sábado, 14 de julho de 2012

Um olhar outsider: IP para que te quero?


De uma coisa IP não pode se queixar:  a  política local não nega lealdade aos seus líderes. Faz qualquer arranjo, reza, despacho, macumba, seja lá o que for para garantir a posse do poder local. Pelo menos,  o eleitor não vai votar enganado. Conhece o estilo de governar, a atuação política e as motivações que movem as alianças. A partir daí é possível projetar um futuro razoavelmente previsível.  
Partidos políticos... a gente já sabe que é só para compor o cenário adequado à  ficção conforme o roteiro legal. Não convence nem abala.  Ajuda no clima da fofoca. Em que pesem  as boas intenções, sempre há alguém disposto a rifar o partido. Depois que corre a rifa, vira fumaça. Plagiando Manuel Bandeira, “o fumo vem, a chama passa”.
Quem é historicamente do Partido Luiz Alves ou está insatisfeito com o Partido Miraneudo Linhares, vota em Wilson. E vice-versa, acontece o mesmo com Miraneudo/Geraldo. A motivação é sempre a vantagem pessoal e o lema é quem dá mais.
E cada um vai cumprindo o seu papel. Os coadjuvantes e figurantes cumprem o que lhes cabe. Em torno dos atores principais e dos coadjuvantes juntam-se os bajuladores que não por acaso são sempre os mesmos. Ingênuos, servem para dar recados e compor o séquito. Mudam de lado, às vezes,  mas não mudam de papel. Nunca conseguem algo significativo mas gostam do efêmero brilho de âmbito paroquial. Não são espertos, são solícitos. Um ou outro arranja um bico mal remunerado se o seu candidato ganhar. É desolador.  
A galera participa de forma interativa: são os animadores que batem boca nas esquinas, tecem a teia dos fuxicos, vestem a camiseta dos candidatos, gritam nos comícios. A reivindicação básica desse grupo é clara e rasa:  preocupam-se  sobremaneira com as bandas que vão tocar nas festas populares nos próximos quatro anos.
Tem o grupo dos empresários da política, os produtores de eleição, os promotores das grandes manifestações e dos grandes shows eleitorais. Nesse aí, não entram amadores. É o grupo que maneja o que interessa: verbas, prestígio e os melhores postos de trabalho depois da eleição. Desse grupo, também sai o bilheteiro que ajuda na distribuição dos ingressos da geral depois de loteados os principais postos nos camarotes e na plateia.
Ninguém pode esquecer a propaganda. Poluição visual marcam paredes e sujam as ruas. O barulho desafia os tímpanos e a qualidade desacata a inteligência. Tem também  o  boca-a-boca e o bate-boca que ajudam na propaganda informal.
O grande sonho da maioria dos eleitores é um emprego na prefeitura. Pouco trabalho e dinheirinho certo.  As demandas são absolutamente particularizadas. A unidade eventual em torno do candidato se dá pela aglutinação dos interesses pessoais.
Quem fala em atrair investimentos que gerem postos de trabalho? Trabalhar demanda competência e quem quer fazer esforço se a prefeitura pode ser a grande mãe? E se o sonho é mesmo trabalhar na prefeitura, não precisa se preocupar em qualificar professores. Formação de qualidade passa longe dos horizontes eleitorais.  Vamos nos preocupar apenas com a merenda escolar que é mais imediata. Se quando estou doente, eu posso pedir ao prefeito uma ambulância ou dinheiro para passagem, para que preciso de um hospital que preste serviço de qualidade a comunidade em geral? Para que indústria? Para que  agricultura sustentável?
Basta se dar ao trabalho de olhar os dados sobre Ipaumirim  nas agências oficiais para conhecer nossa pobreza e insignificância sob a maquiagem modernizadora que nos faz pensar que somos diferentes dos miseráveis do resto do mundo.
ML
Recife - PE

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