(Xico Sá)
Do livro "Tudo o que Você Não
Queria Saber sobre Sexo", de Adão Iturrusgarai e Mirian Goldenberg
“Começou o massacre, a humilhação, a
ditadura do casalzinho”, vociferou uma loiraça gigante, como
aquelas mulheres desenhadas pelo Robert Crumb. “Ê maldito dia dos Namorados”,
completou a amiga, morena, mais compacta, mignonzinha, gênero sapeca, tremi, quase
deixei cair o prato quente na fila.
Mulheres que comem com gosto, elas se
lambuzavam, devorando com as mãos um marreco no restaurante do Parque Malwee,
em Jaraguá do Sul (SC), onde esteve para a Feira do Livro este gutenberguiano
caixeiro viajante que vos escreve.
Não se trata de etiqueta selvagem de
macho-jurubeba, amiga. É o modo recomendável, aqui ou no mais fresco bistrô
parisiense, de se comer um prato com aves.
E como é lindo uma mulher que come com
gosto. As catarinas do interior são incríveis
neste momento sagrado. Este assunto, porém, mais do que gasto aqui por este
repetitivo cronista, fica para depois. Volto a ele, sempre.
O que interessa agora é o massacre da
data dos pombinhos. Um saco mesmo, galega. Querem
humilhar aqueles que atualmente chupam o frio chicabom da solidão. Querem
desafiar também aqueles que preferem, lindamente, estar sozinhos.
É, galega do vale, a solidão não
vende celulares, ipads, roupas de grifes, joias, cuecas, gravatas, calcinhas,
promoções em motéis e outros badulaques.
Que massacre. Celulares, planos para
falar cem anos com a pessoa amada!
Como se elas não fossem embora, galega
do marreco!
Macaco, jornal, tobogã, dia dos
Namorados, como dizia dizia Raul Seixas, no clássico “Ouro de Tolo”, eu acho
tudo isso um saco.
Não que o amor não seja lindo. Nada
disso. “Te amo porra”, bem sabes. Aqui já imito o Peréio. Não é disso
que estamos tratando.
É obvio que vivemos grandes momentos
envenenados por Cupido e suas maçãs encarameladas do Parque de Exposição de
Animais do Crato ou do Cordeiro (Recife).
Solitários e solitárias, som na caixa
Mombojó: esse é o reino da alegria, tudo pode acontecer, não temam.
E se não acontecer nem tão breve,
dane-se de qualquer jeito a nobre data, bote Rolling Stones bem alto, a
auto-ajuda rock´n´roll que funciona, peça um uísque duplo e mate com força
todas as bolas do pano verde da existência.
Viver
é uma sinuca. Sempre.
Vi no setecandeeiroscaja.blogspot.com
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