brinca em frente a sua precária casa
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/04/15/ult23u1888.jhtm
Breno Castro Alves
Especial para o UOL
No Ceará
15/04/2008 - 08h00
Depois de um período de incubação de três a sete dias depois das cheias no Nordeste, vêm as doenças. O médico Adailson Landin espera um aumento dos casos de problemas gastrintestinais e de verminoses em 80% e de doenças respiratórias em até 70%. Mais casos de conjuntivite e contaminação por águas carregadas de agrotóxicos também são inevitáveis.
Landin dá plantões no hospital do bairro São José, o mais carente em estrutura de Ipaumirim (CE). "Esperamos aumentos dos casos em todos os invernos. Quando ocorrem as cheias, então, os índices de infestação são muito maiores", diz, antevendo a sobrecarga iminente no sistema de saúde do município para os próximos dias. Ele aponta que o principal problema do local é o saneamento básico precário, inexistente em bairros inteiros, como São José. O lixo e o esgoto são despejados em cursos de água que passam boa parte do ano secos, ou com vazão muito baixa. Quando vêm as enchentes, tudo o que está acumulado nos leitos arenosos volta para as casas das populações que habitam as regiões de várzea nas beiras dos rios.
O problema, aqui, também é de falta de educação. "As pessoas ainda não acreditam que medidas profiláticas possam melhorar suas vidas", aponta Landin, afirmando que boa parte de seus concidadãos não vê necessidade em lavar verduras antes do consumo ou em construir fossas secas para suas casas. Em muitas áreas a higienização dentro das residências é mínima e fora delas as crianças não hesitam em mergulhar e brincar nas águas carregadas de esgoto das enchentes. Tampouco são impedidas por seus pais, alheios aos riscos para a saúde.
De dentro da gerência do Centro Estadual de Defesa Civil do Ceará, em Fortaleza, a experiente Ioneide Araújo contextualiza a percepção de Landin: "Lidamos com as populações sujeitas a riscos de todos os tipos. São vulnerabilidades físicas, sociais, econômicas, políticas e até ideológicas. Por exemplo, na Serra do Jordão [norte do Estado], comunidades inteiras acreditam que seus terremotos são causados por um dragão que se move sob a terra. É muito difícil realizar ações preventivas junto a essas pessoas".
Em locais onde as terras permanecem alagadas por um período grande, o risco de doenças é ainda maior. É o caso de cidades vizinhas a Ipaumirim, como Icó e Lavras da Mangabeira, construídas às margens do rio Salgado. Às águas infectadas que cobrem boa parte dessas cidades soma-se o acúmulo de pessoas em locais fechados, como escolas e ginásios, resultando num ambiente extremamente insalubre. "Nesses casos o índice de infestação é gigantesco. Não duvido que doenças inexistente na região há décadas, como cólera e leptospirose, voltem a aparecer nessas áreas alagadas", conclui Landin.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/04/15/ult23u1888.jhtm
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