sábado, 11 de fevereiro de 2012

Domingo memorioso: COMO FOI A MINHA BANDINHA, por Francisco Farias

Banda de música de Ipaumirim

Foto do arquivo e Anchieta Nery anteriormente publicado neste blog

Começou Assim

Era o já distante ano de 1962. O prefeito de Ipaumirim, já no último ano de mandato era o Sr. Alexandre Gonçalves. Exatamente por essa época, com o apoio decisivo do Dr. Jarismar Gonçalves, seu filho, começaram a ser adquiridos pela Prefeitura os primeiros instrumentos, e teve início, com sede provisória no Clube Recreativo de Ipaumirim - CRI, a minha inesquecível banda de música municipal de Ipaumirim, a primeira na espécie.

Muito se tem falado sobre esse projeto, de duração tão efêmera, porém tão marcante para os que tiveram a felicidade de vivenciar aquela época, tão recheada de alegrias e emoções, porém muitas verdades são desconhecidas e outras, não se sabe por que, nunca foram reveladas.

Foi no dia 07 de setembro daquele corrente ano de 1962 que a bandinha, pela primeira vez, fez ecoar seus acordes pelas ruas da cidade. Estava, naquela festiva data de comemoração da Independência, lançado em Ipaumirim aquele que foi, até o presente momento, o projeto que mais revelou talentos na arte, com alguns conhecidos em todo o Estado e alhures.

Sob a competente regência do maestro Rivaldo Antonio Santana, pernambucano da cidade de Vitória de Santo Antão, que aportou em Cajazeiras participando da orquestra de um circo e, por lá ficou, saiu a banda, em sua primeira aparição pública, com o repertório contendo tão somente duas peças musicais, o Hino Nacional Brasileiro, com arranjo simplificado, e o dobrado Capitão Caçula (Marcha do Soldado).

Era a seguinte a formação inicial da banda, com a participação especial de 02 (dois) músicos forasteiros que nos visitavam na ocasião:

Trombone de pistos e Regência: Alceu Laurentino

Contra-baixo: Maurício Lustosa (Cabo Maurício de João Leandro) e Zé (Tiburtino) Filho

Saxofone Alto: Aldeízio Nery

Clarinetas: Edson (filho de Antonio Laurino) e Zé Henrique

Pistões: Zé Gomes e Varneau Lopes

Trombone de Vara: Artista (Francisco de Vicente Ferreira)

Trompas: Besouro, Chiringa e Vicente Carvalho

Bombardino: Zé (ou Chico) Cassiano (um dos visitantes); o outro, cujo nome não me vem à memória, usou instrumento (trombone se não me engano) de sua propriedade.

Arquivista: Zé Omar

Percussão:

Caixa: Vicente Crispim (mala véia, filho do Sr. Aurélio Crispim)

Surdo: Zé Aldenor

Bombo: Zé Strauss

Pratos: Chico de Áurea (Pissica)


Assim Terminou o Sonho

(Chiringa)

Com essa formação, nos seguintes 06 (seis) meses, apenas mais um dobrado, denominado Miracema Cidade, foi acrescentado ao curriculum da banda. Era muito pouco para tamanha expectativa do início.

Entretanto, após a data de 15 de março de 1963, quando houvera assumido a Prefeitura o Sr. Expedito Dantas, que teve uma atuação marcante no apoio incansável que sempre dedicou ao projeto, teve a banda a mudança de sua sede para o sobrado vizinho ao mercadinho de Donato Crispim.

(Besouro, de Dona Aurora)

Ali, sim, a partir de meados do ano de 1963, com as providenciais substituições de várias peças que insistiam em não desenvolver o aprendizado da arte, e, com a entrada de vários jovens que se estavam destacando no domínio da teoria musical, experimentou a bandinha um processo de contínuo desenvolvimento, que só parou com a sua extinção, coincidentemente no dia 16 de março de 1967, um dia após tomar posse o novo Prefeito da cidade.

