O filósofo Peter Singer e a bioquímica Agata Sagan escreveram um artigo assustador no Opinionator, uma secção de opinião online do The New York Times. Aí afirmam que, visto estar comprovado que a química do cérebro afecta a conduta das pessoas, se descobríssemos a fórmula para uma pílula que melhorasse a nossa conduta moral, não devíamos duvidar de a usar. Desde que o nosso comportamento seja bom, não interessa se é natural ou medicamente induzido. Seria, então, desejável saber que pessoas têm uma descompensação química que as leva a ser homicidas, por exemplo. O conhecimento seria útil, porque a propensão poderia ser controlada mediante a toma da tal pílula da moralidade. A probabilidade parece confirmar aqueles livros de ficção científica em que existe um mundo normalizado que acaba mal. Por outro lado, temos antecedentes na lei que estão mais ou menos relacionados com esta ideia de prevenção. Um médico pode denunciar um paciente que lhe confesse a intenção de cometer um crime. Uma pessoa com tendências violentas pode ser internada compulsivamente. A questão é saber se temos o direito de obrigar as pessoas a ser boas. E, mais ainda, se temos esse direito, por que razão o temos.
Publicado na Tabu, Cinco Sentidos, 17-2-12
Fonte: http://bomba-inteligente.blogs.sapo.pt/
Nenhum comentário:
Postar um comentário