terça-feira, 4 de outubro de 2011

Centenário da posse de Pe. Cícero como Prefeito de Juazeiro

Neste 4 de outubro de 2011 se comemora o centenário de três grandes acontecimentos em Juazeiro: a inauguração do recém-criado município; a posse de Padre Cícero no cargo de prefeito e a assinatura do chamado Pacto dos coronéis. Para festejar esses eventos foi realizado um grande baile cuja organização esteve com Dr. Floro Bartolomeu da Costa. Para relembrar esse histórico acontecimento social transcrevemos a seguir o relato feito por dois escritores:
Relato de Amália Xavier de Oliveira, extraído do seu livro O Padre Cícero que eu conheci:

“Às 18 horas, teve lugar o banquete comemorativo da inauguração da Vila, na residênsia do Pe. Cícero, seguindo-se, às 20 horas, o Baile, que se realizou no mesmo local onde se realizara a Sessão - residência de D. Rosinha Esmeraldo.
Uma particularidade eu quero deixar aqui registrada para conhecimento dos pósteros:
Quero que saibam que em 1918 Juazeiro já se podia apresentar como uma localidade, onde a sociedade, em evolução constante, procurava melhorar, acompanhando o rítimo das cidades civilizadas. Fazendo um ato de justiça, apresento como pioneiro, neste trabalho de socialização, o Dr. Floro Bartolomeu da Costa. Foi êle o encarregado do banquete, no qual poderia ter tomado parte até o Presidente do Estado, pois não deixou nada a desejar desde o cardápio até às impecáveis garçonetes, moças da sociedade, instruídas por ele. O baile também esteve sob sua orientação: o salão foi todo forrado de algodãozinho, pregado ao chão com pregos e passado vela de estearina à falta de cera. Ali deslizaram os pares constituidos pelo que havia de melhor nos meios sociais não somente de Juazeiro, mas também do Crato, Barbalha, Missão Velha dançando ao som de uma orquestra de pau e corda, valsa, tango, schottish. E dançaram muito bem as jovens juazeirenses pois ensaiaram antes de enfrentarem, com sapatos de salto alto um salão, forrado de pano e liso de cera. A festa da inauguração da Vila de Juazeiro marcou época na região sul do Estado. Testemunharam os visitantes e os juazeirenses, um espetáculo inédito, e por muito tempo se falou deste acontecimento classificando, em primeiro lugar, entre as festas cívico-sociais realizadas no Cariri”.

Relato de Lira Neto, extraído do seu livro Padre Cícero, poder, fé e guerra no sertão:

“Floro havia caprichado nos detalhes. O banquete e o baile que se seguiram à cerimônia de posse ficariam guardados na memória dos moradores como a maior de todas as festas da história do Juazeiro. A mesma casa que horas antes abrigou a reunião dos coronéis encheu-se de gente para comer e dançar em homenagem ao prefeito Padre Cícero Romão Batista. O próprio Floro cuidou de preparar o cenário, forrando o chão de areia batida com um longo tecido de algodão, esticado no assoalho com muitos pregos e alisado à base de cera de velas, para evitar que se levantasse poeira enquanto os casais davam passos de valsa e de tango ao som de uma orquestra de pau e corda. Afinal, a festa não podia ser confundida com um mero arrasta-pé, desses que se faziam a todo instante no sertão. Durante dias, as moças do Juazeiro haviam se preparado para o baile, ensaiando e se acostumando com os sapatos de salto alto que o doutor Floro havia recomendado que calçassem durante o evento. Para o banquete, Floro Bartolomeu mandara trazer do Rio de Janeiro toda a louça e toda a prataria que seria usada pelos convidados. Na porcelana decorada com flores e bordas douradas, lia-se a inscrição, em letras a ouro: “Pe. Cícero”. Um grupo de moças da sociedade juazeirense foi treinado especialmente por Floro para servir de garçonetes durante o jantar. Ele ensinou-lhes a posição correta dos talheres sobre a mesa, a disposição dos copos de acordo com os vários tipos de bebida e a forma como deveriam trazer as bandejas vindas da cozinha. Era como se Floro quisesse simbolizar, com aquela recepção, que o Juazeiro inaugurava realmente uma nova fase de sua história. O município recém-criado precisava se apresentar ao mundo como um novo lugar civilizado: as melhores famílias podiam frequentar ambientes sociais tão refinados quanto os das grandes cidades do país. Floro estava sinceramente dedicado à tarefa de “modernizar” o Juazeiro. O eforço que fazia para retirar do lugar o estigma de “aldeia de fanáticos” era parte de um cuidadoso projeto político, que logo alçaria voos cada vez mais altos”.
Fonte: http://www.juazeiro.cjb.net/

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