Zé Omar

É que, motivado por questiúnculas políticas, tão presentes naquele momento de nossas vidas, o senhor Prefeito houve por bem reunir os integrantes da banda para saber qual dos integrantes iria manifestar, em sua presença, que tinha preito de gratidão ou reconhecimento pelo que fizera até então pela banda o seu Diretor Comercial, Sr. José Henrique Silva. Naquele momento foram excluídos (usando o termo do próprio prefeito) da banda os seguintes músicos: Luis Carivaldo, Besouro, Zé Gomes, Chiringa, e os Chicos, de Alberto, de Áurea e Farias, que se pronunciaram em termos que o político não quis aceitar.


Varneau Lopes

Como o Projeto se Desenvolveu

Eis como ficou a formação básica da banda entre o início do ano de 1963 até 1967, sem praticamente qualquer alteração exponencial no período:

Trombone de vara e regência: Rivaldo Santana

Maestros (para rápidas substituições): Mestre Cirilo (Banda de Umari e o músico pernambucano Torres, que, como o maestro Rivaldo, que o avalizou, vivia em Cajazeiras-PB.

Contra-baixo: Chico de Alberto e Maurício

Saxofone alto: Aldeízio

Saxofone tenor: Zé Henrique

Clarinetas: Edson e Zé Strauss

Pistões: Zé Gomes e Chiringa

Trombone de Vara: Luis Carivaldo

Trombone de Pistos: Besouro

Bombardino: Alceu

Trompas: Chico Farias, Nino de Maúrde e Vicente Carvalho

Arquivista: Zé Omar

Percussão:

Caixa: Vicente de Aurélio

Surdo: Zé Aldenor

Bombo: Zé Francisco (vulgo pão-sem-bico, irmão de corrupiu, casado com Maria filha de Antonio Baraúnas)

Pratos: Chico de Áurea

Começou a bandinha, já no primeiro semestre do ano de 1963, a acrescentar a seu repertório os seguintes temas musicais: Marcha Solene, Alírio Alves, Os Palhaços, Os Ingratos e 213.


Zé Strauss

O ano de 1964 foi só a confirmação do sucesso do ano anterior, a começar pelo primeiro carnaval no CRI que foi animado pelo grupo musical da própria cidade. O ano de 1964 foi marcado por dificuldades, principalmente a de contar com o Maestro Rivaldo, que, já conhecido na região por sua notória capacidade, respondia por projetos musicais de algumas cidades.

Mesmo assim, sob a regência do maestro Torres, a banda incorporou ao seu repertório os seguintes dobrados, todos clássicos do gênero: Saudade de Minha Terra, Sargento Calhau (Cisne Branco) e 220. Nesse mesmo ano, começou a banda a ser requisitada para animar as festas de padroeiros das cidades vizinhas, o que lembramos com bastante saudade.

Vem o ano de 1965, o movimento da jovem guarda, liderado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia incendeia o País de ponta a ponta. No entanto, é com as marchinhas marciais e dobrados que encantaram platéias durante a segunda guerra mundial que a banda de música de Ipaumirim delicia os apreciadores de música daquela romântica geração.

Por essa época, minha memória não consegue precisar exatamente o ano, mas julgo que tenha sido o início do ano de 1967, a banda, que animava e era presença festejada em todos os acontecimentos sociais do município, teve uma experiência que marcou o sentimento do narrador: a de ter ensaiado, no antigo Grupo Escolar de Santa Bárbara, por um dia inteiro e parte de uma noite, seguidos, para aprender e executar, de última hora, uma única música (marcha fúnebre), executada com muito sentimento e perícia no réquiem a uma personalidade pordemais especial e querida do nosso município, D. Maria Nóbrega.

Um fato que marcou o ano de 1965 para nossa banda foi que ela apenas se apresentou regularmente, não tendo acrescentado nada de novo a seu repertório.

O motivo foi, com a necessidade de movimentar o Clube Recreativo de Ipaumirim - CRI, notadamente na gestão do presidente Zé Saraiva, quando se promoviam grandes bailes, foi composta por um apêndice da banda a Orquestra a que tempos mais tarde foi dado o expressivo nome de ORQUESTRA MARAJAÍG, nome de origem na língua tupi-guarany, que faz alusão a um antigo Fortim localizado em morro às margens do Riacho Pajeú, em Fortaleza-CE, salvo lapso de memória.

