De uma coisa IP não pode se
queixar: a política local não nega lealdade aos seus
líderes. Faz qualquer arranjo, reza, despacho, macumba, seja lá o que for para
garantir a posse do poder local. Pelo menos,
o eleitor não vai votar enganado. Conhece o estilo de governar, a
atuação política e as motivações que movem as alianças. A partir daí é possível
projetar um futuro razoavelmente previsível.
Partidos políticos... a gente já
sabe que é só para compor o cenário adequado à ficção conforme o roteiro legal. Não convence
nem abala. Ajuda no clima da fofoca. Em
que pesem as boas intenções, sempre há
alguém disposto a rifar o partido. Depois que corre a rifa, vira fumaça. Plagiando
Manuel Bandeira, “o fumo vem, a chama passa”.
Quem é historicamente do Partido Luiz
Alves ou está insatisfeito com o Partido Miraneudo Linhares, vota em Wilson. E
vice-versa, acontece o mesmo com Miraneudo/Geraldo. A motivação é sempre a
vantagem pessoal e o lema é quem dá mais.
E cada um vai cumprindo o seu
papel. Os coadjuvantes e figurantes cumprem o que lhes cabe. Em torno dos atores principais e dos coadjuvantes juntam-se os bajuladores que não por acaso são sempre os mesmos. Ingênuos,
servem para dar recados e compor o séquito. Mudam de lado, às vezes, mas não mudam de papel. Nunca conseguem algo
significativo mas gostam do efêmero brilho de âmbito paroquial. Não são espertos,
são solícitos. Um ou outro arranja um bico mal remunerado se o seu candidato
ganhar. É desolador.
A galera participa de forma interativa: são os
animadores que batem boca nas esquinas, tecem a teia dos fuxicos, vestem a
camiseta dos candidatos, gritam nos comícios. A reivindicação básica desse
grupo é clara e rasa: preocupam-se sobremaneira com as bandas que vão tocar nas
festas populares nos próximos quatro anos.
Tem o grupo dos empresários da política,
os produtores de eleição, os promotores das grandes manifestações e dos grandes
shows eleitorais. Nesse aí, não entram amadores. É o grupo que maneja o que
interessa: verbas, prestígio e os melhores postos de trabalho depois da
eleição. Desse grupo, também sai o bilheteiro que ajuda na distribuição dos
ingressos da geral depois de loteados os principais postos nos camarotes e na plateia.
Ninguém pode esquecer a
propaganda. Poluição visual marcam paredes e sujam as ruas. O barulho desafia
os tímpanos e a qualidade desacata a inteligência. Tem também o boca-a-boca e o bate-boca que ajudam na
propaganda informal.
O grande sonho da maioria dos
eleitores é um emprego na prefeitura. Pouco trabalho e dinheirinho certo. As demandas são absolutamente particularizadas. A
unidade eventual em torno do candidato se dá pela aglutinação dos interesses pessoais.
Quem fala em atrair investimentos
que gerem postos de trabalho? Trabalhar demanda competência e quem quer fazer
esforço se a prefeitura pode ser a grande mãe? E se o sonho é mesmo trabalhar
na prefeitura, não precisa se preocupar em qualificar professores. Formação de qualidade passa longe dos horizontes eleitorais. Vamos nos preocupar apenas com a merenda
escolar que é mais imediata. Se quando estou doente, eu posso pedir ao prefeito uma ambulância ou dinheiro para
passagem, para que preciso de um hospital que preste serviço de qualidade a comunidade em geral? Para
que indústria? Para que agricultura sustentável?
Basta se dar ao trabalho de olhar
os dados sobre Ipaumirim nas agências
oficiais para conhecer nossa pobreza e insignificância sob a maquiagem modernizadora
que nos faz pensar que somos diferentes dos miseráveis do resto do mundo.
ML
Recife - PE
Nenhum comentário:
Postar um comentário