percentual de professores de nível superior é da ordem de 10,53% e em 2010 cai
para 8.33%. Aumenta o percentual de
professores de nível médio de 76,32% (2004) para 91,67% (2010). Por que?
Aumentar o nº de vagas sem qualificar
o docente não trará indicadores de qualidade no atendimento.
Quando a proposta fala (“Ao mestre com carinho”, aliás um bonito
nome tirado do famoso filme com Sidney Poitier) no patamar de excelência do
IDEB, ela não mostra a que distância estamos desse patamar.
A manutenção do
evento Numerando e Soletrando que já
vem sendo desenvolvido é interessante. Estimular é sempre bom. A premiação é
saudável, estimula mas há um problema nessa corrida meritocrática. Premiar os
melhores talvez seja menos justo que incentivar os piores para que eles possam
melhorar. Nesse sentido, o olhar mais atento deve ir ao que está em piores
condições. Por que não foi pensado um programa de nivelamento através do
reforço escolar para enfrentar o
problema do desempenho do aluno em dificuldade?
A questão das bolsas. O estudante carente tem reserva de
cotas, vários incentivos dentro da instituição pública, empréstimos que o
governo banca - mais para financiar a escola privada do que o aprendizado do
estudante - o município oferece o
transporte gratuito, ainda vai ter uma bolsa? O perigo de uma distribuição
política das bolsas sempre estará presente se os critérios não forem claros.
Assim sendo, pode tornar-se uma medida clientelista. Ou seja, aumenta a
freguesia do pires nos cofres públicos, fomenta um ciclo vicioso e não atende ao que se propõe.
Nas demais ações
da educação, há a promessa de ampliação e reforma de escolas: duas em
Felizardo e uma em Canaúna, construção de duas quadras: uma em cada distrito e
construção de um ginásio esportivo. Ainda tem o grande Centro de Convivência da
Terceira Idade. Sinceramente, não vejo necessidade de construção de um Centro
de Convivência da Terceira Idade quando existem espaços ociosos que podem ser
utilizados com esta finalidade.
Concluindo: Construir muito pode dar visibilidade
mas não é por si só um indicador de
qualidade. Embora privilegiado como item de abertura da proposta, excluindo-se
a parte de construção, a proposta ainda é muito tímida.
Não fica clara a
compreensão do conceito de qualidade de ensino e é muito genérica a proposta de qualificação dos professores. Quando falo em qualificação de corpo docente
não estou falando nas especializações de fim de semana, nos eventos apressados.
Qualificação demanda avaliação. Em nenhum momento, a proposta se preocupa com
avaliação. O texto se detém no miolo do processo e se omite de duas questões
fundamentais sem as quais tudo que se fizer não tem sentido. Não se percebe um diagnóstico
na base de construção das propostas, o que justifica a necessidade de
intervenções. Também, em nenhum momento, deixa claro que a avaliação estará
presente nas ações que se pretende implantar. Como pode melhorar se não sabe de onde parte
nem aonde quer chegar?
ML
Amanhã, continuaremos com o item Saúde
Participe da discussão.
Um comentário:
infelizmente as propostas deste candidato a releiçao é um faz de conta pois a educaçao deste municipio só fez cair em qualidade de ensino
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