Essa Orquestra, que teve um copioso trabalho de ensaios, pela inexperiência dos músicos em atuar em um novo segmento, a música popular, teve a oportunidade de associar a qualidade notável dos arranjos do Mestre Rivaldo Santana com o enorme talento e beleza da voz de Aldeízio Nery, então no auge de sua vida de cantor. O repertório era composto pelos mais recentes sucessos românticos veiculados na época pela Difusora Rádio Cajazeiras e Rádio Alto Piranhas e também pelo melhor da música de antanho executada nos elegantes bailes da região.

Muitos foram os eventos sociais em Ipaumirim em que a nossa bandinha registrou a sua presença. Dá muita saudade lembrar das alvoradas, na calçada da igreja, sempre ao amanhecer. Das retretas na praça Cel. Luis Leite da Nóbrega, sempre com grande público a prestigiar os seus artistas, pois havia orgulho da população e um profundo respeito pela qualidade do trabalho executado, num reconhecimento do esforço pessoal de todos, que era demonstrado nos incontáveis e extenuantes ensaios a que se submetiam diariamente.

Memoráveis e que lembramos, também, com muitas saudades, foram as grandes festas, sempre com a nossa bandinha como atração, que a população de Ipaumirim dedicava a cada chegada à cidade de seu Deputado Estadual Dr. Francisco Arruda.

Chico de Áurea, Picica

Sempre que requisitada, principalmente pela Administração do Município, a banda se fazia apresentar com o melhor que havia no gênero. Havia esmero e até perfeccionismo na execução do seu trabalho, agradando e até surpreendendo a todos que tiveram a oportunidade de acompanhar as suas apresentações. Até mesmo exercitar “ordem unida”, para tocar, quando em deslocamento, sempre de maneira uniforme, em marcha, a banda exercitou.

Começava, então, o desenvolvimento profissional de alguns integrantes, facilitado pelas indispensáveis lições de teoria musical que nos eram pacientemente passadas pelo mestre Rivaldo. Os primeiros a se destacar no quesito “divisão” (habilidade de leitura de partitura musical) foram Edson, Chiringa e Carivaldo.

Zé Gomes, filho de D. Antonia Jardineiro, nos anos de 1965 e 1966 foi requisitado para tocar o Carnaval na famosa Orquestra Amanaíra, do Cajazeiras Tênis Clube, principal agremiação social daquela importante cidade da Paraíba. Também participou dessa mesma Orquestra, no ano de 1966, o nosso contra-baixista Chico de Alberto Moura, o que comprova o progresso profissional que os integrantes de nossa bandinha vinham experimentando.

O ano de 1966 estava se iniciando e a primeira bandinha, talvez já pressentindo a proximidade de seu final, pois esse seria o último ano de sua existência, retomou a trajetória, novamente sob a batuta do Professor Rivaldo Santana, de introduzir em seu programa os clássicos do gênero. Além das valsas Branca e Danúbio Azul, passaram a fazer parte do seu repertório os seguintes dobrados: Batista de Melo, Dois Corações, Bombardeio da Bahia, Coronel Borges, Weril e, por ironia, o último dobrado que foi executado, com o fatídico título de Infelizes Artistas.

Nino de Maurde

Dos Paramentos

Contrastando com a reconhecida qualidade do trabalho apresentado, teve a bandinha, durante os breves 05 (cinco) anos de sua existência, 02 (duas) indumentárias, ambas de uma simplicidade franciscana, que passaremos a, de uma forma meio desajeitada, pois reconhecemos não ter qualquer habilidade para o mister, descrevê-las:

1ª Farda: Do início da banda até meados de 1963:

Calças brancas

Sapatos pretos

Camisas azuis de mangas curtas, modelo simplificado ao máximo, na tonalidade turquesa, com bolso único do lado esquerdo onde era fixada a lira (símbolo da música - a nossa era uma insígnia-broche muito humilde, na cor dourada, confeccionada em latão leve).

2ª Farda: Meados de 1963 até o final da banda:

Calças brancas

Sapatos pretos

Túnica vermelha, de mangas compridas, em tecido simples, na tonalidade vinho, com o fechamento contendo muitos botões brancos, próximos uns dos outros, em forma de bola com pequena dimensão.

Gorro branco, muito assemelhado aos que eram usados pelos soldados de polícia da época, mudando apenas a cor, adereço onde passaram a ser afixadas as liras.

Carnaval de 1967 em Brejo Santo-CE


(Vicente de Aurélio, Mala Véia)

Essa foi a última façanha desse grupo maravilhoso, que ainda hoje é lembrado com saudade pelos que habitavam a Ipaumirim daqueles anos. Tocar o Carnaval no principal clube de Brejo Santo, cidade da região do Cariri que mais investia nessa grande festa, era tarefa para quem fosse possuidor de um trabalho de muita qualidade.

Muitas dificuldades foram registradas nesse episódio. Começa que, no início dos ensaios fomos surpreendidos com a decisão de Alceu e Aldeízio, dois importantes componentes, de se desligarem da Banda.

A substituição de Alceu, a par de ser um músico esforçado e com alguma liderança no grupo, não era problema àquela altura. O mesmo não se pode dizer de Aldeízio, pois, além de sua reconhecida competência tocando saxofone, havia sido, até aquele grave momento, o único cantor que a orquestra teve. Foi então, às pressas, Strauss transferido da clarineta para o saxofone alto, tendo obtido rápido e eficiente progresso nessa nova função e correspondido plenamente ao que dele se esperava.

Problemão seria encontrar na cidade, com pouquíssimos dias para ensaios, uma solução para substituir Aldeízio como cantor da banda. No sufoco, começou o maestro Rivaldo a fazer testes com alguns candidatos, que apresentavam, invariavelmente, uma falta de vocação desoladora para o ofício.

Lembra-se bem o narrador, sempre participando e acompanhando atento a todos esses acontecimentos, que, dos muitos que foram testados os dois que mais se aproximaram foram João Galdino, irmão de Zé Gomes, mais tarde apelidado de Joãozinho Aboiador e Leonardo, filho do Sr. Manoel Sapateiro.

João teve a dificuldade de pouco conhecer as letras das muitas músicas que compunham o repertório, além da pouca habilidade com as “letras”. Bom ledor, com bela e potente voz de seresteiro, Leonardo esbarrou numa dificuldade intransponível, foi constatado que era um cantor arritmico (diz-se na música que é pessoa que não tem a percepção quando está cantando, no caso em análise, dentro ou fora do ritmo).

Decidiu então o maestro, haja vista a preocupante falta de tempo para encontrar solução, que o cantor sairia dentre os próprios integrantes da banda.

O primeiro a se candidatar para o complicado desafio, Vicente de Aurélio, baterista da orquestra, conseguiu, de forma surpreendente, convencer a todos que estavam naquele ensaio que esse aparente problema estava resolvido. Possui boa e afinada voz, muita musicalidade, conhecia de perto todo o trabalho que o grupo ia executar e, com um enorme talento como músico até então inexplorado na banda aproveitou a oportunidade tendo um desempenho muito seguro como cantor, e acabou merecidamente muito elogiado naquele inesquecível carnaval.

Partia assim a banda para o Brejo Santo, numa nublada manhã de sábado gordo, saindo da Praça São Sebastião, num ônibus que veio dessa cidade, que, de tão velho e feio, muitos duvidavam que conseguisse chegar a Felizardo sem dar “o prego”, não deu, para animar aquele que, até hoje, é considerado por muitos que dele participaram um dos melhores carnavais já realizados naquela cidade.

A recepção não poderia ter sido mais desastrada. É que, os contratantes, Diretores do clube que firmaram o negócio assistindo a ensaio em Ipaumirim, que nos receberam pessoalmente, de pronto passaram a procurar dentre os integrantes da banda um certo músico que, discretamente localizado na bancada (a regência já estava sendo feita pelo mestre que iria assumir no Carnaval, Luis Carivaldo) esbanjava vigor e categoria de músico diferenciado em seu vistoso trombone de vara de fabricação alemã, da marca selmer, único instrumento da banda na cor dourada.

É claro que se tratava de Rivaldo, que, naquele ano não havia sido liberado por Mozart, presidente do Tênis Clube de Cajazeiras e dono da Amanaíra, para nos acompanhar, como o fizera antes algumas vezes.

A pressão foi muito grande, não a ponto de em nada abalar o Diretor da banda, que, no seu estilo pessoal de resolver essas questões, sempre frio e decidido, perguntou ao presidente do Clube, se, aquele mesmo ônibus, que ainda estava por perto, iria nos levar de volta naquele instante, ou se precisava ele próprio fretar, do seu bolso, um outro. Aí os homens entenderam que não estávamos ali para brincadeira, e, naquele momento raciocinaram que não iriam mesmo encontrar qualquer outra banda disponível, já no primeiro dia de carnaval.

(Maestro Rivaldo Santana, de óculos, em primeiro plano, logo após a bateria. Esta foto é de uma orquestra de Cajazeiras que capturei do blog cajazeirasmeuamor)

Mudaram candidamente o tom do discurso, e, em forma de pedido, foi aceita a idéia deles, de, naquele sábado de carnaval a banda se apresentar na principal praça pública da cidade, por uma hora, para estimular o público.

Precisamente às l8h30min. começamos a dar um verdadeiro show de frevos instrumentais na praça da cidade. Logo começou a juntar tanta gente para nos ouvir, que, a sensação era a de que ninguém naquele momento ficou em suas casas.

Atônitos com a repercussão positiva e com os comentários elogiosos ao trabalho, os Diretores esqueceram-se totalmente da desconfiança inicial naquela banda, que era composta em sua maioria por adolescentes entre 14 e 17 anos. E, após 15 (quinze) minutos – não deu nem prá esquentar - que debulhamos os frevos clássicos de Pernambuco (Zé Pereira, fogão, vassourinhas, etc) foi-nos dada a ordem para parar, pois todos estavam satisfeitos.

Depois, foi só confirmar o que todos já esperavam. Foi uma aula de competência musical cada apresentação da banda, que tinha da simpática e atenciosa população daquela cidade o tratamento dispensado a categorizados artistas.


(Chico Farias)

Eis como estava a formação:

Regência e Trombone de Vara: maestro Luis K rivaldo

Cantor: Vicente de Aurélio

Trombone de Pistos: Besouro

Saxofone alto: Zé Strauss

Saxofone tenor: Zé Henrique

Piston: Zé Gomes

Piston: Chiringa

Contra-baixo: Chico de Alberto (que levou também, por sua conta, o Bombardino, com que executou vários frevos instrumentais, fazendo muito sucesso com o público. Também fez solos de frevos com a tuba, impressionando pela sua surpreendente execução em um instrumento tão impróprio para solos).

Ritmo:

Bateria: Chico Farias

Surdo: Chico de Áurea (já promovido a “Boca de Ouro”, o terrível)

Surdo: Zé Aldenor

Percussões leves (pandeiro, maracas, agogô, etc): Maurício e Varneau

Afora os acima citados, acompanhou a comitiva apenas mais uma pessoa, de quem quase nos esquecemos. Era um vizinho de Zé Gomes, por sua indicação, que muito nos ajudou nos serviços de capatazia (condução de instrumentos, bagagens pessoais dos músicos, e outros afins). Seu nome era Vicente, mas atendia também pela imponente alcunha de “Açude de Orós”.


(Luiz Carivaldo)

Particularidades que merecem mencionadas

Antes de se firmar como excelente trombonista, sendo um dos músicos mais respeitados e conhecidos na Capital de Belém do Pará, Luis Carivaldo Henrique, passou pela trompa, sendo, nesse período, o segundo trompista da banda, que tinha Besouro como primeiro.

Ao sair da trompa para substituir o Artista no trombone de vara, promovido por seu extraordinário desenvolvimento no conhecimento de teoria, tendo, inclusive, muito precocemente iniciado a escrever partituras, e até arranjos, isso mais ou menos pelo início do ano de 1963, seu sucessor foi Francisco Farias.

Antes de chegar ao trombone de pistos, Besouro, hoje reformado como Capitão músico da Aeronáutica João Bosco Almeida, saiu da trompa, aproximadamente 01 (um) ano depois de Carivaldo, para o bombardino, onde permaneceu por pouco tempo.

Aproveitando uma das saídas da banda do trombonista Alceu Laurentino de Melo - único a algumas vezes desertar do projeto, mas sempre retornava, para alegria de todos - passou para o trombone de pistos e, quando Alceu resolveu voltar, foi-lhe oferecido o bombardino, instrumento que considerava-se mais apropriado para ele e no qual permaneceu por longo tempo, até o fim da primeira banda. O substituto de Besouro na trompa foi seu sobrinho, Francisco Adalberto, Nino de Maúrde, também transformou-se em um grande músico, tendo passado com a mesma desenvoltura pelo trombone, baixo de cordas, em sua banda Nino Som 5, até chegar ao requintado tecladista que hoje o é. Também aprofundou-se no domínio da teoria musical.

Chico de Alberto, o intrépido Francisco Cefas de Albuquerque Moura, que sempre se intitulava de o homem mais bonito da região, e sabia de cor a data de nascimento de quase todos os seus conhecidos, passou, após sair da banda, a tocar saxofone tenor, tendo, nesse instrumento, tocado, por pouco tempo, em bandas de baile da Capital do Estado, antes de abandonar definitivamente, muito novo, a atividade de músico.

Chiringa, ou Major PM músico Francisco Gomes de Andrade, que substituíra Varneau no piston, foi outro que mudou de instrumento, passando também a tocar saxofone tenor, tendo que voltar ao piston contra sua vontade, obrigado pela necessidade de se engajar na Banda da Polícia Militar do Estado do Ceará, onde, por seus méritos e competência tornou-se regente geral. Assim como Besouro participou, por longo período, de importantes bandas de baile da Capital do Estado.

Edson Laurino foi o primeiro dos músicos a deixar a cidade de Ipaumirim, indo residir em Cajazeiras-PE, no meio do ano de 1966, mais ou menos, fazendo a troca da clarineta para o saxofone tenor, e tendo recebido, na época, o batismo de alfinete preto. Muito tempo depois tivemos notícia do Edson integrando conhecida banda de baile de Juazeiro do Norte, agora tocando trombone de pistos, o que prova sua grande versatilidade de músico multi-instrumentista.

Registro especial

(Zé Henrique)

O narrador registra a importância de todos que participaram desse sonho, pois cada um tem sua parcela de contribuição para que ele se tornasse realidade. Todos demonstraram talento, e, principalmente força de vontade, sem qualquer distinção.

Nem todos se tornaram profissionais da música, alguns ficaram pelo caminho da vida. Entretanto guardarei sempre na memória todos aqueles momentos maravilhosos que vivemos juntos, naqueles anos que de tão rápidos que se passaram mais pareceram dias.

A quem duvidar da veridicidade dos fatos aqui narrados, invoco o testemunho dos próprios colegas músicos que viveram comigo essa época, e até dos habitantes da cidade naquele momento. Em caso de alguém questionar se é possível memorizar com segurança tantos fatos, digo que, prá mim, que estive participando diretamente dos acontecimentos, tem sido muito fácil, porque eles foram feitos por pessoas, e, pessoas são e serão sempre especiais.

Um grande abraço do autor a todos.

Francisco Joaquim Farias

E-mail: francisco.farias@pge.ce.gov.br

Um comentário:

Erivando Nunes disse...

Uma belíssima historia lembrada pelo Fransciso Joaquim. Eu que infelizmente não cheguei a prestigiar a bandinha de musica (que como ele se refere)lendo o artigo ia formando imagens na minha mente de toda historia que aqui era contada, alguns momentos chegava a me arrepiar com tão entusiamo que se era narrados os fatos, recomendo ler o texto ouvindo marchinhas de carnaval, vc concerteza entrará mais ainda no espirito da coisa (rsrs).Parabéns ao Francisco Joaquim, pela presteza que teve em relembrar tão bem, todos esse fatos! E lhe digo, não era "Bandinha" era sim "A BANDA DE MUSICA DE IPAUMIRIM" OBG.